Pesadelo

Foto de SANDRA FUENTES

ÚLTIMO ANDAR

Maquiava os olhos às cinco da manhã e ficava em seu quarto olhando para o espelho. Não havia traços do tempo em seu rosto, mas o coração, com rugas profundas, se fazia de desentendido. Fumava um cigarro que deixava pela metade. Olhava o mar pela janela do apartamento minúsculo e pensava em seus sonhos-pesadelos. Nem sempre é possível distinguir um do outro quando se dorme. As cores se confundem e os personagens mudam de cena durante um sono profundo. Mas a mulher vestida de segredo, tirava suas meias transparentes e caminhava descalça em direção à porta. Gostava quando ia sentindo nos pés o frio daquele piso do corredor pintado de verde. Sentava na escada e acendia mais um sonho, que deixava pela metade.Ela quer descer. Passa pelos degraus como fumaça. Em silêncio caminha até o portão. Desconhece aquele lugar. Sem olhar para trás, faz o caminho de volta. Pega a chave que estava sob o tapete. Surda-muda. Sonho-pesadelo. É lá seu lugar, é onde ela mora: no último andar, na última porta.

Sandra Fuentes

Foto de betimartins

Cai o pano no silêncio da noite

Cai o pano no silêncio da noite

Agora neste momento é exatamente vinte e três horas e vinte minutos, distraidamente, eu, olho o para a TV, escuto as vozes alegres, ali corre vida, ação e muita vida do faz de conta.
Faz de conta que eu sou tudo o que os outros são e não é assim, claro que a maior parte de nós, vivemos a vida do outro e nos desleixamos com a nossa própria vida, ou a deixamos correr para que os outros a possam viver por nós.
Estranhamente, senti bastante desconfortável, senti o silêncio mórbido entrar em mim, sacudi minha mente, abri-me para outros lugares, lugares onde ninguém acessa apenas eu e Deus.
Olhei meu monitor, teclado, as formas do meu quarto, paredes apenas e um quadro, que não parecia estar sozinho, mas olhando para mim, ali naquele momento, arrepiei pelo olhar que refletia dele, entrou na minha alma, deixou-me confortável e alegre.
Para muitos era apenas um quadro, um simples quadro, simbólico e decorativo, mas para mim representava algo imenso e sagrado, representava meu irmão Jesus.
Desligo a TV, abro uma janela do meu computador, olho apenas pensando que fazer naquele momento, respiro por momentos, bem fundo, mesmo bem fundo, inicia uma busca e apenas esta, deságua num site de meditação.
Eu adoro musica calma, que relaxa a minha mente e deixa em união com o Cosmo e com o Grande Arquiteto do Universo que é Deus de todas as coisas visíveis ou invisíveis. Seja até independente de religiões, mas sim do amor que deveremos ter por nós mesmos, pelos outros e por nosso amado Deus, se ele é exatamente uma parte de nós e nós a parte que completa a Deus.
Nós somos amor, sendo nós amor, não entendo a dor, a crueldade, aquele que mata, o que comete a violação sobre outro, o que engana e o que até cobiça o alheio. Não entendo a guerra, os políticos, o desrespeito contra a natureza e a falta de entendimento e começar por mim mesma.
Exatamente a minha falta de entendimento, talvez se deva a não procurar mais, as respostas, claro que dão muito trabalho, são pilhas de livros, dias, meses e anos de pesquisa, assim por diante e penso que já seremos bem velhinhos e estaremos a entender um pouco melhor, mas claro que com muita duvida normal do ser humano.
Nesta caminhada o que mais me doeu dentro de meu peito, foi à falta de fé, falta de entendimento pela vida, se eu neste momento morresse que medo teria que sentir? A dor que poderia o meu corpo sentir?
Aqueles, em que nada acreditam, apenas nasceram, viveram e morreram e estão certos da lei natural da vida terrena, mas devem ter um pânico terrível. Aqueles bichinhos afinal vão devorar o corpo ali sem vida e inerte, apenas mais um composto da natureza para adubar a mesma, mas não será mais um pesadelo?
Uns pesadelos da vida real, a vida terrena, aqui fazem, aqui recebes ou como disse Jesus daí a “Cesar o que é de Cesar”, claro que isto é para todas as nossas atitudes, julgamentos, condutas e até porque Deus é justo e não deixa para os outros colherem o que não é deles.
Podem não acreditar eu gostava ser Ateu, apenas acreditar que nasci, vivi e morri, era melhor que estar pensando em meus atos e atitudes. Diria que estaria livre para aprontar e fazer tudo o que desse na minha vontade, até fazer frente aqueles que me fizessem frente, transformar-los em escadas e subir.
Lá em cima, olharia com o meu nariz empinado e os sacuda ria, nos meus pensamentos, diria, eu cheguei aqui pelos meus próprios méritos. Engano meu, eu para chegar ali, humilhei, subjuguei e maltratei, ou seja, causei dor e lágrimas.
Refletindo na dor, que possa ter causado nas lágrimas que posso ter feito chorar, apenas fico pensando na vida e no que ela, tanto danos nos causa, por escolhas, por mágoas, procuras no nosso preenchimento da alma.
Assim fico a pensar que esta vida aqui é um teatro a três tempos, o primeiro tempo, apresenta-se a peça e seus atores e o que ela vai representar, segundo tempo a verdadeira historia da peça, enredos e protagonistas, terceiro tempo apenas é o tão esperado fim, o desejado final da peça e logo o pano se fecha.
Luzes se acendem, os espectadores eufóricos ou não, se levantam, ou talvez não, conforme a qualidade da mesma peça e batem palmas, elogiando-ª. Os que não conseguem representar bem a sua peça, apenas ficam sozinhos no palco e nem as luzes se acendem no final. Apenas o vazio, vazio e solidão, nada mais.
A vida é feita de momentos, apenas são esses belos momentos que levamos gravados na nossa alma, saibamos escrever nossa peça em amor. Só assim o nosso teatro, eleva e deixa-nos levantar e aplaudir a nós mesmos pelo belo desempenho vivido.
E agora vou dormir mais aliviada, embora saiba que ainda tenho muito a fazer, mas antes de dormir e como acredito em Meu Pai, Deus, não me vou deitar sem agradecer o fato de estar aqui escrevendo e vivendo este nosso momento “eu e ele”.
Boa noite e obrigado por estar aqui comigo.
A você também...

Foto de Marilene Anacleto

Abraço

Meu coração se parte
Ao perceber-te distante
Meu coração é tristeza
Ao contatar-te alheio.

A alma em pesadelo
O sorriso que não veio.

Não quero a vivência do abraço
Do coração pego a laço.

Quero a alegria que contempla
No abraço a vida plena
Quero o abraço de leão
Em que ambos ouçam o coração.

Marilene Anacleto

Foto de Diario de uma bruxa

ADORO FANTASIAR "Mundo de sonhos"

Condenada a um mundo de sonhos
A realidade já não faz mais sentido
Passo horas a viajar
Mergulho no mais profundo da minha mente
Lá me recolho me perco

Não tenho hora pra voltar
Nem quero voltar
Lá eu amo e sou amada
Quero e sou querida
Tenho tudo que desejo nesta vida

Sou mulher, sou amante sou namorada
Posso voar mergulhar
Amar e amar
Não preciso de mais nada

Crio minha própria historia
Não sofro não choro
Ao menos se for de alegria

Passo momentos únicos
Vividos por mim
Somente por mim.

Parece loucura
Pode-se dizer que sim

Viver fora da realidade
Não é normal
Mas nem todo mundo pode entrar neste mundo

Você tem que acreditar
E querer estar lá

Não viaje pela metade
Se entregue por inteiro
Senão sua vida pode se tornar
Um grande pesadelo.

Poema as Bruxas

Foto de Ana Vasques

Liberte-se

Não chore
Enxugue suas lagrimas
Vc está seguro aqui
Foi tudo um pesadelo
Volte a dormir
Vc tem outra chance
De transformar seu pesadelo em um sonho bom

Existe um lugar em que gosto de me esconder
E vc tem acesso livre a ele
Venha quando quiser
É um lugar onde você aprenderá
A encarar seus medos
E dominar os caprichos de sua mente

E onde quer que eu esteja
Estarei cuidando de você
Eu vou te ajudar até o fim
E te protegerei na noite
Porque vc sabe que tem o meu coração

As vezes se esconde de mim
Mas se abrir sua mente
Vais perceber que os muros que você construiu por dentro
Estão desmoronando e um novo mundo começará
Você pode se salvar da dor
Sua alma é livre para voar
Seu sonho está vivo e vc pode ir mais

E onde quer que eu esteja
Eu estarei sempre cuidando de você
Eu vou te ajudar até o fim
Eu te protegerei na noite
Porque vc sabe que tem o meu coração

Foto de Jamaveira

Ana...

Ana...

Sou o vento, és alento
Sou tempestade, és calmaria
Sou mar revolto, és porto seguro
Sou calor intenso, és brisa da manhã
Sou madrugada gelada, és gota de orvalho
Sou inverno, és primavera
Sou pesadelo, és sonho de amor
Sou o fim, és recomeço
Sou apaixonado, és minha outra metade.

Jamaveira®

Foto de raziasantos

Tudo é Possível ao que crer.

Quando cansada de navegar no mar da vida, solitária e sem rumo.
Deixei de sonhar, de acreditar no impossível.
Depois de navegar por mares, tempestuosos.
Atravessei desertos, e montanhas.
Passei por vales da dor, e atormentada pela saudade de minha própria vida.
Resolvi morar entre as rochas ali me reencontrei com Deus meu salvador.
Alcei a voz pelo deserto e clamei em alta voz.
Acordei do pesadelo e voltei a sonhar.

Descobri que o pesadelo acaba ao acordarmos, mas os sonhos renascem a cada amanhecer.
Então votei á viver, e creditar que tudo é possível...
Quando se crê num Deus poderoso e fiel.

Foto de Amy Cris

Adeus

Quando esse pesadelo terá um fim?
Não consigo nem ao menos respirar em paz
Sua presença me persegue como um fantasma
Por onde quer que eu vá
Sua imagem atormenta meus sonhos
Que já não eram bons
Se eu não suportar a dor que você me causa
E souber que a culpa é sua
O que irá fazer?
Talvez seja melhor não fazer nada
Se em breve eu morrer
E eu vou
Quero que deixe libertar-me de você
Sem sua interrupção
Já me basta ter tido uma vida desgastante
Com e sem você
Não preciso que atrapalhe meu descanso eterno também
se não há possibilidades de viver feliz ao seu lado
só me resta esperar
mais um pouco
E morrer
Pois não tenho medo de dormir para sempre
Adeus
Não digo que assim será melhor
Mas preciso partir
Não te peço que me acompanhe
Pelo contrário
Quero que viva bastante
Para que sofra mais que eu
E se achar que não tenho razão
Lembre-se que um dia
Você poderá estar em meu lugar
E ao cansar de chorar
Desejará morrer assim como eu
Para me sentir livre de você.

Foto de diny

o verde acabou

O VERDE ACABOU

Borboletas beijam-se amorosas
flores entreolham-se perdidas
idílio da vida formosa
enquanto pedras choram sentidas.

As folhas caem secas
o silêncio estremece
com o sonho em ruína
o verde acabou, mas não desatina
com o cinza que merece!

Então; tudo de todo escurece
ah o amor que fenece
amor? que amor?! 'ele' não existe!
quero gritar...estou triste!

Sem chão, sem verde, sem ar
quero chorar; não posso; não dá!
quero acordar desse pesadelo
ah eu só quero orquideas nos meus cabelos.

Mas resta só o desespero
e esta falta de verde
que nada preenche
ah torna-me ausente de tudo
que não fosse verde!

Mas o verde acabou
não há mais céu
quero chorar...
naõ há mais amor
só resta vazio...

D.S

Foto de MorumySawá

MINHAS VISITAS AO INFERNO

Já visitei o inferno em vida. Já entrei em suas câmaras horrendas diversas vezes. Em todas, padeci muito. Nada tem a ver com o "Hades" mencionado na bíblia e nos estudos teológicos que são dados por religiosos. Aquele que jaz embaixo da terra e começa depois da morte não me interessa aqui. O inferno que já conheci e que me machuca fica mesmo na terra dos viventes.
Já estive no inferno do engano. Há algum tempo debato com um cenário surreal e dantesco que aconteceu dentro de minha mente. Vomito e sujeira, mau cheiro e loucura atolava meu filho no submundo dos tóxicos. Ali não existem humanos, apenas carcaças ambulantes. Sempre que tenho este pesadelo desejo dormir profundamente só para fugir do que testemunhei imaginando no futuro um cenário tão real que aflige não só a minha mente, mas, também a minha alma. Vivo a me perguntar por que os jovens se revoltam contra o sistema a sua volta. Tentam ser livres e acabam criando uma masmorra para si mesmo. Constroem o inferno com suas próprias mãos.

Sempre que desperto deste pesadelo um Lago de Enxofre permeia o mundo em que existo. Cada um dos jovens perdidos neste mundo tem uma mãe e um pai. Pais que choram como eu. Choram por não saber como apagar as labaredas medonhas que teimam em alcança-los.
Já estive no inferno da culpa. Hoje sei que nenhum tormento provoca maior dor que a culpa. Qualquer mulher culpada sabe o tamanho de sua opressão. Qualquer homem culpado fala que os ossos derretem com uma consciência pesada. Culpa é ácido que corrói. A culpa avisa que o passado não pode ser revisitado. Assim as pessoas se submetem a carrascos internos e esperam redenção através de açoites. A dor da culpa lateja como um nervo exposto.

Os culpados procuram dissimular o sofrimento com ativismos, divertimentos e prazer, omissão e loucura. Mas a culpa não cede; persegue, persegue, até aniquilar a iniciativa, a criatividade e a esperança. Recordo quando no final de uma reunião, uma mulher me procurou pedindo ajuda. Seu marido se suicidara de forma violenta. Mas antes, ele procurou vingar-se. Deixou uma nota responsabilizando a mulher pelo gesto trágico. Diante da tragédia, aquela pobre mulher, desorientada e aflita, não sabia como sair do cárcere que o marido meticulosamente construíra.

Já estive no inferno da maldade. Conheci homens nefastos, mulheres perdidas em sentimentos da inveja. Sentei-me na roda de escarnecedores. Frequentei sessões onde o martelo inclemente da religião espicaçou inocentes. Vi pastores alçando o voo dos abutres. Semelhante às tragédias shakespearianas eu própria senti o punhal da traição rasgar as minhas vísceras. Fui golpeada por suspeitas e boatos. Com o nome jogado aos quatro cantos, minha vida foi chafurdada como lavagem de porco. Senti o ardor do inferno quando tomei conhecimento da trama que visava implodir o trabalho que consumiu meus melhores anos de ministério. E eu sem saber como reagir.

Portanto, quando me perguntam se acredito no inferno, respondo que não, não acredito, eu o conheço! Sei que existe. Eu o vejo ao meu redor. Inferno é a sorte de crianças que vivem nos lixões brasileiros em meio às drogas. Inferno é a negligencia de pessoas que se acomodam em seu mundo particular e que se danem os que estão lá fora. Inferno é o corredor do hospital público na periferia de Brasília e em outros estados brasileiros. Inferno é a vida de meninas que os pais venderam para a prostituição. Inferno é a luta que meu filho enfrenta todos os dias quando acorda dizendo que não vai mais ser escravo do vicio.

Um dia, aceitei lutar contra esses infernos que me rodeiam, assustam e afrontam. Ensinei e continuo a ensinar que Deus interpela homens e mulheres para que lutem contra suas labaredas. E passados tantos anos, a minha resposta continua a mesma: “Eis-me aqui, envia-me a mim”. Acordo todos os dias pensando em acabar com os infernos. Gasto a minha vida para devolver esperança aos culpados; oferecer o ombro aos que tentam se reconstruir; usar o dom da oratória para que os discriminados se considerem dignos. Luto para transformar a minha escrita em semente que germina bondade em pessoas gripadas de ódio. Dedico-me porque quero invocar o testemunho da história e mostrar aos mansos que só eles herdarão a terra onde paz e justiça um dia se beijará.

Cleusa de Souza Klein

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