Errante, entre montanhas,
Pastor de Ventos me criei.
Sempre achado em terras estranhas,
Levado por ventos que não sei.
Andar, que a vida é ir-se,
Sem descanso nem apego,
Não seria pastor, se não partisse
No mesmo vento em que chego.
Meus caminhos não são tristes,
Nem alegres - Sequer existem!
Quem já soube de alguém
Que, nos ventos, algum caminho visse?...
Não sei porque insisto
Em tão desvairado ofício.
- Só se esses ventos, também,
Por alguma razão que descoheço,
Carregam os motivos por que existo.
Então, pastoreio ventos,
Por montanhas inalcançáveis.
Quando a vida julgar que é o momento
Certo para desabitar-me,
Que eu possa dizer dos ventos,
Meus parceiros de alma e carne:
Bem os sei - mui errantes!
Porém, Notáveis! Notáveis!
Comentários
Lamentável!!
Helder Duarte
Que lindo poema!...
É lamentável, que não se dê valor a poemas como este!
Parece, que hoje, há uma política de poemas.
Só se valoriza, o que às vezes não tem valor... desculpem... MAS ESTÁ-ME NA ALMA E NÃO ME POSSO CALAR. POUCO IMPORTA SE ALGUÉM VAI FICAR DESGOSTOSO COMIGO; MAS MEUS AMIGOS, VAMOS DAR VALOR AO QUE O TEM.
CONFESSO. IRRITA-ME QUE SE DIGA QUE HÁ GRANDES POETAS E PEQUENOS POETAS.
QUE OS POETAS AVANCEM COM PALAVRAS DE VIDA PARA ESTE MUNDO MORTO.
NENHUM POEMA TEM VALOR SE NÃO TIVER, VIDA E SE FÔR APENAS LETRA MORTA.
ESTOU FARTO DE POEMAS MORTOS E DE RELIGIÃO HIPÓCRITA, SEJAMOS PESSOAS QUE, TÊM VERDADE. PORQUE a verdade existe. Acabemos com a mentira neste, mundo de erros e de verdades relativas. VIVA A VIDA E A VERDADE! ACABE O MAL E VENÇA O BEM! ALELUIA. DEUS EXISTE...
HELDER DUARTE
Obrigado, Helder Duarte
Grande Helder, não sei se mereço tamanha consideração de tua parte, quanto ao que escrevo. Se observares de perto, são palavras simples, corriqueiras, quase coloquiais. Obrigado pela distinção.
Quanto a tua indignação, em parte compartilho com ela. Em Porto Alegre há um projeto muito legal chamado "Poemas no Ônibus", onde poetas da cidade inscrevem seus trabalhos e, caso aprovados, são publicados em adesivos que são colados nas janelas dos ônibus. O grande problema é que tem cada coisa... Parafraseando teu comentário: "apenas letra morta". O que me deixa indignado é que muitas pessoas zombam - com razão - daquilo que ali vai escrito, duvidando que seja poesia. Tais textos (muito mal escolhidos) acabam por servir apenas como um grande desserviço àqueles que tentam erguer a poesia ao patamar onde ela merece estar.
É uma pena, mas é real. Mas há um porém: o que para mim nada significa, pode ser a chave do paraíso para alguém. E é aí, neste ponto, que entra a outra ponta da poesia: a sensibilidade de quem lê. Que, geralmente, não tem nada a ver com a sensibilidade de quem escreve.
E durma-se com um barulho desses!
Um abraço.
Abuso!!
Tenebrosamente lindo o seu poema. Dessas coisas para guardar na mesinha de cabeceira como chuva de verão.
Por sorte, não dá.
Bons ventos o levem!
Valeu Tati
Nem sabes com se sinto envaidecido pelo teu comentário. É também meio assustador: aumenta, eu muito, a responsabilidade naquilo que se escreve. Afinal, não quero ser um poeta que, um dia, escreveu um poema lindo. Quero continuar tentando - e conseguindo. Pena que, nem sempre, no caldeirão mágico de onde surgem nossos versos, colocamos os ingredientes na medida certa. Às vezes criamos monstros.
Mas, também, não serei tão cruel comigo.
Beijos, e novamente muito obrigado pelo incentivo.