No intervalo
desse lusco-fusco
eu me questiono
a respeito dessa realidade
[masoquista.
Ponho-me em ignição
na tentativa de deturpar tua imagem,
mas acabo eu entrando em combustão.
E na esperança
de dar fim a este sentimento mal-recompensado,
eu me calo
e deixo-me queimar.
Sofro em silêncio.
Sofro no silêncio.
Sofro por causa do silêncio.
E no paroxismo da minha dor,
eu percebo que nada ali é real.
Tu não és real.
És apenas um fantoche alucinógeno
da minha perturbada mente apaixonada.
És a antítese
de tudo aquilo que eu queria
[que fosses.
Mas a realidade é imutável.
Morreste na minha
e eu jamais existi na tua.
És o fantasma que me persegue
quando tento fugir,
quando não aceito
[essa realidade.
Por isso migro de realidade
[em realidade
procurando uma cujo enredo
não me desperte vontade
[de mudar o que é imutável,
de colorir o que é preto e branco.
Mas eu não encontro lugar para ancorar
pois estás a toda minha volta,
lembrando-me do rastro desse amor fantasiado.
Sempre vejo a sombra
do teu invólucro inane.
E eu sempre memorarei
a dor de ver meu invólucro inanizado por você.