Esta oculta paixão, que mal suspeitas
Que não vê, não supõe
De mim não saberás como te adoro
Não te direi jamais
Se te amo, e como, e a quanto extremo chega
Esta paixão voraz !
Se andas sou o eco dos teus passos
Da tua voz, se falas;
O murmúrio saudoso que responde
Ao suspiro que exalas.
No odor dos teus perfumes te procuro,
Tuas pegadas sigo;
Velo teus dias, te acompanho sempre,
E não me vê contigo !
Oculto e ignorado me desvelo
Por ti que não me vês
Aliso o teu caminho, esparjo flores,
Onde pisam teus pés
Mesmo lendo estes versos que me inspira
Não pensará em mim
Imagine se puder, por meus lábios
Não te dirão jamais !
Sim, eu te amo; porém nunca
Saberás do meu amor
A minha canção singela
Traiçoeira não revela
O prémio santo que anela
O sofrer do trovador
Sim, eu te amo; porém nunca
Dos lábios meus saberás,
Que é fundo como a desgraça
Que o pranto não adelgaça,
Leve, qual sombra que passa,
Ou como um sonho fugaz !
Aos meu lábios, aos meus olhos
Do silêncio imponho a lei
Mas lá onde a dor se esquece,
Onde a luz nunca falece,
Onde o prazer sempre cresce,
Lá saberás se te amei !
Raoni