Pesadelo

Foto de Runa

7º Concurso Literário - No silêncio do teu corpo adormecido

É quando dormes,
no silêncio arrefecido das tuas noites profundas,
que desperta em mim
o esplendor amadurecido do teu rosto.
Envolto no musgo inocente dessa juventude gasta
bebo os resíduos palpitantes da tua respiração,
atravessando as colinas do teu corpo retalhado,
onde revejo as encruzilhadas que cruzámos,
de mão dada,
contornando o vazio dos abismos
e fugindo às armadilhas traiçoeiras do deserto,
de oásis em oásis,
onde nos deitávamos à sombra do veneno dos dias.

Tão perto e tão longe te acho agora,
mergulhada nas margens de um rio cansado,
fechada numa concha obscura
no mais fundo que há em ti,
onde em silêncio digeres
lágrimas antigas que não derramaste.

Dormes.
Olhos pousados no espanto do infinito,
vagando na glória indefinida de um sonho,
construindo mundos atrás de uma porta entreaberta
onde buscas o equilíbrio
perdido no pesadelo escarlate das horas.
Moves-te, sem gestos,
num arfar sereno e perfumado,
pequenos gemidos que crescem no sono,
numa litania que te embala o corpo
e sobressalta a inocência da tua nudez
debruçada sobre as asas da madrugada.

Quase nada sei de ti.
Dos segredos que ocultas nos labirintos do peito,
e que são só teus,
apenas vislumbro rumores desvanecidos
ecoando nos espelhos da ventania
que agitam, ao de leve, a tua sombra suspensa.
Embora tenha penetrado vezes sem conta
os abismos profundos do teu corpo,
em lentas e repetidas viagens
saciando o fogo de estranhos desejos,
e plantado, na luz suave do teu ventre,
as sementes que nos hão-de perpetuar,
quase nada sei de ti.

No silêncio do quarto povoado de velhas imagens,
permaneço, acordado a teu lado,
a soletrar as batidas do teu nome,
num sussurro que invade a noite demorada
tecendo um rosário de eternas lembranças,
à espera que o sol se levante no horizonte
para vir saudar as núpcias do teu despertar.

Foto de Deni Píàia

O dia em que Deus acordou inspirado

Houve sim um dia em que Deus acordou inspirado. Tudo bem que Deus está sempre inspirado; como seria se não fosse assim? Mas naquele dia foi diferente. Ele estava realmente muito inspirado. Sentiu uma vontade imensa de fazer algo novo, grandioso, sensacional. Até parecia que não havia sido assim o tempo todo. Mas Ele queria algo para não passar em branco pela terra, pelo universo, pelos homens. Afinal, estava num bom humor incontido. Discreto, mas incontido.
Pensou numa grande obra, talvez numa montanha maravilhosa que pudesse ser vista por todos, com flores e árvores exuberantes, com uma simetria perfeita, de forma que nenhum gênio da pintura encontrasse qualquer defeito, por menor que fosse, mas...
-Não... Certamente isso já foi feito em algum canto esquecido do tempo, antes de ser destruído em busca de minérios ou pela expansão imobiliária.
Quem sabe um mar quebrando calmamente numa ilha...
-Não, já fiz tanto disso por aí! –lembrou Ele.
E um céu todinho azul, passando para o carmim lá no horizonte, enquanto o sol...
– Besteira, isso acontece todos os dias e ninguém dá a menor atenção. Ô gente desatenta... –murmurou. – Pra reparar nos outros e nos “defeitos” do que eu faço todo mundo tem tempo.
Já sei! –animou-se. –Um ser humano perfeito, sem qualquer traço de egoísmo, sem... Peraí, pô! Isso eu to cansado de fazer! As pessoas já nascem todas, de certa forma, perfeitas, até mesmo aquelas que se julgam deficientes. A verdadeira imperfeição vem depois, com essa educação viciada, impensada, preguiçosa. E aí já não é comigo. Ainda bem que inventei o livre arbítrio pra ninguém reclamar.
Achou graça da situação e deu uma sonora gargalhada, logo abafada por alvas mãos.
Afinal, Deus não poderia sair gargalhando por aí. Já pensou como se sentiriam aqueles que acreditam num Deus severo e vingativo? Seria uma grande decepção para eles. Possivelmente até pensariam se tratar de um impostor. Onde já se viu um Deus que ri e se diverte –exclamariam. Não, não pode. Deus é perfeito. Como se demonstrar felicidade fosse um grande pecado. Talvez os artistas tenham a maior culpa por esse pensamento. Alguém aí já viu um santo, um Cristo ou até mesmo um Deus retratado com expressão alegre? Dá a impressão que todos eles apenas sofreram durante todos os seus dias, sem nenhum momento de alegria, de satisfação pela vida. Talvez seja por isso que muita gente tenha até um certo medo de ser bom. Parece que para ser boa a pessoa tem que sofrer, que é impossível ser bom sem sofrimento, sem dor, sem humilhação. Olhe para as expressões dos santos e veja se não é verdade.
Mas voltando ao Deus inspirado, lá estava ele pensando com seus botões, que não eram poucos naquele roupão alvo e longo. Sem conseguir se definir por algo que O contentasse, batia compassadamente com a régua sobre a escrivaninha, concentrando-se em pensamentos vagos, entrando num estado de semicochilo profundamente agradável. Talvez reflexo do cansaço. Afinal, com tanta gente querendo se retratar o trabalho era quase ininterrupto. –Ainda bem... –pensou.
Pouco tempo depois o cochilo de Deus virou um pesado sono. Roncando e babando sobre o braço, debruçado em sua escrivaninha, tirava o sono dos anjos. E com isso o mundo entrou em estado de graça. Por alguns instantes a natureza silenciou, os mares se acalmaram, tempestades deram pausa, vulcões, furacões, ciclones, tudo experimentou uma calma nunca vista. Só os homens, sua mais perfeita criação, não deram a menor importância ao momento, enquanto a vida celebrava a inspiração divina. E foi nesse clima celestial que Deus teve um sonho. Não um pesadelo, não um sonho desconexo, mas um sonho que respondeu aos seus anseios e, finalmente, num brado de alegria despertou.
-Agora sim! Gritou enquanto enxugava a baba nas longas e largas mangas do roupão. –Finalmente encontrei a resposta! Agora sim vou fazer algo grandioso para ficar na primeira página de meu portifólio.
Sem notar a natureza que voltava ao seu ritmo normal, empolgado pela inspiração que lhe foi concedida em sonho, o Criador colocou mãos à obra imediatamente, dando o melhor de Si na sua mais nova e perfeita criação. E assim Deus começou, inspirada e lentamente, a elaborar cada um dos meus amigos.

Foto de evertonvidals

Perdido nos erros

perdido nos meus erros
desencontrado em meus passos
Na canção do silêncio
de onde eu me desprendo
Tentando encontrar
Sem saber onde procurar
E quando encontro
Eu vejo que não é meu
Algo mais real, que o chão em que piso
Se fez irreal e desapareçeu
E ai eu percebo, que nada disso me pertence
E tudo o que eu queria ver, se foi antes que começasse
No início só existe o facínio
No decorrer, aparece o sofrer
E no fim ?
Enfim ...
No fim só existe o fim.
Amargo, solitário e perverso
Uma senssação indescritível neste verso
Frase que se emudecem
Verbos que entalam
Num grito reprimido
Na respiração que para
Caindo na mesma armadilha
Até então desarmada
Tudo fica frio
Até o ar congela
Com os olhos fixos
numa história passada
Sem saber do encerramento eu continuo
Somente eu e meus lamentos
Solitário sigo meu rumo
Desejando que não passe de um sonho
Um terrível pesadelo.
Caindo na tentação
repetindo os mesmos erros.
Por que é tão difícil ?
Por que é tão complicado ?
Por que dói tanto ?
Saber que já foi amado
E posto isso de lado

Autor: Everton Vidal

Foto de KAUE DUARTE

Amor... sempre será real...nem a morte pode te vencer

Ontem...
Na melodia de sua vóz
Compus meus desejos
No ritimo de suas palavras
Decifrei os sentimentos
Na constancia de seus batimentos
Soluçei de saudade
Pensando na sua falta
Chorei...
E com as lagrimas modelei o futuro
Como massinha em minhas mãos
Desenhei o seu rosto
E lembrei dos momentos
Flagelei os flagélos
De tudo o que foi dor
Pra lembrar do seu sorriso
Que na massinha não consigo modelar
Em seus olhos transpareciam
Nascer e por do sol
Não existia cinza
Pra uma vida colorida por suas atitudes
Não faleçe a lembrança que traz paz
É nascente de amor
De uma alma esperançosa
Que sabe.....
Que tudo foi verdade
Menos o fim
Vivo sonhando acordado
Pois sem sua presença em minha memória
Tudo é pesadelo
Você é a estrela da minha manha
Olhando pra ti.... plantei sonhos
Colhi amor......... esperei futuro
Senti o presente
Seu calor por entre meus braços
Entre beijos e abraços
Era real......... sempre será
Pois nem a morte vence o amor.......

..........kaue jessé.....03.01.2011 //*

Foto de eliberto vilela

Lágrimas

Perguntastes se sofro por ti
Que verdade queres saber
Que adianta dizer que sim
Ou esconder dizendo que não
Mudaria alguma coisa?
Claro que sofro e muito
E choro lágrimas pesadas
Sinto tua ausencia
Sinto a distancia entre nós
Aí vem as lágrimas
As mais pesadas
Me engano escrevendo
Me distraio desenhando
Vou vivendo, suportando
E um pesadelo
Sempre vem em mim
Tu passando bem longe
Tento chegar e não consigo
E as lágrimas pesadas
Pesam mais que suporto
E vejo tu sumindo
Não te vejo mais
As lágrimas pesadas
Não permitem.

Foto de Grama Pereira

correção

? Solidão
“Noites mal dormidas, sonhos e ilusão:
Amor não resolvido, história de paixão.
Dores, está é a vida de porta profeta.
Mal sonhei contigo e me encontrei sem abrigo.
Amor: Segurança, tristeza, proeza;
De ter nascido da vontade de Deus.
Quando olhei a terra observei as guerras,
Disse ao anjo bendito: Esta não é a vontade de Deus.
Seres mesquinhos, pobrezinhos e eu aqui sonhando só.
Não eu quero acordar deste pesadelo profano,
Pois houve um engano, não é aqui o meu lugar.
Quero curar as feridas e sonhar com a vida.
Amar a ti, amar a mim, que amor profundo;
Que por um segundo o tive ou foi sonhar.
Se fostes sonho, ó pai não deixe a solidão;
Conta de mim tomar, me ensina a amar.
Pois fizeste-me ser perfeito e eu sem jeito
Não conta da solidão, deixe que a paixão viesse me ninar
Sofro por engano pois fui profano e não aprendi a acordar...”

Foto de Grama Pereira

solidão

? Solidão
“Noites mal doridas, sonhos e ilusão:
Amor não resolvido, história de paixão.
Dores, está é a vida de porta profeta.
Mal sonhei contigo e me encontrei sem abrigo.
Amor: Segurança, tristeza, proeza;
De ter nascido da vontade de Deus.
Quando olhei a terra observei as guerras,
Disse ao anjo bendito: Esta não é a vontade de Deus.
Seres mesquinhos, pobrezinhos e eu aqui sonhando só.
Não eu quero acordar deste pesadelo profano,
Pois houve um engano, não é aqui o meu lugar.
Quero curar as feridas e sonhar com a vida.
Amar a ti, amar a mim, que amor profundo;
Que por um segundo o tive ou foi sonhar.
Se fostes sonho, ó pai não deixe a solidão;
Conta de mim tomar, me ensina a amar.
Pois fizeste-me ser perfeito e eu sem jeito
Não conta da solidão, deixe que a paixão viesse me ninar
Sofro por engano pois fui profano e não aprendi a acordar...”

Foto de Grama Pereira

sonhos de solidão

? Solidão
“Noites mal doridas, sonhos e ilusão:
Amor não resolvido, história de paixão.
Dores, está é a vida de poeta profeta.
Mal sonhei contigo e me encontrei sem abrigo.
Amor: Segurança, tristeza, proeza;
De ter nascido da vontade de Deus.
Quando olhei a terra observei as guerras,
Disse ao anjo bendito: Esta não é a vontade de Deus.
Seres mesquinhos, pobrezinhos e eu aqui sonhando só.
Não eu quero acordar deste pesadelo profano,
Pois houve um engano, não é aqui o meu lugar.
Quero curar as feridas e sonhar com a vida.
Amar a ti, amar a mim, que amor profundo;
Que por um segundo o tive ou foi sonhar.
Se fostes sonho, ó pai não deixe a solidão;
Conta de mim tomar, me ensina a amar.
Pois fizeste-me ser perfeito e eu sem jeito
Não conta da solidão, deixe que a paixão viesse me ninar
Sofro por engano pois fui profano e não aprendi a acordar...”

Foto de Miss Lamexinhas

Adoro Voar

Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por esconde-lo.
Já segurei nas mãos de medo por alguém, já tive tanto medo, ao ponto de minhas mãos nem sentir.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir os olhos fechar.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer desaparecer.
Já menti e me arrependi depois, já falei uma verdade E também me arrependi.
Já fingi não dar Importância As pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já parti pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando Deveria calar, já calei quando gritar deveria.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar uma esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com uma realidade ... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai Inúmeras vezes achando que não me iria levantar, já me levantei Inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria Apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram ... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e Serão especiais para mim.
Não me dêem Certas fórmulas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir o meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem um ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!

Foto de Eddy Firmino

O momento que precede o fim

Primeiro houve o silêncio
Um enigma sem fim
Depois um estranho olhar
Diferente do costumeiro
As palavras quase não saíram
Uma dor senti no meu peito
Parecia um pesadelo
E eu queria acordar
Logo as lágrimas rolaram
Não conseguia entender
Mas acabou...
Tão singelo quanto começou

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