Tinta

Foto de Marta Peres

Na Beira do Tejo

Na Beira do Tejo

A noite desceu, triste e calada, eu aqui na beira do Tejo
Continuo parada, olho o nada e sinto medo...
A noite desceu e longas horas vão caladas, amortalhadas
Em negro véu...

Cá tudo é negro e até meu coração se veste de negro,
Nenhuma chama colorida a enfeitar meu negro céu.
Madrugada já vai alta e eu ali, continuo inerte como morta,
Mas morto está meu coração que se vestiu de noite.

Lá, bem longe, já diviso ourela tinta, e o monte em frente pinta
Todo o seu perfil, é a madrugada que já vem chegando
E a luz se eleva dissipando toda treva, amanhece...
Mas meu olhar continua cheio de névoas...

Posso ver sombras caídas no Tejo e me assusto com embarcação
Que passa, calma e solitária...meus olhos acompanham a nau
E susto e sombra passam ante meu olhar...já nada resta...
Sei que nau em festa vai se afastando, em todo esplendor!

A noite passou...eu sozinha...noite minha...minha dor...
Lá bem longe inda vejo o barco...entendo, tudo acabou...

Marta Peres

Foto de Gaivota

** COM 100 GRAMAS DE SOL **

*

COM 100 GRAMAS DE SOL

De meu cérebro desgovernado fugiram as imagens poéticas! Os grãos de areia escaparam-me dos pés, vida sólida e cruel! Rouba idéias e sonhos. Da tinta que pintava o papel branco sobrou o nada da cor. Desce a lágrima sem tilintar, escorre límpida sem brilho, estremecida borra estrelas, que antes brincavam em minha cabeça empapada de risos.
Vida sem cor, pálida, eternizada nas pinturas descascadas! O tempo roubou, pegou o pedaço de mundo carregado de cor. Apagou sorrisos, escondeu a música da chuva e deixou-me na calçada vazia, fria, escura e triste.
Voltarei amanhã, jogarei tudo no lixo, comprarei 100 gramas de sol, planto no jardim, semeio, arranco ervas daninhas que insistem em danificar o sonho. Rasgo o coração, flecho a dor que não conheço, viro-lhe as costas, ponho-me a conversar com o primeiro reflexo de serenidade. Sei que é leve, suave e azul. Abrirei o sorriso guardado na caixa angustiante e um novo dia há de surgir.

RJ – 02/09/2005
** Gaivota **

Foto de Pré-seleção para coletãnea anual

Pré-seleção Vera Silva

Quadro inacabado

Teu corpo nu nessa tela que pintei,
Que um dia, loucamente, amei
Cada linha, cada traço,
Esboçado no teu abraço.
Quantos olhares trocados
No meio de quadros pintados…
Quantos toques e gemidos,
Que um dia demos escondidos
No meio de pincéis, na escuridão,
Rolando doidos no meio do chão…
Quantas tintas misturadas
Com as minhas lágrimas salgadas
Enquanto esperava que chegasses,
E que de novo me amasses…
O quadro ficou inacabado
Quando o teu sopro foi furtado,
E fiquei eu, de novo, suja e cruel,
Das tintas da vida, da tinta do pincel…
Terminei agora com a lembrança
Do teu olhar coberto de esperança.
E sentada vou-te esperar
Até que tua alma me venha buscar!
Vera Silva

Foto de Gaivota

SUSPIRO DOCE DE ALGODÃO..

*
*
*
SUSPIRO DOCE DE ALGODÃO

Era pedra,
eram dedos
no papel..

Limpo esperando borrão..

Tinta preta no granito
cor de rosa.
Eis que pousa insensata
lagarta verde
riscando palavras coloridas
na manhã inesperada.

Sonho que soube chegar
deitado na palma da mão,
suspiro doce de algodão.

RJ – 13/03/2007
** Gaivota **

****************************************************************************

Foto de Vera Silva

Quadro Inacabado

Teu corpo nu nessa tela que pintei,
Que um dia, loucamente, amei
Cada linha, cada traço,
Esboçado no teu abraço.
Quantos olhares trocados
No meio de quadros pintados…
Quantos toques e gemidos,
Que um dia demos escondidos
No meio de pincéis, na escuridão,
Rolando doidos no meio do chão…
Quantas tintas misturadas
Com as minhas lágrimas salgadas
Enquanto esperava que chegasses,
E que de novo me amasses…
O quadro ficou inacabado
Quando o teu sopro foi furtado,
E fiquei eu, de novo, suja e cruel,
Das tintas da vida, da tinta do pincel…
Terminei agora com a lembrança
Do teu olhar coberto de esperança.
E sentada vou-te esperar
Até que tua alma me venha buscar!

Foto de PedroLopes

Teu critério

Movida por esse teu critério estético
Dizes que meus versos não têm rima
Por ser feio, nenhuma obra-prima
Dizes que só o belo pode ser poético

Que meu poema é pobre, que te desanima
Por meu corpo ser franzino, e esquelético
Desejas que sempre permaneça hermético
Por não ter músculos munidos da pura enzima

Engano teu, nas minhas veias corre a tinta
Ninguém sabe do futuro seu significado
Se não será numa cama contigo lado a lado

Quando escrevo faço-o com sentimento
Não para ser belo, ou com ressentimento
Faço-o por Amor, com Amor, e pra ti Amor

Pedro Lopes - Plenitude do Sentir - Editorial Minerva

Foto de Anandini

Só,estou só agora...

Fez-s o dia...
O sol nascente,puro no horizonte...
de um azul infinito...
Não quero enfrentar esse dia,queria que não existisse.
A noite se foi...acabou...
Arrastou-se lentamente sem querer partir de meu leito,
um sarcófago de tristeza sem fim...
Agora tenho a certeza que estava enganada,iludida.
Foi apenas uma confusão...
Meu amor por tí era tão intenso que
transbordou para fora de meu peito
escorreu,e chegou até você!
Na verdade não me amaste em momento algum...
Tudo que escreveste era apenas um reflexo
do amor intenso que transmiti a você.
Agora sofro...
Minhas lagrimas corroem minha alma,
meus olhos se fecham para a noite e para o dia...
Não quero que o sol toque minha pele...
Não quero a intensidade do azul do céu,
O sol é quente,as cores são fortes...
Me arremetem a palheta de um arco-iris
Os pincéis do meu artista favorito...
As cores agora também me levam até você.
A pintura de uma paixão avasaladora,
está manchada,com a mistura da tinta de suas mãos...
Borrou...Está cinza... Perdeu a cor a vida.
Meu coração está triste,pequeno
amargurado em meu peito...
Sinto a solidão de um amor não correspondido.
Você jamais me quis...
Porque alimentaste meu desejo ,e deste força para esse amor
que toma conta de meu ser?
Porque disseste que me queria tanto?
Me deste a chave dourada,mas agora
me deixa aos prantos?
Não posso ao menos sofrer de saudade...
saudade do que?
Se não tive você....
Queria seu abraço,lento apertado...
Seu beijo,intenso ...molhado...
Queria guardar ao menos a lembrança
do suor de seu corpo
confundido com o meu!
mas resta-me apenas ficar sozinha...
Abrir meu e-mail e ver que te perdi
Nem uma palavra...
nem uma letra sequer,me deixou...
Mas como te perdi?
Se nem pude te encontrar....
Não tenho sequer o gosto amargo
da lembrança,para corroer esse vazio
Meu leito é como um tumulo
triste,morto,sem você...
Suas palavras em meu ouvido...
soaram como uma marcha funebre
matando o desejo infiltrado em meu ventre....
Palavras outrora,que seriam de prazer...
de paixão de tesão...
Morreram...
Você as enterrou,nem ao menos
quis vê-las crescer...
desabrochar...
Murchou a flor de minha emoção...
Po que fizeste assim?
Porque me abandona ao léu?
Por que perdeu a coragem de enfrentar o sentimento
Que nasceu em tí?
Tiraste as forças
para eu enfrentar meus dias...
Não quero abrir os olhos...
Abaixo minha cabeça...
choro...
soluço...
debruçada nesta folha de papel...
Se tinha algo para mim,cadê?
onde está?
Entregue-me o universo de seu corpo em extase...
Me afague,me aconchegue em seu peito...
Não me deixe sofrer assim...
Um amor sem dono,sem ponto
sem direção...
Cadê sua ousadia?
Onde está a força,o ímpeto que te impulsionaria,
ao prazer proibido...
Será que jamais existiu?
Acho que sonhei...
As mulheres é que são loucas!!!
Enlouquecem de amor...
e se arremetem pra dentro desse vulcão,
chamado amor...
Mas as lavas foram grandes..
Cobriram-me antes da hora!
Quero que se aposse de meu corpo..
Me cubra com seu desejo....
Seria simples...
Como dois e dois,são quatro...
Me apaixonei,isso é um fato...
mas não sou correspondida.
Meu coração está no chão...
pisado,esmagado,lavado...
pelas ondas de tristeza,
do mar de meus olhos...
O mar, a areia,o céu,a poesia...
Ah! doce poesia...
Todos me deixaram só!
Fizeram em miúdos,meu coraçãozinho....
Fragil,delicado...
Que agora bate bem devagarinho...
quase em tempo de morrer.
Você é meu anjo bom
Você ,é o desejo destruido
tragado pelo tempo
que não quis ser testemunha
dessa paixão...
Quem sabe o que será de mim agora.
Não sei como serão os dias,
sem a alegria de seu sorriso...
sem a ternura de seus olhos...
Por isso peço,não vá embora...
Não vá,não vá
Não bata a porta
não me dê as costas...
Não me deixe sofrer assim............................................

Foto de leofernandess

Olhar para frente... novamente!

Voltaram... eles voltaram a brilhar!
olhos que estavam cansados... desacreditados...
que olhavam pairados extáticos no ar

Voltei... voltei a respirar!
respirar fundo... com vontade, com saudade, sem maldade
sentindo o perfume do ar, da brisa, do vento, do tormento

É como se tudo fosse novo
como se nada fosse pouco
como se todos fossem loucos

Foi numa noite sossegado
e com o coração gelado
que lhe conheci
foi então que me chegou num laço
e tão rápido nele me envolvi

Me envolvi sem medo
sem termos
sem tempo
sem olhar para trás

Mergulhei
voei
atravessei a face do espelho
e por um susto
vi seu rosto refletido

Mas do susto pintou-se um sorriso
fez-se uma obra de arte
que guardei discretamente em meu coração

A chave entreguei a um anjo
um anjo sem asas
que me visita nas noites
e nos dias
e nas tardes
e nos sonhos
e no coração

Sem asas... porém arteiro!
envolvente
doce
e sorrateiro

Dizem que o amor é infinito
mas acho que um dia tudo se acaba
ele passa...
é como a tinta de uma caneta que se acabou
um tecido que perdeu a cor
um perfume que se perdeu da flor
ele passa... mais uma vez
mas deixa cicatrizes
cicatrizes sem dor
cicatrizes de amor

Então tudo é válido
tudo é rápido
tudo é terno, eterno
enquanto dure

Quero fazer não só uma história ao seu lado
mas uma vida
independente de tempo, de argumento, de uma saída

Estou aqui
em breve bem perto de ti
se guarda pra mim
me guardarei pra ti

Foto de Anjinhainlove

Alma de poeta, minha infiél desgraçada!

A minha alma afogou-se,
Deixando-me vazia, sem palavras.
Sonetos deixei fugir
Quando se tornaram fruto
De um amor platónico meu;
Senti o meu coração ser espremido de letras.
Oh! Como voavam!
Redondas, perfeitinhas,
Se agrupavam em palavras.
Palavras essas que me tocavam
E arrastavam.
Borrões de tinta
Numa folha de papel rasgada.
Versos incompletos
E poesias omissas.
Cantos roucos de canções desafinadas
Ecoam à minha visão,
Fazendo voar os meus cabelos.
Hoje, morri,
Ó alma minha de poeta,
Infiél desgraçada!

Foto de Gabriel Luís

Palavra (...)

Palavra

Ingênuo e apaixonado ponho-te em pedestal,
Com grafia, transmites sedutora mensagem,
O real por ti modelado, assoma-se miragem,
Atabalhoado ser entre letras: meu eu fractal,

És guerreira soberba, manejas muitas armas,
Seduzes ao incauto sob o deleite das metáforas,
Cobres de vinho até do paradoxo as ânforas,
Deusa, vestes de pormenor inexoráveis carmas,

Minha sagrada ideologia pervertes, alma poética,
Lânguida suavidade exala o teu charmoso toque,
Este carrancudo iludes, a alimentar meu fogo coque,
Lambuza-me tua tinta e sabor, cara união profética,

Dos teus pés sou pegadas, nascendo sob tua lavra,
Em palatável tez, és minha bronzeada refeição,
Sobra-me hipálage a definir no texto nobre feição,
Tomas a mim como teu inebriado cativo: palavra.

Gabriel Luís de A. Santos

Páginas

Subscrever Tinta

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma