NATAL SERTANEJO
Paulo Gondim
04/12/2007
O natal do sertanejo
Não tem muita regalia
Com pouca coisa se faz
Como é seu dia-a-dia
Vai à igreja rezar
Pede a Deus pra lhe ajudar
Pede paz e alegria
Não é dia de natal
É dia de Nascimento
Natal é coisa de rico
Que vive criando invento
É pra quem tem muito dinheiro
E o nosso pobre roceiro
Só ganha para o sustento
Por isso o bom sertanejo
Não faz festa no natal
Não se dar a esse luxo
É coisa bem natural
Nem por isso sente culpa
Nem sequer se preocupa
Se alguém vai falar mal
O rico, sim, é de festa
Com seu povo da cidade
Come e bebe como bicho
Tudo em grande quantidade
Se mostra ser poderoso
No seu jeito escandaloso
Com luxúria e vaidade
O rico faz muita festa
Mas nem sabe pra quem é
Coitado do Deus Menino
De Maria e de José
Por ninguém vão ser lembrados
Ficam sós, abandonados
Ali, num canto qualquer
É assim há muito tempo
Um natal de hipocrisia
De divino não tem nada
Só profano, só orgia
Só comércio, só consumo
Eis o mais triste resumo
Desta triste fantasia
Mas tem muita gente pobre
Que embarca nessa farsa
Quer fazer natal de rico
E acaba na desgraça
Se comprou não vai pagar
Quando a loja vem cobrar
Suja seu nome na praça
Por isso que o sertanejo
É mais sábio, sim senhor!
Sua festa é mais discreta
Mas é cheia de amor
Não se mete com “gastança”
Mas não lhe falta esperança
E a Deus canta louvor
Sua festa é muito simples
Diferente da cidade
Nela se festeja a vida
Sem nenhuma vaidade
Não se bebe caros vinhos
Mas com todos os vizinhos
Se pratica a caridade
É com esse objetivo
Que se festeja o natal
Com respeito ao Deus Menino
Que vem combater o mal
Renovar a esperança
Reforçar a confiança
Num plano espiritual
Comentários
Carmen/Paulo Gondim
Nota 10 ao seu poema...e um voto meu.
Com palavras simples, você mostrou uma realidade crua e nua. Só verdades.
Estou com você e não abro!(desculpe-me pela expressão).O Natal perdeu seu encanto.Jesus é usado como estimulante para o comércio.
Parabéns!Abraços!
Carmen Lúcia
Carmen Lúcia
Olá, Carmen
Grato pela leitura e comentário. É que não consigo ver de outra forma. Pode até não agradar a muita gente, mas continuo pensando assim.
Natal, quando eu era criança, não tinha papai noel nem árvore. Tinha presépio e se festejava na igreja. Talvez porque éramos pobres. Minha mãe falava que era dia de NASCIMENTO! (daí, grande parte do sobrenome das pessoas ser esse, por influência religiosa)
Abraços!!!
Paulo Gondim
Paulo Gondim
Natal sertanejo
Bom dia,
Paulo Gondim!
Poema que mostra a verdade que temos, Natal é só uma ilusão!...
Esta é a mais pura das verdades - é a verdade nua e crua!...
Este é um pequeno/grande exemplo em que o espírito natalício não é mais vivido como outrora!...
Ocupou o seu lugar - o consumismo-, por vezes tão desvairado que chega a causar náuseas!
Será que ainda produz efeitos aquela máxima «..Perdoai-lhes que eles não sabem o que fazem?...»
PS:. Deixo meu voto e mais daria se pudesse!
Temas como este merecem a nossa pronuncia!...
Abraço, de
JoaninhaVoa
Joaninhavoa
Olá, Joaninha
Agradeço profundamente seu comentário! É sempre bom receber a particiapação de poetas portugueses, a quem reputo muita sabedoria na arte de escrever. (Não sou poeta, apenas, faço versos)
Mas pode ter certeza: a máxima a que se refere nunca esteve tão atual como agora. Mas do que nunca é necessário o perdão, apesar de haver pessoas que pensam que o dinheiro compra tudo. Pode até compar a cama, mas não compra o sono; pode até comprar a gráfica, o papel, a tinta, mas não compra o talento de quem escreve.
Por isso, neste natal, quero desejar paz e simplicidade a todos
Paulo Gondim
Paulo Gondim