Já fiz umas boas viagens
Fui acolhida por pessoas calorosas
Beijaram-me muitas nuvens cor-de-rosa
Pó de mil estrelas me banharam
Neves de sulcos distantes me aqueceram
Águas mornas conhecer-me favoreceram
Doces caminhos que a mim mesma levaram
Mas a maior aventura, a mais colorida
É aquela em que empenho a vida
Para cobrir e descobrir feridas
E recobri-las renovando a vida.
Com alegres e suaves arranjos
Cada célula recebe toque de anjos.
E que caminhos estranhos
Onde imagens se mesclam
O que pareciam orações
Logo tornam-se flechas
Em opostas direções.
De repente um abismo
Parece escuro e sem fim
Não. Não perco o otimismo
O Anjo espera por mim.
Imagens se iluminam
O poço desaparece
Cada cena se encandece
Torna-se tudo canção
Já não há o ir nem o vir
Para as setas doloridas
Cravadas no coração
Amargo-doce do crescer
Escuro-colorido, contínua melodia
Enlaçados na tênue alegria
Da descoberta quente-fria
Do ter vontade de Ser.
Ajudam-me nesta caminhada
A luz intensa da poesia
Encontrada em cada passo do dia,
Em cada anoitecer, e em cada amanhecer.
Marilene Anacleto
Publicado em: http://rotadaalma.spaces.live.com/
Publicado no site http://www.itajaionline.com.br, em 29/03/00
Publicado no livro Gira: dançando as raças, os costumes, as flores e os astros, vivências com danças circulares sagradas / Marilene Anacleto. – Itajaí (SC): 2004. 95 p. : il.