Sangue

Foto de Paulo Gondim

Restos de saudade

RESTOS DE SAUDADE
Paulo Gondim
28/01/2008

Ouvi o grito de teu coração
No silêncio de tua boca
Sedenta por emoção
Na volúpia de tua voz rouca

Senti o pulsar do teu sangue quente
Nas veias tortas de minha paixão
Carregando-me nessa louca corrente
Como labaredas de um vulcão

É assim que te vejo e te sinto
Na estreita vertente do querer
E mergulho por teus labirintos
E me sufoco de tanto prazer

E ouço mais teus gritos roucos
Perdidos na cumplicidade
Que vão se dissipando aos poucos
Apenas restos de tua saudade

Foto de Maria Goreti

ABRE ALAS, PAPAI NOEL, QUE EU QUERO PASSAR... COM A MINHA DOR!

É Natal!

Homens vestem suas fantasias.
Papai Noel, José, Maria, o Menino, anjos e reis...
Estão nos shoppings, parques, praças, templos...
Casas e ruas são enfeitadas com muitas luzes e cores.
Comércio em polvorosa! Pessoas se atropelam nas ruas e avenidas em busca de presentes...
Abraços, beijos, mensagens de otimismo...
Em algumas casas roupas novas, mesas fartas... Em outras, tudo a faltar:
o pão, o brinquedo, a roupa e o Papai Noel que jamais chegará...
Brota o espírito de solidariedade... Mas muita gente anda a criticar!

É Carnaval!

Comissão de frente, bateria, carros alegóricos e seus destaques,
mestres-salas e portas-bandeiras, passistas, baianas... Luxuosas fantasias!
O rufar dos tambores a misturar-se ao movimento das cadeiras rebolantes,
dançantes, esfuziantes de homens e mulheres seminus, incandescentes, sensuais, sexuais...
São as escolas de samba a desfilarem nas avenidas.
Os trios elétricos, as burrinhas, os blocos de sujos...
Cheiros que se misturam no ar: de bebida, suor e sangue.
Gritos deslumbrados de alegria, euforia... Medo e dor.
Medo e dor da violência...
Medo e dor de alguém que sofre a perda de um ente querido...
Mas quem se importa com isso?

É Carnaval... A festa da alegria!

Esquecem-se das dores e até dos seus amores e caem na folia.
Buscam encontrar uma paz que nada mais é que fugir das dores do dia-dia.
Um rio de dinheiro gasto em alegorias...
As máscaras são as mesmas.

E é justamente o Natal... A festa da hipocrisia!?

Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES – 17/02/07

Foto de Marcelo Roque

Amor dos amores

Eu quero que floresça entre nós ...
Um amor ...
Como nunca antes visto ...

Que tenha uma ardência ...
Quase insana ...

E um perfume ...
Que de tão sedutor ...
Chegue as raias do inimaginável ...

Um amor ...
De arregalar a alma ...
E inundar de sangue nossos juizos ...

E esse amor ...
Será tão imenso ...
Que a própria morte ...
Constrangida em nos separar ...
Ira nos ceder ...
Mais alguns segundos de vida ...
Tempo suficiente ...
Para um último beijo de despedida ...

Foto de Lou Poulit

LASO, Cia. de Dança Contemporânea

UMA EXPERIÊNCIA LINDA

O bailarino/coreógrafo/ator/professor CARLOS LAERTE, seus intérpretes e assessores, foram uma das mais felizes surpresas da minha vida.

Estava expondo minhas pinturas no Corredor Cultural do Largo da Carioca. Derrepente chegam um mulatinho e uma mulher, ambos lá pelos trinta. Perguntam quanto tempo eu levava para pintar uma daquelas telas (série Bailarinos Elementais). Descrente, respondo que dependia do grau de elaboração, uma hora... um dia... Eles se entreolham e depois o mulatinho pergunta se me interessava por apresentar meu trabalho num espetáculo de dança contemporânea e quanto cobraria. Confesso: além de não acreditar, na hora também não entendi. Nunca soube que espetáculos de dança apresentassem pintores trabalhando ao vivo!

Acertamos cachê, marcamos data e hora. Me pegariam de van em Copacabana, onde tinha ateliê, e estaria embarcando para Campos, cidade aqui do estado conhecida pelas muquecas e peixadas, onde faríamos uma apresentação no dia seguinte. Só acreditei quando a van chegou, trazendo uma penca de bailarinas tímidas e a tal mulher, que parecia saber todas as respostas mas não era a deusa. O deus era o tal mulatinho, bem quetinho no canto dele.

Pois bem, a gente nasce com dois olhos e ainda assim é muito pouco. Íamos fazer um ensaio técnico de véspera e estava prestes a conhecer um trabalho artístico maravilhoso, seríssimo e cativante. Fizemos aquela apresentação no Teatro Municipal de Campos, depois fui novamente convidado e fizemos outras, no Espaço Sérgio Porto, no Centro Coreográfico da Tijuca... A cada dia tinha a impressão de reencontrar uma aura registrada no meu sangue e da qual não me lembrava mais. Explico para que entendam: minha avó paterna, Nair Pereira, fora bailarina no tempo do teatro de revistas. E dessa história só restava, até há pouco tempo, a madrinha de batismo de meu pai, hoje falecida, Henriqueta Brieba. Também pelo lado paterno, meu bisavô que não conheci em vida, Antônio "Paca" Oliveira, fora homem de circo: o maluco (me perdoe o linguajar moderno) foi o primeiro homem-bala do Brasil, num tempo em que se fazia isso para matar a fome. Só podia ser! E sem seguro?! Em troca de meia-dúzia de cobres e o aplauso de meia-dúzia.

Na hora da apresentação ficava pintando no palco e de costas para o balé, mas durante os ensaios aquela gente me impressionava. Assim descobri o talento inequívoco do coreógrafo Carlos Laerte, a sua memória fantástica de um trabalho artístico que usa vários recursos simultaneamente, e ainda tem registrados todos os pequenos erros das últimas apresentações para que não se repitam. Até eu, que estava ali assim, como vira-lata caído do caminhão, também mereci uma crítica para melhorar o desempenho!

Os intérpretes estimulavam a minha adimiração. Carol, Simone, Yara, Bianca e Rodolfo, o espírito da arte habita, com certeza, todos eles. Não se pode compreender aquela gente de outra forma. Repetem infinitas vezes seus movimentos, perseguindo pequenas eficiências. Tornam-se íntimos do cançasso e, não é exagero dizer, da dor física. Controlam o próprio ego para que o coreógrafo corrija a interpretação de outro bailarino, já que precisam estar sincronizados, e isso é uma espécie de ginástica psíquica. Outra deve ser a nacessidade de por temporariamente na gaveta os problemas de casa, filhos, maridos/namorados, para não perder a concentração.

E tudo em troca de cerca de cinqüenta minutos. Esse é o seu tempo. O tempo em que os intérpretes são os senhores do momento, da luz que explode em seus corpos húmidos, da linguagem do movimento, do ritmo do qual nem o cosmo pode prescindir, enfim, da emoção que paira sobre e em todos, profissionais e expectadores, como uma hóstia artística que paira sobre o cálice do sacrifício e da adoração. Nessa hora a arte é a deusa e o espetáculo me parece uma grande comunhão, porque nos faz comuns uns aos outros, porque amamos isso e nos oferecemos para construir e transmitir a emoção. Incrível isso, eles constróem sua arte complexa em muitas horas de dureza. Ao final é como o velho exercício de imagens feitas de areia colorida nos mosteiros do Tibet, como alusão à transitoriedade da vida humana: o mestre passa a mão na imagem pronta, perde o momento, e nos liberta dela para que possamos recomeçar, com o mesmo amor, a reconstrução do nosso próximo momento. Uma pintura minha pode ser feita por dias consecutivos e depois guardar aquela emoção por décadas, talvez um século. Por isso me parece tão menor do que a arte que esse pessoal faz.

O espetáculo "Caminhos" fala exatamente disso: reconstruir sempre. Recomendaria aos expectadores de primeira viagem que se vistam condignamente. Aos homens que não deixem de fazer a barba e se pentear. Às mulheres que não usem saias demasiadamente curtas, pintem-se com sabedoria, cuidem do andar e do falar. Porque talvez estejam indo na direção de um grande e insuspeito amor. Se em minhas palavras houver poesia, não há mentira. No meu caso particular, como no de muitos outros, esse amor atravessou várias gerações".

Foto de Carmen Vervloet

ESCULPINDO A VIDA

ESCULPINDO A VIDA

Quero esculpir
A minha história...
Quero chorar ou sorrir
Entre reveses ou glórias...
Quero entalhá-la
No meu dia a dia...
Do meu jeito...
Com minhas manias...
Mas sem preconceito...
Peito aberto
Nos caminhos incertos...
Com a minha cara...
Nem sempre de beleza rara...
Às vezes feia...
Sangue italiano
Nas veias...
Às vezes brilhante alvorecer...
Benquerer!
Outras vezes noite escura...
Amargura!
A coragem impulsionando
A busca...
A brancura da paz...
O azul do amor...
Capaz de apostar no hoje...
Meu presente...
Que me dá a rota
Onde lanço minha frota...
Que me leva ao futuro...
Certo... Nascituro...
Fruto maduro...
Mastigado pelo tempo...
No tempo certo...
Sentimentos especiais...
Abundantes mananciais...
Que sustentam
A vida
Por mim esculpida!

Carmen Vervloet

Foto de Cezanne

Amor sombrio...

Nesta vida sombria que vivo, o sangue
Corre em meu coração, levando toda
A felicidade e deixando a destruição.

Nesta vida sombria que vivo,
Não existe amor, carinho, perdão,
Somente as trevas, ódio e rancor.

Nesta vida sombria que vivo,
Eu vejo tristeza, mágoa e angústia
Nos corações dessas almas perdidas.

Afasta-te espírito do mau!
Não agüento mais isto, meu coração
Já está se dilacerando por dentro
E ficando com a aparência negra por fora.

Afasta-te, pois assim já nao posso mais viver!
Tento fugir para outros lugares, mas você me acha.
Tento achar a paz e alegria nos corações de outras pessoas
Mas só encontro a violência na alma e a tristeza.

Arranca meus olhos, pois não quero mais te ver.
Arranca minhas mãos, pois não quero mais te tocar.
Arranca meus braços, pois não quero mais te abraçar.
E, enfim, arranca minha alma, pois nao quero mais te amar.

Pois, assim, não posso mais viver...

Foto de Jhessyca Lima

Razões da saudade

Tenho razões para sentir saudades
porque tu estás em mim
como o sangue quente correndo nas veias
como o coraçao a pulsar no meu peito...
E se somes não sei viver...

Tenho razões para estar com saudades
pois sinto falta do teu carinho
e vivo alimentando ilusões
que talvez um dia
me farão sofrer...

E se tu estás com saudades
é porque também procuraste
deixou-me invadir sua vida
não tomou conta do seu carinho
deixou-me entrar em seu caminho.

Sim, eu sinto saudades
e sei que também a sente...
e um dia, nosso coração contente
será palco do nosso amor...
sombrio...
vazio...
e sensível como uma pétala de flor!

Foto de Carlos Donizeti

Minhas sagradas mãos

Minhas sagradas mãos

Distinguidas pelo uso do martelo e o ponteiro
Cicratizadas com o suor de meu rosto
Cansadas depois de um dia de labor ao relento
Podem agora por um instante descansar a poetizar.

Mãos que trazem minha sustentação e fazem sorrir meu coração
Aos domingos as elevo para aos céus para agradecer o Superior
Mãos que praticam trabalhos pesados e não retrocedem, mas
Também sabem alentar, aliviar dores e fazer carinhos.

São utensílios sagrados de meu corpo que uso para
Semear, colher e acariciar, são retratos de minha alma
Quando as estendo para o bem fazer e cumprimentar
Transmito a alegria de ser assim simples e amigo.

Elas abertas oferecem meu coração para amizades fazer
São inocentes de sangue e gentil para a vida de paz
No teclado tem os cantos das teclas ao labor elas dançam
sob o dom da escrita.

Foto de Raiblue

Santo pecado!

.
No Olimpo dos sonhos
Seremos Deuses e loucos
Quebraremos as correntes
Que aprisionam os desejos
Algemaremos toda forma de preconceito
Criaremos nossas próprias leis
Umedecidas pelo vinho, pela vida
Pelo sangue bombeado pela vontade
De arder até o último suspiro da noite...
Abriremos as cortinas do tempo
Tocaremos a eternidade
Em um mágico momento...
Samurais e arcanjos
Lutaremos vorazmente
Sob os domínios da lua
Em busca do néctar sagrado
No Santo Graal
Dos nossos corpos molhados...
Profana ceia, santo pecado
Sob o manto sagrado das estrelas!
Misturaremos física, química e mística
Num cálculo impreciso, de uma geometria perfeita!
Tendendo sempre ao infinito
Do nosso espírito libertino...
Onde o desejo explode
Num cósmico delírio...
Misturando-nos ao universo
Em gotículas de prazer e ecos...

(Raiblue)

Foto de NiKKo

Amor, amizade e respeito

Tenho em mim um coração que pulsa.
Em minhas veias eu sinto o sangue a correr.
Tenho vinte e quatro horas, sete dias por semana,
a minha mente feliz por simplesmente viver.

Eu sou capaz de amar e tenho sonhos
Tenho capacidade de compreender e perdoar
E lamento quando encontro pessoas pequenas e vazias
Que vivem sem saber o que é amar.

Eu mesmo quando estou sozinha,
no céu, mesmo estrelas encobertas eu consigo ver
Mas tem pessoas que são sozinha mesmo em meio a outras
Fingem que são felizes, mas estão sempre a sofrer.

Essas pessoas não sabem, isso é certo
que existem varias formas de se amar.
Que a amizade é apenas uma delas
Mas em todas tem que se saber o outro respeitar.

Infelizmente essas pessoas não conseguem ver
Que brincam com os sentimentos alheios,
Fazem tudo como se fossem, o centro do mundo
E escondem ate de si mesmo, sua dor, seus receios.

Essas pessoas infelizmente não descobriram
que o amor é uma flor que com cuidado se deve tratar.
Por isso eu tenho pena de pessoas como essas
Por que na verdade não sabem o significado da palavra amar.

Por isso eu sou feliz, não minto ou escondo,
Que já sofri por amor e sei que muitas vezes vou chorar
Mas o amor é sentimento que preenche meu coração
E tenho muitos amigos e sozinha, eu sei, nunca vou estar.

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