Pão

Foto de Sonia Delsin

ZÉ... MANÉ

ZÉ... MANÉ

Era um pé... outro pé.
Ela dizia Zé.
Ele vivia na corda bamba.
Gostava de samba...
... e dançava bolero.
Gostava de pão e comia biscoito.
Ela fazia dele um oito.
Dizia Zé.
Ele já ficava de orelha em pé.
Tudo era um pé...
De briga.
Ele pensava.
A vida me castiga.
Mas não vivo sem esta mulher.
Os amigos diziam.
És um Zé... Mané.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

" VIDA DE ARTISTA "

VIDA DE ARTISTA

Nem só de gloria vive João, pois há de se prover o pão.
Numa luta incessante, João não tem tempo o bastante.
Para ser um desportista, nem tão pouco um artista.
Pois aos seus precisa acolher
Com seus parcos vencimentos, sem lamurias ou lamentos.
Aos seus dar o que comer
Nem só de gloria vive João
Não adianta o estrelato, pois é como cidadão comum.
Que João se sente frágil, não importa ser hábil bonito ou ágil.
E é no anonimato, que João sente a realidade.
Pra que tanta vaidade, se os seus não estão amparados.
Sente uma enorme depressão, de um lado a fama e a glória.
Do outro, a fome e a miséria.
Mas que vida tão inglória, não era isso que João queria.
Ao se deparar um dia, com o glamour e a pobreza.
João chorou de tristeza, pois ao representar com alegria.
Esconde no peito a agonia, de aos seus não conseguir amparar.
Na sua alegre fantasia, João sonhou um dia.
Seu personagem trocar.
Ao contrario do que parece
Ele aparenta ser rico feliz e sem problemas
Mas bem sabe que só ele apenas
Tem um prato para comer
João queria ser artista famoso
Ser saudável rico e charmoso
Mas a realidade é sincera
Não mente esconde ou adultera
A condição de qualquer cidadão
Mas João é perseverante, para levar seu sonho adiante.
Trabalha de dia e representa de noite
O teatro lhe realiza, mas a verdade é um açoite.
Oh dura fantasia, ou será realidade.
João é um homem de verdade
Sem ferir sua hombridade, até mulher teve que ser.
Existem Jogos por toda parte
Cada um exercendo a sua arte
Que para realizarem seus sonhos
Amargam tempos medonhos, para seus ideais alcançar.
E neste ir e vir, só nos resta aplaudir.
Pois o show não pode parar.
E João terminou sua parte, realizou sua talentosa arte.
Agora é hora de ir pro barraco, vestir seus humildes farrapos.
E pro trabalho ir se entregar, porque a vida também não pode parar.

Foto de Marta Peres

E o tempo corre veloz

E o tempo corre veloz

E o tempo corre veloz!
Vivo dentro de um compasso
descompassado, tento
atingir o alvo proposto,
angustio, chego a desespero,
busco paz dentro de uma
solidão, convivo com o pensamento,
ouço o grito do poder,
vejo a fome nas ruas,
a dor nos corações sofridos,
mágua marcada pela escravidão!
Tribos comandam, tribos obedecem,
terror ronda lares, salas de aulas,
praças que só viam a banda tocar,
multidões se aglomeram,
pedem pão, ganham circo,
e a vida vai descontrolada,
gira feito pião desgovernado,
o povo acata, desesperado
por dias melhores!

Marta Peres

Foto de Carmen Vervloet

ABANDONO

Jovens perambulam pelas ruas
Sem rumo, desesperançados, carentes,
Quadro desesperador e freqüente
Nas cidades do nosso Brasil,
Pátria mãe gentil
De solo fértil e abundâncias mil!

Ignorados pela vida
Ou pelo Poder?

Escolas sucateadas, esquecidas,
Ruindo abandonadas,
Verbas públicas que nunca
Chegam ao seu destino
Mudam o rumo
De brasileiros tão meninos
Ferindo os versos do seu hino!

“BRASIL, DE AMOR ETERNO SEJA SÍMBOLO
O LÁBARO QUE OSTENTAS ESTRELADO,
E DIGA O VERDE-LOURO DESSA FLÂMULA
-PAZ NO FUTURO E GLÓRIA NO PASSADO.”

Raras oportunidades de emprego
E assim deixam em arrego
Os seus míseros barracos
Onde viviam amontoados como sacos
Vazios de alimentos,
Cheios de ressentimentos!

E perambulam pelas ruas
Hostis, frias, secas de amor,
Cheias de armadilhas e dor!
O tempo ocioso, o estômago a roncar,
Um pão a mendigar!

Buscam outras escolas
Prá preencher o vazio e a fome
Companheiros de toda hora,
Neste amanhecer sem aurora!
Encontram a escola dos excluidos,
Dos preteridos e desiludidos!

Matriculam-se na escola da marginalização,
Do tráfico, do crime, da violência,
Suprindo suas carências
De amor, de teto, de alimentos,
De esperança no futuro
De uma pátria mais amável
Como versa a letra de seu hino
Num sentimento genuíno!

“DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,
PÁTRIA AMADA,
BRASIL!”

Excluidos pelo destino
Ou pelo Poder?
A história vai dizer
Escrevendo em negras letras
A insensibilidade do Poder
Que não quis ver
Em cada um desses jovens
Um cidadão brasileiro.
Mancha na história deste
País hospitaleiro!

Carmen Vervloet
Todos os direitos reservados à autora.

Foto de Vadevino

SOLIDÃO

Se os que amamos não estão
A angústia nos aperta.
Empalidece o coração,
A luz vira escuridão –
Se a casa está deserta.

A casa fica oca e sem sentido
Sem a minha Tica querida.
Sinto-me só e deprimido
Nesse espaço preenchido
Pela solidão bandida!

Pela saudade sou sequestrado...
Feito monstro ela me engole!
Pelos cantos fico parado,
Pensativo e desesperado
Sem ter o que me console.

Na hora de comer pão
Sem mortadela,
Com margarina e solidão...
Olhando pro fogão –
Sinto falta dela.

Na ausência da minha amada
Fico inteiramente ao léu –
Como estrela apagada ...
Que vaga desconsolada...
Pelo infinito céu!

Foto de Bira Melo

FÉ RACIONÁRIA

Não sei ser útil, nem sentir;
E nem mesmo ser um fraco,
Como um povo meu irmão,
Que só vive uma fé sem ter
Nenhuma razão de esperança,
Muito embora outro povo ali na França,
Meu irmão como o de cá
Tem glamour e utopia
Come pão com caviar.

A nossa mesa é muito farta
De moscas, farinhas e grauçás.
Não dá para pressentir,
Quando a ordem e o progresso
Sairão desta bandeira,
Colorida de pierrô
Que nunca viu uma columbina.
Nas favelas, nas esquinas
Tudo é eterno carnaval.

Em fim esse povo é merecido!
Vive uma fé sem ter razão,
Ela é fé racionária
Pois quem não prima educação
O senso e o abalisamento,
Não tem fé nem argumento
Muito menos pensamento
Para dar resolução.

Antes deveriam avaliar
E bem na hora de votar
Escolher sem o medo de errar
Para o futuro que nunca chega
Um dia pudesse chegar
Pois esse país tem solução.

Bira Melo in Há um Anjinho de CARvão (direitos reservados).

Foto de Rosinéri

TENHO FOME DE VOCÊ

Tenho fome de sua boca, de sua voz, de seu corpo
e pelas ruas ando sem você, calada
O pão não me alimenta, o dia que nasce me desiquilibra
Busco como louca durante o dia o som de seus passos
Tenho fome de seu sorriso
De suas mão macias e perfumadas deslizando por meu corpo.
Tenho fome de você.
Quero comer sua pele como uma ameixa
Quero comer toda sua beleza
E faminta vou caminhando até o anoitecer
Busco-te, busco seu coração ardente
Como um gato na solidão da noite.

Foto de von buchman

O SOM DA TUA VOZ, se alterna com os meus sussurros. ... Silvinha & Von ( due )

Quando ouço tua voz em meus ouvidos baixinho
Sussurrando palavras de amor me excito toda
Molhadinha que fico com essa voz suave e doce
Falando-me coisas que arrepia me atiça
(Silvia)

Meu amor, quando te vejo deste jeito
me excito só no teu gemer...
Me levas ao frenesi de te possuir...
Passeio minha língua no teu corpo
e me delicio com meus lábios no poço do teu excitar
que está alagado de tanta vontade de amar...
(Von)

Tua voz rouca gostosa falando que me ama e me quer
Toda tua e me fazer tua mulher,
sou atrevida assanho...
Ti ganho, faço a festa e sem pressa me espalho na cama...
Ouvindo gemidos de puro prazer e querer
(Silvia)

Quando te vejo atrevida e atirada na cama,
Vou à loucura,,,
A tesão que me dá é alucinante...
Teso e molhado quero te penetrar...
As loucas posições de te amar, me levam a delirar...
Você é demais no amar ...
(Von)

Esse som me alucina me deixa maluca e poderosa
E sem esperar ti incendeio por inteiro ti viro no avesso
E na hora do ápice me tem por completo e sou tua...
Isso é real
e completa a cena me dizendo baixinho ti amo..
(Silvia)

Meu amor este som é do meu penetrar, no teu poço do amar..
Estás demais...
Agora o gozo se faz presente...
Sinto tuas unhas perfurarem com gana minhas costas...
Vejo tua boca seca,e o teu morder dos lábios,
Me levando ao êxtase do ápice do gozar...
(Von)

Ah meu doce pão tu és recheado com o mais puro mel
Quando inunda meu ser com seu mágico poder de amar
Deixa-me enlouquecida...
Aquecida...
Desvairada e alucinada...
Fala...
Sussurra...
Palavras indecentes me aquente...
(Silvia)

O mel do meu pão doce que te inunda é o fruto
do nosso amar...
Ao jorrar do mel te vejo viajar,
teus olhos brilham de tanto gozo no teu realizar...
Desvairada e alucinada te vejo entrar em novo gozo
sem nem ao menos parar,
que loucura te ver, ter orgasmos múltiplos,
em minutos do amar...
(Von)

Faça-me tua novamente todas as noites quentes.
Em dias de festas na praia, na varanda da tua poesia...
Devore-me por inteira
que serei tua chama á aquecer teu corpo..
(Silvia)

Te faço sim, minha tesão...
Nunca outra mulher me fez tanto amor...
Nas minhas poesias nunca esperava que alguém
ficasse tocando- se de tanto se excitar...
(Von)

Deixe esse som aqui em mim gravado eternamente...
ti amo...
(Silvia)

Fecho meus olhos e te vejo a delirar. ..
Na minha boca ainda tenho o gosto de teu poço do amar...
E o som do nosso realizar
é eterno você não precisa se preocupar...
Te amo também, minha deusa do amar...
(Von)

Agradeço a querida poetisa Silvinha ,
pelo lindo poema de amor , paixão,
e muita tesão , neste gostoso (dueto) erótico .
Uma tesão mesmo...
Foi uma delícia de escrever e viajar ...
Meu eterno admirar, mil beijos, xeros e mimos de paixão ...
ICH LIEBE DICH ...

von buchman

Foto de Teresa Cordioli

A mais pura magia...

*
A mais pura magia
Teresa Cordioli
*

Acordo ao sonhar que estou em teus braços
E me pergunto: Porque nossa cama está vazia,
Se há muito estamos presos por um laço
O que fez do nosso amor a mais pura magia...

Levanto e desse pesadelo logo me desfaço
Ao vê-lo na cozinha sorrindo na maior alegria
Dizendo: - Hoje, o café sou eu quem faço!
Fico muda, para que não perceba minha euforia.

Senta-se ao meu lado e eu permaneço calada
Enquanto me serve, pão com mel e coalhada
Leite quente, cereais, frutas e banana assada.

Apenas sorrio lanço-lhe um olhar de desconfiada
De que o preço do café será uma nova jornada
Da mesma de ontem, que durou até a madrugada...

Foto de Sirlei Passolongo

Retirante do Progresso

Na beira de uma estrada
Uma casinha de madeira
Lá vive um peão boiadeiro
Ali não se vê mais bois,
Não se vê pasto ou invernada.
Não se ouve mais o som do berrante
Que era a canção das madrugadas...
Mas de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora...

A poucos metros da velha casa
Um sarilho velho abandonado,
Uma paineira centenária
E um gasto arreio de gado;
Nos olhos do peão...
As marcas da sua história...
E de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora.

Ele relembra com saudades
Do quanto era puro o lugar,
A única fumaça que havia
Era da chaminé a assoprar
Avisando que era hora
De o rebanho ajuntar...
Mas de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora.

Ali não havia outros ruídos
Além dos pássaros cantadores
Não lhe faltava na mesa
O pão e o frango ao molho
Domingo ia à missa
Na Igreja do Nosso Senhor...
E agradecido sorria
As crias do gado reprodutor.

Mas longe se foram seus filhos
Na ilusão do progresso,
Depois foram os amigos
Atrás de um futuro incerto...
E a velha igrejinha, hoje está vazia
O asfalto corta a velha estrada...
O canavial queima à beira da casa,
E o som do berrante
Ele ouve apenas na memória...
Mas de longe se ouve uma viola
Que a saudade do peão chora.

(Sirlei L. Passolongo)

Direitos Reservados a Autora

Poesia inspirada no poema Mulher de Retirante.
Dedicado aos sertanejos do Sul.

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