Na solidão do meu recanto sinto a inércia das horas vagas, que navegam-me pela mente inconsciente, do nada poder fazer, dizer nem saber.
Queimam-se-me as entranhas vomitadas de insolência, e quero chorar.
Passou tanto tempo neste estado vegetativo, que me esqueci dos dias felizes, para se tornarem em negrumosas e calamitosas tempestades do meu ser enervadamente raivoso, no qual navego p'lás memórias e me finjo não existir...
Tenho medo do que me está a acontecer, tenho medo de me perder... Mas não será já esse o meu estado?
Passou-se tanto tempo, que já não sei se existi realmente. Passaram-se tantos minutos... muitos, que já não sei se as horas estão certas.
Não tenho consciencia dos meus limites intemporais; estou gelado!
A dor é uma coisa misera que sentimos por insatisfação, e vogamos nela embalados por obte-la.
Navegamos nesse marasmo de protuberância, onde as chagas aplainam a alma e nos dilaceram as imagens, toldando-nos a visão, "irracionalizando-nos", os sentidos.
Sei, que hoje não existo, que estou perdido e que nada disto faz sentido...
Sei que tenho que continuar, para não apodrecer, para não minguar.
Tenho que continuar porque devo... Inconscientemente devo.
Mas, se me perguntarem: - Para onde?
Claro que não tenho resposta!!!
Paulo Martins