A poesia não morrerá, porque do amor
ela trata,
e o amor é eterno.
A poesia canta o desabrochar das flores,
harmoniza a melodia dos pássaros,
capta a felicidade dos peixes que
silentemente deslizam sob rios e mares,
e, graciosamente, traça
o vôo singelo e altaneiro das águias.
A poesia ensina com a dor
suscita o choro,
enxuga lágrimas, sofre a saudade,
sonda o infinito, rompe as raias da alma,
ri com alegria e acha graça do sorriso.
A poesia descobre-se na busca,
preenche vazios, exalta a vida,
fala do homem, excogita o ser,
moteja da morte e é solitária.
Indulgente, curva-se e abre-se para os
que a amam,
acolhendo, reanimando, aconselhando,
espargindo sabedoria.
Vaticinou o poeta sacro:
“Ora o mundo passa...”
Assim, o futuro olha, e não vê o
passado.
As flores secarão,
os pássaros emudecerão,
os peixes espraiarão inertes ao sabor das
ondas e as águias alçarão seus últimos vôos.
Entretanto, a poesia permanecerá
exaltando a vida.
Um dia – e que dia! – não haverá mais
dor.
Todas as lágrimas serão enxutas.
A tristeza jazerá olvidada na sombra da
peregrinação
humana, e a poesia testemunhará a
vitória da vida.
Quando o Amor se manifestar e a Morte
morrer,
e o Valente submergir nas
profundezas do Abismo,
haverá cânticos de gozo e alegria, e a
poesia terá sua parte
nesta exaltação transcendente.
Deus é amor, Deus é Eterno.
O amor é eterno, a poesia é eterna,
porque do amor ela sobrevive.