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COM 100 GRAMAS DE SOL
De meu cérebro desgovernado fugiram as imagens poéticas! Os grãos de areia escaparam-me dos pés, vida sólida e cruel! Rouba idéias e sonhos. Da tinta que pintava o papel branco sobrou o nada da cor. Desce a lágrima sem tilintar, escorre límpida sem brilho, estremecida borra estrelas, que antes brincavam em minha cabeça empapada de risos.
Vida sem cor, pálida, eternizada nas pinturas descascadas! O tempo roubou, pegou o pedaço de mundo carregado de cor. Apagou sorrisos, escondeu a música da chuva e deixou-me na calçada vazia, fria, escura e triste.
Voltarei amanhã, jogarei tudo no lixo, comprarei 100 gramas de sol, planto no jardim, semeio, arranco ervas daninhas que insistem em danificar o sonho. Rasgo o coração, flecho a dor que não conheço, viro-lhe as costas, ponho-me a conversar com o primeiro reflexo de serenidade. Sei que é leve, suave e azul. Abrirei o sorriso guardado na caixa angustiante e um novo dia há de surgir.
RJ – 02/09/2005
** Gaivota **
Comentários
de fer.car para Gaivota
Lendo seu poema entendi exatamente o que vc sentiu, e a angústia de querer escrever algo, mas o "algo" de nada se temn a dizer, ou ainda pior, não se consegue ante a falta de idéias e esperança de que tudo altere, tudo seja de outra forma. Dái espera-se que outro dia surja, outro pôr do sol aponte no horizonte e quem sabe uma alegria estampe no peito e uma vontade louca de escrever sobre a "beleza" da vida e sua magnitude. Um belo poema!
Fernanda
Fernanda