De sua janela, uma linda moça - todos diziam - sonhadora, um sorriso sempre no rosto, um amor buscou.
Não uma paixão qualquer, fugaz, como lera em romances.
Queria um amor sublime, que a completasse, que risse da vida e gostasse de poesias.
Realizou seu desejo.
Pela janela, um jovem rapaz que palavras bonitas dizia passou, por ele se apaixonou e até serenatas ganhou.
Foi o bastante, subiram ao altar.
Tempos de intimidade se aprofundando, bons e maus momentos se alternando, as coisas já lhe pareciam diferentes.
Da parte dela, tudo perfeito.
Esperava-o com um bolo quentinho, um abraço carinhoso e beijos afetuosos.
Escutava-lhe as lamúrias, tudo à gosto do amado.
Da parte dele, algo mudara.
Filhos? Nem pensar - dizia - sou muito novo, crianças aqui não.
Poesias, já não mais ouvia, nem sequer um verso, serenatas então, só dos gatos no telhado a miar.
Beijos apaixonados, bobagem, estou apressado... falava o desalmado.
Mas...
Com o tempo, a moça da janela perdeu a visão das coisas simples, tudo que houvera sonhado, ficara para trás.
Insegura se tornou, já não se achava bela - meio por sua culpa - por ter perdido a esperança de dias melhores, do amor do passado.
Continuou alí às tardes na janela, olhando para qualquer lugar.
Não se via seu sorriso de ternura, pouco dos sonhos lhe restara.
Perdoar sempre, a cansou de vez.
Seu amado, homem fraco e volúvel, nos diálogos, defeitos nela colocou.
Pegou suas malas, sem um adeus sequer, a deixou.
Dos tombos e tropeços que a moça levou, sofrendo ainda pelo abuso, algumas coisas da vida aprendeu:
"Nem todos caminham na mesma direção.
..Lembrou que não lera só um romance...
Poderia sua vida recomeçar...
Quem sabe um dia, na janela, voltaria a sonhar".
Se passos deu para trás, agora olharia para frente, mais madura, segura e consciente.
Os arranhões no coração, ajudariam-na a andar com mais lentidão, olharia às pessoas mais profundamente, para que talvez no futuro, não mais errasse.
A pura verdade não ilude e não trapaceia.
O presente a faz reviver, pois acredita no futuro, refeita da decepção.
Decidida, põe a insegurança porta afora e agora em uma nova janela está.
Hoje da moça ingênua e pura daquela janela, pouco restou.
Mas vê-se em seus olhos agora, um brilho de mulher que ficou.
A moça da janela
Data de publicação:
Sábado, 18 Fevereiro, 2006 - 13:09
Abraço Abuso Adeus Altar Amor Apaixonados Beijos Coração Crianças Culpa Defeitos Dia Direção Esperança Filhos Futuro Gatos Gosto Hoje Insegurança Intimidade Momentos Olhos Paixão Palavras Passado Passos Pessoas Presente Romances Rosto Sempre Simples Sonhos Sorriso Sublime Tempo Ternura Verdade Verso Vez Vida Visão
- Login ou registre-se para postar comentários
Comentários
p/ stela
Mas ficou perfeito! De grande maturidade também! Um outro jeito seu de se expressar igualmente maravilhoso! EU ia jurar que a vi passar da minha janela, eheh! Um abraço! Adorei!
TDM
amasol
Eu já havia enaltecido sua capacidade,mas a cada dia mais o teu dom se efetua de uma forma que impressiona.Aguçado por demais
Belo texto
Assim as mulheres precisam se enxergar,deixando os mitos da infancia e fazendo escolhas como adultos.
Juniorarcangel@hotmail.com
www.luso-poemas.net
Oi Amasol
"A pura verdade não ilude, não trapaceia"Verdade que compõe toda uma vida, muito lindo.
Fernanda Queiroz
Grande abraço.
Fernanda Queiroz