Antes de começarmos, vos digo que este texto é um trecho de um pequeno livro que estou escrevendo. Eu o escrevi a pouco tempo, e tudo que eu estava sentindo no momento, eu ocultei dentre estas palavras. Espero que possam entender, pois o que esse texto quer passar vai muito além das palavras.
[...]
Sabe...
Eu morri. Morri quando me entreguei, morri quando chorei, morri quando sofri, eu morri até quando ri. Morri, pois me aproveitei das minucias que fizeram questão de me oferecer. Como provas, carrego feridas em que apenas eu e os que me esfaquearam pode enxerga-las. Eu não sou louco, eu morri mesmo. No dia seguinte, me encontrei deitado em frente a uma porta em que jamais tinha visto; ela era diferente, pois na medida em que eu queria abrir, ela se afastava de mim. Linda era aquela porta.
E era assim todos os dias. Eu morria, e sem nenhuma razão, no crepúsculo eu acordava sempre em frente à mesma porta onde minhas tentativas de abri-la eram sempre falhas. Cansei! Que se dane essa porta.
Sabe...
Eu também tive a experiência de viver. Eu nunca gostei de viver, era agonizante. Minhas pálpebras sempre se beijam quando me lembro das circunstâncias em que esse tal de viver me fez passar.
Já está tarde, irei morrer. Dessa vez não haverá volta, não haverá um despertar e não haverá uma porta. Meu desejo final é saber o que essa porta ocultava de mim. Alguém descubra, por favor. Não se esqueça de levar consigo a chave; era isso o que me faltava, a chave.
Comentários
Eduardo/Fernanda Queiroz
É um detalhe interessante de teu livro.
Sim a gente morre muitas e quantas vezes for preciso para reviver um amor.
Quisera eu que ela fosse instantânea e veloz, que levasse a dor que é chaga em meu peito conteúdo do que ficou.
Porque nos deixam a morte em partilha?
Se morre todos os dias, cada dia um pouco mais, se morre na certeza de não poder morrer de uma vez só, se morre na incerteza das vezes que ainda tem para morrer.
Se morre na lembrança e a distancia, se morre no amanhecer ou alvorecer, se morre no sonho ou morre-se na realidade, de sentir o medo, de sentir o corpo apodrecer, sepultado na terra de nosso segredo,
Grande abraço.
Fernanda Queiroz
Grande abraço.
Fernanda Queiroz