Trovões

Foto de Maria Flor e Rabiscos

Silêncio...

Quero hoje ficar em silêncio,
embalando este sentimento
que me arranca da terra
pela raiz.
Como aquelas tempestades
que chegam violentas
e os trovões são assustadores
e os raios devastadores ..

Quero hoje ficar em silêncio,
para sentir tua presença,
que em mim se infiltra
lentamente,
quando debruçada em meu travesseiro
ouço os pingos da chuva cair no telhado

um
a
um

Quero hoje ficar em silêncio,
suavizar a ferida da minh´alma
que queima como uma fogueira
quando penso em ti.

Esperar uma palavra tua,
uma carícia, uma ternura,
uma poesia com som de madrugada,
ou mesmo teu silêncio
e mais nada!

Foto de Fernanda Queiroz

Lembrar, é poder viver de novo.

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.
Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.
Meu pai me aconselhou a plantá-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.
Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, prismaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.
Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de dentinhos, arrebitadinhos.
Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.
O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.
A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.
Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontrá-las.
Papai quieto assistia meu marasmo em depositá-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.
Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escuderias dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.
Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.
Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na seqüência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.
Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.
Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.
Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.
Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.
Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

**Texto não concorrendo.**

Foto de neiaxitah

A Paz Perfeita

Havia um rei que ofereceu um grande prémio ao artista
que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita.
Foram muitos os artistas que tentaram.
O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve
apenas duas de que ele realmente gostou e teve que
escolher entre ambas.
A primeira era um lago muito tranquilo.
Este lago era um espelho perfeito onde se reflectiam umas
plácidas montanhas que o rodeavam.
Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com ténues
nuvens brancas. Todos os que olharam para esta pintura
pensaram que ela reflectia a paz perfeita.
A segunda pintura também tinha montanhas. Mas estas
eram escabrosas e estavam despidas de vegetação.
Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava
um forte aguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo
parecia retumbar uma espumosa torrente de água.
Tudo isto se revelava nada pacífico.

Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou
que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de
uma fenda na rocha.
Neste arbusto encontrava-se um ninho.
Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava
um passarinho placidamente sentado no seu ninho.
Paz perfeita. Qual pensam que foi a pintura ganhadora?
O rei escolheu a segunda. Sabem por quê?
"Porque", explicou o rei: "paz não significa estar num
lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo, mas sim estar rodeado de problemas e mesmo assim viver feliz.”

Foto de Mauro Veras

Temporal

.
Trago nas veias não sangue
o beijo partido de dentes e marcas
a carne ferida, o aroma dos mangues,
o temporal que encharca a mente
e transforma em pântano
o âmago do que era afago.

Trago essa bebida mórbida
de desilusão e salvias apodrecidas,
uma saraivada de trovões e órbitas
azuladas na boca hoje nada, onde
reinaram versos e que agora pétreos
são grilhões de uma tórrida paixão.

Trago raiva.
Sou seu prisioneiro.

Hoje eu queria as calçadas
marés de pés ligeiros, casais namorados
corriqueiros de mãos dadas e luas
assanhadas e nuas a consagrá-los ... e

trago raiva.
Sou seu prisioneiro.

Hoje eu precisava um roçar de lábios
e não roçar os lábios em palavras
lixas, sentidos sórdidos e prolixas
piras de angústias e decepções...

trago mentiras
de mil corações

que entoavam canções reconfortantes,
que reinavam diamantes na boca juvenil
de cantigas de roda infantis, mentiras
imperiais, ardilosas prostitutas, mentiras
abruptas e ilações. Trago mentiras
de mil corações.

O pôr-do-sol mediterrâneo que, se foi
a semente do jasmineiro, hoje vidrino
e por inteiro rasga com seus cacos e iras
o destino subcutâneo do sonho atro
pelado coração, exposto, mentiroso....

Trago mil corações
de mentiras.

Foto de Edilayne Campos

Preciso de você.

Cansada, totalmente cansada de correr atrás.
O vento vai longe, pra onde ninguém mais vai...
Quem sou eu para ir atrás do vento?
A dor persiste em minha mente, e corre até o coração.
Quase a ponto de explodir, ao som de trovões.
O mundo está me espremendo, deixando-me massacrada.
Quero você mais que tudo...
O orgulho se foi, deixo tudo, eu quero você!
Quem sou eu? Quem sou eu sem você?
Eu sou você, você está em mim...
Tirar você de mim seria como me desencaixar do mundo.
Eu quero você, eu sou você, eu preciso de você.

Foto de NewBeginning2006

Te encontrando num site de relacionamento...

Sua foto me chamou a atenção
Foi me dando um tesão
Vontade de te possuir
Ter vc todinha para mim

Li o seu perfil
Me excitou ainda mais
Queria vc agora
E não ir mais embora

Vc exala sensualidade
Sexo, desejo e sacanagem
Faz qualquer homem delirar
Gemer, sentir e gozar

Quero te conhecer,
Saber do que é capaz
Quero te pegar forte
Fazer a nossa noite de trovões, raios, terremotos, sexo, desejo, fúria e prazer!!!

Foto de Anjinhainlove

Medo...

Não temo a morte
Que venham cavaleiros e dragões,
Quanto a isso sou forte,
Mesmo que venha chuva e trovões.

Temo cair no profundo poço do teu esquecimento
E ser apenas mais uma pena levada pelo vento.
Temo que as minhas palavras sejam esquecidas
Mesmo quando todas elas foram sentidas…

Foto de joão jacinto

Chuva

Dia de chuva,
alma triste e molhada,
são rios de rua,
cúpula de mágoa rasgada.
O Sol trocou-se de núvem,
tão cedo entardeceu,
são cheias de ninguém,
enxurradas do eu.
Trovoadas de espanto,
vendavais do meu degredo,
na tempestade desse meu canto
soam os trovões do medo.
Sonhos ansiosos de bonança,
em arrepios de solidão,
acendalham-se de esperança,
lareiras de multidão.
De arco-íris se alterou
o confuso azul do céu,
a vida depressa enxurrou
e o meu dilúvio morreu.

Foto de sonhos1803

Tempestade de verão

Veio como uma tempestade, sem aviso,
Não deixou tempo ou abrigo,
Arrasta-me,
Ata-me,
A me envolver,
Por vezes assusta,
Molha meu coração,
Traz tanta confusão,
Mas tão logo passa o som dos trovões,
A beleza da tempestade ofusca,
Traga-me, forte,
Sinto vontade de escapar,
Em outras me perder,
Acabo cedendo,
Como a terra a escoar,
Entre a água,
Sentimentos,
Firmes,
Sem desculpas,
A tumular,
A embaçar,
O que fazer? O que falar?
Se a tua boca cobre a minha,
Se aos poucos esqueço,
Brinco,
Molho-me, alegre,
Em meio a essa chuva,
Sei que não terá espaço,
Que escoará,
O céu clareando,
E aos poucos terminando,
Como todas as tempestades de verão.

Foto de Fernanda Daniela

Tempestade

E meu ser não sabe se prefere
Os dias ensolarados e alegres...
Ou os dias chuvosos e cinzas...
A negra noite toma conta de mim...

Encontro meu abrigo,
Na mais forte tempestade...
E estou só...
Os raios e trovões... me levam para casa...

Longe daqui.. nesse lugar só meu
Longe de mim mesma.. encontro o caminho...
Longe de tudo, encontro o sentido...
Longe daqui ainda há vida.

Tão perto quanto o céu...
O oceano cresece dentro de mim...
As nuvens negras e cinzentas
Tomam conta de mim e eu durmo....

Acordo com o som ao longe
Estrondos e clarões...
A tempestade está vindo...
E eu não estou preparada para ela...

Corro e sinto as gotas e chuva
Molhando meu rosto, misturadas as minhas lágrimas
Onde está meu abrigo??? Minha proteção?
Estou sozinha.. e a tempestade cada vez mais forte...

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