Pobres

Foto de Rosita

M Ã E

Mãe, nada há neste mundo que fale
Mais que teu amor e teus carinhos
Não há, também, nada que cale
Por mais que outras palavras falem
O amor e respeito dos teus filhos.
Mãe, por nós muito querida
Seja a nossa ou a mãe Maria
Pois ambas nos protegem
Amparando e curando nossas feridas
Sem elas não teria sentido nossa vida.
Mãe, não importa a cor da tua pele
Muito menos a tua religião
Pois fala do amor no mesmo ritmo
Esteja onde estiver teu coração.
Com estas palavras tento com carinho
Todas as mães deste mundo abraçar
Jovens ou senhoras, ricas ou pobres
Quero o meu amor, e meu respeito, entregar.

Rosinha Barroso
11/05/2008

Foto de Paulo Gondim

Louvo minha mãe

LOUVO MINHA MÃE
Paulo Gondim

Não vou escrever como a maioria escreve
Versos de lamento, de desculpas
Pela perda da mãe.
Já escrevei, não escrevo mais

Hoje, escrevo versos de louvor
De agradecimento, de ternura
De reconhecimento, de amor
Por quem nesta vida, se fez vida
Não dispensou aventura
Na defesa da cria indefesa
Como fortaleza, nua e crua.

Por isso louvo essa criatura
Corajosa, forte, destemida
Que divide com Deus
A continuidade da vida
Ela pare, Ele (Deus) cria
Dizem os pobres na sua crença fria
Mas é a ela que buscamos
Nas horas de agonia

Por isso não choro a perda,
Já chorei, não choro mais!
Tenho boa lembrança
De amor, de esperança
Daquela mulher franzina
Miúda, mas de muita coragem!
Que guiou meus passos
Me deu muitas surras
Pra me fazer homem
E estava certa: me fez..

Por isso, agradeço e sorrio
Quando me lembro dela
E me sinto feliz
Porque sou na vida
Pelo menos parte
Do que ela sempre quis!

Foto de cafezambeze

O GRANDE DIA - POR GRAZIELA VIEIRA

O Grande Dia

20 de Julho 1953.

Ás quatro da madrugada, quando a pálida luz d’aurora ainda mal fazia a sua aparição, já minha mãe me arrancava aos braços de “Morfeu” onde eu na véspera, prometera a pés juntos não mergulhar.

Chegara enfim o grande dia. O dia do acontecimento mais relevante dos meus franzinos dez anos. Ia, enfim, fazer o meu exame da 4ª classe a Mirandela.

Mirandela!!!!!!!! Uma Vila que eu só conhecia em sonhos, ou de ouvir falar. A azáfama dos últimos preparativos e conselhos dos familiares orgulhosos, as últimas recomendações da senhora D. Ermelinda Rafael, minha professora e irmã do ilustre médico Dr. Mário Rafael, tinham feito com que adormecesse mais tarde e àquela hora, francamente, não me apetecia nada levantar.

- Anda filha que são horas: já tens o caldo na malga. Põe-te a dormir e depois come do sono. Olha que o exame não espera por ti e temos muito que palmilhar. Se tínhamos! É que dos Avidagos, minha terra, até Mirandela são cerca de 24 km os quais tínhamos que fazer a pé:

-Porquê? Pela simples razão de não haver dinheiro para a Camioneta, ida e volta, para a chita do vestido novo que a minha tia Mariana me fez, para os sapatos comprados para a ocasião, para pagar a Pensão onde teria que ficar, etc. Os meus pais para suprir as despesas mais prementes, tiveram que segar manual e prematuramente duas jeiras de trigo e vender o grão ao senhor Regedor.

O sacrifício foi enorme, mas o orgulho de ter uma filha que ia fazer o exame da 4ª classe quando ainda não era obrigatório, compensava-os plenamente.

Engoli o caldo á pressa e pusemo-nos a caminho eu e minha mãe. As nossas socas brochadas faziam barulho nas pedras do caminho quebrando o silêncio matinal. De vez em quando sacudia uma ruga, imaginária, do vestido novo. Por vezes, levava a mão á cabeça a ver se a fita cor-de-rosa que a minha avó materna me oferecera para a ocasião, ainda lá estava. Querida avó! Tinha vindo das Varges aos Avidagos a pé só para me presentear com a fita. Ela queria que a sua neta, fosse a mais bonita de todas. Não estou bem certa, mas penso que a distancia por ela percorrida por caminhos tortuosos, devia rondar os nove ou dez quilómetros, senão mais.

Comecei a tomar noção da responsabilidade em não defraudar, com um chumbo, as expectativas e esperanças que os familiares em mim depositavam.

-Ó mãe ainda falta muito?

-Não, é já ali.

Relógio? Que é dele. Isso era um luxo dos ricos, mas pelas minhas contas, havia mais de duas horas que a minha mãe dizia, é já ali. Eu nunca antes tinha feito uma caminhada daquela envergadura. As minhas fracas pernas, começavam já a acusar o cansaço. Sem querer, invejava os meus cinco irmãos mais novos que haviam ficado no aconchego da cama. O sol começava a despontar no horizonte cobrindo as já louras searas de trigo e centeio que ondulavam com a fresca brisa matinal como se fosse um mar gigantesco de ouro salpicado de papoilas vermelhas mais fulgurantes que rubis. As cotovias, melros, rolas e picanços, saudavam o astro-rei com os seus melodiosos gorjeios, num agradecimento á mãe natureza o fausto banquete que esta pusera á sua disposição e das respectivas proles. De vez em quando, uma lagartixa espreitava por entre as pedras do caminho, curiosa com o sincronizado das nossas socas, trepa que trepa. Ao longe, um ou outro rancho de segadores começava o seu árduo trabalho com os rins dobrados sobre as searas que as seitouras iam dizimando. De repente um frémito de alegria percorreu o meu já cansado corpito ao avistar uma povoação. Aligeirei o passo e pergunte

-Ó mãe, ali já é Mirandela?

-Daqui lá não me doa a mim a barriga, respondeu a minha mãe já agastada de tantas vezes responder, á contínua pergunta de, ainda falta muito?

-Ali são as Lamas, falta quase outro tanto para chegar a Mirandela e temos que andar mais depressa para estar lá ás nove horas senão, não fazes o exame.

Prossegui calada deitando um olhar de esguelha á saquita que a minha mãe levava á cabeça onde a par dos livros e da merenda, iam os sapatos novos que só calçaria á entrada da Vila para fazer jus ao rifão. Menina da aldeia, á entrada da Vila calça a meia A malga do caldo de cebola? Onde é que ela já ia.

Reparando nas minhas espiadelas á saquita e como caminhássemos ao longo de uma parede que circundava uma horta, a minha mãe disse:

- Sentemo-nos só um cibinho para comer que depois já temos força para andar mais depressa. Ó que mágicas palavras para os meus ouvidos. Levantei o vestido quase até á cabeça para não o sujar ou enrugar na parede de xisto, e á fatia de pão centeio, que minha mãe cozera na véspera, e ao punhado de figos secos, foi um ar que lhe deu.

Reconfortada com a frugal refeição e com cinco minutos de descanso, pusemo-nos novamente a caminho. De súbito ouvi o trotar de uma cavalgadura atrás de nós. Voltei-me devagar e disse:

-Ó mãe, vem ali o ti João Vinhais com o filho a cavalo no macho. Na verdade, não era meu tio, mas na minha aldeia, os mais novos tratavam os mais velhos por tios e tias.

-Bom dia senhora Adelina! Madrugaram!

-Bom dia senhor João, que remédio!

Deixei de ouvir o resto dos cumprimentos e concentrei-me no Francisco Vinhais, um rapaz da minha idade e que todo janota em cima do anafado macho também ia fazer exame. Eu bem me saracoteava para ver se o Xico olhava para o meu vestido novo e para o laço que me prendia os curtos cabelos mas o Xico não reparava e eu saltitando, quase me punha á frente do macho. Ó! Vaidade feminina, que tão precocemente te manifestas em futilidades. O ti João vendo os olhares constantes que eu deitava aos cavaleiros e atribuindo-o ao meu cansaço, apeou-se e disse:

-Monta no macho enquanto vou um bocado a pé para esticar as pernas.

-Obrigada senhor João, disse minha mãe: Ela só já ia a ganir que lhe doíam as pernas

-E tem razão, com o estiraço que já fizeram não é para admirar.

Ele mesmo, pegou nos meus vinte e cinco quilos e pô-los em cima do macho. Nunca lhe agradeci o gesto nobre e bondoso que tomou naquela ocasião. Hoje ainda me pergunto se chegaria a tempo do bendito exame sem a sua intervenção. De vez em quando eu, com pouca vontade, ainda lhe dizia:

Ó ti João, quer montar que eu desço?

-Deixa-te ir que vais bem.

O Xico repontava; ó pai, ela não vai quieta com os ovos daqui a pouco caímos os dois.

O que o Xico nunca soube, é que para não amarrotar o vestido, eu estava sempre a puxa-lo debaixo do assento desequilibrando-me.

Por fim, chegamos á entrada da ponte. Já se avistava a Vila de onde sobressaía a então famosa Casa Verde. Depois de deixar o macho entregue a uma pessoa conhecida, o ti João cheio de paciência, esperou que eu calçasse os meus sapatos novos, dois números acima do tamanho indicado para me servirem daí a muito tempo, e começamos a atravessar a ponte, a caminho da escola onde iam ter lugar os exames.

-Ó mãe, deixe-me ir ali a Senhora do Amparo fazer uma promessa para eu ficar bem no exame

-A promessa, dou-ta eu. Se ficares mal, á vinda para cá atiro-te da Ponte abaixo.

-Ó senhora Adelina!.......Disse o ti João apaziguador: Não diga isso á rapariga, que ela pode-se enervar e fazer mal a prova.

-Eu cá sei as linhas com que me coso, isto é falar por falar.

Só alguns anos depois é que me apercebi que a minha pobre e querida mãe ia mais nervosa que eu, e que os meus pais, tinham sido criticados por fazer tantos sacrifícios para que eu pudesse fazer a 4ª classe. Se ainda fosse um rapaz, vá lá, que sempre fazia falta para arranjar um emprego! Agora uma rapariga pobre para que é que queria o exame? Melhor me mandassem ir servir para aprender a ser uma mulher como devia de ser. Isto, diziam aquelas senhorecas de meia tigela que mal sabiam assinar os próprios nomes, e que queriam quem as servisse a troco dos restos da comida que deixavam nos pratos. As “comadres” que as há em todas as aldeias e não só, essas diziam que parecia mal uma rapariga sozinha no meio de quatro rapazes propostos a exame, e outras coisas no género próprias dos meios rurais. Mas a minha ânsia de aprender aliada à boa compreensão de meus pais tudo superaram; o compreensível receio da minha mãe, era que eu ficasse reprovada e depois ter de ouvir as línguas viperinas a rirem-se de nós depois de tantos sacrifícios.

Por meu lado, estava consciente que a oportunidade se não repetiria mas tinha a certeza de estar bem preparada. Graças á minha boa Professora que sem esperar qualquer recompensa além da gratidão, depois das horas de aula oficiais, dava-nos em casa dela mais umas horas de explicações todos os dias. Nunca até essa altura, ela tivera um aluno seu reprovado; e essa era a sua gratificação interior. A meu ver, bem mais valiosa do que se recebesse algumas “luvas” coisa de que nunca houve conhecimento. Nos tempos que correm pode dizer-se que era um exemplo raro de dedicação ao ensino.

Chegamos á Escola dos exames um pouco cedo, mesmo assim já lá estavam algumas dezenas de alunos. Com olhar de lince vislumbrei a nossa Professora e dirigimo-nos para junto dela. Depois dos cumprimentos devidos, perguntei se os restantes rapazes já tinham chegado.

-Ainda os não vi e já estou a ficar preocupada. É que depois da sala de aula fechada para a prova escrita, não entra mais ninguém. De repente, o Francisco Vinhais, aqui já não era Xico, porque a Professora exigia que todos nos tratássemos pelos nomes próprios em vez das usuais alcunhas disse:

-Ali vêm eles.

De facto, o Casimiro, O Viriato, e o Luís Filipe, parecendo os três da vida airada, depressa chegaram junto de nós. Depois das últimas recomendações, e com uma disposição parecida à de quem vai para a guilhotina, entramos para dar início á Prova Escrita. Na Sala repleta de alunos de todas as Aldeias do Concelho, o silêncio era sepulcral. Só se ouvia o raspar dos aparos das canetas de pau, molhadas nos tinteiros brancos, no papel.

Ditado, Problemas, Contas, Redacção, etc., tudo seguia os seus trâmites sincronizados. Os pais ou acompanhantes, esperavam do lado de fora, quem sabe, pedindo a Deus para que nenhum dos seus fosse reprovado. Após três longas horas, abriram-se finalmente as portas e em silêncio, todos esperavam sofregamente os resultados. Ninguém arredava pé. Mais algum tempo e eis que os almejados resultados eram afixados. Começaram os empurrões, o esticar de pescoços, o por em bicos de pés a ver quem primeiro chegava junto dos resultados. A minha mãe teve que pegar-me ao colo para eu ver o meu resultado uma vez que ela não sabia ler e sendo eu tão pequenina, corria o risco de ser esmagada pelos mais matulões ou pelos adultos. Depois de muitos encontrões e pedidos de desculpas, lá chegamos aos famigerados resultados. Olhei atentamente e ao descortinar o meu nome, gritei:

-Mãe!... Fiquei bem! Ela ergueu-me bem nos braços e disse:

-Vê bem filha, não te enganes.

Tornei a olhar e confirmei. Fiquei bem, mãe, é verdade.

Quando me poisou no chão, fiquei como que petrificada ao ver rolar as lágrimas pela face de minha mãe. Intrigada, perguntei:

-Então a mãe está a chorar porque eu fiquei bem?

-Ó filha, não. Tu não sabes que também se chora de alegria? Pois o que eu sinto agora, é uma alegria enorme como há muito tempo eu não sentia. Deus te abençoe.

Entretanto os quatro rapazes, com um sorriso de orelha a orelha, davam também a boa nova. A nossa Professora que se associava á nossa alegria, lembrou.

-Agora toca a ir comer e descansar para estarem fresquinhos para a Prova Oral que é amanhã á tarde.

Não sei onde os outros se hospedaram, quanto a mim, a minha mãe levou-me a uma Pensão pequena, tipo familiar, que embora retenha o seu interior na memória, não fixei o nome da rua onde a mesma se situava. Levava vinte escudos por dia, com direito a três refeições e dormida. A minha mãe pagou o estipulado e preparou-se para o regresso a casa pelo mesmo caminho.

-Então a mãe não come aqui?

-Não, come tu que eu como o resto da merenda pelo caminho. Tenho que ir fazer o caldo para o teu pai e para os teus irmãos mas amanhã cá estarei para assistir á Prova Oral. Entretanto a senhora da Pensão já trazia para a mesa, uma fumegante travessa de batatas cozidas com congro. Lembro-me como se fosse ontem. Comi que me fartei. Á noite, fui para um grande quarto onde estavam duas camas e dois colchões no chão. A mim, calhou-me um dos últimos. Entraram depois uma senhora e duas meninas que rondavam a minha idade pelo que o motivo devia ser o mesmo. Aldeãs para exame. Apoderando-se cada qual do respectivo lugar. Em menos de um credo, já eu dormia o sono dos justos sem sentir as dores das bolhas que os sapatos me haviam feito nos calcanhares. Quando acordei na manhã seguinte, o quarto estava já vazio e arrumado. Ao dirigir-me á casa de banho, vi num relógio de parede que já eram onze horas. Depois do almoço, furtei um guardanapo da mesa, e fui para o quarto puxar o lustro aos sapatos com ele atirando-o depois para debaixo de uma cama. Pedi para me arranjarem o laço do cabelo e toda prosmeira, fui ter com a senhora dona Ermelinda que já me esperava á porta para me acompanhar ao local das Provas Orais. Reparou a Professora que eu andava devagar e com passo inseguro, como quem pisa ovos.

-Que é que tens rapariga? Vais com medo ou fizeste xixi na cama?

-Não minha Senhora, foram os sapatos que ontem me fizeram bolhas. Se calhar, vou-me descalçar.

-Nem penses, quero lá agora uma aluna minha descalça no exame. Calça as socas.

-Não as tenho cá, a minha mãe levou-as.

Ao cabo de uns minutos que me pareceram séculos devido ás dores, lá chegamos ao local. Já estava o que me parecia a mim, um mar de gente junto da Escola, para assistir ás Provas Orais. Naquela época, mesmo quem não tinha familiares a fazer exame, gostava de assistir ás Provas Orais para ver as habilidades dos alunos conhecidos e não só.

Como não descortinasse a minha mãe em parte alguma, trepei ao muro para ver melhor em todas as direcções. Que grande desilusão! Não estava em parte alguma. De certo não pode vir. Era tão longe! Ainda na véspera fizera a pé o caminho de regresso, e com certeza não aguentara outra viagem.

Envolta nos meus pensamentos, nem me dera conta de que já todos tinham entrado.

A sala estava cheia até à porta. Saltei o muro e precipitei-me para a entrada onde algumas pessoas não me queriam deixar entrar.

Que queres tu daqui? Não vês que não podes entrar? Vai brincar para a rua.

-Mas eu vou fazer exame, respondia em altos gritos. As pessoas olhavam para o meu corpo franzino, que não aparentava mais que seis anos, e riam-se.

Chô: - Cresce e aparece.

No meu desespero comecei a distribuir pontapés a torto e a direito, e furando por baixo da amálgama de pernas que vedavam a entrada da sala de Aulas, lá consegui chegar ao meu lugar. Mesmo a tempo… Estavam a chamar pelo meu nome.

Muito esbaforida, com os livros a monte dentro da saquita e toda despenteada, devido à entrada forçada, encaminhei-me para a mesa do Júri. Por instantes, esqueci a minha mãe, e concentrei-me na enorme responsabilidade do momento.

-Abre o livro de leitura.

Fiz o que me era mandado. O livro abriu-se na Lenda da Laranjeira de Santa Isabel. Li com gosto e com voz bem timbrada, era uma das minhas lições preferidas. Até ali, tudo bem

-Vamos à História.

Mentalmente, pedia a Deus que me fizessem perguntas sobre D. Pedro IV de Portugal e I do Brasil que me fascinava e do qual eu sabia tudo de cor e salteado como se costuma dizer. Calhou-me em sorte D. Dinis. Parecia de propósito, era o rei de quem eu menos gostava.

-Que cognome teve el-rei D. Dinis?

Mas porque cargas de água me haviam de fazer perguntas sobre um homem, mesmo sendo Rei, que era mau para a Rainha Santa? Na minha fértil imaginação, um homem que proibia a Rainha de dar esmolas aos pobres a ponto de ela ter de invocar a protecção divina para que o pão que levava no regaço, se transformasse em rosas, não podia ser boa pessoa. Se eu mandasse, que é o que aqueles que não mandam pensam, se eu mandasse, esse Rei não entrava para a História.

Fez-se silêncio na sala. De novo a pergunta era repetida.

-Então, não sabes?

-Não sei o quê? Perguntei como se tivesse chegado de longínquas paragens.

-Que cognome tinha el-rei D. Dinis

-Sei sim minha senhora, era o Lavrador. E antes que perguntassem mais alguma coisa, comecei a desenvolver o tema ainda mais do que seria preciso. Que tinha reestruturado a agricultura, que mandara plantar o pinhal de Leiria e tudo mais que lhe dizia respeito.

-Então se sabes tudo tão bem, porque não respondias?

-Porque não gosto dele.

-E pode-se saber porquê?

Expliquei as minhas razões acima citadas. Gargalhada geral na sala.

- Silêncio se fazem favor, pediu um professor que de imediato me chamou para avaliar os meus conhecimentos de Geografia.

-Ora vamos lá a apontar aqui no Mapa, o rio Douro e seus afluentes.

Depois de satisfeito com as minhas respostas, levou-me ao Mapa cor-de- rosa.

-Agora diz-me: estamos em Mirandela, queremos ir para Luanda, como fazemos?

-Resposta pronta, não podemos.

-Não podemos porquê?

Porque aqui não há mar e tínhamos que ir primeiro para o Porto ou Lisboa.

Novas gargalhadas na sala.

-Silêncio por favor, senão mando evacuar a sala.

-Então explica-me como poderemos ir para Lisboa.

- Com o dedo, lá apontei no Mapa o percurso dos Caminhos – de - Ferro que nos levaria ao cais da Capital para apanhar o barco que nos levaria a Luanda.

-No Mapa cor-de-rosa, também não me saí mal bem como em Ciências Naturais.

-Podes ir para o teu lugar, e fazer o teu trabalho manual.

Ao voltar-me, vi minha mãe ao fundo da sala, sentada numa cadeira. As mãos postas, como se estivesse rezando e com lágrimas que se assemelhavam a pérolas, deslizando pela face, precocemente enrugada devido ás agruras da vida, mais se assemelhava a uma santa de altar. Afinal, ela estivera ali desde o início, enquanto eu cá fora tentava localizá-la.

Como tivesse chegado muito cansada de tanto andar a pé, pedira para a deixarem entrar mais cedo a fim de arranjar lugar sentada. Fiquei feliz por vê-la.

Fui para o meu lugar e peguei na meia de renda de cinco agulhas. Era o meu trabalho manual. A mãe da minha professora é que me ensinara a fazer aqueles arabescos complicados, mas de um efeito espectacular.

Muito embrenhada na minha tarefa sobressaltei-me ao ouvir a voz da Professora encarregada da avaliação dos Trabalhos Manuais.

-Muito bem, mas que meias tão bonitas que estás a fazer.

-A senhora gosta?

-Gosto sim.

-Então quando as acabar, eu mando-lhas.

-Ficaria muito contente.

Nunca cumpri a promessa. Primeiro, porque não sabia a direcção da simpática Professora. Depois, parece-me que nunca cheguei a acabar as meias.

-Acabaram os exames, podem sair:

Um suspiro de alívio percorreu toda a sala. Já no recinto da Escola, encontrei minha mãe que conversava com um senhor, que ao ver-me fez sinal para me aproximar, o que fiz de imediato, embora um pouco intimidada com a elegância e a respeitabilidade que emanava daquela figura, que me parecia austera. Interroguei-o com o olhar.

-Parabéns pelo seu excelente desempenho disse: Acto contínuo, meteu-me na mão cinco escudos que desapareceram para dentro da saquita dos livros em menos tempo que o diabo esfrega um olho.

-Estava aqui a dizer á senhora sua mãe que se fosse um rapaz, eu encarregar-me-ia de lhe custear os estudos. Sendo uma menina, não poderei fazê-lo porque a responsabilidade a longo prazo, seria enorme.

-Obrigada pelo grande favor, disse mordaz, e voltei-lhe as costas com vontade de arrancar-lhe a gravata, que devia ser de seda, e fazer-lha engolir juntamente com o que acabara de dizer.

-Mãe, vamos embora.

-Não sejas mal-educada, vem pedir desculpa ao senhor doutor.

-Desculpa, porquê? De não ter nascido rapaz para lhe fazer a vontade? Sou por acaso culpada de ter nascido rapariga? Sufoquei na alma um grito de raiva e impotência, que as lágrimas não deixavam de todo esconder.

Nunca tinha sido tão humilhada. Primeiro, porque me tratou por senhora e na minha idade, isso era uma ofensa para mim. Depois, parecia que me estava a acusar por eu não ter nascido rapaz. Na boca das ignorantes “comadres”, não era de admirar o dizerem que a um rapaz nada se lhe pega e que nunca aparecia prenho em casa; agora que um senhor doutor pensasse da mesma maneira, era inadmissível.

Posteriormente, vim a saber que o senhor em questão, sendo rico e sua mulher não lhe podendo dar filhos, já havia custeado os estudos a três rapazes de poucos recursos; mas a sua filantropia e altruísmo não se estendia ao sexo feminino.

-Mãe! Vamos embora que se faz tarde e chegamos a casa já de noite.

-Trouxe as minhas socas?

-Eu não! Então não queres os sapatos? Andavas toda encha com eles!

-Pois, mas fizeram-me bolhas e não os aguento. Vou descalça.

-Tu hoje ainda ficas na Pensão que já está paga e amanhã, vais na Camioneta da Carreira até ao entroncamento, que de lá até casa são só três km e o teu irmão estará lá á tua espera. Eu é que me vou já embora a ver se ainda chego a casa antes do anoitecer. Toma lá o dinheiro para a Camioneta; agora perde-o.

Deu-me o dinheiro certo, sem fazer alusão aos cinco escudos que o tal senhor doutor me dera. Se calhar nem os viu, pensei eu.

Ainda ela mal tinha voltado as costas, já os sapatos estavam na saquita misturados com os livros. Descalça, percorri grande parte da Vila embasbacando-me diante das montras. Nunca vira coisas tão bonitas! E depois, a alegria de saber que no dia seguinte ia andar da Camioneta, era o culminar da suprema magia. Eu, como a maior parte das minhas amigas, nunca tinha-mos posto os pés dentro de um carro; quando eu lhes contasse a aventura, iam-se roer de inveja. De repente, ali perto do Mercado, estava na montra de um estabelecimento uma boneca com um vestido quase igual ao meu. Não é que ela parecia que se estava a rir para mim? Os cinco escudos dentro da saquita começaram a pesar como chumbo. Muito hesitante, e olhando para todos os lados, entrei e perguntei o preço.

-Quatro e quinhentos, respondeu a senhora atrás do balcão.

Nem me dei ao trabalho de regatear, depositei o dinheiro no balcão e esperei que a boneca viesse aos meus braços.

-Queres que embrulhe?

-Não é preciso, obrigada. Ia a sair disparada quando a senhora me chamou.

-Toma lá o troco rapariga, olha que a boneca não foge.

Saí dali direita á Pensão que parecia um foguete. Era a minha primeira boneca a sério. Sá as havia tido de trapos, confeccionadas por mim. Não mais a larguei e será escusado acrescentar que dormiu comigo.

Na Camioneta de regresso a casa, mil sensações estranhas me assaltavam. A paisagem vista de cima, parecia irreal. Era a Camioneta que estava sempre parada, ou eram as serras, árvores e casas tudo a andar para trás? Passados os primeiros minutos de novidade embriagadora, voltei a pensar no que a viagem e a boneca me fizera esquecer.

Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...Malditas palavras; haviam-se cravado na minha alma como uma ventosa de onde não conseguia arrancá-las. E eu que ainda fora comprar a boneca com o dinheiro de quem se me estava a tornar odioso. Se a janela estivesse aberta, atirava a boneca por ela fora. Se fosse rapaz!...Se fosse rapaz!...

Comecei a chorar. Ia sentada a meu lado uma Freira que se dirigia ao então asilo para meninas pobres de Pereira, que ficava a um km mais ou menos dos Avidagos que ao ver-me chorar perguntou:

-Tu que tens minha filha? Reprovas-te no exame?

Não Irmã.

-Então, se ficas-te bem e ganhas-te essa boneca tão bonita, porquê essas lágrimas?

Limpei as lágrimas ao lenço de cinco pontas e disse:

-É precisamente por causa da boneca. Estava quase a contar-lhe a verdade, quando “tardiamente” me lembrei do meu egoísmo. Gastei o dinheiro que tinha na compra da boneca e não me lembrei de comprar nada para os meus irmãos e fiz um ar de Madalena arrependida.

-Quantos irmãos tens?

-Cinco, e todos mais novos que eu.

A Freira, meteu a mão numa maleta e deu-me um bom punhado de rebuçados e bombons:

-Toma lá, divide p’los teus irmãos.

-Muito obrigada minha santa. Ela sorriu. Um sorriso tão angélico que não voltei a ver outro igual.

Já a pé, a caminho de casa, parei nas duas capelinhas que ficam de um e outro lado da estrada no cruzamento que vai para Pereira, um km antes dos Avidagos, para com uma pequena oração, agradecer o resultado do exame.

Quando cheguei a casa, estava reunida toda a parentela mais chegada, para me felicitar e participar numa refeição melhorada para a qual tinham sido sacrificadas duas das melhores galinhas.

Passados os primeiros momentos de euforia, a minha mãe começou a relatar toda orgulhosa, as peripécias do exame. Olhem que até os professores estavam admirados com ela. E como todas as mães, até exagerava nos elogios perante as pessoas presentes: quando acabou o exame, até um senhor Doutor, blá, blá, blá

-Era demais. Levantei-me da mesa para não ouvir novamente as palavras que me estigmatizaram ao longo da vida!...Se fosse rapaz!...Se fosse; Outra vez não, por amor de Deus.

Dei a boneca á minha irmã mais nova que delirou com o presente, impondo-lhe como condição, de que nunca brincasse com ela á minha frente senão eu queimava-lha.

Não sei se a minha mãe se apercebeu do meu drama íntimo, quero querer que sim, mas nunca mais tocou no assunto.

Já se passaram muitos anos, mas se Freud ainda vivesse, de certeza que eu desmentiria uma das suas teorias da “Mente”. É que as meninas, segundo ele, não desejam secretamente ser rapazes por no subconsciente terem inveja do pénis, mas sim, por terem inveja da liberdade que os rapazes têm.

Felizmente que as mentalidades no que respeita a sexos opostos está a mudar, ainda que a passo de caracol.

As condições de vida também melhoraram. Os alunos, já não têm que percorrer a pé vários km, sujeitos aos rigores do Inverno ou ao sol escaldante do Verão para irem para a Escola como iam os do Carvalhal, Palorca etc. que por caminhos de cabras faziam diariamente esse percurso para virem para os Avidagos. Segundo as estatísticas, o número de estudantes do sexo feminino, já ultrapassa o masculino. Fico feliz por poderem usufruir de algumas oportunidades que me foram negadas. No entanto, uma pergunta se impõe. Porquê tanto insucesso escolar? O que é que está mal? De quem é a culpa?

Por mais que me esforce, não consigo descortinar respostas adequadas, e julgo que a maioria dos portugueses também não.

Será que fazem falta, umas tantas Donas Ermelindas Rafaéis para se orgulharem de nunca terem um aluno seu reprovado? Que incutia nos alunos o gosto pelos estudos, sacrificando tantas vezes a sua vida pessoal, para se dedicar inteiramente á nobre arte de ensinar? Pode ser uma das causas, mas de certeza que não é a única. Haverá alguém que sem se escudar nos meandros políticos tenha as respostas?

Uma coisa é certa. Há que fazer algo urgentemente para mudar este estado de coisas, nem que para isso se tenham que criar prémios especiais para os mais aplicados.

Se nada for feito, corremos o risco dos homens e mulheres de amanhã, nos acusarem da incúria de hoje.

Graziela Vieira

Abril de 2000

Foto de Sonia Delsin

PASSO INCERTO

PASSO INCERTO

Passo perto.
Passo incerto.
Insana noite de almas penadas.
De pobres coitadas.
O eco das gargalhadas.
Negra noite.
Abafo meu grito.
Me perco em mim...
Infinito.

Foto de Francisca Lucas

Cavalo Da Paixão

***

Muitas vezes o ser humano
Não enxerga o dano
Que está por vir,
Deixando as porteiras
Do jardim do coração aberto,
E depois num susto,
Percebe que o cavalo da paixão
Entrou e pisoteou sem dó as pobres
Flores,
Os sentimentos mais nobres
Que antes
Eram tão singelos!!!

***

Foto de Teresa Cordioli

Não sou volúvel...

.

.

Não sou volúvel...

Incondicionalmente eu amo João, amo Maria...
Não sou uma mulher "volúvel"...
Que de amor sempre varia
Sou uma mulher que ama,
Sem preconceitos
Do meu jeito
Eu amo!
Amo!
Te amo,
Te amo também
Como amo, meu harém
No meu harém tenho grandes amigas
E você não é amiga, é minha MANA, vai além...
Entenda que em meus pobres versos
Eu falo de amor e falo de dor
Já falei até com beija-Flor
Não falo em vão
Falo só
com
C
O
R
A
Ç
Ã
O

brincando com uma amiga...

Foto de Martorano Bathke

COMPLEXO DE DUS

Complexo de Deus.

Líder: “Aquele que não ocupa espaços, mas cria e abre espaços para os outros”.
Agi pelo medo e fui eficiente para aquele que tinha o poder de induzir o medo.
Agi sem medo e fui eficiente para a insensatez, arrogância, fui socialista, fui capitalista e até tenho complexo de Deus.
Uma das leis do universo, descoberta por Sir Issac Newton, que a toda ação corresponde a uma reação igual e contraria deixando-o em equilíbrio, não se aplica a nós mortais.
Pois nós seres humanos somos células oxidadas, com um elétron ou próton a mais ou a menos, instáveis, soltos, errante numa busca insana.
Linus Pauling não ganhou um prêmio Nobel, em vão, nos ensinando a equilibrar uma célula oxidada. As células estão a salvo, por alguns dias, alguns meses e até por alguns anos, se você tomar o antioxidante celular.
E nós passageiros do infinito e complexo universo emocional? Existe até um livro com o título “Inteligência Emocional”.
Muitos filósofos afirmam que a única coisa que precisamos vencer em todo o universo é a si próprio.
Quando iremos encontrar o antioxidante do conflito existencial? Talvez esteja com Deus.
Pobres de nós, têm a obsessão de achar que matéria e espírito são coisas separadas, e que o universo é exterior e gira ao nosso redor.
Não estou aqui como dono de nenhuma verdade, nenhuma moral, nem pregando, nem doutrinando não sou filósofo e não tenho complexo de Deus. Estou aqui tentando ser um aprendiz de escritor. A interpretação é tua e se de alguma forma o que escrevo te tocar, te identificar em idéias ou mexer com o teu cérebro, terei tido algum êxito.

Ronald Martorano Bathke

*Publição permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

Foto de Registros do Site

Acusação de plágio contra Daynor Lindner

Pedido de desculpas/Esclarecimento.
Segunda, 28/01/2008 - 19:03 — Daynor
0votar Pedido de desculpas/Esclarecimento.

Abaixo, cópia do e-mail recebido por Miguel:

Dainor,

Estive a ler os emails que me enviaram sobre as acusações de plágio
que fizeram. Alguns evidentemente eu não posso dizer que são seus, ou
são de outra poeta que publicou noutro site. Mas, existem outros, em
que claramente você extraiu trechos de poemas de outros autores (até
bem conhecidos) e usou nos seus poemas.

A partir do momento em que não há cópia completa de um poema de outro
autor, mas apenas uma cópia parcial, misturada com obra sua, não
considero que a gravidade do que fez seja tão má, como eventualmente
copiar um poema na totalidade. No entanto, você claramente errou ao
não indicar (em rodapé), que estava a fazer uma colagem de outros
poemas, dos autores xyz. Bastaria ter feito a atribuição para não
estar a ser acusado de plágio. (a colagem também é criatividade!).

A agravar a situação, chegou-me aos ouvidos que problemas semelhantes
já teriam acontecido noutros sites.

Tendo em conta isto, mas também o facto de você já estar no site há
muito tempo, decidi dar-lhe uma oportunidade. Mas com condições:

- Você criar uma "notícia" no site, com um pedido de desculpas a todos
os poetas, assumindo que errou e que irá corrigir a situação;
- Editar todos os seus poemas que são colagem de outros poemas e
colocar uma atribuição no fim aos poetas originais;
- Assegurar-se que não tem mais nada que possa servir para o acusar.

Esta é mesmo uma última oportunidade, condicional a aceitar estas
condições e a que não hajam mais casos de uso de obra de outra pessoa
sem a devida referência. Até receber resposta sua o seu utilizador
estará bloqueado. Caso não receba resposta, procederei dentro de duas
semanas à eliminação de todos os seus poemas do site...

Um abraço,

Miguel Duarte

RESPOSTA AO E-MAIL:

Olá, Miguel Duarte!
Desculpe a demora em responder o e-mail, pois estava hospitalizado (pneumonia). Antes de mais nada, quero agradecer-lhe pela consideração e pela oportunidade de ainda poder retratar-me. Não publiquei a “notícia” com pedido de desculpas a todos os poetas do site, porque meu utilizador está bloqueado, mas estou fazendo através deste e-mail, o qual terá plena liberdade de publicá-lo.
A vida pra mim sempre foi uma pergunta. Minha cabeça sempre foi um ponto de interrogação. Eu olhava e me interrogava. Escutava e sempre surgia um por que. Donde venho? O que estou fazendo neste mundo? Por que existo? Para onde vamos? Por que nasci? Por que terei que morrer? O que haverá depois da morte? Porque uns são felizes e outros não? Uns pobres e outros ricos? Por que existe sofrimento, tristeza, angústia, dor, ansiedade? É justo este mundo? É certo este mundo? O que é certo, o que é errado?
E nesta busca de respostas li muitos livros, os quais trago armazenado em minha mente. Comecei a escrever aos 17 anos e, sempre que pegava a caneta já me vinham à mente frases prontas, que talvez já tivesse lido ou que estava acabando de formar. É quase impossível falar de “amor”, de “saudade”, de “ilusão”, de “erotismo”, etc...sem usar palavras que outros também já se apoderaram delas. Não me refiro os trechos prontos e sim a sentimentos iguais, que parecem ser plagiados.
Talvez meu único erro foi em não ter colocado no rodapé de alguns poemas a sugestão que me destes no e-mail, pois tive a infelicidade de ter usado frases (trechos) que já estavam prontos e arquivados em minha mente.
Se tenho que pedir perdão, então o faço sem nenhum constrangimento, mas também não posso deixar de reconhecer meus méritos como um poeta amador, começando pelo meu próprio nome e sobrenome exposto no site, que não são fictícios, bem como minha fotografia, embora alguém já tenha plagiado, literalmente, meus próprios poemas e publicados em outros sites. Tenho amigos(as) neste site que podem confirmar, que alguns de meus poemas surgiram teclando com eles(elas) no MSN e, depois me diziam: “não esquece de copiar e publicar no site, pois acabaste de escrever um poema.”.
Eu que tantas vezes fui ingênuo, fui precipitado, fui lento, fui desatento, fui fraco, fui covarde, deixando que levassem o melhor de mim. Eu que tantas vezes permiti que me vissem como menos do que sou, como indigno da história que eu mesmo construí, como se fosse uma fraude e não uma realidade. Eu que tantas vezes me joguei pra baixo, venho pedir PERDÃO a mim mesmo, com o argumento de que a vida é aprendizagem e, de que é preciso viver as coisas para aprendê-las e aprender as coisas para continuar vivendo. Eu que fui tudo isso, tantas vezes, peço PERDÃO às pessoas que me querem bem, que me acolheram, neste site, com tanto carinho; pessoas, que com certeza, guardarão meus comentários no rodapé de seus poemas com muito amor, pois foram escritos com a alma.
Deixo aqui apenas um pedido, para que se alguém quiser fazer algum comentário sobre esta retratação, que não seja para me expor, ainda mais, em situação vexatória, como um comentário que li sobre a saída de uma pessoa, escrita por uma novata no site.
Continuarei sonhando meus modestos sonhos e, escrevendo da forma como sempre o fiz, sendo enigmático, ousado e com uma grande liberdade de expressão.
Atenciosamente,
Daynor Lindner

Terça, 29/01/2008 - 21:47 — Civana Novo Civana/Daynor (sobre plágio)
Assim como fiz anteriormente, pois não nego que fui eu quem deixou as mensagens dizendo que seus poemas eram plágios, faço agora novamente deixando esta mensagem para você.

Não concordo com essa justificativa de que por já ter lido muito (livros, poemas, etc), isso tenha ficado em sua memória e os tenha usado naturalmente sem intenção de plagiar. Foi justamente por também já ter lido muitos livros e poemas que identifiquei diversos trechos do poema de Bruna Lombardi e C. Almeida Stella nos seus. Lembro inclusive que uma poetisa fez um comentário elogiando e destacando um trecho, que era exatamente a parte mais bonita do poema Sedução de Bruna Lombardi:

luz que cintila, lantejoula
purpurina
fugaz como um desejo
talvez te mate
talvez te salve
o veneno do meu beijo

E nem assim você mencionou não ser seu. Pelo contrário, quando fiz meus comentários incluindo os poemas de Bruna Lombardi e C. Almeida Stella para que comparassem, você imediatamente os apagou do blog. Tal atitude para mim é a confirmação e prova de que estava agindo errado. Se eram seus realmente, debatesse sobre o assunto, e não apagasse para que ninguém mais os lesse.
Como tudo que faço gosto de comprovar, para não ser acusada de acusações infundadas e não comprovadas, capturei a imagem dos seus poemas aqui no site, já imaginando que poderia vir a apagar após meu comentário.

Seu poema "Somos uma Mistura":
http://img20.imageshack.us/img20/7457/plagioavq4.jpg
Poema "Sedução" de Bruna Lombardi:
http://www.geocities.com/brunisssima/seducao.html

Seu poema Viajo em Ti:
http://img20.imageshack.us/img20/8931/plagio2aec6.jpg
Poema Descoberta de C. Almeida Stella:
http://cseabra.utopia.com.br/poesia/poesias/0735.html

Quanto ao que Miguel Duarte lhe pediu para retratar-se com pedidos de desculpas a todos do site, acho corretíssimo. Só num ponto não concordo, não sei se estou correta ou não, mas o que já andei lendo sobre "plágio" e "Direitos Autorais", o fato de tomar posse de parte ou todo o texto de um autor é considerado plágio da mesma forma. Em alguns casos os autores não autorizam a divulgação de seus textos de forma alguma, mesmo se estiverem com os devidos créditos.
Algumas fontes:
http://br.geocities.com/direitoaplicado/plagio.htm
http://www.microbiologia.vet.br/Plagio.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%A1gio

Sei que não cabe a mim a decisão do que deve ser feito em relação a esse fato, só queria esclarecer também o que havia dito antes e ficou como uma acusação vaga por você ter apagado seus poemas.

Quinta, 31/01/2008 - 18:31 — Daynor Novo >>Civana
Estou considerando este seu comentário como forma "pessoal", uma vez que já publiquei o pedido de desculpas a todos os poetas deste site...e publiquei antes deste seu comentário, conforme abaixo discriminado:
Notícia
Venho por intermédio deste blog, pedir desculpas a todos os poetas deste site, assumindo meu erro em ter publicado alguns textos usando trechos/palavras de outros poemas de poetas conhecidos e desconhecidos. Comprometo-me em editar os referidos poemas, colocando no rodapé o nome a quem é de direito. Quero assegurar-me de que não há mais nada que possam acusar-me.
Atenciosamente,
Daynor Lindner - Dia 29/01/08 às 13:30h
Se eu tivesse escrito alguma coisa como: "acusação infundada", não precisaria eu estar aqui me expondo e publicando o que acima mencionei. O fato de eu ter usado trechos de Bruna Lombardi e C. Almeida Stella, não tira o meu mérito de um escritor amador. Sei o que pensas de mim, pois também tenho, arquivado, o seu comentário enviado a Miguel e a Fernanda, portanto espero que este episódio acabe aqui. Se quiseres falar comigo, não precisa usar o site p/ isto, pois bem sabes meu e-mail: dainor@hotmail.com (enviei-te uma mensagem...lembra?). Caso continues a criticar-me, pedirei definitivamente a exclusão deste site.
Daynor Lindner

Sexta, 01/02/2008 - 23:22 — Civana Novo Civana/Daynor
Se fiz um comentário, é evidente que ele é pessoal, é minha forma de pensar, e não mudo uma linha. Não tenho nada a tratar com você, e isso ficou bem claro ao não responder seu e-mail. Só achei que deveria expor minha forma de pensar aqui porque antes você a apagou, e isso deu margem a outros comentários aqui no site de pessoas que fazem acusações de plágios sem comprovarem nada. Eu não disse que foi você que escreveu isso, se entendeu dessa forma nada posso fazer.

Continuo afirmando que acho errado compor poemas com trechos de poemas de outros autores, que eu saiba isso só é permitido com a autorização dos mesmos. E no seu caso não se trata de uma paródia, o que é admissível, e sim de "copiar e colar", o que caracteriza o plágio.

Quanto ao seu pedido de exclusão do site, isso só diz respeito a você, não deixarei de expor minhas idéias, principalmente quanto a um assunto tão sério quanto "Plágio" e "Direitos Autorais". Eu não admito e não gostaria de ver trechos de meus poemas em poemas de outros autores, mesmo sendo uma principiante. Foram idéias minhas, que nasceram em momentos especiais, e nenhuma outra pessoa tem o direito de usá-las.

Carla Ivana (Civana)

Terça, 29/01/2008 - 00:30 — Fernanda_Queiroz Novo Oi Dainor
Tenho acompanhado este lamentável episódio, desde o momento que você foi acusado de plágio no site de poemas.
Recebi teus e-mails em um dos quais você alegava que:
Os poemas "Louco por ti.." e "Teu cheiro" não foi plágio, pois não poderia plagear a mim mesmo.
Ainda tenho guardado o e-mail de "Angel" me solicitando a publicação do poema. Infelizmente ela nunca mais se correspondeu comigo e pensei até que ela havia esquecido, mas tu me fizestes ver onde estava. Podes entrar novamente no link e verifique meu comentário.

Dai você me enviou á página onde você fez um post pós descoberta do plágio, em um blog que não está mais sendo atualizado.

Teu comente no Blog.
Angel! Ainda tenho o teu e-mail, me solicitando a publicação deste poema com uma imagem. Eu só autorizei com a observação de que deverias colocar meu nome como autor. De repente sou acusado de ter plagiado meu próprio poema...
Daynor

7 de Janeiro de 2008 20:28:00 GMT

Depois de tomar conhecimento de que você possuia o e-mail que comprovava que o poema era teu te pedi que me remetesse. Veja cópia de meu e-mail á você.

Poderia me enviar o e-mail em que ela te pediu a postagem e teu e-mail, onde você autorizou sob condição de preservação de teus direitos de autor?
Verdades são para ser mostradas, assumidas , jamais deletadas.
Aguardo tua resposta
Fernanda Queiroz

Bem, se existe uma coisa que eu não gosto em poemas é esta demagogia, estes tópicos que não condiz nada com o objetivo do site.
Poemas de Amor é uma casa acolhedora, que prisma pelo respeito, é assim que deve continuar sendo.

O que Miguel quer é muito claro, esta bem detalhado no e-mail dele, é o que esperamos que você faça também.

Condição exigida por Miguel
Você criar uma "notícia" no site, com um pedido de desculpas a todos
os poetas, assumindo que errou e que irá corrigir a situação;
- Editar todos os seus poemas que são colagem de outros poemas e
colocar uma atribuição no fim aos poetas originais;
- Assegurar-se que não tem mais nada que possa servir para o acusar.

Tenho grande consideração por todos poetas, mas se faz necessário que se cumpra normas, sem demagogia, sem dar voltas e acabar no mesmo lugar, é necessário assumir em um todo as responsabilidades atuais que foram geradas por atos e fatos impensados.

Errar é humano, reconhecer um erro é sublime, mas que este episódio seja esclarecido com toda lisura e respeito, especificadamente dentro das normas exigidas pelo dono do site.

Agradeço tua compreenção, espero que haja rapidez de tua parte no cumprimento das normas, para encerrar este episódio lamentável.

Obrigada

Fernanda Queiroz

responder
Terça, 29/01/2008 - 13:51 — Daynor Novo >>Fernanda
Já publiquei a notícia com o pedido de desculpas, assumindo meu erro. Estou colando abaixo, o e-mail que enviei a Angel e, reenviei uma cópia a você e a Miguel:

From: dainor@hotmail.com
To: sleeping_angel.69@hotmail.com
Subject:
Date: Wed, 9 Jan 2008 17:19:12 +0000

Recebi um e-mail de uma colega, a qual julgou-me estar plagiando meu próprio poema. É bem verdade que ela escreveu dizendo não saber se era o nome real do autor, conforme link abaixo:
http://entre-as-palavras.blogspot.com/2007/01/teu-cheiro.html
Acredito que podemos resolver esta situação desagradável, se você cumprir com o conteúdo do e-mail que havia me mandado, ou seja, colocar meu nome no rodapé do poema com a imagem.
Atenciosamente
Daynor Lindner

OBS: Até agora não recebi nenhuma resposta de Angel, nem por e-mail e nem pelo blog acima mencionado. Espero com issto encerrar este episódio.

responder
Segunda, 28/01/2008 - 19:34 — PoderRosa Novo Para Daynor...
Daunor, poeta...

Sabe...somente um homem digno consegue reconhecer seu erro, e tem a hombridade de pedir ''perdão''.
Como eu mesma disse certa vez, que pedir perdão é fácil, quero ver perdoar...
Portanto, poeta, parabéns pela atitude.
Espero poder continuar a ler as coisas lindas que vc escreve e também lhe estender a mão quando você precisar, porque amigos são pra isso...pra apoiar o outro não só nas horas de alegria, não é?
Conte comigo.
Um abraço
Ro.

ah..............continue sonhando, assim como eu tenho feito... beijooooooooooooooo

PoderRosa...o poder da mulher...

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Comentários
Segunda, 18/02/2008 - 01:02 — Registros do Site Reconhecimento do erro
Somos uma mistura...
Sexta, 01/02/2008 - 19:42 — Daynor

Juntos somos uma mistura...
Mistura de perfume e suor;
Cheios de humor, temos a qualidade da extravagância,
O prazer de transgredir...
Selvagem somos tigres,
A paixão é sempre escarlate,
É nervosa,
Espalhafatosa,
Seca de sede,
Uma sede que não acaba.
Somos lindos,
Cheios de malícia,
Íntimos de nosso íntimo,
Feras,
Loucos,
Delirantes, nos amando de todas as maneiras...
Em mim germina uma força perigosa que contamina...
Uma paixão vulgar que corta o ar e que nenhum poder domina;
Explode em mim uma liberdade que te fascine,
Sopro de vida...
Brilho que se descortina,
Eu sou tua alma,
Tua resina, que cicatriza feridas,
Sou tua loucura mais gostosa.
Nossas peles se roçam,
Nossas pernas se entrelaçam,
Nossos corpos se abraçam...
Somos uma mistura...
Luz que cintila, lantejoula, purpurina...
Fugaz como um desejo,
Talvez te mate,
Talvez te salve,
O veneno do meu beijo

Daynor c/ trechos de poemas de Bruna Lombard

Sexta, 01/02/2008 - 19:46 — Sirlei Passolongo Novo Sirlei/Daynor
e fizeste uma lindo dueto com a Bruna Lombardi,
tbém gosto muito do textos dela, são sensuais e bem escritos.
mas, ese teu está divino, tem cheiro de mato verde
misturado com maça do amor, tem brilho do sol depois
da chuva... tem traços de um coração apaixonado...rs

Abraço querido!
Sirlei L. Passolongo

Sexta, 01/02/2008 - 20:11 — Daynor Novo >>Daynor/Sirlei
Obrigado pela consideração. Espero continuar tendo meu espaço em teu coração.
Com carinho,
Daynor

Foto de Ana Botelho

AMADA AMIGA ( presente de um grande amigo, o poeta Albino Mello)

Amada Amiga
Andei por belos e verdes prados,
Alimentei pobres, ajudei necessitados,
Ouvi muitos sons angelicais.
Enveredei por cerradas florestas,
Na vida, aparei tantas arestas,
Aqueles sons, eu quero ouvir mais.

Caminhei solitário pelo deserto,
O que era errado, virou certo,
As harpas me iluminaram.
Mergulhei em águas profundas,
Limpei algumas mentes imundas,
Os anjos me acompanharam.

Escalei altos paredões rochosos,
Consolei amigos e pessoas chorosas,
Com a realidade me identifiquei.
Passei por perigosas corredeiras,
Pessoas mentirosas e verdadeiras,
Mas, com os anjos, sempre andei.

Percorri muitas e longas estradas,
Encontrei pessoas encantadas,
Que me encantaram também.
Passando por essas paragens,
Percebi em todas minhas viagens,
Que me faltava o carinho de alguém.

Ela veio, me aconselhava, ouvia,
Acordou-me com linda poesia,
Trouxe aquela esperança antiga.
Anjos amigos, flores, trombetas,
Caminhos divinos, cheio de facetas,
Obrigado, amada poetisa amiga.

15/09/07 Albino S. S. Mello

Foto de helo Paulinha

Jardim da amizade !

Como é bom encontrar no caminho da vida flores que alegram o nosso destino, flores que encatam que dao cor a um caminho preto e branco,
flores que tem nomes, nomes preciosos como ha importancia destas flores em minha caminhada, flores que foram cultivadas, com um pouco de lagrimas e outro de sorrisos, flores que sao fortes,
que nos apoiam, que transformam nosso defeito em virtude.
A flores que sao tao raras, tao belas, tao valiosas, como é bom te-las encontrado e ate hoje cultivado-as. Pobres aqueles que matavam suas flores ,que pisavam em suas tao lindas cores,existem trlhas no caminho da vida que sao feitas de pontes , onde seu unico apoio sao as tao belas flores, que cultivamos desde o inicio da tao breve e longa caminhada .
Dedico meus agradecimentos a estas flores que pelo caminho tive a sorte de encontra-las.
Meu jardim tem um doce nome chamado .....
amizade.

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