Sangue

Foto de Senhora Morrison

Hum!!! Quero mais...

Paixão fulgaz
A me consumir
Em devaneios
Pecaminosos
Sua língua
Seu suor
Inebriando meus dias
Prazer
Todo o prazer
Faz-me sentir
De encontro ao desejo
De sangue a pulsar
De carne latente
Exalando o meu cheiro
Cio
Constante por você
Isso à hora é essa
Possua-me
Todo instante
Contenha-me em seus braços
Em seu sexo
Em seus olhos
A me desnudar
A me corar
A me acender
Sempre que os recordo
Estando perto
Estando longe
Quero mais
Vem meu senhor
Digna-me de seus toques
Firmes, selvagens
Sustenta esta ânsia
Vicia-me
Não canso
Não paro
Quero mais
Sugar você
Enfeito-me
Ajeito-me
Percebe?
Acaba comigo
Tira-me o fôlego
Vem meu homem
Faz-me arder
Inteira
De tanto ter você
Agora, sempre
Hum!!!! Quero mais...

Senhora Morrison
20/09/2006

Foto de CarmenCecilia

AMOR SEM FRONTEIRAS

AMOR SEM FRONTEIRAS

Dia 1

Amanhecia no aeroporto em Lisboa.

O tempo estava nublado e uma chuva fina e gelada aumentava a expectativa da espera.
A viagem havia sido longa...
Uma noite em claro aguardando os acontecimentos que viriam angustiava o coração de Clara
Tanto tempo havia se passado desde que tinham se conhecido no Rio...
Fazia uma retrospectiva enquanto aguardava o momento de encontrá-lo...
Tantos e-mails, horas de conversação no msn, telefonemas...
Quase seis meses pensava ela...
E praticamente diariamente se encontravam no mundo virtual que construíram.
Os corações se abriram revelando segredos, aspirações, devaneios...
Já se conheciam como a palma da mão.
Podiam prever o estado de espírito reciprocamente num simples olá que só o monitor era expectador...
Mas ali a poucos momentos do virtual se tornar real a boca secava, as mãos tremiam, o coração batia descompassado...
Desembarcou feito um zumbi...
De repente uma voz que ela já sabia:
_Claraaaaaaaaaaaa...
Ela se virou.
Nem acreditava...
Será?
Os olhos se encontraram e não havia dúvidas...
_Pedrooooooooooo...
De repente uma correria louca...
Abraços e beijos misturados com as lágrimas que corriam sem cessar...
Uma emoção ímpar, indescritível se adonava do coração de ambos...
Pois sabiam que a experiência era única. Sem parâmetros.
Nada podia dimensionar o que sentiam.
Como foi de viagem perguntava ele
_Só aguardando esse momento dizia com o semblante transtornado.
Saíram dali para o carro...
Ele dizia repetidamente...
Ainda não acredito que você esteja aqui.
_ Nem eu dizia Clara
E ambos começaram a rir...
As palavras saiam com dificuldade, tamanho era o misto de sensações que se sentiam embalados.
A manhã avançava. Decidiram ir para Cascais.
Ela se maravilhava com o caminho e com ele a seu lado...
Dizia para si mesmo “Estou sonhando”
Ele ao mesmo tempo pensava “Não é real”
Somos loucos disseram quase simultaneamente como lendo o pensamento um do outro e novamente riram...
Pois haviam dito isso continuamente antes dessa aventura.
Chegaram a Cascais...
Ele ia mostrando os lugares pitorescos, as belas ruas que adornavam o local...
Foram até a bela Bahia onde haviam varias navegações atracadas e depois até a Boca do Inferno onde as ondas batiam vertiginosamente.
Tiraram inúmeras fotos com a alegria estampada no rosto.
Após andarem bastante resolveram sentar para um pequeno almoço e conversar.
Clara disse:
Você pensou que algum dia isso fosse possível?
Pedro respondeu:
Era inverossímil demais, mas agora estamos aqui e estou muito feliz.
Está arrependida?
_Não. De forma nenhuma.
E os olhos confirmavam o sentimento que transcendia aquele momento.
Começaram então a trocar carinhos como se nada mais existisse além daquele encontro tantas vezes sonhado, planejado e que agora se tornava palpável.
Tudo parecia rodopiar e girar como um redemoinho numa série insaciável de beijos, chamegos, como se a cada contacto estivessem a certificar da presença do ser amado ali do lado.
Caminharam depois por Sintra, o casal enamorado...
Clara apreciava a beleza do lugar. As estórias contadas.
Passaram antes pelo Cabo da Roca onde recebeu um certificado da prefeitura do local, que dizia “onde a terra se acaba e o mar começa” e “onde palpita o espírito da Fé e da Aventura que levou as Caravelas de Portugal em busca de novos mundos para o mundo”, pois ali era o ponto mais ocidental da Europa.
Encantava-se com tudo que via e ele com ela mais paixão demonstrava.
Anoitecia...
E essa seria a primeira noite juntos...
_ Não tema Clara... Já nos conhecemos demais e nada acontecerá que você não queira.
_Realmente linda acho que temos ligações cármicas. Lembra quando te dizia isso?
_ Sim, temos com certeza ligações cármicas.
Lembro-me a todo o momento de cada pedaço de conversa que tivemos...
Tudo foi maravilhoso e está se concretizando aqui.

E a noite veio como um véu para os apaixonados...
Embriagados por tudo que acontecia e por um vinho tinto que aos poucos saboreavam, também iam conhecendo o que a mente já sabia os corpos que se entrelaçavam,as bocas que iam descobrindo prazeres mútuos e enternecidos beijavam-se em meio ao pranto de tanto encantamento...
Eram dois adolescentes... Portugal novamente descobrindo o Brasil...
Uma viagem em que os corpos navegavam e deslizavam suavemente por ondas maiores, arrebentações, faróis e desejos a deriva do que iam descobrindo...
Matizes de um mar azul calmo que lentamente ia se transformando em maremoto e levando-os a conhecer a rota de cada um que se tornara uma só.
E assim outro dia nasceu...

Dia 2:
Acordaram entrelaçados.
Estavam atrasados...
Iriam pra Roma, a Cidade Eterna,
Correram... E chegaram a tempo ainda do check in.
Nossa disse Pedro, pensei que não ia dar tempo.
No caminho conversaram mais um pouco sobre amenidades.
Era tanta coisa pra falar...
Ele contou sua vida que ela já sabia de cor...
Mas ouvia como um hino tudo que ele dizia.
Com isso o tempo transcorreu.
De repente...
Lá estava ela: Roma com 2700 anos de história.
Era emocionante demais.
No aeroporto um taxista com um bom inglês e lá foram ambos
Atravessando todas aquelas ruas estreitas em que cada canto um século, uma estória revelava e embevecidos a tudo contemplavam.
Chegaram ao hotel... Hotel Pátria, 800 metros do centro histórico.
Banharam-se cansados e novamente se perguntaram...
Isto está realmente acontecendo conosco?
Olharam-se intensamente...
_Vamos provar uma massa? Sei que você gosta e eu idem, disse Pedro.
Foram a um restaurante italiano divino e provaram um vinho toscano também divino.
Parecia que tudo conspirava.
Voltaram com ele cantando pra ela a mesma música da cantina italiana:
Io te amo solo te...
E agora em solo italiano mais uma vez o amor se fez...
Era tanta sincronia, como uma sinfonia em que todos os acordes vibravam naquele frenesi e êxtase de paixões.
Clara se sentia embriagada do vinho, do local e dele ali inacreditavelmente com ela...
Pedro pensava minha deusa está aqui, nesse lugar e junto de mim.
E assim se acaraciavam, ousavam, namoravam, pois ali também faziam descobertas
Tanto carinho que vinha suave e em instantes rompantes que latejavam continuamente num mesclar de fragancias, extravagancias, para culminar no êxtase total de corpos que se irmanam num só.
Claraaaaaaaaaaaaa!
Pedroooooooooooo!

Dia 3

Amanheceu em Roma!

Estavam no centro histórico perto de tudo...
E então, após o café foram caminhar...
Era deslumbrante.
Cada pedaçinho da cidade parecia um museu.
Algo a ser contemplado e admirado...
Saber a história. Era mágico.
Praça Veneza e depois rumo ao Coliseu
Ficaram embasbacados.
Dizem "Enquanto o Coliseu se mantiver de pé, Roma permanecerá; quando o Coliseu ruir, Roma cairá e acabará o mundo".
E permanece a mais de 27 séculos contando história.
Emoção pura!
Depois conheceram lugares como o Castelo Sant’Angelo de onde se avista boa parte da cidade.
E enfim O Vaticano com toda sua magnificência...
E assistiram a audiência do Papa sempre nas quartas feiras.

Dia 4

Voltaram para Lisboa...
E mesmo com toda ventania e chuva.
Pedro queria mostrar os encantos da cidade...
E lá foram conhecer o Mosteiro dos Jerônimos
Patrimonio mundial da Unesco desde de 1502
Beleza impar em sua arquitetura...
Provar os deliciosos pastéis de Belém...
Receita única diz, desde 1837 da Oficina do Segredo...
A Praça dos Touros fez questão que admirasse
Já que ela tinha sangue espanhol...
Pedro tinha de ir trabalhar...
Mas disse:
Clara vá conhecer as belezas daqui...
E lá foi ela a andar pela Avenida Liberdade
Pois com segurança não tinha que se preocupar...
Avistou Lisboa do Elevador Santa Justa...
Que lindeza!
Depois foi até o Castelo São Jorge
A admirar a cidade e já a chorar de saudade...

E ai Pedro voltou
E ambos foram a Praça do Comércio
Mais conhecida por Terreiro do Paço,
Na Baixa de Lisboa situada junto ao Rio Tejo.
E ainda foram a Praça das Nações...
E mesmo com todo mau tempo...
O Oceanario conhecer...

Clara ficava embevecida...
E ao mesmo tempo entristecida...
Logo desse mundo vai sair...
Essa terra irá deixar...
Juntamente com seu amor...

E agora os minutos voam...
A última noite juntos...
Amam-se como se não houvesse amanhã
Agonizam suas dores...
A despedida é ferida...
Cicatriz aberta e dolorida...

Está na hora de embarcar...
E voltar...
Pedro diz... ”Não quero despedida”
Ela “Eu também não”
Os olhos estão vermelhos...
Lacrimejantes de tanto choro...
Essa dor da partida.

Então ela diz...
Vou sozinha...
Não quero você no saguão.
Assim pensarei que você estará
Do outro lado de lá a me esperar...

Pedro concorda...
Com o coração corroído...
E diz logo estarei no Brasil também.
E Clara diz tudo bem...

No hotel refaz suas malas...
Não quer olhar para trás...
Pois sonhou demais...
Faz novamente o check in

Qual o destino?
São Salvador diz ela...
Mas logo ali junto dela
De novo ouve aquela voz...

Claraaaaaaaaaaaaaaa...
E ela petrificada...
Pedrooooooooooooo...
E tudo para de repente...

Clara diz ele...
Vc se lembra daquele filme que dissestes
Casablanca...
Sim claro que me lembro responde ela...
Pra eles sempre existirá Paris...
Pra nós sempre existirá Lisboa e Roma...
Nos nossos corações e lembranças...
Você é agora parte de mim...
E eu parte de você...
Sempre...Sempre...Sempre...

CarmenCecilia
20/02/08

Foto de Teresa Cordioli

ENCONTRO FATAL - DUETO

.

.ENCONTRO FATAL
Deley
Baseado no poetrix VIDA de Teresa Cordioli

"Vida, são os dias
que correm
em direção à morte!"
-------------------------------------------------------------------------------
MORTE
Deley

Naquele inevitável encontro,
A vida com toda humildade,
Pediu uma oportunidade à morte;
A morte? Obvio, ignorou,
Não disse absolutamente nada,
Com uma impassibilidade desmedida,
Simplesmente abraçou a vida,
A vida? Coitada!!!
O que fez foi entregar-se calada,
A esse enlace consorte;
Como o sangue entrega-se ao corte,
Como a agulha entrega-se ao ponto,
Como o frágil entrega-se ao forte.

esse econtro termina aqui?

VIDA
Teresa Cordioli

No abraço mais forte,
A vida tão frágil
Entrega-se à morte...e Sorri!
Mostrando aos vivos
Que a vida é passageira
Que a morte é a ponte certeira
Entre o físico e o metafísico (universo)
A vida quase sem forças
Pergunta à morte
- qual o seu nome?
Ela responde e nada esconde:
- Separação é o meu nome...
A vida ainda indignada...
Pergunta à morte o que ela veio fazer...
A morte responde:
- Vim te trazer uma coisa nova...
Chamada recomeço...
Paradoxo? __ Não?
A vida sem medo,
Continua a caminhada a cantar...
A morte indignada
De não vê-la chorar, pergunta por quê?
A vida sorrindo reponde baixinho:
- Estou acompanhada...agora vou viver!
Tudo o que fiz, foi só sofrer!
A morte insiste:
- Quem está com você?
A vida lhe diz: - A Esperança...
Essa você não a vê...
Só a vida é que a tem como companheira...
Aqui ou no além...
Sei que, só a vida tem...
Esperança de nova vida viver...

esse econtro termina aqui?

Obrigada sempre meu amigo Deley...

Foto de YUSTAV

Vinho dos Sentidos

Vídeo-Poético:"Vinho dos Sentidos" by Gustavo Adonias
.

.
VINHO DOS SENTIDOS

"A canção ecoava
Em um canto da mente
No limite entre a dor e a paixão
Nostalgia cortante
Sentimento ardente
Um cheiro
Um gosto
Dois corpos
A mistura da saliva
Em um mesmo copo
Vinho dos sentidos
Derramado numa viela escura
Esquecida da cidade
Lua à luz de velas
Barco à vela
No lume da noite
Sangue rubro
Erógeno perfume
Redescoberto pela mente
Inebriante reencontro
Despertado pela lembrança
Dos teus olhos perdidos
Numa noite quente..."

(Gustavo Adonias)

*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Foto de Carmen Lúcia

A dor maior...(conto)

De repente faltara-lhe o chão. Acabara de ler o resultado de exame de sangue de seu filho.Há dias não dormia, não comia, não falava, não sorria, não vivia. A ansiedade a consumia.Mas nesse fatídico dia, se encheu de coragem, pediu à Maria,Mãe das Dores, que intercedesse por ela e que a mantivesse em pé, fosse qual fosse o resultado...mesmo aquele que ela mais temia.E era.HIV(reagente), seu filho adorado, lindo,inteligente, culto, sua razão de viver...tinha Aids.Jamais poderia supor que isso poderia acontecer...e agora estava ela, frente a frente com a dura realidade.
Uma assistente social veio dar-lhe o resultado, numa salinha tão funesta quanto ele e caso fosse preciso, ampará-la. Ampará-la?Depois de sentir a alma ter sido arrancada?Assistente social sabe da dor de se ter um filho aidético?Só mesmo quem o tem.Mas são preparadas para isso...consolar.
A mãe, ou o invólucro da mãe, voltou para casa, incumbida de dar a pior, terrível e mais trágica notícia...
Onde uma mãe encontra tanta coragem?Só mesmo Santa Maria pode explicar.
Encontrou o filho deitado num sofá...Dava para ver seu coração aos pulos, aguardando a sentença fatal.
Ela respirou profundamente, procurou não chorar e num gesto sôfrego, sem mesmo ouvir a própria voz, falou:
-Meu filho, você tem Aids!Hoje em dia há medicamentos modernos, os coquetéis, que o manterão vivo,se você se cuidar.Estarei sempre ao seu lado, o amarei cada dia mais.Abraçou-o fortemente para que o filho pudesse sentir todo o seu amor e seu amparo.
Em seguida, trancou-se no quarto, ajoelhou-se e agradeceu a Deus, a Jesus e a Maria, pela grande intercessão, por não a terem deixado fraquejar, para que o filho também não fraquejasse.
Quando uma mãe se põe de joelhos, o filho se mantém em pé.

(Carmen Lúcia)

Foto de Martorano Bathke

O PODER DO DIABO

O PODER DO DIABO

Conta à lenda que Deus chamou o Diabo para tirar os deus poderes. O Diabo disse que concordaria se Deus lhe deixasse apenas um. –E com qual poder queres ficar? –Com o poder de continuar tirando o entusiasmo do Ser Humano!
Numa noite, eu e o professor Henrique ele tomando em conhaque eu uma cerveja. Não numa conversa de bêbado falando de politicagem, futebol ou mulher e nem discutindo o sexo dos anjos. Mas sim numa divagação filosófica, chegamos na palavra: entusiasmo. E ele me explicou o verdadeiro significado desta palavra, que a muita eu procurava, e não tem na maioria dos dicionários.
Chegou para mim como um “Serendipty” palavra inglesa que também não tem na maioria dos dicionários, e significa encontrar algo que a muito se busca, quando se esta procurando outro.
Do grego: Em-Teo-Mos: Dentro do Sangue de Deus.
Que arrebatamento, que esplendor, que sentimento ardente o significado desta palavra, chega a arrepiar o corpo e a envolver a alma.
Portanto para todos vocês, desejo muito ENTUSIASMO.
Mas cuidado cultive-o e use-o para o bem, pois o Diabo pode te tirar.

Ronald Martorano Bathke

*Publicação permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

Foto de Mentiroso Compulsivo

O TOURO

DECIDI PUBLICAR ESTA HISTÓRIA A PROPÓSITO
DE UMA POLÉMICA QUE EU PRÓPRIO LEVANTEI
(como todas as histórias, esta também tem uma moral)

Numa linda manhã primaveril em que os raios de sol brilhavam pelos verdejantes campos do Ribatejo, parecendo reflectir a essência da vida de um botão de flor que acabava por desabrochar, estava um menino de três anos a brincar com dois dos seus primos, uma vizinha e dois irmãos: uma irmã de nove e um irmão de cinco anos.

Naquele lugar, podíamos avistar ao longe o cinzento da serra a contrastar com o verde da planície e dos olivais.

Por entre as oliveiras e um ribeiro que passava por perto, as crianças corriam, pulavam e brincavam às escondidas, como se o mundo girasse à volta daquele instante.

O pai das três crianças, por trabalhar em turnos nocturnos, estava a dormir com a sua irmãzinha mais nova de um ano e meio, enquanto a sua mãe trabalhava, por aquela altura, no turno de dia.

Na euforia da brincadeira, ignoravam um perigo eminente que estava por perto, até que o seu irmão de cinco anos apercebeu-se da surpreendente e bizarra fatalidade que a qualquer altura poderia acabar em desgraça.

Apressando-se de imediato a avisar a irmã mais velha, que se certificou do touro selvagem que andava à solta por aquelas bandas. Ficando em completa histeria, começou aos gritos e apelou à fuga das restantes crianças que ali brincavam para se refugiarem em local seguro.

Pânico instaurou-se entre todos que intuitivamente começaram a correr em direcção à casa mais próxima, tentando evitar, a todo o custo, serem apanhadas por aquele touro.

O seu primeiro instinto foi o da sua própria protecção. Depois, já em local seguro, numa das casas das redondezas, a irmã lembrou-se do mais pequeno de três anos. Este talvez ficasse admirado com toda aquele reboliço e deveria ter pensado que aquilo era uma grande festa e brincadeira. Será fácil imaginar ver a sua cara feliz daquela enorme satisfação, para ele um touro era um simples animal, tal como uma vaca, um pouco estranha, por ser diferente, o que até lhe dava até um ar de mais engraçado. Habituado aos porcos, galinhas, vacas e ovelhas que os pais e os vizinhos criavam por ali, para ele aquela criatura não representavam qualquer ameaça.

O inevitável aconteceu, segundo o relato de algumas testemunhas que presenciaram à tragédia, ao terem acorrido ao local levados pelo alvoroço e o grito das crianças, o rapazito foi arrastado por três marradas do touro, sendo que uma o fez levantar para o ar a uns dois ou mais metros do chão e nas outras duas foi arremessado pelo campo vários metros para a frente.

Os habitantes locais depressa afugentaram o touro e socorreram a criança já toda molestada. Um vizinho pegou-a nos seus braços, cheia de sangue por todo o lado, nas roupas e na cara onde o verde dos seus olhos contrastava com sangrento vermelho que neles ficou. Rapidamente, levando a criança no colo, acorreu para a casa do seu pai para contar o sucedido e pedir auxílio médico. Bateu à porta, bateu e tornou a bater, mas ninguém apareceu para a abrir. Dizia-se por ali que deviria estar muito cansado e talvez com um copito a mais que teria bebido ao sair do trabalho, parece que já se tinha tornado num hábito.

Profundamente a dormir num sono descansado, pai e filha ali estavam, ela sã e salva, pois não estivera a brincar com os seus irmãos naquela hora e local, dado que era a mais pequenita, se lá estivesse, quem sabe não teria sido ela a vitima.

Foi então que um dos vizinhos decidiu pegar no seu carro e levar o miúdo para o Hospital da cidade mais próxima. Naquela altura os carros eram raros e na povoação só haviam duas famílias que possuíam carro.

Mais tarde, os seus pais, como é óbvio, depressa ficaram a saber do sucedido. Enquanto a criança lutava pela vida ligada a máquinas, ninguém tinha esperança. Esteve assim por três dias em coma e quando já as esperanças eram poucas a criança conseguiu vencer a vida.

Veio-se depois a saber que o touro teria fugido já ferido de um matador das redondezas.

Pensado que estava marcado o destino desse menino por aquela tragédia, vaie-se lá saber porquê, a sua mãe um dia saíra de casa para ir fazer alguns afazeres e deixara um candeeiro a petróleo aceso no quarto da irmãzinha, nessa altura não havia electricidade por aqueles lugares.

Ao contrário do dia da tragédia do touro, ela não conseguia adormecer, estava muito agitada e com curiosidade, própria daquela idade, mexia em tudo o que apanhava pela frente, até que conseguiu alcançar o napron onde estava o candeeiro, fazendo-o tombar para o chã. Depressa as chamas se espalharam, primeiro pelo quarto, depois por toda a casa. Por mero acaso ou destino, um soldado estava passando por perto, e ouvindo gritos vindo dentro da casa, não perdeu tempo, entrando por uma das janelas salvou primeiro o irmão, depois foi a vez dele e por último a irmã também foi retirada.

Saíram todos com vida e logo foram levados para o Hospital, o seu irmão não tinha sofrido nada, ele apenas teve algumas queimaduras que vieram a sarar, contudo, a sua irmã tinha sofrido graves queimaduras e acabara por sucumbir antes de chegar ao hospital.

Esta é uma história que nunca contei a ninguém, esta é uma história real. Quando a lembro, lembro-a em jeito de tourada e conto-a muito vagamente, apenas pequenos trechos, como o pequeno toureiro que enfrentou o touro pelos chifres, em jeito de brincadeira. Por coincidência ou não o meu signo é Touro.

Foi acaso, foi destino, não sei. Essa criança de três anos, é hoje um homem e pessoa. Essa criança cresceu normal, talvez só diferente na sensibilidade para a vida (será que afectou o cérebro?).
Esta história foi dedicada à minha irmãzinha, ANA MARIA, que nunca conseguiu viver a vida. Eu não dou mérito ao facto de ter sobrevivido, apenas à vida. É A VIDA QUE INTERESSA. Vale a pena pensar ou levar tão a sério aquilo que eu chamo de «mesquinhices» da vida? Fica para pensar.

Esta foi a primeira vez que tornei esta história pública, tentei um dia fazê-lo, mas por respeito a uma pessoa que esteve numa situação muito mais grave e delicada que a minha, retirei a publicação da história. Hoje essa pessoa, penso ter conseguido ultrapassar já os obstáculos mais difíceis. Eu teria mais dia, menos dia, que quebrar o gelo.

Foto de Poeta Desastrado

poema sem nexo

Um coração de sangue
Uma alma rasgada
Um olhar que não vê nada
Um norte sem rumo
Uma alma sem prumo
Um corpo que jaz sem ti
Uma voz que enfraquece
Um pássaro que voa
Um lobo que uiva
Uma gota no oceano
Um Sol que não aquece
Uma manha que não amanhece
Uma Lua nua
Uma estrela perdida
Um amor por ti
Uma parte de mim
Um barco à deriva
Um poema inacabado
Uma música por tocar
Uma criança perdida
Uma saudade que dói
Um sono que se foi...

Foto de Martorano Bathke

Predador

PREDADOR

No etéreo som
Flutuo
Nos raios intermitentes
Da negra luz
Penso equilibrar

Dois fachos
Me prendem
Estarrecido
Estático
No sangue
Hormônios
Circulam

Teus olhos
Me fazem
Navegante
Na bruma
Da balada

Sussurro
Em teu
Ouvido
O que penso
Que ouve

Meu corpo
É teu corpo
Na despedida
Me beija

Na neblina
Sumindo
Nos Pensamentos
Penso
Ser eu
O caçador.

Ronald Martorano Bathke.

*Publicação permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

Foto de The Dream Catcher

Poema ao meu filho

PARA TI, MEU FILHO
Há dias que nunca esquecerei na minha vida

E um desses dias foi quando te vi pela primeira vez

Peguei em ti, abracei-te, chorei de felicidade

Toquei a tua pele, quase sem jeito, nem sabia como te segurar

Agradeci a Deus por seres tão perfeito,

beijei-te e senti-me tão feliz, como se num abraço pudesse abraçar o mundo todo,

partilhar o momento mágico que estava a experimentar.

Teres nascido mudou a minha vida, completou-me

Nada mais ficou igual, és sangue do meu sangue, carne da minha carne,

em ti revejo-me, renasço criança, na nossa cumplicidade,

Sou o teu companheiro de brincadeiras, sorrindo c/ a tua presença

feliz por estar contigo, ao ver-te ser herói de mil aventuras,

em mundos por ti reinventados.

Sabes filho, por ti daria a minha vida sem hesitar

Perante a ideia de nunca mais te poder abraçar, tocar e amar

Adoro todo o teu ser, o modo como sorris e me chamas papá...

Pudera eu parar o tempo e perpetuar esse momento,

doce, terno, de felicidade sem igual

e num abraço passar-te todo o meu amor e carinho

nada mais me importaria por saber que és angelical

e me dás na vida uma benção sempre especial.

Páginas

Subscrever Sangue

anadolu yakası escort

bursa escort görükle escort bayan

bursa escort görükle escort

güvenilir bahis siteleri canlı bahis siteleri kaçak iddaa siteleri kaçak iddaa kaçak bahis siteleri perabet

görükle escort bursa eskort bayanlar bursa eskort bursa vip escort bursa elit escort escort vip escort alanya escort bayan antalya escort bayan bodrum escort

alanya transfer
alanya transfer
bursa kanalizasyon açma