Outono

Foto de Marta Peres

Sonhando

Sonhando,
Queria tanto voar
levar até você um pedacinho de amor
num leve balançar de galhos
nos ventos desta minha dor.

Sonhando,
Queria tanto voar
levar até você o cheirinho de chuva
perfume da flor que brotou do coração.

Sonhando,
Quisera eu ser uma gaivota
voar no céu azul
levar até você um recado
de amor e alegria
no bico longo e afiado.

Nada disto sou
pois sou apenas folhas de outono
neste vasto campo de árvores
assim como todas as árvores da vida
que sustenta e alimenta.

Sou apenas uma raiz comum
desta mesma árvore que
balança ao vento
apenas te tenho amor...
Marta Peres

Foto de Lorenzo Petillo

Noite de Outono

Assim com tal demora e zêlo
Apresentei-me perante ti com tanto anseio
Que chegara a quase sufocar minha alma
Queria apenas o teu beijo
Aquele meu/teu tão sonhado beijo
O único remédio que me acalma

Mas me beijaste com paixão
Com o fogo fervente da tua emoção
E me puxaste para entre tuas coxas
Cheguei a pensar que morreria no início
Professando mil juras aos teu ouvidos
Ao te ver tão linda e louca

Te comprimi forte contra meu peito
Mordi teus lábios daquele jeito
Que te fez ir de gemidos à grito de prazer
Mas de repente a noite chegou ao fim
E juntando minhas roupas eu parti
Para onde nunca mais voltaria a te ver

E essa noite não passa de uma lembrança
A recordação de uma incandecente chama
Que um dia ardeu em brasas sobre nossas peles
E ao deitarmos junto a outro corpo
Lamentamos por não ser o do outro
Que nos aquecera naquela fria noite de outono.

Foto de celiamaria

amor inesquecivel

Quando te conheci melhor,
Não sei o que me deu.
Não sei o que era pior,
Só sei que não era eu.

Tu és para mim,
Uma pérola do mar.
Uma historia sem fim,
Uma paixão que nunca vai acabar

Posso viver sem sol,
Sem chuva, sem ar.
Só não posso viver,
Sabendo que estas a chorar.

Veio o Verão,
Com o seu sol brilhante.
Os teus olhos brilhavam ao serão,
Como pérolas e diamantes.

Veio o Inverno,
Com as suas chuvas torrenciais.
Não te atingiram a ti,
Porque tu és demais.

Se eu fosse mosca,
Na tua casa voava.
Para ver o teu rosto,
Cada vez que acordava.

Primeiro não acreditaste,
Pensavas que era mentira.
Mas depois confirmaste,
E ficaste surpreendida.

Se os teus lábios,
Alguma vez tocassem nos meus.
Não sei o que diria,
Pois não esperava que fossem os teus.

Não me aproximo de ti,
Foste tu que escolheste.
O amor sem fim,
Do meu amor que e este.

Quando mudei de escola,
Reparei mais em ti.
Já não penso na bola,
Só penso em ti.

No primeiro dia em que te vi,
Eu era uma criança.
Mas agora que cresci,
Ficas para sempre na minha lembrança.

Tantos dias sem te ver,
Ja comeca a ser demais .
Mas nao tenho a culpa de te querer,
E eu preciso de te ver mais.

Sinto que te amo,
Mas nao sei o que tu sentes.
Pois nunca te tramo,
E eu sei que me mentes.

Sinto a tua falta,
Preciso de te rever.
Para te beijar em alta,
E para te entender.

Vou ficar sem te ver 4 anos,
Com um bocado de sorte menos.
Mas quero que fiques a saber que te amo,
Mesmo que queiras so a amizade que temos.

Eu sou assim tu,
Tu fazes parte de mim.
Nao sem viver sem ti,
Desde que te conheci.

No teu olhar,
Tenho as minhas questoes.
No meu pensar,
Tenho as minhas razoes.

Nao te arrependes,
De estares a ler estes poemas.
Porque um dia surpreendeste,
De eu formar tantos temas.

Por me ajudares tanto,
Eu me apaixonei por ti.
Agora eu canto,
Porque estou feliz.

Vieste la de longe,
Nao sei bem de onde.
Para iluminares a minha vida,
E despertares a minha fonte.

Desapareces no Verao,
Apareces no Outono.
Para estudares com aplicacao,
Para alcancares o teu sonho.

Com tua beleza conquistaste me,
Com teu jeito enfeiticaste me.
Com teu corpo elouqueceste me,
Com tua alma desatinaste me.

Teus olhos sao de ouro,
Tua fala e calma.
Teu corpo e um tesouro,
Para a minha alma.

Podem gozar comigo,
Por eu gostar de ti.
So nao podem gozar contigo,
Porque nao tens a culpa de eu ser assim.

Teu coracao e grande,
Ajudas qualquer um.
Por onde eu ande,
Nao tenho medo nenhum.

Gostava de ser anjo,
Ganhar asas e voar.
Para te proteger dos ladroes,
Para a tua confianca ganhar.

Gostava de saber,
Como lidar com a situacao.
Porque nunca vais querer,
Que eu mostre a minha paixao.

Não te arrependes,
De me ajudares tanto.
Porque um dia surpreendeste,
E vai ser tão grande o teu espanto.

Por causa da minha idiotice,
Quase perdi a tua amizade.
Mas a minha paixão por ti,
Essa eu nunca vou tirar da minha frase.

Quando estás comigo,
Não sei o que fazer.
Quando respiras,
Só me apetece correr.

No teu olhar,
Descobri meu amor.
Se ficasses comigo,
evitavas uma grande dor.

Já hà muito tempo,
Que me apaixonei.
Disse-te este ano,
Porque mais velha um ano fiquei.

Como és bonita,
Iluminas-me todos os dias.
Mas se me deixares de iluminar,
Chora porque nesse dia morri.

Gostava de dizer-te,
O que mais ninguém te diz.
Dizer que te amo,
Dizer-te o que nunca fiz.

Como gosto de ti,
Mais ninguém vai gostar.
Porque eu é que te estimo,
E mais vale eu me afastar.

Gostava de saber,
Pilotar um avião.
Para bem alto no céu escrever,
Que estás para sempre no meu coração.

Vivo na ideia,
Que um dia te vou conquistar.
Mas é melhor desistir,
Porque nunca vais concordar.

Mesmo assim não desisto,
Pelo menos um beijo te vou roubar.
Para atear o fogo que há em mim,
Para um dia meu corção poder arrazar.

Ao ver-te sorrir,
Minha esperança cresceu.
Mas ao ver-te triste,
Foi porque alguém percebeu.

Porque não me respondes,
Fico preocupada.
Poque tenho medo,
Que um dia fiques envergonhada.

Foto de Carmen Lúcia

Faças de conta...

Faças de conta que ainda sou a única...
Mesmo que enganes ao me seduzires
Mesmo que eu chore quando tu partires
Mesmo que eu finja que acredito em ti.

Faças de conta que ainda és o mesmo...
O mesmo homem,o amor primeiro...
As mesmas juras, grande amor eterno,
Tudo o que há de sincero e de verdadeiro.

O mesmo que me abraçou no frio da estação...
Me aquecendo a alma e o coração,
Mas que no outono,ao cair das folhas
Morta como elas me senti no chão.

Fiz de conta não saber de nada...
Segui teus passos,mantive-me calada,
A cada novo amor,a cada passo em falso,
Pra ter-te novamente em meus braços...

E te aliviar da dor...e do cansaço!

Foto de Cesare

Soneto de Outono

Grita forte o sentimento no peito
Prenuncia o frio; mas ainda há calor!
Folhas caem formando o doce leito
E o coração bate temendo a dor!

Reverentes, corpos e almas se fundem
Na dança plena de amor e agonia!
Olhos ternos, inutilmente, escondem
A convicção do adeus ao final do dia!

O outono prosseguirá na memória
Sendo estação do renascer dos sonhos!
Haverá quadros moldando tal história

E o mais belo fala do querer tamanho
Capaz de arriscar a vida simplória
E renunciar aos versos que componho!

Foto de Carmen Lúcia

Cara e coroa

Sou a mais viva cor do arrebol,
Também a nuvem negra que encobre o sol.
Sou um gesto nobre de carinho,
Também o frio incesto de seu ninho.
Sou a calma de um mar tranqüilo,
Também sou um furacão bravio.
Sou outono e vento que vêm desfolhar,
Também a primavera e o frescor a aflorar.
Sou a branca paz que pacifica,
Também o arsenal que mortifica.
Sou a moça pura,acervo de poesias,
Também a prostituta das noites vadias.
Sou a bênção que a alma refaz,
Também a maldição de ancestrais.
Sou a seca do sertão agreste,
Também a chuva fina que umedece.
Sou luz,sou chama,sou clarão...
Também sou trevas,sombras e escuridão.
Sou tudo isso que me mostra,
Cara e coroa...
Quem aposta?

Foto de cathy correia

Quero...

Quero navegar
No verde dos teus olhos
E perder-me em Primaveras desencontradas.
Deixar-me fluir
Lenta
Vagarosamente
Nas tuas mãos
Conhecedoras de prazer.
Deixar que o vento fresco de Outono
Traga carícias ousadas
Inimaginadas.
Ser tua
Ter-te meu...
Sem pressas nem tabus!

Foto de tchejoao

Lágrima de Outono

Você está parecendo
Meio deserto, meio vento...
E teu olhar cabe todo dentro
De uma lágrima de outono.

Teu sorriso goteja
Sobre a mesa,
Diante da qual te curvas,
Como se uma tonelada
De saudade e de tristeza
Em tuas costas descansasse.

Neste instante de ausência,
Tens uns olhos de criança
E um sorriso de quem não pensa.

Pareces um anjo sem asas,
Brincando dentro de casa:
Divino... E infeliz...

Diante de tua janela,
Passa lenta a madrugada,
Cravejada de silêncio...
E mais nada...

Foto de jairokour

Beijo Para Flor

Ela não me saía da cabeça. Se entranhara tanto em mim que por mais que eu tentasse, não conseguia tirá-la de meus pensamentos.
Sonhava com ela, imaginava milhares de situações, sentia uma vontade louca de ouvir sua voz, ver seu sorriso, estar junto dela, tocá-la, sentir sua pele.
Eu me controlava, mas era evidente que eu a queria demais, que morria de tesão por ela. Apesar de tudo que vivêramos, tinha dúvidas se ainda era correspondido, mantinha-me então discreto e evitava avançar o sinal.
Certo dia por um motivo qualquer, estive em sua casa. Na hora de ir embora, ficamos conversando no portão. Estávamos sozinhos. Ao despedir-me, beijei-lhe o rosto como de costume. Segurava sua mão e senti que ela apertou a minha retendo-a na sua, como se não quisesse que eu fosse. Isso me deu coragem. Puxei-a para dentro e fechando o portão, venci a timidez inicial e toquei seus lábios com os meus. Um lampejo de resistência e espanto apareceu em seu olhar, que logo foi substituído por um brilho intenso e senti sua boca macia pressionando a minha, correspondendo e provocando em mim imediata reação, excitando-me, deixando meus sentidos à flor da pele.
Perdi o medo e com minha boca colada à dela, envolvemo-nos num beijo intenso, quente, úmido, cheio de lascívia e paixão. Adorava a pressão de seus lábios contra os meus, enquanto nossas línguas se encontravam e se enroscavam, lutando frenéticas, procurando cada uma absorver da outra toda carga de luxúria reprimida em nós até aquele momento, buscando desvendar nossos segredos, revelando os mistérios de nossos corações, fazendo aflorar todo desejo contido, enclausurado.
Ah, o beijo. Mais que o sexo, o beijo é a demonstração e a procura dos anseios mais recônditos. É a entrega perfeita, sincera. O sexo é instinto animal, o beijo é o desnudar da alma. O sexo é o prato que nos sacia a fome, o beijo é o alimento que nos revigora a alma. Mostramos no beijo todos os nossos sentimentos. O sexo é gozo efêmero, rápido, o beijo, gozo eterno. O beijo faz o sexo e é o sexo. Sexo é físico, beijo é alma. Revelamos nele toda a nossa fragilidade frente aos sentimentos que nos assolam e toda nossa força criada pela paixão. O beijo agasalha nosso frio, livra-nos de nossas amarras, liberta-nos de nossas vergonhas, estimula nossas emoções e provoca o toque. E o toque, num círculo vicioso, excita o beijo. Mais uma vez eu tomava consciência do porque as cortesãs oferecem o sexo e recusam o beijo. Sexo pode existir entre corpos desconhecidos, beijo verdadeiro e sincero, só entre corações que se querem.
Ao beijá-la sentia meu sangue fervilhar, minha pulsação disparar e todas as minhas sensações concentrarem-se em nossas bocas. Meu coração almejava querer e ser querido. O contato de seus lábios com os meus variavam de intensidade conforme o fluir das emoções, ora suave feito brisa de outono, provocando leves arrepios, ora intempestivo como furacão, provocando tremor, nos deixando ofegantes. Nossas línguas viajavam de encontro ao céu de nossas bocas, acariciavam-se, descobriam-se e completavam-se. Ao comando do beijo nossas mãos nos procuravam, respondendo com afagos de amor. Nossos corpos se entregavam ao contato da paixão e à chama do desejo que se avolumava e se intensificava.
Afastei-me, tomei fôlego e segurando suas mãos a conduzi para dentro de casa, procurando um lugar mais confortável.
Sentados no sofá, Flor, procurando a minha, ofereceu-me novamente sua boca sôfrega. Aceitei-a, ávido de mais carinhos e beijei-a arrebatadamente como sempre desejei, como sempre sonhei. Guiado pelo desejo fiz com que minha boca percorresse seu pescoço, seu colo, sua orelha. Pousasse em sua nuca beijando-a suavemente, provocando suspiros e arrepios de excitação. Minhas mãos descobriam seu corpo em suaves, mas decididos toques. Ela retribuía beijando meus olhos, mordiscando meu queixo, meu pescoço, acariciando meu rosto. Voltava, procurando o agasalho de minha boca, o abraço da minha língua. Prendia meu lábio inferior entre os seus, mordia levemente e deixava sua língua tatear pelos cantos de minha boca provocando-me e levando-me ao paraíso. Por cima do tecido de sua blusa, meus dedos atrevidos encontraram seu mamilo rígido e minha mão apertou suavemente seu seio, arrancando dela um gemido de prazer. Procurei os botões e a soltei. Deixando minha boca deslizar ao encontro daqueles mamilos maravilhosos, rodeei-os com minha língua, sugando-os delicadamente, depositando neles beijos úmidos e calorosos. Flor contorcia-se de excitação. Encorajado por suas reações tirei completamente sua roupa. Contemplei extasiado aquele corpo celeste. Ah, como descrever aquela visão de beleza exuberante? Ela nua, recostada no sofá, olhos semicerrados esperando ansiosa pelo meu próximo toque, adivinhando meu próximo beijo, se oferecendo, se entregando inteiramente a mim.
Decidi naquele instante que meu prazer, meu gozo, seria o dela. Resoluto distribui delicada e demoradamente centenas de beijos em seu colo, em seu ventre maravilhoso e, ousado, explorador, percorri seu corpo com minha boca, beijando, lambendo, sentindo a suavidade e o sabor de sua pele. Voltei aos seios, refiz o caminho de sua boca, mordisquei a pele de seu ombro, beijei seus pés. Partindo da parte de trás dos joelhos deslizei a ponta da língua alternadamente pelo interior de suas pernas, e subindo, guiado pelos seus murmúrios de aprovação, aproximei-me atrevido e pousei meus lábios nas pétalas macias daquela flor maravilhosa, sentindo sua suavidade, seu sabor divino, néctar propagado dos deuses. Deliciado, entre seus tremores e gemidos ouvia os murmurantes sinais inequívocos de seu delírio, que me orientavam e conduziam: “assim..., mais..., continue...”.
Beijava-a agora com a delicadeza do amor mesclada com a fúria da paixão. Flor respondia com movimentos ondulantes de seus quadris, suas pernas pressionando minha cabeça, fundindo-nos no mais íntimo contato. Minha boca e minha língua, como se estivessem em um parque de diversões, beijavam e brincavam loucamente, saltitando de um ponto a outro, alimentando seu prazer, amplificando seus sons, tonificando suas sensações. Estendi os braços e toquei novamente seus seios, brincando com seus mamilos, navegando por suas curvas, escalando suas colinas. Busquei sua boca e senti meus dedos, qual sorvete sabor prazer, sendo lambidos e sugados, umedecidos e envolvidos por sua língua. Continuei, distribuindo por onde minhas mãos alcançassem, as carícias que fluíam das pontas de meus dedos, descobrindo seus pontos de loucura, ligando chaves do seu prazer, desvendando as trilhas da sua paixão.
Sentindo o aumentar do ritmo dos seus movimentos, a frequência de seus ais, o balanço do seu ventre coordenado com a intensidade de meus beijos e o pulsar de minha língua, pressionei suas nádegas de encontro a mim, mantendo aquele cálice preso à minha boca, evitando sua fuga. Com as mãos crispadas no tecido do sofá, Flor aumentou a pressão de seu corpo sobre meu rosto, permitindo que eu sorvesse a intensidade de suas sensações, o mel dos amantes, querendo que seu prazer também fosse meu, e desmanchou-se com um tremor vigoroso na melodia fluida do gozo profundo, num êxtase sem fim, trêmulo, intenso, sonoro.
Segurando minha cabeça, manteve-me ali, preso por instantes em seu pulsar, compartilhando e transmitindo-me seus impulsos, suas delícias, agraciando-me com uma parcela de seu céu, me fazendo morrer de paixão e de felicidade. Acalmada, levou meu rosto junto ao seu e beijou minha boca suave e demoradamente. Acomodou minha face em seu colo, para que eu ouvisse, nas batidas de seu coração, os acordes de seu amor.
Sorridente, saciada, satisfeita, sem proferir uma palavra sequer, me fez feliz por tê-la feito feliz.

Foto de andrepiui

Flexado

tudo que cerca-me
trazendo inexplicáveis acontecimentos
apressado sigo a inércia

mesmo vendo tanta miséria
cotidiano que leva
furtos morte inveja

acendo mais uma vela
clareando um pouco
mais mostrando

queremos paz
enfiados na lama
onde nós estamos

clamo quem escuta
montanhas escaladas
neblina vista escura

busca eterna procura
sua alma nua e crua
pousando na minha

alegria ha tempos perdida
não quero sentir
dentro de ti

viagem profunda
folhas secas
caem em meu jardim

sobre a mesa
um prato de pudim
anjo querubim

coração flexado
incensando sai
emanando jasmim

futuro que me espera
outono inverno
verão e primavera

apenas escuto
canto dos pássaros
instrumento por um louco tocado

chamo teu nome
ecoando ao leu
universo infinito alem do céu...
(André dos Santos Pestana)

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