Primavera

Foto de Sentimento sublime

Paisagem... Osvania Souza

Paisagem ...

Da minha janela.
Tenho a paisagem mais bela.
Vejo as mais lindas montanhas.
Se perderem no horizonte.
As nuvens passando entre os montes.
Num vai e vem sem parar.
E fico a me perguntar.
De onde vem?
Para onde vão?
Pela manhã sinto o cheiro da relva.
Ouço o ruído da selva.
Os pássaros anunciando.
O dia que nasce a brilhar.
Ele vem trazendo lembranças.
De minhas manhãs na infância.
Que jamais vou da memória tirar.
Quando chega a primavera.
Eu vejo de minha janela.
Todas as árvores estão mais belas.
Trazendo-me o perfume das flores.
Fazendo-me lembrar...
De vários tipos de amores.
Que me deixa feliz a recordar.
Hoje me sinto feliz.
Por neste lugar habitar.
Com minha família morar.
Em meio a mais pura natureza
E é nesse lugar com certeza.
Que a morte irá me encontrar.

Osvania

Foto de @nd@rilho

Sentimento

Quando um sentimento aflora,
As palavras desabrocham,
Como um jardim na primavera,
Colorindo, nossos textos,

As palavras bailam, por entre os dedos,
Compondo o mais sincero sentimento,
Seja ele de amor eterno,
Ou de uma noite ardente,

E passamos nossos dias,
Dedilhando o teclado,
Como se estivéssemos,
Colhendo as flores desse jardim.

Foto de Edneia

ENTRE

Entre sonhos de

esperanças,

sublimando

o encanto de viver.

Segue um coração,

aberto para

o amor que chega

em tons de primavera.

E na ansiosa espera

que se desfolha

em versos

pede o coração inquieto;

Entre sem pedir

licença,

Vem adornado de flores,

deixa o azul deste céu

perfumado de amores.

Autora:Efigênia Coutinho

Foto de Ronita Rodrigues de Toledo

ESTAÇÃO

Primavera de amores
que se encontram na estação,
onde o trem traz muitas flores
E carrega a solidão...

O verão se aproximando
e o oceano a festejar.
A tarde o sol no o horizonte.
De noite a lua a brilhar...

O outono tao valente
chega como turbilhão,
vai despindo a paisagem,
de manha folhas no chão.

O inverno que não tarde
traz a chuva repentina,
em garoa ou tempestade
vai regando a campina.

Estação de Velhos anos
com o tempo a transportar,
Não tem flores, nem amores,
Nem a lua a brilhar...

Primavera é solitária,
no verão, sol ofuscou...
O outono hiberna sonhos
que o inverno atinou...

Ronita Marinho - BN

Foto de Sirlei Passolongo

Encanto e Magia

Sou fascínio
Mistério
Encanto e luz
Menina que encanta
Mulher que seduz

Às vezes, fada
De alma pura
Às vezes,
Bruxa malvada
Que te leva à loucura.

Sou como as estações
Se apaixonada,
Sou primavera
E quando desejo,
Sou verão.

Menina,
Mulher, mas
Fada que te aquece
E bruxa que te enlouquece.

Feitiço, encanto e perdição.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Foto de Joaninhavoa

Verdade em meu sentir

Vejo-te como um raio de sol
nas manhãs d`aurora!..
Alimentando seu prato "primavera pr`ol"
Assim como sempre fizeste Outrora!

Mãos que brilhais, onde estais?
são teus raios luz a filmarem
Vê como estão agora nossos ideais
Lírios brancos sem pressa de brotarem

És a verdade do meu sentir
- esse "bem pode ser"
e a negação do meu ver
e que mais quanto ao ouvir?

És tortura pressa constante
que doravante poderá não ser
desmistificas loucura pedante
por caminhos d`um amanhecer!

Entre palavras minhas inesgotáveis
do meu sentir...
desabrocham ternuras inegualáveis
sensações plenas de coragem
do teu devir!..

Foto de Sirlei Passolongo

Tatuado no céu da boca

Nosso amor
não foi um encontro casual
Você entrou em mim
Como o luar em minha janela
É muito mais que corpo...

Como o olhar do sol sob a chuva
que forma o arco-íris,
não é um sentimento fugaz,
neve em manhã de inverno
nem flores em tarde de primavera
é tatuado no céu da boca
com o néctar que faz o favo.

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de Maria Flor e Rabiscos

Margaridas na calçada...

Margaridas na calçada...
.
Estava só,
como a onda,
que quebra na areia,
e deixa sua espuma branca,
silenciosa.
.
A brisa noturna,
tocava suavemente meu rosto,
secando as lágrimas,
que vinham do coração.
.
Era só mais uma página virada
na história da minha vida...
.
Ostara alegrava-me com
as margaridas na calçada,
E o prenuncio de nova caminhada.
.
Primavera se anunciava no
Outono da minha vida...
.
Havia margaridas na calçada!
.
Maria Flor!

Foto de MAS

Fica...ama-me...

Passo a língua mansa
numa carícia louca
a descobrir estrelas
no teu céu da boca
e se me afagas
quebras as amarras
libertas o desejo
e nunca mais paras
a sede desta fera
á nossa espera
dentro do peito
da primavera.

Onde fico presa
atada
indefesa
neste fogo aceso
da tua carne nua
na força do cio
correndo num rio
que nasce no fundo
dos lábios da lua
quando sorri ao mundo.

Mas tu vais embora
agora que é preciso
dar mais força á vida
amar o improviso
e pintar nesta gente
um outro sorriso
que abra as portas
para um paraíso

“ Mas “

Foto de JGMOREIRA

POEMA DO MENINO JESUS - ALBERTO CAEIRO

Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu tudo era falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque nem era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E que nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar para o chão
E a dizer indecências.
A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido." -
"Ele diz por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é por que ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre.
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

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