Sentidos

Foto de Mentiroso Compulsivo

AUSÊNCIA

AUSÊNCIA

Agora que deste lugar parti
Como dói a ausência do nada
Como é triste sentir-me assim
Neste silêncio oco e desumano!

Trago comigo apenas a lembrança
Do enlaçar das mãos dos momentos passados
Nas teclas pousadas no meu teclado
Dos meus dedos, na noite tardia, cansados
Soltando palavras ao vento por entre o lamento
Dos amigos que aqui criei e deixei
Como quem acaricia duas pétalas de rosa
Manchadas de rubra cor, na manhã silenciosa.

Ah…! Como a noite pesa e não passa,
Como dói o imenso vácuo dos sentidos
Que aos olhos cansa e aos ouvidos ensurdece,
Que estraçalha os nervos rendidos
E dá vida e voz ao irreal que permanece…!

Se soubesses voz daí…
Se pudesses sentir a marcha cansada
Do silêncio escorregando nos degraus da escada!
Se pudesse ouvir o diálogo absurdo entre mim e ele
Ele, ele silêncio doloroso e lento
Que vem abraçar agora o canto a onde me sento
E povoa de rumores trágicos e cores de verde fel
As sombras mortas-vivas talhadas sem cinzel!

Das paredes húmidas escorrem pesadelos
Flutuam mistérios em cada canto,
Espíritos tristonhos vagueiam errantes
Voláteis, etéreos, sinistros, ululantes
Em risadas escarninhas de timbres funéreos.

Lá longe, na praia
O som cavo da onda desmedida
Emudece o grito metálico da ave ferida
E o uivar dos cães nesta noite fria

Já não sei
Já não consigo diferenciar o real da Ilusão:
- Egoísta, reparto comigo o caos
Buscando refugio onde não existem laços
Numa voz gelada, oca e vazia

Áh… ! Como queria sentir de novo
O calor das palavras que me faltam agora
Mesmo quando ninguém está aqui comigo!

As horas vão passando, amargas,
Marcadas pelo tic-tac do relógio
E lá fora
Embalado pelas copas das amendoeiras
O nevoeiro agita-se
E descobre o desenho informe
Numa nuvem perdida na maré doirada
- Eu te saúdo nuvem alada, mensageira
Que anuncias risonha a chegada
Duma nova e sempre querida madrugada.

Jorge Oliveira

Foto de Marceloi9

Mesmo depois de Tudo.

Eles se tornaram enamorados a muito tempo.

O destino os testou, maltratou.
Queriam amar, mas não sabiam como, queriam falar mas não sabiam o que.
Queriam curar, mas não achavam remédio,
Poderiam até morrer para que o outro pudesse viver.

Algum tempo se passou,
e o coração guardava,
o que nem mesmo eles sabiam que ainda poderia existir.

A Saudade...
noites mau dormidas, sonhos inacabados...
e todo aquele amor guardado.

A Coragem...
A vontade de saber, mas o medo de tentar...
algum tempo se passou.

O Contato...

Apenas naquele momento,
mesmo depois de tudo,
novamente escutaram-se.
O idioma do coração é universal, eles sabiam disso;
basta sensibilidade para ouvi-lo e deixá-lo falar,
mas é preciso querer resgata-lo

O amor lançou, no mesmo instante
em que se viram novamente,
mesmo depois de tudo
Uma flecha ardente aos seus corações
e um raio de luz ao seu espírito.

Os dois novamente, após terem-se ouvido
procuravam ver-se para se ouvirem melhor,
havia ali muita experiência, muita expectativa mascarada.
A curiosidade é o resultado dos primeiros conhecimentos.

Eles aproximaram-se; procuraram-se;
afastam os galhos; vêem-se depois de tanto tempo.
Deuses, que êxtase!
Nunca esperavam ter aquilo novamente.

É preciso ter o ardor de seus desejos,
o tumulto de suas idéias,
o fogo que anima seus sentidos,
para compreender a situação dos 2 naquele momento.

Durante algum tempo, permanecem imóveis;
são tomados por um tremor,
mesmo depois de tudo,
parece uma novidade do prazer para os seus sentidos.

Tocam-se; mantêm silêncio;
deixam no entanto escapar
algumas palavras mal articuladas.
Ela lhe diz: Deixa assim!
Ele sorri.

Mil perguntas um ao outro lhe sondam a cabeça
mas nada respondem com precisão;
Todavia, estão satisfeitos
com o que dizem um ao outro,
mesmo depois de tudo,
acham-se até esclarecidos.

Compreendem,
pelo menos, que se desejam,
E que encontraram o que procuravam,
o que estava esquecido.
o que só podiam encontrar um no outro
e isso é o que importava.

Eles tiveram um desses encontros
que o amor e o prazer transformam em delícias;
Desses encontros
que basta se ter tido um único na vida
para ser feliz e poder dizer,
valeu a pena.

Seja apenas pelo encanto de recordá-lo.
Quando o amor nasce,
tudo é mistério:
à medida que ele cresce,
tudo é confiança.

O local preferido deles é o lindo jardim,
onde em homenagem ao mistério do amor,
o dia só aparecia através das folhagens mais espessas,
onde sempre que quisessem,
fugiam do mundo para ir ali se encontrarem.
Mesmo depois de tudo.

Lá, a árvore amorosa inclinava seus galhos
com mais docilidade do que em qualquer outro lugar;
o tico-tico articulava, de cem maneiras diferentes, os nomes ternura e felicidade.
Noite e dia, o rouxinol lá cantava os seus prazeres; e sem cessar o pardal a eles se entregava.

É fácil fazer uma descrição romântica
dos lugares consagrados ao amor;
Mas como é possível lembrar o que dois enamorados
dizem um ao outro nos momentos de paixão?

Eu prometi guardar segredo
E, se traio a promessa,
é porque quero que os românticos
saibam de todos esses detalhes.

Porque valeu a pena!
O amor prevaleceu,
assim como nas histórias
do bem contra o mau
Não poderia ser diferente.
Tudo estava guardado.

O jardim secreto se mostrou ao mundo
Deu frutos que causavam inveja a própia felicidade.
Tudo estava consagrado, protegido.

E quem prova essa história....
o amor
Assim como fé, basta acreditar...

Os enamorados
nuncapoderiam ser mais felizes.

Mesmo depois de tudo

Foto de Izaura N. Soares

Bombeiro da Paz

Bombeiro da Paz

Sou um ser da paz e tudo que eu faço
É voltado para o amor.
Sou aquele ser que trabalha de dia, de
Noite sem descanso...
Sou o ser escolhido por Deus!
Apago as labaredas em chamas de um
Corpo ardente...
Tento apagar o fogo que incendeia os
Corações impertinentes de uma paixão
Desenfreada que queima sem sentir, que,
Busca o prazer de um fogo ardente sem dor.
Mas isso é só imaginação
De uma mente na solidão.
Porque a dor existe esquenta como um vulcão.
Salvo o amor em todos os sentidos...
Salvo a natureza quando está em perigo
Salvo vidas quando de mim precisas.
Sou o bombeiro da paz que luta pela vida
Não tem hora não tem dia
Sou chamado a todo o momento e o
Meu ofício; eu faço com muita alegria!

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"CAMINHADA CELESTIAL"

“CAMINHADA CELESTIAL”

Acertei os documentos...
Arrumei os arquivos...
Ruminei meus sentimentos...
Despedi-me dos amigos!!!

Visitei os parentes...
Contemplei a paisagem...
Distribui meus pertences...
E deixei de ser miragem!!!

Viajei sozinho...
Explorei meus sentidos...
Curei minhas feridas...
Vomitei os maus feitos!!!

Perdoei meu algoz...
Desculpei o vilão...
Conversei a sós...
Com o meu anfitrião!!!

Lavei os pés do ex-inimigo...
Beijei a face do traidor...
Deixei de olhar pro meu umbigo...
E prestei mais atenção no amor!!!

Escolhi minha pousada...
Arrumei o meu ninho...
Dei uma bela gargalhada...
E decidi o meu destino!!!

Foto de Dirceu Marcelino

O MAR - Meu salvamento - DUETO - VANESSA BRANDÃO e DIRCEU

(Vanessa Brandão )
Em um lado deserto
Daquela linda praia.
Sentada na areia,
Admirando o mar,
Avistei alguém dentro dele.
Que tentava sair,
Mais não conseguia
O mar que antes estava com as ondas tênuas
De repente se tornou agressivo.

Ao olhar bem percebi que era um lindo homem
Tentei pedir ajuda
Mais não havia ninguém
Fiquei sem saber o que fazer
E mesmo que eu quisesse
Não poderia salvá-lo
Pois não sabia nadar.

Me vi enloquecida
Pois queria muito ajudar
E nesta hora lembrei
Que existia em mim
Uma força muito poderosa
A fé em Deus.

E foi nela que me apeguei
Para retirar o homem do mar
Aquele homem que estava desesperado
E que aos poucos perdia as suas forças.
Percebi que as correntes marinhas,
Formavam um círculo na baía,
E com os braços fui indicando
E ele foi nadando,
De acordo com aquela orientação.
Foi da praia se aproximando
Até que no local em que as ondas se quebram
Seu corpo já entregue foi levado
Por uma das grandes ondas

Que o jogou na areia

Justamente aonde eu me encontrava
Olhei pra baixo e lá estava ele
Aos meus pés desmaiado...
Mas vivo...

(DIRCEU)

Poderá parecer mentira,
Um sonho de pescador
Ou delírio de um caipira.

Mas, foi realidade
Eras ainda uma menina,
Mas alguém como tu
Vi sentada na areia da praia,
Observando o mar de longe.
Estendi a minha esteira
Na areia.

Queria chamar-lhe atenção:
Fiz algumas flexões,
Olhei-a mas ela não me via.
Não deu bola.

Adentrei na água,
Passei os arrebentos das ondas,
Mergulhei.

Virei-me ná água
Não sei mais se ela me via
E aos poucos fui adentrando
Mar adentro.
Sempre eu fazia isso
Ia até o farol.

Mil metros, para um jovem
Na época era pouco.
Mas naquele dia,
Não percebera por encanto
Que o mar estava tenebroso
E fui adentrando,
Adentrando...

De repente
Vi que tinha passado o farol,
Era hora de retornar,
Desvirei-me do nado de costas,
E dei algumas braçadas.

De três ou quatro,
Avançaria dois metros,
Mas naquele instante recuei um metro.
Mais quatro ou cinco braçadas,
Avancei meio metro.

Ah! Já fiquei desesperado.
Olhei ao ser erguido por uma onda
Para a praia e vi ao longe só aquela morena.

Não podia gritar,
Nem adiantaria
O marulho do mar era intenso
E então fiz alguns gestos,
No padrão do S.O.S.

Noutro levantar das ondas
Vi que ela desesperada
Levantou-se da areia
E virava a cabeça para todo lado,
Talvez, pedindo ajuda,
Foi quando percebi.

Ela me fazia sinais,
Com os braços,
Em círculos
E comecei
Então,
A obedecê-los,
Seguia a corrente d’águas,
Que eu não podia vê-las
Tantas eram as fortes ondas.

Mas, com certeza, ela as via de longe
E assim, confiei nela,
E atendendo suas indicações,
Comecei a avançar,
Dois metros,
Em forma de um semi-círculo,
Dez metros,
No sentido dos ponteiros do relógio,
Cinqúenta metros,
E via a medida que avançava
Em cada onda que me erguia,
Que ela me seguia,
Andando pela praia.

Passei o farol,
E sempre em círculo,
Seguindo suas indicações
Fui avançando,
Quinhentos metros
E, já podia ver
Que para trás o farol foi ficando
E fui avançando,
Novecentos metros,
Até quando
Sentia
As ondas me elevando,
E quando passavam
Meus pés ia roçando
A areia do fundo,
E não sei quantos metros
Faltavam.
Mas já era praia
E continuei,
Remando...
Não sei
E
Só acordei,
Recobrei os sentidos
Quando a minha frente vi duas pernas
D’uma linda morena e
Ela me olhava
Sorrindo.
Vivi.
E vi que ela caminhou vários quilometros
Pela areia da praia
E foi assim que me salvou.

Se não fosse ela,
Não estaria agora aqui poetando

Por isso te peço, continues,
A vida é assim...

Até hoje agradeço a Deus!

NB. Ontem indicastes o caminho,
Hoje poderei indicar o teu
E, aqui temos muitos amigos,
Vamos nos encontrar
Na Escolinha da Fernanda. Uai!

Foto de ivaneti

O que o Vento Levou...

O Que o Vento Levou...

Quisera voltar ao passado como um vento forte
Apanhar momentos flagrados de teu olhar no ar
Quando dos passos perdidos ao além corria para ti
Segurando tuas mãos e fechando meus olhos famintos

Quando tu passavas vestida de retalhos florescentes
Igual, és a única rosa que tenho em meu jardim
Crucificava com a dor perdendo os sentidos da alma sem fim!
Enquanto, chorava na tortura desejando teu beijo

Oh! Mulher, tu que vieste do moinho de vento, de águas cristalinas!
Com este corpo exuberante, choro porque ainda não és minha
Quero um dia misturar este corpo ao teu em pura brisa
Sentir na tua pele molhada o perfume teu ao meu

No calor do teu suor encontrar na escuridão do mar a tua paixão
Trazendo nas ondas o que o vento levou de mim e de ti.
Autora: Ivaneti Nogueira

Foto de Poeta Costa

Amo-te...

És linda
vejo-te de olhos fechados
e sonho contigo de olhos abertos
mesmo doente fico com os sentidos despertos
se te vejo, olhos deliciados
delícia de sentimento que não finda

Amo-te muito
és tudo o que quero
não preciso de mais
quero ter-te até aos meus momentos finais
sem ti desespero
interiormente, fico de luto

A tua face é um rio
onde banho meus beijos
e sinto a tua força nos teus lábios
quentes, molhados, sábios
que me dizem palavras de desejo
com as quais sinto um arrepio

Fico solto contigo
desamarro-me do mundo
vivendo agarrado ao teu amor
vá ele para onde fôr
eu vou com ele até ao fundo
sou teu amante, confidente, amigo

Quero-te como tudo
como vagabundo procurando rumo
como tristeza procurando felicidade
escrevo-te cheio de amor de verdade
digo-te sem cortinas de fumo
mas quando te vejo fico mudo

És poema belo no teu jeito
meigo, ternurento, alegre
quero ser feliz ao teu lado
rir, chorar, sentir-me amado
nos teus braços, o meu albergue
e que me leves dentro do teu peito

Amo-te

Foto de Raiblue

Na tenda azul de um soneto...

.
.

Teço palavras que caibam
Na forma exata do teu corpo
Macias... leves ...provocantes...
Plumas vermelhas sobre a pele nua...

Metáforas decifradas apenas por nós
Sílabas impregnadas de sonhos e sóis
Em suas asas libertamos os sentidos
Em versos derramados num silêncio pervertido...

E a tinta transborda na eterna noite
Sol vermelho tocando a lua no firmamento
E as palavras se estendem em ecos de gemidos...

Que dissolvem a distância e o silêncio
E permitem o toque entre os corpos ansiosos
Na tenda azul de um verso livre ...sedento....

(Raiblue)

Foto de CarmenCecilia

DESEJO

DESEJO

Quando acordo e te vejo
Quando aflora o desejo
Vem insinuante. Latejante!
Mesclado com tons... Sons!
Emaranhado de cores e sabores...
Que desatinam...
E me percorrem...
Com suaves toques...
Um leque de arco íris...
Sua cadencia... Cadencia-me!
Eloqüência em seqüência...
Que emanam,
Seqüestram os sentidos...
Não se enganam...
Margeiam a pele arrepiada...
Modelam o expressar...
Os corpos que correspondem...
Olhos e bocas que não escondem
Esse clarão... Lampejo!
Num refrão continuo
O suor mesclado...
Maquiando...
Esse todo colorido...
O roçar no ouvido...
Línguas misturando-se
Nessa viagem...
Em que portos atracam
Nesse desejo rouco...
Nesse ritmo louco.
Que aos poucos vão arrefecendo
Saciam os impulsos...
E enfim adormecidos...
Descansam os sentidos...

CarmenCecilia

28/01/08

Foto de Sirlei Passolongo

Sou eu

Sou eu
que te rouba
os sentidos

que te lê
os pensamentos
e sabe
apenas no olhar
como estão
teus sentimentos

sou eu
que entende
os teus problemas
decanta o teu corpo
como se fosse
os versos
de um poema

sou eu
que vive
no teu sonho
e te deixa pensar
que é meu dono

porque você
é o homem
que eu amo.

(Sirlei L. Passolongo)

.

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