Rosto

Foto de Ednaschneider

O que restou desse amor

Chegou devagar em meu coração
Foi-se apossando como se fosse dono.
Perdi as idéias e a noção
Pois me entreguei a este amor insano.

Veio calmo como a manhã
Como a beleza do dia ao nascer.
Ainda não era esta febre terçã
E não sabia o que ia acontecer.

Depois, ao meio-dia: Calor.
Claridade, fogo e paixão.
Muito amor
Muita emoção.

Agora as horas do dia se acabam.
E o amor esfriou.
As lágrimas no rosto desabam
Pois a paixão já cessou.

Essa dor que existe no peito,
Carrega um contentamento
Foi-se o amor, ficou o respeito.
Mesmo não tendo íntimos envolvimentos.

11/05/07 Joana Darc

(Este poema é registrado.Copyright: Todos os direitos reservados à autora dos mesmos,não devendo ser reproduzido total ou parcialmente sem a prévia permissão da respectiva autora, estando protegido pela lei, ao abrigo do Código dos Direitos Autorais)

Foto de andrepiui

Vida

Idéias me vem em massa
Incentivo que faltou
Nas ruas tanta desgraça
A fome dominou

Cada rosto um olhar
Relatando o que passou
Tentam acreditar
No ensinamento do criador

Pelas calçadas
Cobertor de papelão
Crianças marginalizadas
Pronto, formado mais um ladrão

Que fazer, quando desistir
Às vezes é melhor do que lutar
Se até o simples ato de sorrir
Dá vontade de chorar

Infelizmente e ou felizmente
A vida hoje e a muito é assim
Cheia de maldade, verdades em cores diferentes
Mas o nascer do sol não demora a surgir

Como, quando e onde
Vou continuar a me perguntar
A certeza que me vem constante
No firme compasso de meu pulsar...
(Autor: André dos Santos Pestana)

Foto de jairokour

Beijo Para Flor

Ela não me saía da cabeça. Se entranhara tanto em mim que por mais que eu tentasse, não conseguia tirá-la de meus pensamentos.
Sonhava com ela, imaginava milhares de situações, sentia uma vontade louca de ouvir sua voz, ver seu sorriso, estar junto dela, tocá-la, sentir sua pele.
Eu me controlava, mas era evidente que eu a queria demais, que morria de tesão por ela. Apesar de tudo que vivêramos, tinha dúvidas se ainda era correspondido, mantinha-me então discreto e evitava avançar o sinal.
Certo dia por um motivo qualquer, estive em sua casa. Na hora de ir embora, ficamos conversando no portão. Estávamos sozinhos. Ao despedir-me, beijei-lhe o rosto como de costume. Segurava sua mão e senti que ela apertou a minha retendo-a na sua, como se não quisesse que eu fosse. Isso me deu coragem. Puxei-a para dentro e fechando o portão, venci a timidez inicial e toquei seus lábios com os meus. Um lampejo de resistência e espanto apareceu em seu olhar, que logo foi substituído por um brilho intenso e senti sua boca macia pressionando a minha, correspondendo e provocando em mim imediata reação, excitando-me, deixando meus sentidos à flor da pele.
Perdi o medo e com minha boca colada à dela, envolvemo-nos num beijo intenso, quente, úmido, cheio de lascívia e paixão. Adorava a pressão de seus lábios contra os meus, enquanto nossas línguas se encontravam e se enroscavam, lutando frenéticas, procurando cada uma absorver da outra toda carga de luxúria reprimida em nós até aquele momento, buscando desvendar nossos segredos, revelando os mistérios de nossos corações, fazendo aflorar todo desejo contido, enclausurado.
Ah, o beijo. Mais que o sexo, o beijo é a demonstração e a procura dos anseios mais recônditos. É a entrega perfeita, sincera. O sexo é instinto animal, o beijo é o desnudar da alma. O sexo é o prato que nos sacia a fome, o beijo é o alimento que nos revigora a alma. Mostramos no beijo todos os nossos sentimentos. O sexo é gozo efêmero, rápido, o beijo, gozo eterno. O beijo faz o sexo e é o sexo. Sexo é físico, beijo é alma. Revelamos nele toda a nossa fragilidade frente aos sentimentos que nos assolam e toda nossa força criada pela paixão. O beijo agasalha nosso frio, livra-nos de nossas amarras, liberta-nos de nossas vergonhas, estimula nossas emoções e provoca o toque. E o toque, num círculo vicioso, excita o beijo. Mais uma vez eu tomava consciência do porque as cortesãs oferecem o sexo e recusam o beijo. Sexo pode existir entre corpos desconhecidos, beijo verdadeiro e sincero, só entre corações que se querem.
Ao beijá-la sentia meu sangue fervilhar, minha pulsação disparar e todas as minhas sensações concentrarem-se em nossas bocas. Meu coração almejava querer e ser querido. O contato de seus lábios com os meus variavam de intensidade conforme o fluir das emoções, ora suave feito brisa de outono, provocando leves arrepios, ora intempestivo como furacão, provocando tremor, nos deixando ofegantes. Nossas línguas viajavam de encontro ao céu de nossas bocas, acariciavam-se, descobriam-se e completavam-se. Ao comando do beijo nossas mãos nos procuravam, respondendo com afagos de amor. Nossos corpos se entregavam ao contato da paixão e à chama do desejo que se avolumava e se intensificava.
Afastei-me, tomei fôlego e segurando suas mãos a conduzi para dentro de casa, procurando um lugar mais confortável.
Sentados no sofá, Flor, procurando a minha, ofereceu-me novamente sua boca sôfrega. Aceitei-a, ávido de mais carinhos e beijei-a arrebatadamente como sempre desejei, como sempre sonhei. Guiado pelo desejo fiz com que minha boca percorresse seu pescoço, seu colo, sua orelha. Pousasse em sua nuca beijando-a suavemente, provocando suspiros e arrepios de excitação. Minhas mãos descobriam seu corpo em suaves, mas decididos toques. Ela retribuía beijando meus olhos, mordiscando meu queixo, meu pescoço, acariciando meu rosto. Voltava, procurando o agasalho de minha boca, o abraço da minha língua. Prendia meu lábio inferior entre os seus, mordia levemente e deixava sua língua tatear pelos cantos de minha boca provocando-me e levando-me ao paraíso. Por cima do tecido de sua blusa, meus dedos atrevidos encontraram seu mamilo rígido e minha mão apertou suavemente seu seio, arrancando dela um gemido de prazer. Procurei os botões e a soltei. Deixando minha boca deslizar ao encontro daqueles mamilos maravilhosos, rodeei-os com minha língua, sugando-os delicadamente, depositando neles beijos úmidos e calorosos. Flor contorcia-se de excitação. Encorajado por suas reações tirei completamente sua roupa. Contemplei extasiado aquele corpo celeste. Ah, como descrever aquela visão de beleza exuberante? Ela nua, recostada no sofá, olhos semicerrados esperando ansiosa pelo meu próximo toque, adivinhando meu próximo beijo, se oferecendo, se entregando inteiramente a mim.
Decidi naquele instante que meu prazer, meu gozo, seria o dela. Resoluto distribui delicada e demoradamente centenas de beijos em seu colo, em seu ventre maravilhoso e, ousado, explorador, percorri seu corpo com minha boca, beijando, lambendo, sentindo a suavidade e o sabor de sua pele. Voltei aos seios, refiz o caminho de sua boca, mordisquei a pele de seu ombro, beijei seus pés. Partindo da parte de trás dos joelhos deslizei a ponta da língua alternadamente pelo interior de suas pernas, e subindo, guiado pelos seus murmúrios de aprovação, aproximei-me atrevido e pousei meus lábios nas pétalas macias daquela flor maravilhosa, sentindo sua suavidade, seu sabor divino, néctar propagado dos deuses. Deliciado, entre seus tremores e gemidos ouvia os murmurantes sinais inequívocos de seu delírio, que me orientavam e conduziam: “assim..., mais..., continue...”.
Beijava-a agora com a delicadeza do amor mesclada com a fúria da paixão. Flor respondia com movimentos ondulantes de seus quadris, suas pernas pressionando minha cabeça, fundindo-nos no mais íntimo contato. Minha boca e minha língua, como se estivessem em um parque de diversões, beijavam e brincavam loucamente, saltitando de um ponto a outro, alimentando seu prazer, amplificando seus sons, tonificando suas sensações. Estendi os braços e toquei novamente seus seios, brincando com seus mamilos, navegando por suas curvas, escalando suas colinas. Busquei sua boca e senti meus dedos, qual sorvete sabor prazer, sendo lambidos e sugados, umedecidos e envolvidos por sua língua. Continuei, distribuindo por onde minhas mãos alcançassem, as carícias que fluíam das pontas de meus dedos, descobrindo seus pontos de loucura, ligando chaves do seu prazer, desvendando as trilhas da sua paixão.
Sentindo o aumentar do ritmo dos seus movimentos, a frequência de seus ais, o balanço do seu ventre coordenado com a intensidade de meus beijos e o pulsar de minha língua, pressionei suas nádegas de encontro a mim, mantendo aquele cálice preso à minha boca, evitando sua fuga. Com as mãos crispadas no tecido do sofá, Flor aumentou a pressão de seu corpo sobre meu rosto, permitindo que eu sorvesse a intensidade de suas sensações, o mel dos amantes, querendo que seu prazer também fosse meu, e desmanchou-se com um tremor vigoroso na melodia fluida do gozo profundo, num êxtase sem fim, trêmulo, intenso, sonoro.
Segurando minha cabeça, manteve-me ali, preso por instantes em seu pulsar, compartilhando e transmitindo-me seus impulsos, suas delícias, agraciando-me com uma parcela de seu céu, me fazendo morrer de paixão e de felicidade. Acalmada, levou meu rosto junto ao seu e beijou minha boca suave e demoradamente. Acomodou minha face em seu colo, para que eu ouvisse, nas batidas de seu coração, os acordes de seu amor.
Sorridente, saciada, satisfeita, sem proferir uma palavra sequer, me fez feliz por tê-la feito feliz.

Foto de andrepiui

Soldado

Noites esperando por algo
Neste vai e vem do rio
Mendigos esperam ajuda do alto
No meio deles me encontro vazio

Agüentando como um avestruz
Na selva de pedras subo montes
Lua me aparece como luz
Céu e inferno de forma constante

Fortalece minha alma
Num beijo sutil
Refrigera fica estagnada
Rotação a mais de mil

Extintores sopram
Fogo em todo lugar
Pessoas que se foram
Pra nunca mais voltar

Encontrar-te-ei
Talvez algum dia
Em frente sigo e sei
Seria a minha alegria

Destino que não conheço
Não posso mudar
Cresce apenas o desejo
De um mundo melhor encontrar

Olho fixo e vejo
Grãos de areia a se espalhar
Seu rosto desenhado em meu peito
Acordo e do meu lado você não esta

Doce fruto para meus filhos deixo
É o meu melhor, nas veias segue a pulsar
Sangue misturado por meus antepassados
Sou soldado estou na batalha só posso acreditar.
(Autor: André dos Santos Pestana)

Foto de lookoutss

Fios dourados

Fios dourados ondulando ao sabor do vento
Longos e brilhantes se entrelaçam entre meus dedos,
Toco teu rosto e busco teu olhar, quero parar o tempo e segurar o teu suspiro.
Guardar comigo para sempre esse momento.
Segurar o tempo com as mãos, inebriado pelos fios dourados que servem de moldura para o teu rosto, Cala-me com teu beijo, e acaricia-me com teus cabelos sobre o meu rosto, vamos segurar juntos o tempo.
Para que não fuja de nos esse momento.

Foto de DP

Foi em Ti

Foi no teu olhar que encontrei
O sol
Foi no teu rosto que encontrei
A beleza
Foi no teu abraço que encontrei
O calor
Foi na tua pele que encontrei
A suavidade
Foi nos teus cabelos que encontrei
A luz incadescente
Foi nas tuas mãos que encontrei
A delicadeza
Foi em ti num todo que encontrei
A Perfeição
Foi numa so palavra que encontrei
O que sinto por ti:

AMO-TE

Foto de cathy correia

Mãe

No teu rosto cansado,mãe
Morreram as esperanças
De um futuro
Há muito trancado
Nos ecos do passado!
Nem mesmo o filho
Que carregas nos braços
Te faz ver as estrelas do céu...
Nem o seu sorriso
Acalma as rugas da tua vida
Já desvanecida
Sem crenças
Num amanhã longínquo!
Há muito que enterraste
Um a um
Os sonhos de um amor
Que morre todos os dias...
Vazio...
Despido...
Da magia do começo
Da tua vida de mulher!

Foto de Cecília Santos

Poema p/o concurso literário 2007-Tema:MÃE

Sinto muito a sua falta.
Ainda te vejo...!cabelos ao vento,
vestido florido,e branco avental.
Trazendo no rosto,seu belo sorriso,
resplandecente de amor.
Quantas vezes mãe,me refugiei no seus braços,
dissipei todos meus medos,e angústias.
Lembro-me,dos seus belos olhos verdes,e quantas vezes,
imaginei,como seria o mar olhando seus olhos.
Como eu queria mãe,que minhas preces de criança,
tivessem sido ouvidas.
Quantas vezes,ajoelhada ao lado da cama,olhos fechados,
pedia à Deus,pra nunca tira-la de mim.
Eu achava que mãe era eterna...!
Mas um dia,sem aviso,sem hora marcada,
sem beijo de adeus,você foi embora.
Sinto falta do seu carinho,do seu amor,do seu calor,
do abraço apertado,do se beijo estalado.
Hoje mãe,eu olho o mar,e vejo seus olhos verdes,
refletindo amor.
Agora eu sei,mãe que nada é eterno,
a não ser nosso espírito.
Sei que morreremos e renasceremos quantas vezes,
for necessário,até atingirmos a plenitude da perfeição.
Mas pra mim ,você renasce todos os dias mãe.
No sol que me dá bom dia...
No vento que me acarícia...
Na chuva que molha meu rosto...
E quando a noite chega mãe,você se transforma em manto,
e me aconchega em seus braços.
Seus olhos não são mais verdes,
são duas estrelas cadentes,a iluminar minha vida.

*este poema é em memória à minha mãe que eu amo tanto!

Foto de PedroLopes

Eterna saudade

As lágrimas secas, o falso sentido
O vermelho perdido em nome da paixão
O sexo vencido, o prazer inibido
Um coração que sofre sem menor razão

Soalheira esta noite que te espero
Mesmo nas agruras da vida és divinal
Espero sem pressa, para sempre te quero
Espero sem desespero a afinidade

Voltar sem nunca de ti tomar liberdade
Sinto que estamos sós, talvez magoados
Contendo a insaciável vontade

Cada um para seu lado, amargurados
Naquela vida de coral, hoje sem cristal
A saudade que mata este rosto de sal

Direitos Reservados - Pedro Lopes

Foto de Allegra

A Dança

Naquela noite escura
Eu estava sonhando
E devagar veio até mim
Uma sombra caminhando.

O escuro ocultava
O vislumbre de um olhar.
E na sala escura
Ele pôs-se a dançar.

Rodando, rodando
Em volta de mim,
Eu conheço aquela sombra
Quem é que dançava assim?

Segurou as minhas mãos
E eu o vi pálido e frio.
Mas eu sei que não havia ninguém ,
Que estava tudo deserto e vazio.

Convidou-me para dançar
E eu aceitei o seu abraço
Aquele olhar só tinha um dono -
O susto feriu-me como aço.

Aquela expressão tão doce
No rosto branco como o mármore
Ele estava parado
Como no jardim as árvores.

Mas ele sorria para mim
E alegre ele estava
Eu novamente estava abraçando
Quem eu mais amava.

De onde ele veio,
Será isso possível?
Será apenas um sonho
Ou um pesadelo horrível?

Meu amado esta noite
Deixou seu túmulo silencioso
E veio ver-me de novo,
A saudade é um sentimento horroroso.

Talvez ele nem saiba
O que aconteceu
Talvez não tenha percebido
Que ele morreu.

Então vem ver-me de noite
O escuro é mágico e misterioso.
O frio da noite
É um conto amoroso.

Eu beijo seus lábios frios
E acaricio seu rosto pálido
Minha cabeça em seu peito –
É ainda o seu abraço tão cálido!

Então adeus amado
Eu sei que chegou a hora
De se despedir
Que você tem de ir agora.

Tão alegre é o encontro
E tão triste a despedida
Sem você é tão vazia
E cinzenta a minha vida.

Vá com a minha lembrança
O seu beijo me fez sorrir
E lembrando a nossa alegra dança
Nós vamos em paz dormir.

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