Há carros de combate
em todas as ruas,
capacetes metálicos
de olhos escondidos,
e outros de faces
cheias e duras
gritando ordens e ordens,
de bastão empunhado.
Começou a guerra
na minha cidade,
e as torres das igrejas
são estandartes torpes
das tropas inimigas,
dos fantasmas e sonhos
dos livros da escola.
Que morram os heróis,
diz alguém de face hirsuta,
e dedos fechados,
e por cada letra
de uma palavra,
morre um soldado
sem se saber bem porquê.
Há um miúdo,
sozinho – pateticamente
seguro
de fuzil de pau
em punho,
desafiando as balas
que passeiam perto
do medo,
e cheiram a pólvora e a sangue,
odor próprio dos generais.
Alguém grita lancinante,
e eu digo – é a mãe.
E depois um estrondo
e outro
e mais outro
e ainda um último (trabalho competente)
e no chão, largado o fuzil,
chorando a mãe, como
qualquer guerreiro,
de olhos grandes e fortes,
abre os seus braços órfãos
e murmura,
mãezinha… quem cuidará de mim!
Guerra
Data de publicação:
Segunda-feira, 29 Janeiro, 2007 - 15:21
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