Peões

Foto de Allan Dayvidson

SOU O GAROTO DOS RECORTES

"Não importa quanto eu amadureça, serei sempre o garoto dos recortes comentendo erros por aí..."

SOU GAROTO DOS RECORTES
Por Allan Dayvidson

Não sou do tipo que simplifica,
Sou o garoto dos recortes.
Meus atos não necessariamente se justificam,
Sou o garoto dos recortes.
Sou uma espécie de sábio que erra feio,
e que, às vezes, na ladeira, perde o freio.
Sou só um pobre garoto,
o garoto dos recortes.

Tenho uma incorrigível queda por problemas.
Sou o garoto dos recortes.
Continuo a não ter modos ao escrever poemas.
Sou o garoto dos recortes.
O “Sr Insegurança”, patologicamente nunca pronto,
mas as conseqüências disso pago sem desconto.
Sou só um pobre garoto,
o garoto dos recortes.

Só mais um dos fracassados dessa cidade,
Sou o garoto dos recortes.
Um jovem destinado a crise de meia idade,
Sou o garoto dos recortes.
Tenho um coração partido cheio de munição,
e um vocabulário atrevido como uma arma na mão.
Sou só um pobre garoto,
o garoto dos recortes.

Sou meus óculos e minhas opiniões;
Sou minha desordem do rei aos peões;
Sou minhas regras sem nenhum sentido;
Um insensível juiz quando estou mais ferido.

Nunca fui do tipo que simplifica.
Sou o garoto dos recortes.
Meus atos não obrigatoriamente se justificam.
Sou o garoto dos recortes.
Tenho um coração partido cheio de munição,
e um discurso malcriado como uma arma na mão.
Sou um cara de pouca sorte,
um velho ranzinza e torto,
mas sempre o pobre garoto,
o garoto dos recortes.

Foto de Osmar Fernandes

Tudo passa

Eu morava sozinho na casa grande da fazenda.
Já namorava a mesma garota há mais de quatro anos.
Durante o dia trabalhava e à noite estudava.
A Dona Júlia cozinhava tudo no fogão a lenha.
Eu era um jovem de mil planos.
Arrancava suspiros das estudantes na estrada.

Certo dia resolvi roubar a minha namorada.
Eu a levei pra casa da fazenda e a tranquei no quarto.
Falei para os peões ficarem atentos.
Foi longa e linda aquela madrugada.
Quando meu pai chegou, estava acordado.
A minha mãe gritou, esbravejou, o clima ficou tenso...

Eu não me separei dela, era muita paixão.
Marquei o casamento, mas, ela ficou comigo.
Tudo isso aconteceu e esse fato foi histórico.
Quatro filhos, vinte anos, depois veio a separação...
Hoje temos três netos e somos grandes amigos.
A vida é uma novela, onde tudo passa e é meteórico.

Foto de Joaninhavoa

Onde está a fé.

*
Onde está a fé.
*

Quem nasceu para servir como camelos,
Quem foi que comprou, por uns tostões
Corpos feitos escravos! De maltratos
Já marcados sem branduras de peões.

Vidas que são fios de novelos sem fim,
Aos caprichos de quem pensa ter o império;
Almas que sofrem desesperadas e por fim,
resignam-se com a cabeça a prémio.

Não lutam contra o destino! Vencidas
Não há lugar p`rós sonhos de criança,
De sorrisos inocentes, desfolhando pétalas

Das flores do jardim encantado! Onde está a fé
Se até profetas tinham camelos e mulheres
E sabe-se lá mais pr`além de malmequeres!

Joaninhavoa
(helenafarias)
04/06/2009

Foto de Clemilson Resende Santana

O Filho Imaginário

.

.

MAN, o meu filho imaginário. Ele aparecia vez ou outra em meus pensamentos.
Caso estivesse em algum lugar e visse um pai com seu filho querido, lá vinha ele ...

Apesar de ainda não existir, eu gostava do MAN.
Idealizava-o inteligentíssimo, circunspecto; atento a tudo e sempre que questionado, questionava. (mirando os olhos no firmamento.)

- MAN, vamos jogar o Jogo da Vida?
- Diversão utópica? Não, obrigado.
- Vamos lá. Depois deixo você virar realidade.
- Que venha o Jogo da Vida.

Trouxe o jogo. MAN rolou os dados e começou a andar lentamente as casas.

- “Você é assim, um sonho pra mim, e quando eu não te vejo ...”
- Peraí, MAN. Vai ficar cantando? Anda logo.
- “eu penso em você, desde o amanhacer ...” Parei no "hora de ser pai". O que eu faço aqui?
- Esse ofício é meu.
- Mas já está na hora?
- Porque não? Existe "hora certa" para ser pai?

MAN pegou todos os peões do jogo e pôs eles em cima do tabuleiro.

- O que você está fazendo?
- Estou promovendo uma festa.
- Mas você não pode fazer isso. É contra as regras do Jogo da Vida. Ainda não tenho emprego e não me formei. Os moderadores vão me matar.
- Eu sei. É que a partir de agora estamos jogando o Jogo dos Sonhos.
- E como isso funciona?
- Bem, você pode realizar seus sonhos, extravazar seus sentimentos, colocar em prática tutdo aquilo que permeia seus pensamentos.
- Qual o objetivo então?
- Ser o melhor pai do mundo, por exemplo! Que tal?

Peguei o peão dele e coloquei na "Gestação". MAN era agora meu rebento.
Fui na casa da cegonha e encomendei um filho.
Expliquei aos moderadores as novas regras e embora resignados, resolveram participar.

- Ei, já fazem 7 meses que estou aqui. Como andam as coisas?
- A sua hora ainda não chegou, MAN.
- Reivindico cesária!
- É mesmo? Doutor, um prematuro!
- Calma, calma. Tudo bem ... eu espero.

Na hora certa, disse Deus: Haja luz! E houve luz. E viu Deus que era boa a luz. E Deus chamou a luz de Marco Antônio de Holanda Penaforte Neto.

- Gostei dessa brincadeira.

Foto de Martorano Bathke

Queen

Queen.
Rainha. No paralelo Boneca. Mas nada como a expressão em italiano: Prima Donna.
Falando em rainha você joga xadrez? Não importa, todos os dias jogamos o jogo da manipulação humana, manipulamos e somos manipulados.
Diz o filósofo que em três situações o ser humano revela o seu verdadeiro caráter: “quando chega ao poder, quando tem muito dinheiro na mão e em momentos de ira.”
Este jogo tem vários nomes, no momento o mais pertinente, politicagem. Muitos quando chegam ao topo, são afetados, não só na politicagem, mas o profissional, o empresário e tantos outros. O norte americano disse que é afrodisíaco, pois é o poder o jogo de manipular pessoas.
Como as vagas são poucas, nós a maioria somos os coadjuvantes, como no jogo de xadrez somos peões e até cavalo, pelo dito popular: “enquanto existir cavalo São Jorge não anda a pé”.
O bom estrategista usa alguns coadjuvantes especiais: tem várias serpentes, os seus falcões, o seu pássaro pescador e até a sua baleia para os serviços mais melindrosos. Ou como diria o personagem do filme: O Poderoso Chefão, quem trás o recado é sempre o traidor. Mas Deus te livre de ser o rêmora.
Falando em Deus, os que ficam afetados adquirem o Complexo de Deus. Na antiguidade alguns foram mais longe se intitularam Deus. Mas como tudo é um ciclo, hoje o mundo está cheio de deuses em pele de cordeiro.
Nós a maioria fingimos que não sabemos, ou realmente não sabemos, que quando estamos só cara a cara com a urna eleitoral, é o minuto em que realmente somos: Deus.

Martorano Bathke
e-mail: ronald@ps5.com.br
*Publicação permitida desde que conste o nome e o e-mail do autor.

Foto de Dirceu Marcelino

VÍDEO-POEMA: ESTRATÉGIAS DA RAINHA BRANCA DO XADREZ - Homenagem de Aniversário a ANGELA - Grande Jogadora de Xadrez do Brasil

ESTRATÉGIAS DA RAINHA BRANCA DO XADREZ

A postos soldados!
Fiquem atentos em minha ala.
Protejam o centro.
Com certeza ganharemos a batalha.
Ataquem e recuem:
Após retomaremos num ataque fulminante.
Quero aquele Rei Negro
Vivo.

Não quero mortes em vão
Não se deixem abater, não se trocam os peões só por trocar,
Eles são soldados.
Os peões passados criam alma,
Não deixem que os negros avancem,
Os capturem de qualquer forma.

Cuidado com os Corcéis Negros
Se necessário podem até eles sacrificá-los,
Embora sejam cavalos nobres,
Não hesitem se for para abrir caminho,
Abatam-nos!
Pois quero o centro protegido.

Preservem os Bispos,
Deixem passagem para eles e os protejam.
Armaram o centro como mandei.
Cavalos são peças de combate,
Olhem os deles como estão plantados.
Vocês acham que ainda tem centro aqui?
Mas os nossos,
Que avancem,
Dêem-lhes cobertura
E reforcem sua armadura.

Deixem as torres paralelas
Em coluna ou em fileira
Mas sempre sob essa estratégia
Elas são peças de finais
Só as use depois de rocar
E sempre em paralelas.

Hoje. Vou levar esse Rei Negro
Vou prendê-lo até o fim.
Essa Rainha é atrevida
Usa tática sem igual
Aproveita sua beleza
Para iludir o capitão
Coitado do Rei Negro,
Dessa não escapa não.

Olhe o que fez o centurião,
Foi para a corte da Rainha.
E a Rainha Negra: Coitadinha.
Lutou o quanto pode
Protegendo seu rei amado.
Acompanhou seus soldados
E nem mesmo quando o viu prostrado
Deixou de ir ao ataque ao seu lado.

Por isso,
Surgiram cavaleiros de todo lado
Até de outros Estados.
Agora todos a procuram
A Rainha Vitoriosa!
E ela continua dominadora
Implacável e sedutora,
Troca nomes
Mas não adianta
Por todos é procurada.
E agora se transforma
De Rainha em Imperatriz.

Foto de Dirceu Marcelino

ESTRATÉGIAS DA RAINHA BRANCA DO XADREZ

*
* A RAINHA BRANCA DO XADREZ
* (Uma dama muito atrevida)

Apostos soldados!
Fiquem atentos em minha ala.
Protejam o centro.
Com certeza ganharemos a batalha.
Ataquem e recuem:
Após retomaremos num ataque fulminante.
Quero aquele Rei Negro
Vivo.
Não quero mortes em vão
Não se deixem abater, não se trocam os peões só por trocar,
Eles são soldados.
Os peões passados criam alma,
Não deixem que os negros avancem,
Os capturem de qualquer forma.

Cuidado com os Corcéis Negros
Se necessário podem até eles sacrificá-los,
Embora sejam cavalos nobres,
Não hesitem se for para abrir caminho,
Abatam-nos!
Pois quero o centro protegido.

Preservem os Bispos,
Deixem passagem para eles e os protejam.
Armaram o centro como mandei.
Cavalos são peças de combate,
Olhem os deles como estão plantados.
Vocês acham que ainda tem centro aqui?

Mas os nossos,
Que avancem,
Dêem-lhes cobertura
E reforcem sua armadura.
Deixem as torres paralelas
Em coluna ou em fileira
Mas sempre sob essa estratégia
Elas são peças de finais
Só as use depois de rocar
E sempre em paralelas.

Hoje. Vou levar esse Rei Negro
Vou prendê-lo até o fim.

Essa Rainha é atrevida
Usa tática sem igual
Aproveita sua beleza
Para iludir o capitão
Coitado do Rei Negro,
Dessa não escapa não.

Olhe o que fez o centurião,
Foi para a corte da Rainha.

E a Rainha Negra: Coitadinha.
Lutou o quanto pode
Protegendo seu rei amado.
Acompanhou seus soldados
Mas quando o viu prostrado
Foi ao ataque e caiu despedaçada.

Surgiu cavaleiros de todo lado
Até de outros Estados
Agora todos a procuram
A Rainha Vitoriosa!
E ela continua dominadora
Implacável e sedutora,
Troca nomes
Mas não adianta
Por todos é procurada.
E agora se transforma
De Rainha em Imperatriz.

NB. Esta poesia já foi inscrita no 4º Concurso, estou apenas incluindo em meu blogue particular, para ficar, na sequência da última, que foi dedicada e inspirada na Princesa do Xadrez (outra pessoa). [Mas, é tudo ficção, eh, eh, eh...]

Foto de Dirceu Marcelino

ESTRATÉGIAS DA RAINHA BRANCA DO XADREZ

Apostos soldados!
Fiquem atentos em minha ala.
Protejam o centro.
Com certeza ganharemos a batalha.
Ataquem e recuem:
Após retomaremos num ataque fulminante.
Quero aquele Rei Negro
Vivo.
Não quero mortes em vão
Não se deixem abater, não se trocam os peões só por trocar,
Eles são soldados.
Os peões passados criam alma,
Não deixem que os negros avancem,
Os capturem de qualquer forma.

Cuidado com os Corcéis Negros
Se necessário podem até eles sacrificá-los,
Embora sejam cavalos nobres,
Não hesitem se for para abrir caminho,
Abatam-nos!
Pois quero o centro protegido.

Preservem os Bispos,
Deixem passagem para eles e os protejam.
Armaram o centro como mandei.
Cavalos são peças de combate,
Olhem os deles como estão plantados.
Vocês acham que ainda tem centro aqui?

Mas os nossos,
Que avancem,
Dêem-lhes cobertura
E reforcem sua armadura.
Deixem as torres paralelas
Em coluna ou em fileira
Mas sempre sob essa estratégia
Elas são peças de finais
Só as use depois de rocar
E sempre em paralelas.

Hoje. Vou levar esse Rei Negro
Vou prendê-lo até o fim.

Essa Rainha é atrevida
Usa tática sem igual
Aproveita sua beleza
Para iludir o capitão
Coitado do Rei Negro,
Dessa não escapa não.

Olhe o que fez o centurião,
Foi para a corte da Rainha.

E a Rainha Negra: Coitadinha.
Lutou o quanto pode
Protegendo seu rei amado.
Acompanhou seus soldados
Mas quando o viu prostrado
Foi ao ataque e caiu despedaçada.

Surgiu cavaleiros de todo lado
Até de outros Estados
Agora todos a procuram
A Rainha Vitoriosa!
E ela continua dominadora
Implacável e sedutora,
Troca nomes
Mas não adianta
Por todos é procurada.
E agora se transforma
De Rainha em Imperatriz.

Foto de Dirceu Marcelino

PRINCESA DO XADREZ

O jogo está armado. Rei Negro em sua ala postado.
Preparando-se para um grandioso combate.
Tua Rainha em seu cavalo está ao seu lado,
Dois Bispos os apóiam nesse esperado embate.

D'outro lado o Rei Branco por oito peões escoltado,
Monta "Napoleão" e a Rainha a égua "Azavacque".
A Rainha posiciona as torres, lado a lado
e nos mangas-largas marchadores, vão ao ataque.

O Rei Negro coitado, nessa arte é aprendiz.
Mas por sorte d'outro lado é a Rainha que comanda
E embora seja implacável, racional e fulminante.

Desta vez a linda Rainha, Sua Alteza a Imperatriz
Acena com um sinal e num gesto de clemência manda
Que parem, pois, vou ensinar-lhe a arte de combate.

Foto de Maria Goreti

Lembranças

Hoje acordei cedinho,
Abri o baú de lembranças,
Retirei as bonecas,
Os vestidos de chita...
Laços e mais laços de fita.

Corri com os pés descalços,
Cortei o dedo no caco de vidro,
Queimei o braço no ferro de soldar,
Pisei no espinho da roseira, ai...
Como coça o bichinho de pé!

Comi o doce de goiaba,
Lambi os dedos e sorri
Com a cara suja,
De doce e de terra,
Nariz escorrendo... Eca!

Lavei o rosto na água da fonte,
Tomei banho na bacia.
Dei as mãos às amiguinhas
E brincamos de roda
E amarelinha... Jogamos peteca.

Fomos à Missa...
O padre bebeu vinho
E nos deu um gole
Num pedacinho de pão...
Foi a nossa Primeira Comunhão!

Papai e mamãe se beijaram...
Eu os vi, na cozinha, abraçados.
Enquanto ela passava os bifes,
Ele os pegava e, sem que ela o visse,
Dava-nos um pedaço.

Sapatinhos na janela...
Papai Noel chegou, olhou...
Pela manhã a surpresa...
Um anel de ouro, de pedrinha azul...
Uma água marinha!

Meias e calcinha bordadas em rococó,
Um vestido branco de laise de organdi,
Rendas, e laçarotes de cetim,
Um bolo confeitado sobre a mesa,
Uma pose para uma fotografia.

Da janela olho o mar...
Meus olhos transbordam.
Uma lágrima saudosa,
Cai na areia da praia
E some...

Piratas, marinheiros, princesas,
Fadas... Fábulas de Esopo e de Da Vinci...
Bolas, bonecas, peões, peteca,
Sonhos de “Cachinhos Dourados”,
Voltam ao velho baú...

Apago as luzes do sótão...
Abro as janelas do hoje.
Há sol lá fora.
O vento canta...
Sopra as areias do tempo!

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES - 12/10/07

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