Em sápido gozo, o júbilo transe matutino reluta em esvair-se, dominante desde minha alma. A bruma evanescente acaricia suavemente meu corpo, penetrando em meus poros com prazerosa sensação de alívio emocional. Em utopia, o volátil por do sol cria obra fantasiosa sob o tom matiz vermelho e laranja em lirismo erótico e inebriante incitando maliciosa conjunção paradoxal. Ah! Aurora, hemisfério meu, se me toma assim com gana é porque sou teu. Sou matéria, tu és deidade matinal, tu te renovas, és imortal, no entanto, sou de carne, sou mísero carnal. O voyeurismo estreita a ilusão do contato, a visão do subconsciente te faz insinuante e tão bela, o anseio ao toque concebe-me teu corpo em deliciosa concupiscência. O majestoso fenômeno matinal eleva-me às nuvens todos os dias em arrebatamento divino, clichê dos deuses em déjà vu. Dádiva oferecida pela própria natureza concebendo-nos ainda ao limiar do dia a magia da felicidade. Anunciando tua chegada. Aurora, a deusa romana do amanhecer.