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Preso às raízes da vida,
Até que caiu no mar
Entre pedras, ondas fortes,
Não sabia onde ia parar.
Grande tempo preso em pedras,
Pensou que ia definhar.
Surgiram criaturinhas,
Abrigo em seu corpo buscar.
Cresceram ali mariscos
E moluscos de toda sorte
Nova vida, novo ânimo,
Para quem esperava a morte.
De novo a voar pelos mares
Em ondas de tempestades
Ora o fundo, ora o céu,
Mais uma longa viagem.
Agora preso na areia
Fina da beira do mar,
Moluscos ainda crescem
Quando a onda os vem beijar.
Transformam-se as feições,
Em figuras diferentes.
Há troncos com cara de bicho,
E outros com cara de gente.
Feito nós, em algumas horas
De humores tão diferentes,
Às vezes, só um tronco seco,
Em outras, incandescente.
Marilene Anacleto