Pés

Foto de Rafael pereira de souza

Meu grande amor nunca esquecido!!!

Sempre soube terminar os poemas que falam de saudade, de amores finitos, mas nunca começá-los, pois o início  tem gosto de ausência, tem cheiro de perda, tem peso de outrora. Amores passados, perdidos, partidos, apenas convidam ao silêncio, e a confissão, e a solidão, florescem implacáveis na ponta da língua, como brados, como adagas, e então, ao pretender o afago, apenas desenho um lamento profundo, e ao tentar esquecer o inesquecível implanto as lembranças na retina da memória, que dói como se fosse o dia da partida e não a hora das reminiscências.
Mas, sim: aprendi a dizer que não te esqueço; que o eco dos teus pés - que já foram o meu chão - retumba a cada passo que caminho nesta doce amargura escandinava, escondido entre ruivissímos cabelos e branquíssimas mentiras.
Revejo os instantes e vejo que o tempo, a destempo, ensina a dizer que te amo, que te lembro quando é tarde, quando a noite do tempo deitou-se para sempre entre nós, como  água sem barco, como  margens sem rio como um dia sem horas.
Difícil começar a dizer da saudade que sofro, da angústia que vivo, da dor que me ataca, da culpa que sinto, que não é vã, mas justa: mea culpa, mea máxima culpa.
E os minutos, esses que teimam em ficar horas a lembrar-te; e as horas, que ficam dias teimando em reviver os instantes que não voltam, apenas desamarram as palavras que impunes e sem medo se escrevem letra a letra lapidando um pedido de socorro, rabiscando um retorno ao passado, esculpindo um desejo de futuro, conquistando uma chance de ventura.
Sim, não nego: quis construir uma ponte de amor, um dizer de saudade, um grito de esperança, um pedido de clemência.
Nem mais, nem menos, nem muito ou pouco, nem tarde ou nunca: um tudo ou nada.
Sim, um poema de amor manchado de saudade, pintado em cor remorso, é o que tento iniciar e não consigo,
pois dizendo que sim, que te amo e não te esqueço, não começo, mas termino.
E isso faço, começo terminando com um resto de esperança, que é o fim de todos os princípios, e repito, como um disco, que te amo, que te amo, e que deixar-te foi tão duro como te saber distante. E termino começando, pronunciando o teu nome, o que até agora apenas me atrevia: vivendo de amor, e não morrendo, suando de ternura e não de angústia gritando de esperança e não de raiva, é como digo que te amo, minha Kleice nunca esquecida!

Foto de Alziraventania

Meu amigo que voa

MEU AMIGO QUE VOA

O homem amoroso e sonhador, possui asas invisíveis e poderosas, capazes de levá-lo a mundos distantes e desconhecidos, sem precisar tirar os pés do chão. Voar, é para ele um simples exercício mental, que alimentado pela sua assumida e refinada sensibilidade, o faz livre no campo das idéias. Seu espírito atento e analítico plana leve no universo feminino. Com vôos rasantes e acrobáticos mergulha fundo nas almas das Marias, de onde emerge como um atleta dedicado, trazendo verdades pretas e brancas, do Ser dual que somos todos nós.
Meu amigo que voa, é um artista, um poeta. É forte e frágil, sábio e errante, mestre e aprendiz. Por algumas vezes, tive a sorte de pegar carona nas suas incríveis viagens, de onde voltei com vontade de ser uma pessoa melhor, para poder corresponder à generosa imagem que ele faz de mim.
Meu amigo alado é um mágico, um filósofo, um pensador, um grande ser humano.

Abril, 2005

Foto de misteriosa

Eu e tu...

Amando o vento, olho o horizonte e vejo a minha felicidade esvoaçando ...na tua imagem.
Hoje sou o que resta de uma ilusão perdida no Passado e Futuro.
De uma ambição desmedida de liberdade, onde me perdi...á procura.
Estou presa nas correntes do momento.
Das horas ...minutos e segundos ,a cor esmoreceu de esperança a simples tentativa de breve felicidade.
Ás vezes esqueço quem sou, talvez uma ave que perdida de tanto voar perdeu as asas.
Meto os pés na areia , pequenos grãos minúsculos se perdem entre a minha pele ,
Enterro-me na sede de saber...
Onde estás tu... Oh vida.... Que me abandonas!
Vivo...Morro .
Talvez um dia eu descubra o teu paradeiro insensatez , e seja feliz nos braços da loucura vã.
Que por ser cega eu não veja o quanto estou cansada de procurar.
Essa vida ...
Eu, a que procura.

Foto de Siamesa

Folhas de Rosa ( Florbela Espanca )

Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol,
Eu vou falar com elas em segredo...

E falo-lhes d'amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente...
Pouco a pouco o perfume de outrora
Flutua em volta delas, docemente...

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m'embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que refletia outrora tantos risos,
E agora reflete apenas pranto,

E o colar de pedras preciosas,
De lágrimas e estrelas constelado,
Resumem em seus brilhos o que tenho
De vago e de feliz no meu passado...

Mas de todas as prendas, a mais rara,
Aquela que mais fala à fantasia,
São as folhas daquela rosa branca
Que a meus pés desfolhaste, aquele dia...

Foto de Allix

Saudade

O vento que por mim passa,
Leva consigo meu pensamento,
Leva este amor que me abraça,
Até voce que é meu tormento...
Leva o amor que me consome,
A saudade que me arrebata,
O sussurro do seu nome
Que minh'alma quase mata!
Quem me dera ir com o vento,
E com a força deste imenso amor,
Penetrar teu pensamento,
E te fazer sentir minha dor...
Mas sou tão pequena a teus pés,
Que me olhas sem me ver,
Não vê que te amo pelo que és,
E não pelo que gostarias de ser!
Eu só queria estar em teus braços,
E junto à voce adormecer,
Seguir sempre teus passos,
e só pelo teu amor morrer!

Foto de poeta_maldito

A LÂMINA DA MORTE

A primeira vez que a lâmina da morte passou pela minha vida,
caíram – me por terra a coroa do império, o cetro do orgulho,
o castelo da vaidade.
E fui ficando mais leve do enorme peso da vida.

A segunda vez que a lâmina da morte passou pela minha vida,
cortou – me os braços e todo o apego fugiu – me por entre os
dedos.
E fui ficando mais livre do enorme peso de existir.

A terceira vez que a lâmina da morte passou pela minha vida,
cortou – me as pernas e aprendi a caminhar com os próprios
passos.
E fui ficando mais livre do eterno peso de existir.

A quarta vez que a lâmina da morte passou pela minha vida,
rasgou - me o horizonte do coração e todas as estrelas do
futuro caíram – me aos pés.
E fui ficando mais solto do pesado fardo de ser.

A quinta vez que a morte passou pela minha vida, já estava
podado de quase todos os excessos do ego.
Separado o espesso do sutil, reduzido à essência do ser.
E fui ficando mais leve do aéreo peso da vida.

A ultima vez que a lâmina da morte passou pela minha vida,
decepou - me o pescoço e a esperança.
Minha cabeça rolou pelos campos de toda memória.
Estava livre de todo o excesso da matéria e comecei a viver.

Ariadine te amo, para sempre.

Foto de Raoni

Como eu te amo (Raoni)

Esta oculta paixão, que mal suspeitas

Que não vê, não supõe

De mim não saberás como te adoro

Não te direi jamais

Se te amo, e como, e a quanto extremo chega

Esta paixão voraz !



Se andas sou o eco dos teus passos

Da tua voz, se falas;

O murmúrio saudoso que responde

Ao suspiro que exalas.

No odor dos teus perfumes te procuro,

Tuas pegadas sigo;

Velo teus dias, te acompanho sempre,

E não me vê contigo !

Oculto e ignorado me desvelo

Por ti que não me vês

Aliso o teu caminho, esparjo flores,

Onde pisam teus pés

Mesmo lendo estes versos que me inspira

Não pensará em mim

Imagine se puder, por meus lábios

Não te dirão jamais !

Sim, eu te amo; porém nunca

Saberás do meu amor

A minha canção singela

Traiçoeira não revela

O prémio santo que anela

O sofrer do trovador

Sim, eu te amo; porém nunca

Dos lábios meus saberás,

Que é fundo como a desgraça

Que o pranto não adelgaça,

Leve, qual sombra que passa,

Ou como um sonho fugaz !

Aos meu lábios, aos meus olhos

Do silêncio imponho a lei

Mas lá onde a dor se esquece,

Onde a luz nunca falece,

Onde o prazer sempre cresce,

Lá saberás se te amei !

Raoni

Foto de hanjo

O que fazer...(Hugo Christiano)



Uma reflexão sobre o amor.

Como pode uma coisa ser tão extremista quanto a paixão? Em um momento você se sente hipnotizado, diz coisas bonitas, que saem realmente do seu coração. Em outros sente que se comportou como um típico idiota. Não consegue comer, não consegue dormir, porém sente-se tão fraco que a cama se torna sua companhia. O que ontem te fazia divertir, o que te trazia conforto e o que não era importante, são as coisas que não te atraem, que te traz dor e que se tornaram sua vida. De uma hora para outra você se torna um vegetal, sem consciência da realidade, imóvel, viajando a mil lugares, imaginando mil situações, e pensando em uma só pessoa. Se pelo menos soubéssemos o que fazer, e como fazer. O cérebro cultiva um misto de auto-estima com insegurança verdadeiramente infernal. O que se passa pela mente dela? Será que em um ínfimo lugar nos seus pensamentos destina-se a mim? Será que ao menos sente um milionésimo do que há em um milionésimo do meu coração? Ah certamente que não, seria sentimento demais, suficiente para trazer lúcifer de volta a Deus, ou fazer com que este desça para beijar seu anjo outrora mais amado. Minha cabeça roda, roda, roda, e não consegue sequer saber o que expressar quando na presença dela. Quanto mais saber como ter a presença dela... É como se sentir um desarmador de bombas, um pequeno erro e tudo pode ir por água abaixo. E como eu erro, se pudesse refazer minhas palavras mil vezes, ainda acharia que a estupidez estaria do meu lado. Eis que surge em sua frente a solução. Veja-a ao seu lado, linda, efêmera, com os olhos de estrelas e o brilho do luar. Veja-a com sua pele de veludo, seu toque de pluma e jeito encantador. Veja-a com seu beijo que traz luz e salvação, traz esperança e principalmente amor. Veja-a e seus pensamentos se tornarão tão claros quanto a teoria da gravidade, você cairá de amor. A sua vida vai finalmente parecer ter um sentido, uma finalidade, a esperança inunda as expectativas de seus dias tristes, e a felicidade a comemoração de dias alegres. Mas por que eu escrevo isso? Por que não posso falar, ou não consigo. Como numa jogada de xadrez você não mais sente nada do mundo externo, suas emoções se interiorizam e se ganham uma magnitude fora de seu controle. Meu sistema nervoso é incontrolável perto dela. Suas mãos, seus pés, perdem seus lugares característicos. Meus olhos dizem o que não ouso dizer, e minha boca somente pronuncia palavras desgarradas sem sentido, e sem essa carta, não conseguiria me expressar. Amanhã? O amanhã a ela pertence, amanhã eu posso estar curado, ou em estado terminal, dessa doença que se chama amor. Mas convenhamos, como eu queria morrer de amor...

Hugo Christiano

Foto de LEOANDRADE

Universo (Leonardo Andrade)

Cada vez que a ouço, todo nosso passado retorna, como se você jamais houvesse se ausentado, apagando tudo que aconteceu desde que você se foi até aqui.

O seu perfume preenche o ar e o desejo corre como louco pela veias incendiando meu corpo e querendo romper seus limites para desaguar no seu coração.

Quando nossos olhos se encontram há um perfeito himeneu, nem sei mais onde começa você e onde termino eu.



O amor vence distâncias, rompe barreiras, afoga mágoas e enlouquece a razão.

Aqui estamos nós, sós, num Dèja Vu eterno e cíclico, como as ondas que nos assolam, balançam e depois sôfregas lambem nossos pés e acumulam a areia molhada que nos sustenta.

Aqui não há razão, a emoção é a base do nosso universo composto de camadas e camadas de amor, do nosso amor e suas derivações.

Se existiram erros , eles desapareceram engolidos pela fome desenfreada de nossas bocas, ávidas uma da outra.

Nada mais é real além de nós dois, obrigados a viver num mundo de marionetes funcionais e situações fictícias, somos meros tintereiros que não precisam de platéia.

Meu Universo é você.

Seu corpo é meu continente, onde vivo, morro e renasço em noites infinitas de amor.

Sua alma, o oceano onde mergulho cada vez mais fundo desvendando e me encantando com deliciosos segredos e preciosidades abissais.

Sua boca, louca, minha fonte de água e desejo onde mato minha sede e sorvo meu prazer.

Sem você, sou apenas um corpo solto no espaço, sem vida, destinado a vagar num caminho escuro, num caos eterno.

O passado desaparece para sempre ofuscado pelo brilho ímpar da felicidade esmeralda de seus olhos.

Em breve astrônomos descobrirão uma nova constelação , formada pela união de dois planetas que colidiram e se tornaram um, em formato de diamente, perfeito e inquebrável.

Mais um segredo indecifrável do Universo ...

Leonardo Andrade

Foto de NorthMan

Toda-Boa (NorthMan)

Menina linda que não posso querer

porque a conduta esperada

me corta as asas da mente

e me contento

com a tua presença.



Toda-boa, toda perfeita

nariz e boca, cabelo e pescoço

mãos e seios, barriga e costas

bum-bum e pernas, ah, o perfume!

Teu cheiro e a idéia do cheiro

do esforço e do movimento

ofegante e multi-ritmado.

Melhor eu parar por aqui

antes de passar os pés pelas mãos!

Menina, és linda e perfeita em teus contornos.

Sou louco e hipnotizado pelo teu sorriso.

E meu sonho é impossível e calculável.

Mas, se eu tivesse tu em meus braços

os abraços e beijos e todas as carícias

iriam sobrepujar as vozes dissonantes

e os nossos ais não seriam lamentos

mas suspiros sussurrados em nossos ungüentos.

NorthMan

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