Raios

Foto de Delusa

Quando o sol nasceu

Hoje soube
Quando o sol nasceu
Que a luz quente
De todos os dias
É a nossa alma
Que se liberta por momentos
Das paredes do universo.

Quando os sonhos se prolongam
E há orvalho até mais tarde
Como as coisas de criança
Que guardamos para sempre
Por serem verdade
Essa luz, então
É o espírito volátil que nos contorna
Reflecte
E que dentro de nós cintila em raios infinitos
De exaltação.

Delusa

Foto de Marilene Anacleto

Escritores. Poetas. Artistas.

Artistas, escritores, poetas
Trazem a beleza da vida
Em palavras, versos e telas,
Pela luz que nela existe.

Feito bolhas coloridas
De arabescos sem sentido
Surgem bem a sua frente
Brotam de seus ouvidos

Outros olhares de tudo,
Em sonoridades de alma,
São música a tocar os homens
Em poucos instantes de calma.

Sabem transmitir a beleza
Que traz a alma ferida
Bem escondida nas sombras
Pela infância perdida

Sabem colorir de amor
As emoções desbotadas
Dão juventude à velhice,
Trazem cura a adoentados.

Contam, inventam parábolas
Como bem fez Jesus Cristo
Almas sofridas são salvas
Dos machucados da vida.

Compartilho este espaço,
Com quem aceita o amor
E o irradia em belos raios
Que tocam tudo ao redor.

Este espaço perfumado
A toda emoção conduz
Traz beleza e harmonia
Com a poética da luz.

Foto de Rute Mesquita

Um perfeito dueto

Uma noite chuvosa,
recai sobre mim.
Ensopando-me das suas pesas.
Num deambular cautelosa,
cobre-me assim,
inundando-me das suas emersas.

Uma chuvada
arrastada pelo vento.
Deformada,
por entre as pausas do meu tempo.

Eu apenas envolvida num velho lençol,
vagueio sobre estes aguaceiros.
Sentindo-me uma clave de sol,
sinto os ‘Dós’ dos seus pioneiros.

Uma melodia se dispõe,
destas ruas desabitadas.
Uma esfolia se decompõe
por entre as minhas descobertas insaciadas.

Como te sinto minha mãe natureza.
Só não sei porque tanto choras…
Aguentarei toda esta frieza,
até as mais secas auroras.

O quão é pesada a tua dor,
como te lanças daquele céu pardo,
sem piedade, sem esplendor
e escolhes esta noite para teu resguardo.

Não chores mais…
quero tanto entender-te,
dá-me sinais,
espero não mais rever-te.

Rompendo a madrugada,
lá estava eu,
num banco sentada,
à espera de à chuva ver aparecer Romeu.

No fundo escoavam badaladas
como se algo anunciassem.
Será que se sentem maltratadas?
Como se estas lágrimas já não bastassem…

O sol espreita,
os raios luminosos reflectem naquelas gotículas.
É então que galanteio
o nascer de um lindo arco-íris.

A chuva agora estreita,
cai em suaves partículas.
E sem ser preciso tirar ao sorteio,
dilata a minha íris.

Agora eu percebo,
que aquela melodia
lacrimejante,
era da noite um servo,
aguardando pelo dia,
para se evaporar naquele
recebo flamejante
aquela triste sinfonia.

O amor entre a chuva e o sol,
um perfeito dueto,
acompanhado de um rouxinol,
termina assim este quarteto.

Foto de Rute Mesquita

Tempestade

Tempestade,
porque vens nesta altura
acabar com a minha luz?

Tempestade,
porque levas a minha cura,
nessa ventania que me seduz?

Partirei sobre ti,
com o meu vestido preferido,
e com um guarda-chuva aberto.
Seguirei, os teus sinais assim,
em busca do céu deserto,
por ti prometido.

Caminho descalça,
sobre esta terra que irás inundar.
Peço-te: Realça,
esta relva pela qual irei deambular.
Abre-me um caminho,
dá-me uma orientação.
Só não queimes este pergaminho,
com os raios da tua designação.

Tempestade,
aqui me tens, tu que tanto me procuraste.
Não sei a nem metade,
porque vens,
se foi porque assim juraste,
ou por desejo de me cobrir,
ou pela tua vaidade.
Só sei, que és tu a única que agora vejo,
e não tenciono desistir.

Tempestade,
será que me vais atingir com os teus raios?
Ou me beijar com a tua água?
Majestade,
levarás tu os meus paios?
Ou, vindes deixar mágoa?

O que quer que seja,
irei descobrir,
com a calma de quem colareja,
a minha sombra do meu existir.

Foto de raziasantos

A Luz do Amor.

Incontáveis são as noites e dias, sem você.
Onde tudo que invocam é sua presença.
Em meus sonhos, você sempre sorrindo…
Hoje há mais solitária das mulheres.
Em cada rosto uma olhada fugaz.
Constantemente busco um sorriso
Perdido na ilusão de te reencontrar.
Sua cor seu odor estão em minhas entranhas!

O tempo não consegue apagar sua lembrança.
Na branca areia da praia vejo á luz difusa do seu interior.
Nos vazios raios de sol caracóis colchas…
Clamo a luz tímida vem luz do amor e sofrimento!
Permite que os pássaros voando me devolvam o meu amor:

Amor este que o vento levou.
Tento recolher as migalhas deixadas pelo tempo.
Meu desejo é tocar os seus lábios:
Vem! Vem luz do amor com teu corpo moreno,
Os olhos de esmeralda.

Vem luz do amor e mergulhas em mim.
Como á respiração, beija os meus lábios.

Ô vento hostil que levou meu amor permita-me
Mais uma vez beijar os lábios e sentir novamente o calor,
Do homem que me enfeitiçou.
Sentir suas mãos, navegarem no meu corpo.
Seu calor, seus beijos que ainda em minha boca,
Sinto o sabor.

Ô vento cruel para onde levou meu amor?
Ate quando continuarei nesta efêmera solidão?
Sem esse amor morrerei de paixão.
Estou atormentada de tanta paixão!
Mas sempre que grito seu nome aumento minha solidão.
Vem luz do amor, sofrimento, e dor.
Vem traga de volta meu amor.

Foto de Elias Akhenaton

Viver com você

"Viver com você, estar com você
É sentir a brisa do mar
Tocando a pele suavemente...
É encantar-se com o céu estelar
Numa bela noite de luar.
Estar com você,
É sentir o frescor das manhãs
Vindo das altas colinas...
É banhar-se pelos raios benéficos
Do sol matutino...
Viver com você, enfim,
É navegar numa cascata de
Nobres emoções...
Não saberia viver sem você,
Pois és do meu peito, minha
Sagrada fonte de inspiração,
Minha razão!"

-**-Elias Akhenaton-**-

Foto de Melquizedeque

Au revoir!

A sombra que descansa no fosso,
Invade a fonte do ínfimo verso,
Escrito em um íngreme vale
Pelas mãos do meu anjo perverso
Feri-me a alma com a tua lembrança

Pelo desprezo em mim impresso
Vagueio no limbo da tua esperança,
Arraigado em correntes de vento,
Que destilam o santo silêncio
Em seu olhar de criança

Na estação estática do último trem
Encontro o desdém derramado,
Um vômito fúnebre e desolado
Fruto do rancor, quando a fé é esquecida
Amargo odor sinto na tua ferida!

Nasceste tu na aurora, em raios ocres
Viste a vida como o labor manchado nas vestes
Na epidemia de lágrimas tu cresce,
Com a dor de ver um amor ser levado,
De ser um espelho sem reflexo,
Ou mais um verso retirado

Não sou o que pareço ser,
Mas tu desejas que eu seja!
Um herói moribundo sem sorte,
Que pragueja a vida na beira da morte
E respira sem ar, aprisionado na mente.

(Melquizedeque de M. Alemão, 26 de julho de 2011)

Foto de Diario de uma bruxa

Dando vida ao papel

Com tinta e papel
Desenhei o céu
Com nuvens escuras
E os raios de Zeus
Cortando o céu

Tempestade de areia
Surgiu no papel
Eram migalhas do apontador
Que caíram faiscando o vento
Borrando o papel

Desenhei um furacão
Que com apenas um giro
Levou tudo para o céu
Deixou novamente limpo
O simples papel

Nele nada mais havia
Apenas o céu cinzento e sem vida
Peguei varias cores e
Um arco-íris eu desenhei
O céu se abriu e o sol surgiu
Dando vida ao papel.

Poema as Bruxas

Foto de Marilene Anacleto

Trovoada de Vento

Trovões chegam a galope
Chicoteiam o horizonte
Com raios flamejantes
Assustam o povo em pânico
Com a grande velocidade
Com que arrastam tudo.
A água e o vento.

Água e vento.
Trovoada de vento.

Por onde passa a galopar
Varre, lava, revolve,
Tira tudo do lugar,
Enquanto nos varremos,
Revolvemos e choramos.
O amado abraçamos,
Os queridos beijamos.

Neste momento
Sou somente Amor,
Amor a todos,
Amor e medo,
Medo por todos.
E por longo tempo
Não quero dormir,
Não posso dormir.

Mas o abraço dos queridos
E o beijo do amado
Afastam-me do medo
De não amanhecer.

Foto de Marilene Anacleto

Saudade a Beira Mar

Bem-te-vis brincam a lavar-se
Nos ramos cheios de orvalho
E a saudade do abraço
Atravessa infinito espaço

Na praia, as gaivotas
Pegam rápido o peixe
Que se livrou do anzol.
Alimento-me dos raios de sol.

Urubus disputam sobras
Dos já fartos quero-queros
Que se afastam a largos passos,
Como que para encontrá-lo.

E o mar, que não descansa,
A dançar as suas ondas
Lança espumas no espaço,
Feito preces que ora faço.

Com elas lanço a saudade
A seguir de onda a onda,
E, feito a diáfana renda
Desmanchar-se em teus braços.

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