Pintura

Foto de Sirlei Passolongo

Galeria de Arte

Faço do teu corpo
Uma galeria de arte
Admirando cada parte
Esculpida pelo Criador.

Nos teus olhos
A mais bela pintura
Que já pude ver
Em tua face
O contorno
Da mais preciosa
Escultura
que já pude tocar.

Em tua boca
Os contornos delineados
Por um grande artista
Enfim, teu corpo
Um mosaico de amor
Em que posso me perder.

(Sirlei L. Passolongo)

Foto de Teresa Cordioli

pequenas coisas....

*
Pequenas coisas...
Teresa Cordioli.
*

pequenas coisas...

Ao lançar os meus versos no ar
Em mim, uma única intenção;
- Que eles aprendam a voar,
e a pousar em teu lindo coração.

Expresso em versos a minha razão,
Do que por ti vim me apaixonar,
Foi descobrindo nos teus a emoção
Com que conjugas o verbo amar.

Foram pequenas coisas, detalhes,
Entrelinhas que desnudaram tu'alma
Como se fora em uma pintura-guache
Tua imagem surgiu límpida e calma.

Meus versos, têm detalhes tão pequenos
Que só tu consegues decifrar.
Tens o caminho:: me olhar por dentro,
pra ter os versos que eu lanço ao ar.

Foto de Sonia Delsin

“MÃOS À OBRA”

“MÃOS À OBRA”

Carrego na cor verde.
É que tenho muita esperança.
No azul, porque tenho um coração de criança.
Se carrego tanto no vermelho é que sou movida a paixão.
No rosa, porque tenho muito amor no coração.
Carrego no violeta.
Sei da força da ampulheta.
Precisamos nos cuidar,
qualquer hora podemos desencarnar.
Ah! Carrego no alaranjado.
Quero meu mundo dourado.
E no amarelo.
O mundo é belo.
Com as cores amarronzadas e azincentadas
dou umas pinceladas.
O preto quase nem entra na pintura.
Dá uma aparência muito dura.
Carrego em algumas cores.
Acredito nos amores.
Sou a poetinha da terra, a que abomina toda guerra, a poetinha do amor.
Pra bem viver temos que ter alma de pintor.

Foto de Graciele Gessner

Um Beijo Como Presente! (Graciele_Gessner)

Um beijo como presente
Quero dar para ser recordado,
Com todo amor que te dedico.
Lembrando da nossa mocidade,
Momento recheado de felicidade.

Um beijo como presente
Para a bela e linda donzela,
Que por mim continua sendo amada.
Tocando seus lábios tão macios,
Reflorescendo todos os seus sentidos.

Um beijo como presente
Nesta mulher de lindo coração,
Como pintura de grande amor e paixão.
Desejando saúde e vida próspera.
Lábios sentidos em clima de cachoeira.

20.09.2007

Escrito por Graciele Gessner.

* Se copiar, favor divulgar a autoria. Obrigada!

Foto de syssy

MANHÃ DE JULHO

.
.
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Nessa manhã chuvosa pus meus olhos por sobre
A janela, para ver tão gélido e mórbida natureza,
Trazidas na manhã de brumas madrugais.
No realçar dantes a pintura magistral, no poetar
Hoje de palavras abertas, te passa despercebida
Tão linda beleza recôndida em gélidos cristais.
.
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Gotas de orvalho caem do céu, nubladas, mortas
Lavando o corpo e a alma, purificando os jardins.
Cristalizando, emoldurando sua forma helênica
Na paisagem matinal de uma manhã de Julho.
.
.
A manhã feita de aroma em terra molhada...
Úmida, germinada com nardos vastos de colinas
Em mares de verdes vivos, trazidas e cultivadas
Por tua manhã de Julho. Na noite de taciturnas
Brumas vão-se colher os suspiros, abraços
Calorosos eternizando teu dia de Julho.
.
.
.

Foto de Lu Lena

Quantas vezes andei
em silêncio desabei
pés descalços andando
sem rumo nessa vida
tentei achar uma saída
tateando sem chão encontrei
uma mão estendida
segurei e senti-me protegida
olhos vendados no escuro
Descobri meu porto seguro
Confiar é acreditar em si
é nunca desistir!
ter a inocência de uma criança
Ante as dificuldades de toda
uma existência
Não vacile ante teus passos
Sempre terás alguém pra
te reconfortar do cansaço
com o calor amigo de um abraço
não haverá medos e nem escuridão
nada será em vão
se olhar para dentro de si
enxergarás Aquele que está dentro de ti
Deixa Ele enxugar a lágrima que ofusca
a tua luz
Tenha fé, força e deixe que a tua vida
Ele conduz!

P.S. À todos que vierem aqui comentar esse poema!

Meus amores, esse poema eu o havia escrito há muito tempo,
só agora (vasculhando meu baú rsrs) eu o encontrei e resolvi
publicar no blog. Esse poema (o que seria mais um desabafo
de minh'alma, foi num momento difícil de minh'a vida, quando
descobri pelo médicos terrenos, que meu anjo (filho especial)
era portador do autismo aos 3 anos de idade, meu chão caiu
e pensei que iria morrer...não queria aceitar em hipótese alguma,
eu pensava: - Meu Deus, isso não é justo comigo, ele é perfeito,
parece uma pintura celestial feito de porcelana, não pode ser,
não pode ser...eu repetia isso várias vezes comigo mesma...
então, num ímpeto eu sai do consultório (deixei meu marido
conversando com o médico). Sentei na recepção, a atendende
veio me trazer um copo d'água e pedi que me emprestasse uma
folhinha de papel que estava no bloco de anotações dela, o que
o fez de imediato, então em lágrimas convulsivamente eu escrevi
esse poema (desababo, vamos dizer assim). Foi aí, que uma força
imensurável se apoderou de mim, e senti-me outra pessoa, com
uma garra de lutar e vencer indiscritível e disse pra mim mesma,
se Deus me enviou esse anjo especial, é pq sabia que teria condi
ções de criá-lo e conduzi-lo na Terra e e cumprir a missão à que
à ele foi destinado. Levantei, respirei e fundo e entrei no consultório,
e disse ao médico: Ele é especial sim! e muito pra mim!!! obrigada
doutor. Ele não entendeu bulhufas, nem meu marido, ficaram atônitos
olhando pra mim, mais eu sabia o porquê, e isso bastava...
então, meus amores esse é o verdadeiro motivo da publicação dessa
poeisa, que tem um valor muito grande pra mim como mãe, mulher
e ser humano.
Obrigada pelo carinho e as palavras tão carinhosas de vcs é por isso
que toda vez que adentro à esse site de amor, minhas forças são
recarregadas pelo incentivo encorajador que emana da'lma de
cada um de vcs. Por isso eu os amo de coração! e não esqueçam...
deixem que a vida é o Criador é quem conduz... Confiem Nele,
Ele sabe o que faz, e o que que quer...se estás passando por uma
atribulação atual, é pq tens q passar, aceite isso com resignação,
pois ELE sempre, sempre está e estará te estendendo a mão...Fé,
muita Fé e siga em frente....
bjos de luz à todos!
Lu

Foto de Mor

UM JULGAMENTO

UM JULGAMENTO

MOR

Uma tela e alguns pincéis
Entre na sala de pintura.
E faça os seus escarcéus
Na mais bela partitura.

Pinte aquele julgamento
Num auditório apertado.
No debate do momento
A espera do resultado.

Logo aquele togado
De toda aquela contagem.
Na cátedra sentado
Sentença aquela imagem.

Logo ao ler o veredicto
Causou grande emoção.
O que estava ali escrito
A condena do cidadão.

Com todos aqueles detalhes
A pintura terminada.
Que a noticia espalhe
Era uma obra acabada.

São José/SC, 22 de abril de 2008.
www.mario.poetasadvogados.com.br
www.poetasadvogados.com.br

Foto de Lou Poulit

CANTOS RECENTES DO POETA PASSARINHO (PROSA E VERSO)

BLASFÊMIA

Porque eu não quis o fardo de perdê-la, com cada dardo de luz a sua estrela moça me apunhala; mas o tempo entre nós, de dedo em riste, fez-me triste pela sua intangível plenitude. Em quietude, reflito. E me lembro da sua pele tesa, ansiosa sobre trêmulas fibras, me comendo como a uma jovem presa predada às sombras frescas do dia (hoje dessa minha tristeza). Como esquecer suas tramas ingênuas, de uma mulherice de reações rosadas vestida de saltos e brilhos para a noite? Como resgatar tão tênues limites tangidos pelo olhar, quando dissimulando bramidos e silêncios de um improvável e profundo mar fazíamos concessões fugazes, como espumas na areia?

Porque como um bardo adolescente eu quis detê-la, e ao seu instinto inevitável na ponta dos pés, a sua estrela ferida por outro vagueia ao rés dos meus exílios e possui os brancos fartos dos meus pelos, sem pressa, até dos meus cílios, ferrenhas grades dos porões dessa minha lágrima tardia e inconfessa. Reflito. À beira de penhascos resvalo, e reflito. Sob o trepidar dos cascos da memória me ralo, mas ainda reflito. Mesmo ao engasgo com que rasgo os vazios subterrâneos da minha decrépita esperança, desesperadamente reflito!... Até que refletir seja apenas um estratagema, ignóbil, imperdoável e ironicamente necessário, que à transitoriedade de tudo blasfema: o amor não tem idade!

Mas é tarde. Porque entre a reflexão e a lágrima já não há vago, é tarde. Porque a certeza que trago caminha de bengala, porque não se cala mas já não trama, é tarde. Porque o fim de quem ama não está no decurso do tempo nem no percurso da distância, mas na vagância de não amar; nem na demência da moral nem na presença de juízo, mas na ausência de saudade; o fim de quem ama está em não se exercer o tempo. A melhor de todas as minhas descobertas fora encontrar, nas flores abertas, o divino de cada mulher, em que devia crer como menino; mas a pior de todas as minhas íntimas blasfêmias, foi não me prostrar ao que sempre houvera crido nas fêmeas.

(Itaipú, mar/2008)

AMANTE EU ME QUIS

Amante eu me quis
E ela quis-se prenda
Cio e cena, senda
De uma bela atriz;

Jugo e julgamento
Paguei preço justo
Mas depois, que susto...
Mesmo hoje inda tento

Inda quero e busco
Tombo ávido e brusco
Nos dorsos da vida:

Quem sabe, com sorte
Morro inda de morte
Do amor comovida.

(Itaipú, mar/2008)

ERGUE-SE A VIDA

De sob o tempo indolente de um caminho íngreme e da sua penitência, de descer sem resvalar para saber como voltar, de não ter a quem contar como devesse ser julgada, e saber que a solidão voluntária mais que um direito é uma dádiva, ergue-se ávida a vida.

De sob julgamentos ilegítimos, os ritmos do destino crido, o protagonista interino, ferido pelo próprio veredicto, o bailarino das sombras, refém das próprias luzes, exilado no silêncio e na castidade, banido remido da cidade profana, nele ergue-se a vida, soberana.

Porque o amor não é óbvio como a nudez que se revela, porque se a procela íntima jura e insulta, a paixão mesmo impura indulta a florada dos espinhos... O amor não tem caminhos e caminha mesmo longe dos aplausos, como um monge velado por sua estrela, selado por seu arcano... Meu amor é pela vida um amor humano.

(Itaipú, mar/2008)

ANTES

Antes que me profane esse céu que eu mesmo criei por querê-la, tanto, de minha alma tardia como seu leito tardio... Antes que me sacuda um aplauso de mim mesmo arredio, e a chama expire e repouse sobre a cinza o pavio e soluce a sombra do que antes fomos... Antes que a paixão, descida dos seus tronos, renuncie à nossa milenar cumplicidade... Antes que essa saudade me deserde dos seus hormônios, pelos meus poros, posseiros das minhas estrelas, juízes dos meus himeneus... Mas antes!... Antes que meus rasgos desalinhados sejam remendados por impura compostura e se recomponha o herdeiro das idéias, dos golfos nas traquéias por impostura, a criatura completa perdida da sua costela, incontinente em sua cela: solidão... Oh, antes que uma vergonha aflita me possua e a desdita lembrança dela, inconha e nua, toque fundo no berço o sonho que já não sonha... Poesia!... Oh, minha poesia, arrebata-me das palmas desse papel frio e sedento! E colha-me em teu colo colossal... E recolha meu corpo estilhaçado, poro a poro, esse impagável fardo em que ainda agora eu ardo e evaporo, incomodado, sobre uma chama abissal.

(Carioca, mar/2008)

POR QUE SE ME DESTE?

Porque se me deste manhã, quando já não havia um luar que me oferecesse a sua esmola, implora esse meu amor agnóstico por um crepúsculo de relâmpagos e lama, arrastando-se o leito cósmico, em que se alargue bem, e aos poucos, com roucos protestos, o inventário dos meus futuros restos, aos punhados, desapunhalados dos tremores que acarinham o gozo que me assola... Eis, enfim, a mais desejada esmola!... Ah, por amor mais se amarga a ausência do que se alarga o silêncio na distância, e mais se erguem vãs defesas do que se embarga a manhã de ilesas estrelas... Pois o amor não tem sentido em si mesmo, porque dar-se exige quem o receba, ao alcance do tato! E porque o fato... É que não suporto mais essa espera! Apenas um momento quisera. Depois quis o tempo de espera. Mas o amor exagera e agora só quer tudo, o tempo todo. Não transige, não mente e mais se sente nada, tanto, tanto... Oh, por que tanto assim se me deste, Manhã?

(Carioca, mar/2008)

ESPANTALHO

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse hoje que ruge e fulge no poço o anjo quando ela se debruça sobre o céu grisalho, eu seria tão injusto quanto um fútil amante, plantando em meu peito um inútil espantalho. Pois que se deite comigo à nossa colheita e abarrote as suas entranhas de sementes e acolha esse rio meu de estrelas cadentes (e o seu silêncio morno) à espreita
dos nossos futuros percalços, inseguranças, intrigas, ciúmes, brigas e tudo que desune. Protegido, esse nosso amor permaneça imune e ao mais profundo arrebatamento desça.

Amo... Eu amo essa mulher. E se tanto eu não a amasse em lucidez, nem fosse a sua tez a aurora dos meus escuros (toda vez que o amor se mete em apuros), o espantalho, refém do próprio espanto, em vez de um encanto seria um anjo degredado. Pois que venha o amor à mesa, e a sua chama acesa ao fio dos olhares, sobre a comovente juventude dela e a minha paixão, essa cadela indecente... Pois que se mantenha o indignado julgamento alheio longe do dorso amado, sem nenhum arreio, veio profundo dessa droga genérica, minha liberdade homérica e indigente.

Ah, como eu amo essa mulher, tanto... Com o vigor de cada fio branco, quitado com a minha velha juventude inquieta, que me arde o peito franco de poeta enquanto guarde o quanto exerça o espantalho, emancipada do talho, a emoção da minha amada.

(Itaipú, mar/2008)

CALÇADAS DESSA NOSSA VIDA URBANA

Calçadas dessa nossa vida urbana... A insana crença de ser e estar sempre dando uma chance ao destino, ser solto no mundo e, ao mesmo tempo, estar como na sala, receber e ser também recebido e, em compartilhada privacidade, desarmar o proibido. Sobretudo a nossa libido, assenhorada, indultados de habitá-la.

Alçadas pela divina verve humana (que assim profana que se preserve) ao dossel da densa solidão da urbe, por mais que lhe conturbem as dívidas das tão vívidas ilusões tão frágeis, ah, as nossas calçadas intermináveis são retos labirintos de preces devotadas, de penitências e caçadas. Nenhum decreto, nenhuma vela acesa... Qualquer promessa liberta a alma, ilesa de ser no fundo só e íntima do exíguo (ínfima queixa que nem vale à pena); à lua plena, quem precisa de liminares em lugares onde os olhares, como floradas, defloram a jurisprudência do desejo?

Pois na minha calçada predileta, hei de plantar ainda uma placa. Mas uma placa de poeta, como convite póstumo a Baudelaire e Pessôa, onde escreverei: "VOILÁ LA VOLUPTÉ". Por que não? As paixões são também portuguesas, como as volupitosas pedrinhas de Copacabana! E em baixo: "MOI ET TOI". Onde habitamos e somos habitados...Oh, as calçadas dessa nossa vida urbana.

(Itaipú, mar/2008)

ME ABDUZA

De manhã, a manchete de hoje era um salto de espinha abaixo, sem truques nem cambalachos, sem volta, sem escolta... Implume, à beira do ninho. Imberbe ao fim do caminho.

Mesmo sem ter a quem pedir ajuda ou conforto, nem morto, meu coração, eu te renego. Não te nego o direito (nem ao torto) agora que enfim tuas dívidas cairão do prego, que virá ela pousar plena ao meu tão sonhado alcance... Não caia o poleiro, o verso não canse. Porque voa essa pássara no rumo em que lhe aguarda o amor e a poesia... Pois, que à revelia ela arda! Pois que a valia de arder é ter amado.

Mas não espero ser meramente amado pelo seu amor medido em eras de anos-luz. Nem apenas seduzido. Quero ser em verdade abduzido! Varrido e vasculhado, desidratado pela cauda de um cometa, que me reduza à uma lágrima de mulher... Ah, Pássara, me abduza.

(Itaipú, março/2008)

SE FOSSE TANTO O AMOR CRUEL

Tomou-me, ufano e covarde à faina da velha bateia, à tarde, de ser notado por tardios, preciosos olhares, roubados ao céu e ao mel mas curvados ao seu e ao meu: um desertado amor magoado.

Era tanta, tanta a sua mágoa, a dessedentar-se no meu espanto, que pensei: se fosse tanto o amor cruel não cantaria seu canto a cotovia, não haveria o sonho de amar, nem (que falhassem) tantos venenos, e nossos enganos seriam pequenos.

Devolveu-me esse amor (que ainda arde) a mim mesmo, depois e a esmo, numa calçada sem esquinas: se fosse tanto o amor cruel as minhas amadas seriam todas bailarinas e aos seus palcos (tão mais ardidos) talvez me faltassem proteínas.

(Carioca, março/2008)

PINTURA FRUGAL

Súbito, nas palmas da lua o tema...
Plena e deserta a tela implora a cena
Como um teorema a ser consumado.
Ávida e nua, dádiva a ser consumida.

O amor usa de sofismas só seus
Para nos converter em cismas suas.
É demônio e é santo. Até deus!
Doando luares como hóstias cruas.

Traços, aguadas, promessas, primícias
Devassas servidas, doces sevícias...
A arte é um coito que nunca termina.
Pierrô afoito. Oh, afoita colombina!

No epicentro de um pouco épico tombo
E no assombro de um gozo nem tão estético
Em que a febre viceja (e a alma a deseja)
O artista verseja, quase profético:

Pintura frugal, a dar-se a mim estreito
Hás, limiar, de dar-se além do leito.

(Carioca, março/2008)

CANTOS GAIOS

Eis a vida, aos pés da sorte.
Um sonho galgo, galgando gratas misérias
Sem temer tombos e trombos que suporte
Nos largos ombros do anjo que lhe vier.

Donde vejo essa, na estratosfera
Perdoaria Dalila e acudiria Prometeu
Porque a eternidade é uma quimera
Para um amor tão generoso como o meu.

Do que entre fatias fugazes de amenidades apenas
Fazendo mágicas tenazes (nem tão amenas)
Seria eu eterno e inteiro entre seus dedos
Mais à vontade do que no caderno do jornaleiro.

Ah, eu pagaria com juros as minhas juras
Doando-me a ler todo dia o jornal de ontem
Só para recair de todas as minhas curas!
E loucamente amar de novo... Oh, cantem

Ao precipício entre os olhares e aos seus soslaios
Meus pássaros, os meus cantos gaios, cantem.

(Carioca, fevereiro/2008)

ESGUICHO

Um esguicho aspergindo agonia tingiu o nicho escuro da minha auto-estima, com tons claros de uma líquida e morna alforria. Eu corria tanto. Corria e corria... Como um bicho sem paz eu zanzava, sem sair jamais do lugar em que estava; preso no visgo, vesgo de amor eu não via meus escombros na poça (a que fiz jus!), do corte certeiro de um raio de luz.

Dissimulada, a estrela que fez isso (do instinto intangível, íngreme e insubmisso o poeta dócil, submerso no esgarço do velame e acoleirado pelo verso ao firmamento) quer apenas que eu ame. Ame e ame... E escame o brilho d’alma ao vento. Mas o amor teme a própria catarse e por uma múltipla entorse (do salto para dentro) exila-se num centro em que tudo se lhe roce.

Ah, o amor que desnuda e desarma... O penitente que em sua Compostela espera ungir-se com os estilhaços da janela, no entanto preserva os cordeiros do vitral; até que converta-se a noite atéia em dia, e a alcatéia em coral e a teia casta da anorexia em um esguicho lustral.

(Carioca, fevereiro/2008)

UM RAIO INSUSPEITO E ARREBATADOR

Um raio insuspeito e arrebatador entre opostos exílios, antes tramados por escolhas colhidas à razões tolhidas, nos fez amantes desertados.

Quando nada os detém, olhares detonam uma reação em cadeia servida à ceia de um desejo vasto, em que sós nossas testemunhas somos, ideais sem pejo de aias e mordomos, comensais intrépidos em tépidos covis...

Oh, tépidos covis da madura idade!
Oh, ledos covis sem cocho ou grade!

Um olhar insuspeito e arrebatador do exílio colheu-me e comeu-me à flor da minha abissal leviandade; a lágrima fringiu-se e evaporou-se, cingiu-se de cinzas o peito que a trouxe, decerto, meus covis hoje correm a céu aberto.

(Engenho Novo, fevereiro/2008)

JARDIM DO ABISMO

Nem eu me lembrei do tempo nem ele se apercebeu da minha ausência, mas se agrisalharam os meus pelos... Nem eu quis vertê-los nem capturei os seus buquês, mas os momentos voaram do cálice... Seixos que um dia, talvez, encaixem-se, a memória amontoa, assim à toa, cobertos de pó nos recônditos do absurdo... Em cada beijo um estalo, eco surdo de lirismo, que roga um resvalo à nudez das paredes. Ah, os dias sem amar... Ajardinam o fundo do abismo.

(Largo da Carioca, fevereiro/2008)

TEZ SEM EXTREMOS

Ah, porque ela não tem na tez extremos
(Salvo os olhos, que também são morenos)
Pouso a alma e vejo o meu próprio reflexo
Porque o sexo, estância além do mundo

Rio profundo, caminho estelar
Grafara n’alma, ao silêncio das curvas
Feitas sem o zelo de me tomar
Dos limites: A morte não me quis.

Restou, feliz, este amor são e salvo
Alvo das suas perguntas tolinhas
Rangendo as janelas donde as rolinhas
Nos espiavam, pelas persianas;

Em preces profanas, tão doidivanas
Sim, eu amei... E como nunca soubera;
Porque não era o fim a antiga era
Porque eu não estava ainda preparado.

Pouso alado (ao lado a tez sem extremos)
No ermo lúcido do amor em que cremos.

(Carioca, fevereiro/2008)

VENHA

Venha, porque eu tenho
Bem mais do que fui
E donde hoje eu venho
A dor não possui;

Venha, porque trago
Bem mais do que cabe
Neste meu vago
Que ninguém mais sabe;

O meu sonho é um salmo
Na tez d’alma escrito
Com letras de um palmo
E ainda a ser dito:

Se o afago perpassa
A tona do lago
E é luz o seu cio...
É o amor que trago

Guardado e tardio...
Divina devassa.

(Carioca, fevereiro/2008)

QUISERA O AMOR QUE EU AMASSE

Quisera o amor que eu amasse
Tanto, tanto ele quisera
Que ao desarmar-se o amor que era
Ele antes me devassasse.

Quis o amor assim tocar-me
Tanto, tanto, o sol ao lis
Que o céu que de mim eu fiz
Devassou a minha carne!

Será sempre o amor assim.
E eu serei sempre o que sou
Sem saber mais que soubera.

A me armar, como arlequim
O amor vem (quem nunca amou?)
Deserdar-me do amor que era.

(Carioca, fevereiro/2008)

ME SABER ME BASTA

Eu dissimulava por onde fosse. Cantava o tempo todo. Sussurrava, depois quase gritava. Ah, eu cantava, cantava, cantava... A música era a da amada, sua preferida. Eu a tomava emprestada. Se pudesse, seria capaz de roubá-la! Eu dissimulava perdidamente. Colhia todos os olhares do caminho mas só ficava mesmo com os dela... E com a carne úmida dos sorrisos e o risinho tímido dos mamilos e o andar, que mal tocava os pisos, e os glúteos. Glúteos? Oh, comprimi-los...

Eu dissimulava enquanto ria de mim mesmo. Não por auto-piedade ou desestima. Eu dissimulava piamente! Ela era um templo, uma porta entreaberta. No nicho, uma absolvição além da palma, roçando a alma como açoite de dia, de tarde e de noite, vazando entre os dedos da mão tenaz. Sonhada... Uma graça fugaz sob a coberta de credos e dogmas deserta. Generosamente incontinente. Mas até seu resíduo era emprestado, como tudo o que era dela crido. Até que da vidraça fez-se o alarido de miríades de estrelas, janela afora vazada.

Mas não doeu nada, não doeu nada... Eu mesmo fiz isso. Avidamente eu mesmo fiz isso... Não há mais no que crer. Me saber me basta.

(Itaipú, fevereiro/2008)

O ESPELHO E A BAILARINA

Esse amor meu de poeta...

Cuja paz decreta e se professa ungida
Que, impune, confessa ser a própria sobrevida
Do réu imune, ao rés de mais uma vez tocá-la
Com um arrepio de sopro, pele tão desejada...

É uma montanha que jamais se cala!
Mas resvala e em profundo silêncio se esbate
No magma de um improvável vate.

Dentro dela habita uma estrela antiga
Que sussurra uma cantiga e nina a emoção
De ser a mansão e a monção da bailarina
De infladas cortinas e peito pronto a se fender...

Oh poesia das entranhas do ensandecido
Sou eu que fendo! Sou eu que fendo! Eu, a montanha...
Ao gume úmido, entre arabesques colhido...

Na poça, em que de versos me embriago seu
Tombam a lua e o gozo com que pago eu
As minhas brancas súplicas no breu da fonte...
Então... É a poça que seduz o lago?...
Ou a dor de amar? Que a ninguém se conte...

Esse amor meu de homem...

Cujos olhos comem a carne emancipada
E que verte o sonho e o seu torpe inchaço
No levitado abraço do amor da amada
Não aconselha jamais o que se cobre...

Mas esse nobre amor meu sempre a espelha
Concede a verdade e a fantasia e as espalha
Aos dentes da noite e aos palcos do dia...

Que dentro do espelho havia nela um abismo
Por cujas paredes o seu sismo, que a desvalia
Refém das suas areias e dos meus espumados dedos
Escorregava e em mim cravava velhos medos.

Oh céus dos meus sentidos
Eu fui o mar! Eu fui o mar! E o espelho-mar...
Mas sou agora os rochedos... No olhar, bramidos...

A moça, estrela cujo sonho na poça repousa
A senhora da lousa, de sapatilhas desatadas
Confia como as fadas no amor frugal, mas ferina
Despetala o seu amor de bailarina, cada centelha à mó
Do aço nu... Do espelho amado que a espelha só.

(Itaipú, Fevereiro/2008)

HOJE A CELEBRO, TÃO GUARDADA

Não era minha, nem tua
A mão que encrespava o mar
Pastoreava o vento
E escavava os grãos de areia...

Nem na vinha, nem na lua
Nem ao amor restava amar
Tão doce, o resto lento
Mais que o sonho pastoreia...

Era d’alma dos amantes
Que, indelével, o tempo habita
Montando em pelo a delícia
De sermos assim da vida

Ermos d’estrelas distantes...
A lembrança mais bonita
(a mais eterna primícia)
a emoção na voz contida

Celebrada, tão guardada:
Como, Sempre, és tão amada...

(Itaipu, mai/2007)

PREDESTINAÇÃO
(Poema Tríptico)

Manhã I

Há dias, Mulher, em que dias hibernam
Como cios em que se deveria amar.
E dias que tardios anunciam:
O amor vem... E nada o poderá evitar!

Como ígneos folguedos cósmicos
Astros saltam reluzindo, acima do mar
Das profundezas do desejo vindos.
E na areia a luz de um gozo rendado
Extrema unção de um amor guardado
Prenda-fruto do silêncio e da madrugada...

Ambas fugidias...
Nossa alma vagueia
Como fossem dois dias.

Tarde II

No entorno do sol se ergue uma ciranda
De palmas morenas escritas por Deus...
Os sonhos meus andam apenas
Centúrias pequenas, que eu mesmo cri.

No entorno da rua em que habitam passos meus
Não quis Deus nenhum cão nos portões
Mas vagalhões vieram de longe
Ilhar de olhares vários meus olhos perdulários
E varrer do poente os meus azimutes de monge...
O rastro não mente, eu mesmo o escrevi.

Areia antiga...
Que amor te trouxe, Branca, a perdê-los
Os brancos fios dos meus cabelos?

Noite III

No fundo do covil, ao rés do céu,
Prostrou-se (quem viu?) o cajado como um manto.
Nenhum fogo apagado aquece tanto...
Só a morte em que não se morra, só a borra de aço-mel.

Ah, Tristezas, que me fizeram dulcíssimo mecenas
Palmas morenas (em que eu não previ proezas)
Te aguardam, madalenas,
Porque uma só Madalena haverei de tocar, tanto...
Mesmo antes de chegar, sanha e pranto
Essa vaga já me alarga, com o tanto que é feliz.

Desencanto: Dalva-Lis...
De lãs que não vesti mas, por um triz, já me afaga.
Há manhãs, Mulher, que jamais teriam paga.

(Itaipú, 30/ago/2007)

ANIVERSÁRIO DA MIXINHA

Hoje celebro uma estrela, extrema estrela velada pelos véus de antigas eras, de fogaréus, de esperas, quimeras, deveras dada; que em silêncio crepita n’ara desdita que lhe valha a dor do peito. Acalenta. E por direito se apascenta dos lapsos de um anjo canalha...

Hoje celebro uma fêmea, efêmera crença minha, roubada a um conto de fadas por arcanos, comezinha; e por anos de vigília, ppr um gozo que eviscere a plenitude, em que se esmere a rapsódia do claustro. Fausto íntimo, fausta chama, que só não cala a quem não ama.

Hoje celebro uma luz que só nus temos por nossa; querer bem a um anjo alado, de um querer que não se apossa, é um amor iluminado, que não se pode tocar sem que se toque a si mesmo, por inteiro. É o amor mais verdadeiro... Inconho amor, já por si mesmo tão naturalmente celebrado.

(Itaipú, maio/2007)

Foto de Gideon

A Arte de Gabriela

Estou envolto em um mundo de pensamentos. Aqueles que nos assaltam parecendo ninjas insurgentes da escuridão. Livros, um após o outro, um junto ao outro, um por cima do outro. Estava lendo Exegese Bíblica, um livro maravilhoso e profundo sobre interpretação bíblica, mais ainda, sobre a interpretação do Cristianismo. De repente após o almoço, caminhando incertamente pelo Centro do meu maravilhoso Rio de Janeiro com a intenção de fazer a digestão do almoço, encaminhei-me para a charmosa Livraria Imperial, no Paço Imperial. Entrei e vaguei de um lado para o outro observando os livros sem pretensão e disposição financeira de comprar qualquer um deles, os quais eu olhava displicentemente. Como sempre faço, caminhei para a estante de Artes para ver alguma coisa sobre música e pintura. Deparei-me, então, com dois imensos, pesados e envelhecidos volumes de Arte em perfeito estado de conservação. Dois "tomos" com pinturas famosas desde a Renascença até a publicação dos livros, que se deu em 1932. O texto, com aquele português antigo e regra de acentuação diferentes da atual, me cativou profundamente. As pinturas são coladas nas páginas conforme aqueles álbuns de fotografias da época de nossos avós. Meus olhos brilharam. Me apressei e comprei os dois volumes. No caminho para o caixa, casualmente olhei para o lado e vi um outro livro: "Eu, mulher da vida" de Gabriela Silva leite. Alcancei-o instintivamente e folheei-o rapidamente. Resolvi também comprá-lo. Cheguei ao caixa, paguei-os e os enfiei em duas sacolas grandes. Saí saí e apressei os passos de volta para o trabalho.

Imediatamente quando cheguei em casa, comecei a ler os livros. Ora, eu iniciei este escrito falando dos diferentes livros lidos ao mesmo tempo, lembram-se! Pois é, assuntos contradizentes, conflitantes, etc. Mas não é assim a nossa imaginação, o nosso pensamento? Náo é tudo misturado mesmo? Nossos pensamentos parecem preemptivos e compartilhados. Folheei com atenção e curiosidade os livros de Arte. Realmente muito bonitos. As obras são fotografias autênticas, ou seja algumas tiradas pelo autor e outras reunidas e organizadas por ele diretamente de onde estavam expostas. O livro inicia com obras do século XIII. Para cada pintura o autor descreve as situações que as envolvem etc. Vou usá-los para decorar a minha sala e o meu quarto no futuro. Ficarão expostos, abertos ao acaso... Bem, mas o que me impressionou muitíssimo mesmo foi a Gabriela. Isso mesmo. O tal livro que veio como de brinde junto aos de Arte. Trata-se de uma prostituta que se tornou líder de todas as outras prostituas. Ela hoje deve ter uns 54 anos, mas na época em que escreveu o livro tinha 40. O livro foi editado em 1992. Devorei-o em 3 dias, dando descanso para o de Exegese.

(...) O Lula estava no palanque com o Gabeira, que fez questão que eu
falasse...
Não tive dúvida quando me deram a palavra. Contei a história,
dizendo mais ou menos assim: "Ao conhecer pessoalmente o cara que eu via de
longe falando em São Bernardo do Campo, como sindicalista, a sensação que
eu tive foi uma baita raiva porque ele me molhou de suor quando me abraçou. É
que isso me fazia lembrar dos homens na zona, no verão, e uma coisa que eu
detestava era quando eles iam transar com o corpo suado e ficavam pingando o
suor em cima de mim.
Senti que o povo se assustou um pouco, os
políticos mais ainda ( a não ser o Gabeira, que dava um sorrisinho
cúmplice), aí acrescentei: "Depois que a raiva passou, eu fiquei pensando.
Então, ele é um homem igual aos outros, porque ele também sua. É igual aos
homens que iam na zona e transavam comigo nas tardes de
verão."

Continua ela:

Quando desci do palanque, tinha um
monte de gente chorando, querendo me abraçar. Era gente comum, que eu nunca
havia visto na vida. Mas vieram também meus companheiros católicos do PT, (...),
esbravejando comigo, que aquilo não era discurso para se fazer em comício. (...)
Quando foi à noite, estava ainda bastante confusa, achando que no fundo tinha
feito mesmo algo errado. Envergonhada do meu discurso, fui à Churrascaria
Majórica, no centro de Friburgo.
Ainda na porta, o Lula me chamou meio de
lado, e me disse com aquele vozeirão rouco:
“Gabriela, eu queria fazer uma
perguntinha a você. Minha mulher sempre me disse para eu usar desodorante, mas
eu não gosto. Ela diz que eu transpiro demais e que meu suor fede. E hoje você
falou disso no seu discurso. Me fala com sinceridade, não precisa mentir: eu
estava fedendo muito naquele dia? Foi por isso que você ficou com
raiva?”

Imaginem que este livro foi escrito muito antes do Lula ganhar as eleições presidenciais.
O mais interessante do livro é uma coisa que ficou clara para mim. A Gabriela era prostituta e não queria deixar de sê-la. As pessoas e instituições que tentaram ajudá-la o faziam com a intenção de que ela deixasse a sua vida indigna. Ela sempre afirmou que gostava de ser prostituta e mesmo assim ser útil para a sociedade e para as outras pessoas que precisassem dela. Por aí vai o livro.

É uma visão realmente chocante. Confesso que me chocou também. São os nossos preconceitos que são revolucionados com situações que ela conta no livro. Achei bom ler este livro. De fato fez-me ver um pouco o outro lado da moeda, apesar de achar que existem formas de vida muito mais saudáveis e que nos fazem infinitamente mais felizes que a que ela optou, ou seja, a prostituição. A felicidade da família é algo inigualável.
Impossível não associar o estilo de vida de Gabriela com uma obra de Arte. Seria a Arte da Vida? Os lugares que ela freqüentou, as pessoas que ela conheceu em situações e momentos singulares parecem todos tons das tintas de uma palheta de aquarela. Eu aqui, lendo o seu livro e paralelamente pintando na imaginação um quadro!

No início achei Gabriela meio grosseira, mas a medida em que fui passando as páginas fui descobrindo uma erudição espontânea e, talvez, inconsciente. A erudição de Gabriela é especial por não permitir que a sua narrativa tome forma clássica e torne-se comum. Ela pincela, vez outra, doses de “grosseria” na linguagem coloquial que nos faz lembrar a sua origem e forma de vida. Isso é deliberado e me fascinou na leitura, pela sutileza e inteligência que ela demonstrou.

A Arte, pelo menos no meu ponto de vista, não tem de ser necessariamente materializada. Tem de ser sentida. Que seja por uma só pessoa, e isto, de alguma forma é uma característica da Arte, de nos dar a liberdade de subjetivamente vivê-la, experimentá-la. O livro de Gabriela fechado, é como uma partitura na estante. Lido, torna-se uma música executada, com todas as suas componentes, melodia, harmonia e ritmo. Ou seja, a sua Arte somente é sentida quando entramos em seu mundo, quando a ouvimos, quando nos chocamos com a sua firmeza em ser chamada de prostituta. Talvez pelo seu deboche da sociedade careta e hipócrita, como ela repetidamente declara.. Desesperadamente procuro referências nas formas de Arte existentes, como a música, a pintura, para decifrar Gabriela. Mas deveria? Ou seria a prostituição a própria Arte de Gabriela? Gabriela não é prostituta. Gabriela é artista! Não, com certeza, ela gritaria ao ler essa abominação à sua maneira de viver:

- Mais um idiota tentando me redimir para o seu mundo!

E assim segue Gabriela, pintando na vida a arte da prostituição, e com isto me chocando e fazendo-me mais sensível à Arte, a mãe de todas as Artes. A vida!.

Enfim, vou voltar para o meu livro de Exegese que por sua vez está também mexendo profundamente com a minha maneira de encarar o Cristianismo.

É a leitura, os livros, transformando-nos. Viva aos livros! Viva às pessoas!

Foto de Dirceu Marcelino

A VIDA É BELA

Não me digam que a vida não é bela!
Depende como as olhas de tua visão.
Emoldure com amor a tua janela
E olhe-a com mil rosas de paixão.

Veja-a como uma pintura de aquarela,
Deixe o perfume lhe dar excitação,
Traga a mulher de tua vida e nela
Pense e sinta-a como teu coração.

Adule-a e acaricie-a c’uma gazela
Faça-a sentir o gozo do tesão,
Que o enrijece e transmitas a ela,

Com carinho e muita devoção,
A força da tua e da vida dela
E deixe-a molhada de emoção.

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