Orgia

Foto de Carmen Lúcia

Fantasia

Visto a fantasia
A mesma alegoria
Desse meu dia a dia
Que cobre meu interior
E agora, tripudia,
Extrapola meu exterior
Caio na folia
Busco alegria
Em meio à nostalgia
De mil foliões...
Falsa euforia...
Em plena orgia
Vejo amanhecer o dia
A alma vazia...
É só fantasia...

Mas é carnaval...
Dissipa-se todo o mal.

Foto de Raiblue

Amor marginal

.

Viajo...

Submersa em tuas águas
Em tuas avenidas mais devassas
Submundos de delírios
Meu ópio, meu vício...

Respiro...

O teu cheiro masculino,e me distraio
Em cada esquina do teu corpo viril
Num transe crescente e delinqüente
Descobrindo perfumes indecentes ...

Toco...

Tua carne, preparando o caminho
Desvendando passagens em tuas ruas vadias
Onde faço a mais marginal poesia
Para me deitar contigo e brindar nossa orgia!

Beijo...

Cada pedaço desse percurso
Sulcos de salivas vão se formando
Inundando a noite por todos os cantos
Desse lugar sedutoramente insano!

Imploro...

Tua boca, tua língua, tua fome
Degusta-me,beba-me,embriague-se
Quero ser o teu último gole
Nessa noite subversiva
Dois marginais e um poema...

Em carne viva!

Depois...

Olhos de ressaca
A saudade
A desintoxicação
E mais nada...

(Raiblue)

P.S.:Poema registrado na Biblioteca Nacional.
Lembre-se de que plagiar é crime!

Foto de Raiblue

Convite...

Meia
Noite
Meias
Verdades
No meio
De nós
Um nó
Você
Tirava
Minha
Meia
Preta
Meio
Ansioso
Entrava
Por cima
Por baixo
De lado
Atrás
Encaixado
Eu
Gemia
Sorria
Gritava
Tremia
Dizia
Palavras
Vadias
Em ritmo
De poesia
Orgia
Doce
Que
Bebíamos
Na taça
Da fantasia
Orgasmo
Real
Atravessando
O verso
No meio
Da noite...

(Raiblue)

Foto de Paulo Gondim

Natal sertanejo - (Cordel)

NATAL SERTANEJO
Paulo Gondim
04/12/2007

O natal do sertanejo
Não tem muita regalia
Com pouca coisa se faz
Como é seu dia-a-dia
Vai à igreja rezar
Pede a Deus pra lhe ajudar
Pede paz e alegria

Não é dia de natal
É dia de Nascimento
Natal é coisa de rico
Que vive criando invento
É pra quem tem muito dinheiro
E o nosso pobre roceiro
Só ganha para o sustento

Por isso o bom sertanejo
Não faz festa no natal
Não se dar a esse luxo
É coisa bem natural
Nem por isso sente culpa
Nem sequer se preocupa
Se alguém vai falar mal

O rico, sim, é de festa
Com seu povo da cidade
Come e bebe como bicho
Tudo em grande quantidade
Se mostra ser poderoso
No seu jeito escandaloso
Com luxúria e vaidade

O rico faz muita festa
Mas nem sabe pra quem é
Coitado do Deus Menino
De Maria e de José
Por ninguém vão ser lembrados
Ficam sós, abandonados
Ali, num canto qualquer

É assim há muito tempo
Um natal de hipocrisia
De divino não tem nada
Só profano, só orgia
Só comércio, só consumo
Eis o mais triste resumo
Desta triste fantasia

Mas tem muita gente pobre
Que embarca nessa farsa
Quer fazer natal de rico
E acaba na desgraça
Se comprou não vai pagar
Quando a loja vem cobrar
Suja seu nome na praça

Por isso que o sertanejo
É mais sábio, sim senhor!
Sua festa é mais discreta
Mas é cheia de amor
Não se mete com “gastança”
Mas não lhe falta esperança
E a Deus canta louvor

Sua festa é muito simples
Diferente da cidade
Nela se festeja a vida
Sem nenhuma vaidade
Não se bebe caros vinhos
Mas com todos os vizinhos
Se pratica a caridade

É com esse objetivo
Que se festeja o natal
Com respeito ao Deus Menino
Que vem combater o mal
Renovar a esperança
Reforçar a confiança
Num plano espiritual

Foto de Izaura N. Soares

Magia Sedutora...

Izaura N. Soares

Hoje acordei com um enorme desejo
De ter você em meus braços para
Acariciar seu corpo, sentir o prazer,
Tomando conta de mim.
Minhas pálpebras se fecham num delírio,
Num êxtase que adormece num sono
Profundo e nesse sono, sonho com o mais,
Terno amor numa noite silenciosa,
Convidativa, me faz sentir o toque das suas
Mãos deslizando sobre o meu corpo que
De ansiedade desaba sobre o seu.
Meu inconsciente agita-se o meu ego que
Na ânsia pelas suas carícias, aumentava,
A cada movimento bailando sobre o seu corpo.
Extasiado de desejos, tu vens de encontro,
Com meu sexo molhado delirando numa orgia,
Entre a magia sedutora do seu tesão destilando
Sedução a todo vapor sentindo toda a força
Do amor que juntos exploravam o oceano
Em busca de uma estrela, chegando à margem,
De sensações, de fantasias alucinantes.
Como são lindos os nossos sonhos...
Que embriagados no doce sabor do mel aquecem
O próprio céu no calor de uma paixão!

Foto de Izaura N. Soares

Desejos Febris

Prazeres contidos em dois corpos
Regidos em movimentos prazerosos
Arrancam suspiros deliciosos,
Zelando por sentimentos do coração
Equacionando centímetro de portos
Ramificados de amor e paixão.

E com ardor transpiram em sedução.

Se no silêncio se tocam no calor
Em gotas serenadas de suor
Durante este ato ecoam exóticos
Urros, sussurros e gritos enfim.
Com ternura os gemidos a bramir,
A força do orgasmo a expelir
Ornados de puro êxtase no fim.

São desejos febris libidinais,
Que deslizam sobre um corpo nu
Na fantasia dos delírios sexuais
Fantasio meus anseios a olho-nu.
Minha pele nos seus lábios carnudos,
Na volúpia encontram-se desnudos.

Imbatível é o nosso amor
Que numa orgia delirantes
Retira todo o nosso pudor.
Queima como fogo
Rastreia como pólvora
Dribla como se fosse um jogo,
Seduzindo; dois seres amantes!

Foto de fer.car

O QUE LOGO SE ACABOU

Como um espinho cortando-me por dentro
Sua imagem me tortura, me deixa assim entregue
Como uma pessoa desumana me tornei
Porque chego até mesmo esquecer de ter piedade
Vejo seus olhos tristes e esqueço que os meus são cruéis e decisivos
Vejo seu rosto tão sério e dói saber que a causa de tudo fui eu
Desci por escombros dos meus sentimentos
Falei de maneira estúpida o que não sentia
Me refugiei através de máscaras, ocultei o amor
Meu peito ardeu a sua ausência
Por dias e noites gritei seu nome para que voltasse
Por segundos ainda pude sentir seu cheiro e momentos vividos
Por segundos ainda queria que durasse uma eternidade
O que logo se acabou...
Um espinho sangra em minha alma, triste e sôfrega
Buscando memórias, prazeres que estejam em você, na sua imagem
Mas o que se passou foi-se, e não volta mais
E de repente olhando seus olhos
O amor que permanece, mas não sei amar
Meu amor é doente, porque amo e não sei porque amo
Amo e não sei dizer, como se calasse em meu próprio peito
Como se cravasse minha própria morte e visse suas lágrimas
Vejo que não acredita em mim, muito menos em palavras
Que o que basta é o ato cometido, a palavra concreta realizada
E diante de meus subterfúgios fico desnuda na sua frente
A voz cessa, o corpo entra em estado de orgia, de êxtase
Mas fico ali estática, esperando que digas que me quer
Que me ame, e digas que me ama, por amor maior
Não sei se o mal foi aquele dia que disse adeus
Algo em mim mudou, fechei-me para seus braços
Não porque quis, mas porque assim foi
E hoje quero viver ao seu lado
Como passado revivesse o presente
Mas...
Vejo seus olhos tristes e verdes e ...
esqueço que os meus são cruéis e decisivos
Vejo seu rosto tão sério e vejo que a causa de tudo fui eu
Desci por escombros dos meus sentimentos
Falei de maneira estúpida o que não sentia
Me refugiei através de máscaras, ocultei o amor
Meu peito ardeu a sua ausência
Por dias e noites gritei seu nome para que voltasse
Por segundos ainda pude sentir seu cheiro e momentos vividos
Por segundos ainda queria que durasse uma eternidade
O que logo se acabou...

Foto de fer.car

O que logo se acabou

Como um espinho cortando-me por dentro
Sua imagem me tortura, me deixa assim entregue
Como uma pessoa desumana me tornei
Porque chego até mesmo esquecer de ter piedade
Vejo seus olhos tristes e esqueço que os meus são cruéis e decisivos
Vejo seu rosto tão sério e dói saber que a causa de tudo fui eu
Desci por escombros dos meus sentimentos
Falei de maneira estúpida o que não sentia
Me refugiei através de máscaras, ocultei o amor
Meu peito ardeu a sua ausência
Por dias e noites gritei seu nome para que voltasse
Por segundos ainda pude sentir seu cheiro e momentos vividos
Por segundos ainda queria que durasse uma eternidade
O que logo se acabou...
Um espinho sangra em minha alma, triste e sôfrega
Buscando memórias, prazeres que estejam em você, na sua imagem
Mas o que se passou foi-se, e não volta mais
E de repente olhando seus olhos
O amor que permanece, mas não sei amar
Meu amor é doente, porque amo e não sei porque amo
Amo e não sei dizer, como se calasse em meu próprio peito
Como se cravasse minha própria morte e visse suas lágrimas
Vejo que não acredita em mim, muito menos em palavras
Que o que basta é o ato cometido, a palavra concreta realizada
E diante de meus subterfúgios fico desnuda na sua frente
A voz cessa, o corpo entra em estado de orgia, de êxtase
Mas fico ali estática, esperando que digas que me quer
Que me ame, e digas que me ama, por amor maior
Não sei se o mal foi aquele dia que disse adeus
Algo em mim mudou, fechei-me para seus braços
Não porque quis, mas porque assim foi
E hoje quero viver ao seu lado
Como passado revivesse o presente
Mas...
Vejo seus olhos tristes e verdes e ...
esqueço que os meus são cruéis e decisivos
Vejo seu rosto tão sério e vejo que a causa de tudo fui eu
Desci por escombros dos meus sentimentos
Falei de maneira estúpida o que não sentia
Me refugiei através de máscaras, ocultei o amor
Meu peito ardeu a sua ausência
Por dias e noites gritei seu nome para que voltasse
Por segundos ainda pude sentir seu cheiro e momentos vividos
Por segundos ainda queria que durasse uma eternidade
O que logo se acabou...

Foto de Stacarca

Amor funéreo

Amor funéreo

"A chaga que 'inda na
Mocidade há de me matar"

A noute era bela como a face pálida da virgem minha. O luar ia ao cume em recôndita dentre a neblina escura que corria os escuros delírios. Eu, pobre desgraçado levava meus pés a mais uma orgia a fim de esquecer a minha vida de boêmio imaculado. - Ah! E minha donzela morta que lhe beijava a face linda? Hoje, Não esqueci de ti, minha virgem bela de cabelos dourados que com as tranças enxugava meus prantos em dias de febre qu'eu quase morria, nem de seus lábios, os doces lábios que nunca beijei em vida, os mesmos que emudeciam os rogados de cobiças fervorosas? Sim, ó donzela de pele pálida que sempre almejei encostar as mãos minhas. Hoje, êxito de sua bela morte, sete dias sem ti, minha romanesca linda dama que as floridas formas diligenciavam os mais escuros defuntos. Os mesmos que indagam da lájea fria?
As lamparinas pouco a pouco feneciam na comprida noute que seguia, a calçada de rebo acoitava outros vagabundos que a embriaguez tomara, o plenilúnio se destacava no céu escuro, como um olho branco em galardão, magnífico. Ah como era bela a área pálida, e como era de uma beleza exímia, tão mimosa como a amante de meus sonhos, como a donzela que ainda não cessei d'amar.
- Posterga a defunta! Diziam as amantes!
- Calem-te, vossos talantes nada significam meretrizes de amores não amadas, perdoai-me, o coração do poeta nada mais diz, pois de tão infame, 'inda que vive, exalta aquela que não mais poderás oscular!?
O ar frio incessante plasmava em minha fronte doente, rígida, sequiosa pela douda vontade d'um beiço beijar, As estrelas fúnebres cintilavam, não eram brilhos obtusos, eram infladas e que formavam uma tiara de cores que perscrutava a consternação do ébrio andante, solene co'uma divinal taciturnidade. A'mbrósia falaz diria um estarrecido boêmio. Aquele mesmo que sem luz entreve o defunto podre que nunca irá de ressuscitar?!
A rua tênebra na qual partia, musgos fétidos aos compridos corredores deserdados p'la iluminação tênue dos lampiões avelhentado co'o tempo, lírios, flores que formavam a mistura perfeita d'um velório no menos pouco bramante, as casas iam passando, as portas vedadas trazia-me uma satisfação soturna, as fachadas eram adiposas e de cores sombrias, ah que era tudo escuro e sem vida. Como eram belos os corredores azeviches, aqueles mesmos que as damas trazia para gozar de suas volúpias cândidas que me corria o coração no atrelar aureolo.
A disforme vida tornara tão medíocre e banal qu'eu jazia a expectação feliz. – Pra que da vida gozar? Se na morte vive a luz de minha aurora!
- Hoje, sete dias rematados sem minha virginal, ó tu, que fede na terra agregada e pútrida comida p'los vermes, tu que penetraste em meu coração como o gusano te definha, tu que com a palidez bela pragueja as aziagas crenças banais que funde em minha febre, tu que mesmo desmaiada em prantos a beleza infinda, tu que amei na vida e amarei na morte. Ó tu...
No boreal ouviam-se fragores d'um canto sanhoso, era uma voz bela e que tinha o tom lânguido de um silêncio sepulcral, bonançosa era a noute, alta, os ébrios junto as Messalinas de um gozo beneplácito, escura, os escárnios da mocidade eram como o fulcro de uma medra irrisória, e o asco purpurava uma modorra audaz;
A voz formidolosa masturbava minha mente em turbadas figuras nada venustas.
Assassinatos horríveis eram belos como um capro divinal que nunca existira, o funambulesco era perspicaz que aos meus olhos era uma comédia em dantesca, os ébrios junto às prostitutas que em báquicos meio a noute fria gritavam, zombavam na calmaria morta, as frontes belas eram defeituosas que fosforesciam no fanal quimérico. Cadáveres riam nas valas frias do cemitério donde foras esquecidos, os leprosos eram saudáveis, os bons saudáveis eram leprosos fedidos que suas partes caíam no chão imundo, as lágrimas inundavam as pálpebras de revéis em desgosto, a febre desmaiava os macilentos, pobres macilentos que desbotavam aos dias.
Era tão feio assim.
- Quem és? De que matéria tu és feito? Perguntei e os ecos repetiam.
O silêncio completava os suspiros de meu medo, a infâmia percorria a ossatura lassa que o porvir eriçava. Tão feio tão feio... – Quem és? Porque me tomas?
Riu-se na noute. Riu-se de uma risada túrbida que nas entranhas me cosia. – Não vês que o medo é o lascivo companheiro da morte? Não sentis que a tremura d'amplidão oscila o degredo da volúpia? Não ouves o troado que ulula por entre os caminhos perdidos da vida? Não crês que a derrocada és a fronte pálida do crente que escarra?
Quem és tu? Quem és? Repetia a estardalhaço.
Um momo representava como um truão, júbilo em tábido que vomitava uma suspeição incólume, do mesmo modo como espantadiço em vezes. O medonho ar que cobria as saliências da rua era fugaz, não era do algo aturdo que permanecia em risos na escuridão das sombras de escassa claridade da noute, parecia vim de longe, cheirava ruim a purulenta, como um cadáver tomado pela podridão do tempo.
A voz: – Sentes o olor que funde do leito da morte? Ei-lo, a fragrância de sua amada como és hoje, podre como a fé de um assassino salivante, oh que não é o cheiro de flores de um jardim pomposo, nem da inocência dos ramos de sua amada que não conseguiste purpurar em seu cortinado!? A voz espraiava uma fé feia, pavorosa como o cheiro lânguido em esquivo.
– Insânia! Insânia! Insânia! Gritava como um doudo ínvio.
A tom lamentoso da voz era horrível, mas... Era uma voz análoga e invariável. Nada poderia mudar o estranho desejo, ouvir a voz blasfemar palavras lindas dolentes.
- Ora, porque tu te pasmas? Quem és a figura a muladar o nome de minha donzela?
O vento cortava o esferal cerco da quelha, os dous faziam silêncio ouvindo a noute bela gemer lamúrias de quinhão. Era tão calmo, tão renhido...
- Moço, não vede os traços que figuram de minha fronte? Não vede que as palavras são como a tuberculose que nos extenua arrancando os gládios do peito? Não vede o amor que flameja e persevera perpetuando aos dias como a cólera. - Agora ouvi-me, senhor! Maldito dos malditos quem és? O que queres? – Sois o Diabo?
O gargalhar descortinava as concepções desconhecidas, era como o sulco dos velhos tomado p'la angústia das horas, do tempo, dos anos. Não era o Diabo, tampouco um ébrio perdido na escuridão da madrugada, nem menos um vagabundo escarnecido e molestado p'la vida das ruas.
A voz: - Quereria saber meu nome? Que importa? Já-vos o sabes quem sou, Pois? Não, não sou o Diabo, nem menos a nirvana que molemente viceja entre as doutrinas pregadas por idiotas vergastas. Não sou o bem nem o mal, nem 'alimária que finge ser um Arcangélico nos lasso dos dias. Não sou o beiço que almeja a messalina tocar-lhe os lábios adoçados de vinho. Oh que não sou ninguém somado por tudo que és. – Sabei–lo, pois?
- Agradeço-te. Disse-o!
Dir-te-ia as lamúrias seguintes, os ecos rompendo os suspiros meus, a lua sumira, o vento cessara, a voz que apalpadelava aos ouvidos descrido. Oh! tudo findou! Não sei se a noute seguiu bela e alta, lembro-me apenas de estar num lugar escuro, ermo, as paredes eram ebúrneas, a claridade não abundava o espaço tomado. O ar era desalento, um cheiro ruim subia-me as narinas;
- M'escureça os olhos, oh! Era um caixão ali.
Abri-o: Ah que era minha virgem bela, mas era uma defunta! Na pele amarelenta abria-se buracos que corria uma escuma nojenta, verde como o escarro de um enfermo; Os lábios que sonhei abotoar aos beijos meus era azul agora, os cabelos monocromáticos grudavam pelo líquido que corria pelo pescoço, as roupas lembravam um albornoz, branca como a tez inocente da juventude. Os olhos cerrados e túrbidos, tão sereno, a bicharia roendo-lhe a carne, fedia. As mimosas mãos entrelaçadas nos seios, feridas em exausto.
... Meus lábios em magreza os encontrou, frio como o inverno, gelado como a defunta açucena, a pele enrubescia aos meus toques, a escuma verde era viscosa e o prazer como o falerno, a cada beijo que pregava-lhe nos lábios, a cada toque na tez amarela, era tudo o amor, o belo amor pedido. A noute foi comprida, adormeci sobre o cadáver de minha amada, ao dia os corpos quentes abraçados, a adormeci em seu leito, dei-lhe o beijo, saí:
Coveiro: - És por acaso um tunante de defuntos? Perguntou-me.
- Não vês que o peito arde de amor como o fogo do inferno? E a esp'rança estertora como tu'alegria? Disse-o.
- Segues meu senhor!

Foto de Carmen Lúcia

Versos inversos

Meus versos são o inverso dos teus,
Falam de um amor ímpar, de um só par...
Enquanto que os teus são profanos,
Insanos ,mundanos...teu jeito de amar!
Meus versos são o inverso dos teus...
São luz das manhãs...os teus, Sol e Deus!
Meus versos são cheios de amor e verdade
E os teus revelam malícia, obscenidade...
Meus versos me levam a aninhar-me em teus braços
Teus versos exigem mais que um simples abraço...
Enquanto falo de poesia...te entregas à orgia,
Se versejo sobre flores...tu queres sugar o mel,
Colhido por beija-flores,tentando atingir o céu...
Meus poemas são intensos,os teus são rasos e tensos,
Porque colho as rosas do dia...e tu,a hipocrisia...
Que te fantasia,que te extasia...e te distancia.
Escrevo para extravasar a alma,palavras do coração...
E tu, pelo prazer da carne,desejo que arde,fogo e paixão!
Somos o reverso do inverso...o oposto escrito em versos.

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