Ontem

Foto de Sonia Delsin

VIVA DE VERDADE

VIVA DE VERDADE

Mesmo que o ontem ainda pareça tão vivo dentro de você, ele já morreu.
Já se escafedeu.
Você adormeceu.
Acordou noutro tempo.
Hoje.
Não podemos nos esquecer de um pequeno detalhe.
De viver.
E bem viver.
Porque não teremos nunca mais este dia.
Precisamos aproveitar cada momento para abraçar um ente querido.
Um amigo.
E perdoar (caso tenhamos) um inimigo.
Devemos nosso amor mostrar.
Demonstrar.
Um pequeno afago.
Um olhar.
A vida nos dá o hoje e precisamos aprender a vivenciar.
Mas falo vivenciar com profundidade.
De verdade.
Se você tem algo a fazer, faça agora.
Sem demora.
Mesmo que em nosso ser pareça que os fluidos do ontem existem eles já se foram.
Como nós iremos.
Então vamos cada instante de nossa vida aproveitar.

Foto de o amor me pegou de jeito A.D te amoooooooooooooo...

estrelas!!!!!!!

Ontem quando olhei para o céu avistei as estrelas tristes ai perguntei: estrelas o porque de tanta tristeza? elas responderam: é que esta vindo ai de baixo uma luz muito forte e esta ofuscando as nossas luzes, respondi mas que luz é essa? é de uma mulher linda, meiga, carinhosa, amorosa, amiga, companheira, glamurosa, simples e gentil que tem no olhar o brilho mais forte do que os das estrelas, foi ai que eu entendi elas estavam falando de vc meu amor Andréia Débora dos Santos Morillas vc tem um brilho unico que até as estrelas ficam acanhadas e envergonhadas com o seu brilho te amoooooooooooo meu unico e verdadeiro amor, beijos em seu coração doce e meigo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Foto de Fran Thawanny x

E por que enteder?

Ela: estava esperando na estação
Ele: estava saindo do trem
Ele: não tinha ingresso, então teve de
Pular pelas barreiras de novo
Então o inspetor de ingresso viu-o correndo
Ele: disse "garota, você não sabe o quanto senti saudades,
Mas é melhor a gente correr porque eu não tenho
Grana pra pagar essa multa"
Ela: disse "tá"

Então eles saíram correndo da estação
E pularam num ônibus
Com dois tickets de ontem e duas garrafas de Bud
E ele disse "você está muito bonita"
Então ela estava usando uma saia
E ele achou que ela estava bonita
E ela também não ligava pra mais nada
Porque ela só queria que ele a achasse bonita
E ele achou

Mas ele estava olhando pra ela, como se fosse engraçado
Ela: disse "vamos lá, garoto, diga-me o que está pensando,
Não seja tímido"
Ele: disse "ok, vou tentar...
Todas as estrelas lá no céu e as folhas nas árvores
Os pedacinhos quebrados que a fazem pular e
A grama que fica em volta
Tudo o que importa neste mundo é o quanto
Eu gosto de você"

Ela: disse "o quê?"
Ele: disse "deixe-me tentar e explicar de novo

Então, pássaros podem voar tão alto
Ou podem fazer cocô na sua cabeça
É, eles podem quase ir direto nos seus olhos
E deixá-la assustada
Mas quando você olha para eles e vê que são lindos,
É assim que me sinto com relação a você"

Ela: disse "o quê?"
Ele: disse "você"
Ela: disse "do que você está falando?"
Ele: disse "você"

Ela: disse "valeu... também gosto de você"
Ele: disse "legal..."

Foto de samorito

Palavras à chuva!

Naquela noite tardia partiste para longe

Deixaste-me palavras de encorajamento

e levaste contigo um pedaço de mim

deixando colado em mim o teu doce cheiro

disseste que plantei borboletas no teu ventre

mas em mim plantaste a semente do desejo

a paixão louca sem limite, louca e arrebatadora

quis e quero te dizer muita coisa

mas não sei como...

quis e quero te dar tudo de belo

o que tenho e posso e o que não tenho e não posso

Ontem era dia de chuva branca...

um dia nostalgico e frio!

e tive saudades do teu corpo colado ao meu

veio-me o teu cheiro às entranhas e sorri de prazer

saí para a chuva e deixei que ela me lavasse

como se da tua caricia se tratasse

ri-me e falei alto para que forte vento levasse as minhas palavras longe

longe, para junto de ti...

longe para que as pudesses escutar

longe para que as pudesses saborear

longe para que te pudesse tocar e a tua alma acariciar

disse alto e em bom som que adoriei cada momento

cada minuto, cada segundo, cada milésimo.

Samory de Castro Fernandes

Foto de lenita tkm

revOlta

Olhas a tua volta e já não há ninguém em quem confiar
Este mundo esta prestes a desabar
Sentimento de revolta esta cada vez maior
E as pessoas a tua volta cada vez pior
Achamos que conhecemos todos a nossa volta
Mas quando abrimos os olhos nasce a pura revolta
E das por conta das facadas que levas-te
Que o mundo não é o que sempre imaginas-te
Os sentimentos de amor e amizade
Foram trocados pelos de cinismo e falsidade
Já não sabes em quem confiar
É para esta nova realidade que te tens de preparar

A que ontem chamavas de amigo
Amanha não passa de mais um inimigo
Prestes a fazer tudo para acabar contigo
A fazer de tudo para acabar com mais um sorriso
Têm atenção a quem estendes a mão
Não vá ela puxar-te e levar-te para a escuridão

Tento acreditar que nem todos são assim
Que se calhar nem tudo esta a chegar ao fim
Mas quando acordo é que percebo
Que estou sozinha no meio de mais um enredo

Foto de Dennel

Suicídio do amor

Você me questiona a respeito das minhas afirmações, quando a culpo por meu sofrimento e desilusão. Você surgiu na minha vida quando meu coração estava tranqüilo e descompromissado. Na ocasião nada queria, a não ser a companhia dos meus amigos e aconchego da minha família, paixões não estavam nos meus planos.

Vindo não sei de onde surgiu você, linda, faceira e sapeca. Quem me chamou a atenção para sua beleza e encanto foi meu amigo (que hoje sei, não tão amigo), me incentivando a corresponder à sua paquera, detalhando o seu interesse por mim. Antes tivesse me tornado cego, surdo e mudo às suas ponderações.

Pouco a pouco, nos conhecemos e nos envolvemos; meus dias adquiriram uma nova dimensão, coloridos, surpreendentes e felizes com sua presença. À medida que os dias avançavam nossa felicidade aumentava, decorrente do amor que acreditávamos sentir.

Víamos nosso futuro construído a partir de uma base familiar, eu com minhas ocupações externas. À noite, quando voltasse, seria recebido pelo cão festeiro, alegre pelo regresso do seu dono; era recebido por você com um longo e ardoroso beijo, no tapete da sala, nosso pequenino encantado.

Quanta desilusão! Não sabendo como ou porque, os sonhos foram abruptamente interrompidos, os planos desfeitos. Busco incessantemente as razões do seu afastamento, inquiro meu coração, procuro onde poderia tê-la magoado, sem contudo, lograr êxito. Você não atende a meus telefonemas, não retorna aos meus e-mails; até sua família aumenta a minha dor e desilusão, ao mentir que você saiu.

Ontem te encontrei; até chorei de emoção, bateu forte o coração, as mãos suavam, e a palavra emperrou na garganta, permitindo-me apenas um “oi” que nem sequer foi respondido. Sua indiferença fez ruírem todas as minhas esperanças, meu olhar embaçado viu quando você cruzou a esquina, desaparecendo para sempre.

A amargura que sinto leva-me a escrever estas linhas, por favor, não repare na letra tremida; pois se escrevo não é para despedir-me, mas como o penúltimo ato anunciado de uma partida, partida da qual você é a causadora, ao me vender o último bilhete para embarque, fruto da sua insensibilidade.

Não lhe darei o direito de defesa, pois tem todas as culpas, inúmeras vezes me enfeitiçou com seu olhar, outras, prendeu-me com um sorriso magnetizado, do qual não conseguia livrar-me.

Creio que sequer uma lágrima será vertida, porém, quando me vires rodeado de flores, notarás um discreto sorriso no canto de meus lábios, sorriso irônico, de acusação, como a gritar para a sua consciência as palavras de acusação que em vida meu coração não permitiram. Olharás em volta e sentirás como se as demais pessoas estivessem te condenando, então saberás que é tarde, muito tarde para arrependimentos.

Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2006 All Rights Reserved

Foto de LUCAS OLIVEIRA PASSOS

AS ESTRELAS

As estrelas Lucas Oliveira Passos

As estrelas estavam lá, no pedaço de céu que me cabia apreciar pela janela, naquele leito de hospital em que eu me encontrava, arrasado e sem entender nada...mais uma vez minha vida mudava completamente, numa guinada imprevizível...a necessidade da cirurgia, a gravidade da doença, e por fim a notícia que tentaram me passar e que me recusava a entender, sabia que era algo terrível, algo que teria que me lembrar e aceitar para o resto da vida, mas naquele momento o bloqueio não permitia, eu não conseguia pensar, apenas aquela imensa tristeza, e um gigantesco desejo de morte que nunca havia sentido antes em toda minha vida.

A enfermeira se aproximou sem fazer qualquer barulho, e cuidadosamente fechou a pequena janela, próxima ao meu leito, minha única referência para o mundo exterior, minha única fuga para os pensamentos terríveis que invadiam minha mente.

- Tenho que fechar a janela, os outros pacientes estão reclamando do frio, me desculpe, sei que é a única coisa que parece lhe interessar...

Assim, todas noites, meu céu quadrado e pequeno, contido nas dimensões daquela janela, se apagava irremediavelmente, as estrelas, que eu tanto estudara e pesquisara, por puro deleite, em certa etapa da vida, eram agora meu único consolo, me faziam pensar no tão pequeno que eu era, naquela imensidão tamanha do universo.

Não sabia quanto tempo já se passara desde o dia em que me internei com câncer e uma hérnia abandonada por muito tempo, calculava algo em torno de uns seis meses, tudo fora um sucesso segundo os médicos, mas meu corpo não era mais o mesmo, meus 75 anos pesavam bastante no processo, o restabelecimento era lento, a angústia era grande, havia algo medonho a ser encarado, assimilado e entendido...um amargo na garganta, um peso imenso no peito...por que meu cérebro se recusava a processar a notícia que foram me dar? Minha filha Aninha, por que não aparecia mais no hospital para me visitar?

As lágrimas brotavam abundantemente nos meus olhos, não devia ser assim...tão acostumados com o sofrimento devido aos anos de trabalho voluntário na ajuda desvalidos...comecei a lembrar palavras que foram ditas...concluí que havia acontecido com Aninha algo terrível, agora ela era apenas uma pequena estrela no céu e ao mesmo tempo uma chaga aberta para sempre no meu peito, para o resto do resto de minha vida, pois minha vida agora só seria um resto, que talvez nem merecesse ser vivido...chorei a noite inteira...nunca fora de chorar, nunca chorava, mas era impossível evitar...comecei a recordar o passado e parei exatamente quando Aninha havia entrado em minha vida...antes de nascer...ainda quando era nada mais que uma promessa de vida no corpo de uma mulher, quinze anos atrás...em um ponto de ônibus em Copacabana...

- Tu podes me ajudar? Estou com fome, estou grávida, meu namorado me abandonou, minha família não quer me ver, cheguei de Curitiba ontem e não como nada a dois dias, preciso que alguém me ajude...

Olhei a mulher nos olhos atentamente, estimei não mais que 30 anos para sua idade, observei todo seu corpo, era bonita, estava maltratada, entretanto vestia roupas de qualidade...seus olhos mostravam que estava em situação de carência e mêdo, o corpo, uma gravidez de no mínimo dois meses, senti muita pena dela, eu nunca abandonaria uma mulher à própria sorte, mesmo sendo desconhecida, e assim me senti envolvido e pronto para ajudar...

- Qual é o seu nome, moça?

- Sonia, mas tu podes me chamar como tu quizeres, se puder me ajudar te agradeço muito...Tu és casado, posso ajudar no serviço da tua casa?

Aquela pergunta me fez lembrar que já fora dezenas de vezes, não no papel, mas a muito tempo este conceito de ser ou estar havia perdido o significado em minha vida, deixava o amor fluir da forma que viesse, amava as mulheres incondicionalmente, deixando-as livres para entrar e sair de minha vida como bem entendessem, aprendi a recomeçar sempre que fosse possível, sem olhar para trás e sem me importar com nada, estivera diversas vezes no topo e na base, e sabia que após tempestades a terra se torna fértil e pronta para a fecundação, e que o importante eram os dias de sol que viriam, trazendo lampejos de felicidade...pequenos momentos que tinham que ser aproveitados antes que se acabassem...não fechava nunca qualquer porta que pudesse permanecer aberta em minha vida, essa era minha filosofia de vida, era como eu me sentia...

- No momento estou morando sozinho, se você quizer, eu te levo para minha casa, lá você pode se alimentar, tomar um banho, trocar de roupa e ficar quanto tempo quizer...até ter um lugar melhor para ir...quando quizer ir...

E assim, desde o primeiro dia morando em minha casa, Sonia se posicionava como minha mulher, sem reservas, na cama inclusive, sem nada perguntar, sem nada pedir, com seu olhar meio ausente e distante, por vezes inquieto.

Comecei a perceber que Sonia seria um pássaro passageiro em minha vida e não demoraria a se lançar em novo vôo, e isto me incomodava, havia me apaixonado mais uma vez e agora amava Sonia e a pequena semente que crescia no seu útero, fecundada por outro homem, mas já adotada totalmente por mim. Passei a visitar minhas tias levando Sonia e a promessa de Aninha, cada vez maior em sua barriga, apresentando-a como minha nova companheira, na extrema tentativa de faze-la gostar daquela opção de vida, mas sentia que o olhar de Sonia estava cada dia mais longe.

Tinha percebido desde o início que Sonia, assim como meu falecido filho Lalo, apresentava sintomas típicos de viciados em drogas, a abstinência estava lhe pesando cada vez mais e chegaria a um ponto em que ela não suportaria ultrapassar...isso me aterrorizava e me fazia passar noites em claro procurando uma alternativa, abri o jogo com ela, mas ela negou tudo e inverteu a situação, dizendo que se eu queria um motivo para me livrar dela e de Aninha. Talvez Sonia nunca tenha sabido o quanto me feriam essas afirmações...o quanto era grande o meu amor por ela.

O tempo foi passando, dias, semanas, meses e finalmente Aninha nasceu, pequenininha, indefesa, totalmente dependente de tudo e de todos, sem saber em que mundo fora lançada e por quanto tempo...eu tentava esconder as lágrimas que brotavam de meus olhos quando observava a total indiferença de Sonia em relação a Aninha, e comecei quase por adivinhação do que viria, a ler tudo sobre crianças.

Quando Aninha completou duas semanas de vida, cheguei de uma entrevista para um novo emprego e não encontrei mais Sonia, ela havia partido, deixando apenas um pequeno bilhete junto ao berço. Sonia levou quase todo dinheiro de nossas reservas, Aninha passou nesse momento a ser responsabilidade e problema apenas meu. Eu me recusei a acreditar, andava pelas ruas olhando em todas as direções, procurando por Sonia, levando fotos, falando com drogados, mas nenhum sinal de Sonia, devia estar longe...talvez em Curitiba...talvez em qualquer lugar do mundo, bem longe dos meus olhos mas ainda dentro do meu coração, ocupando um espaço imenso e significando talvez a maior derrota de toda minha vida.

Sentia uma imensa agonia e abraçava Aninha toda vez que precisava sair para conseguir algum trabalho, agora eram apenas eu e ela, apenas nos dois para enfrentar o mundo e lutar pela vida. Como conseguiria trabalhar e ao mesmo tempo cuidar do bebe, teria que conseguir uma atividade que pudesse ser feita em casa, que não tomasse todo meu dia...tinha que conseguir voltar ao topo, com bastante dinheiro seria mais fácil resolver as coisas... nunca me importava com o dinheiro, mas agora ele era a coisa mais importante para que eu pudesse cumprir meu juramento, daria o máximo do resto de minha vida para que o futuro de Aninha fosse o melhor possívcel...eu sempre recomeçava...já não me assustava com isso... e assim fui vivendo aqueles dias de angústia e amargura, tendo como único prazer observar a vida e o tempo fazendo de Aninha uma menininha cada vez mais linda.

O tempo foi passando e meu trabalho em casa, com desenho, arte final e fotografia, conseguia manter Aninha na escola, ela estava cada dia mais linda, com seus dois aninhos completos, me chamava sempre de paizinho, o que me deixava orgulhoso, eu já aceitava que iria viver apenas para que aquela criança pudesse ser alguém neste mundo hostíl, e assim evitava agora me envolver com outras mulheres, vivia só para Aninha.

Quando Aninha completou quatro anos, escrevi para minha tia que morava em Porto Alegre, que não via já a uns vinte anos. Informei sobre minha vida e minhas preocupações em relação a minha filha, a incerteza das coisas e a necessidade de ter alguém que pudesse ajudar caso eu ficasse doente ou morresse. A resposta de minha tia veio rápida, “venha para Porto Alegre, só aqui poderemos te ajudar, precisamos de alguém de confiança para a fábrica de tecidos, minha filha Tânia separou do marido e já não consegue tocar tudo sozinha, ele participa do conselho de administração, mas não do dia a dia da fábrica, entre em contato, poderemos nos ajudar, sei que você é competente quando está motivado, te esperamos aqui ”.

O convite me deixou orgulhoso e me fez sonhar com a possibilidade de estar perto de Curitiba e conseguir encontrar Sonia, ainda moradora em meu coração apesar de tudo o que acontecera, e assim, em poucos dias eu e Aninha já estávamos reduzidos a apenas duas grandes malas, que continham tudo que tinhamos na vida, também cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas.

Quando os momentos são felizes, passam muito rápido, e assim, Aninha já estava fazendo dez anos de vida. A ida para Porto Alegre fora muito boa para mim, Tânia estava muito abatida com a separação e se dedicou totalmente a mim e a filha, embora tivesse suas duas filhas adolescentes para cuidar. Aninha vez por outra me abraçava e lamentava por mais uma vez não poder ter a oportunidade de conhecer sua mãe. Eu procurava a todo custo esconder as lágrimas que teimavam em rolar de meus olhos cerrados enquanto a apertava fortemente contra o peito, dizendo que um dia isso seria possível, que ela voltaria e seríamos felizes. Estava muito bem posicionado na empresa, como diretor de produção, mantinha dois detetives mobilizados na busca por Sonia que parecia ter se transformado em pó. Não sei até hoje, se foi por me observar sofrendo e sem ninguém para compartilhar, ou se foi para causar ciúmes em Silvio, que a largara para viver com outra mulher, que Tânia começou uma aproximação maior, me fazendo seu acompanhante a festas e jantares e fatalmente acabamos nos gostando e começando um relacionamento amoroso escondido.

Era um sábado de manhã, acordei bem cedo pois havia combinado com Tânia um passeio nas regiões serranas, recebi um recado de Tia Albertina, me chamando no seu escritório, não imaginava o que poderia ser, lembro que eu estava muito orgulhoso com as novas máquinas que haviam dobrado a produção, embora a contragosto dela, que achava que as empresas tinham que operar sem dívidas, e que votara contra a compra do novo maquinário financiado. Tânia ficara pela primeira vez em posição contrária a dela e a de Silvio, durante a votação do conselho de administração. Silvio visitara tia Albertina na véspera e falara em reparar um erro e voltar a viver com Tânia. Até hoje não sei se eu estava certo ou não, mas nunca imaginei ouvir de minha própria tia o que ouví alí;

- Canalha, acabou para você, eu confiei em você e você me traiu, não adimito, não posso acreditar que você se envolveu com Tânia, ela é muito mais nova que você, isso é um desrespeito, quero que você volte para o Rio de Janeiro, não quero você mais aqui, já fiz as contas e este cheque é tudo que você tem direito, pegue sua filha e suma daqui, hoje mesmo...

Rasguei o cheque na frente de minha tia e fui buscar Aninha, preparamos as malas, apenas duas grandes malas, largando todo o resto para trás, novamente cheias de esperanças e sonhos de melhores dias em nossas vidas...

Hoje, um ano após sair do hospital, começo a procurar pelos parentes que me restam e pelos vizinhos, só agora consigo falar em Aninha sem que a voz me escape e um pranto enorme me sufoque, foi muito duro tentar recomeçar a vida e tentar entender como tudo se passou, eu e ela fomos vivendo nosso amor fraternal, que aumentava a cada dia, e nos bastávamos, o mundo não tinha mais sentido, até que a necessidade da cirurgia nos separou pela primeira vez na vida, aquela profunda tristeza e o medo da minha morte foi capaz de matar Aninha, de uma forma tão violenta que o coraçãozinho dela, de apenas quinze aninhos, não aguentou a solidão, se recusou a bater e parou para sempre. Eu e meu velho coração, ficamos em coma várias semanas, porém já tantas vezes vacinado pelas angústias da vida, aguentei firme até hoje, embora não consiga aceitar o que se passou e sinto, cada vez que olho as estrelas, que Aninha está lá, linda como sempre foi em sua curta vida, sempre ao alcance dos meus velhos e cansados olhos, minha amada estrelinha...Minha filha Aninha!

Sigo a jornada da vida, cumprindo minha missão, voltei ao trabalho voluntário com os desvalidos, tentando dar um pouco de utilidade a este resto de vida, sei que é questão de pouco tempo, breve estarei com ela para sempre...junto as estrelas...

Foto de PCoelho

CONVITE A RECONCILIAÇÃO

CONVITE A RECONCILIAÇÃO!

Deixe lá fora, todas as tuas mágoas
E por favor, enxugue as lágrimas!
Coloque em saco plástico bem fechado
Todas tuas angustias, tristezas...
Deposite tudo na lixeira.
Deixe um sorriso nos lábios e entre desarmada!
Na tua mão direita
Traz uma bandeira branca
Não se assuste entre
A penumbra é só pra dar um clima
Continue siga em frente
A rosa sobre a mesa
Com a tua mão esquerda, pegue
É tua!
Sinta o perfume da sala
Passe pelo corredor do apartamento
Corra...Penetre quarto adentro
Olhe e sinta toda atmosfera...
Repare na mesinha arrumada
Nas taças de vinho postadas
E olhe pra mim!
Observe a flor na lapela
Você sabe o significado dela
Escute a nossa musica tocando
Não fale nada, fique assim...
Apenas te peço, feche os olhos
Sorria, inspire minha alegria.
Abra a porta e as janelas do teu coração
Deixe entrar, a minha felicidade nelas
Mas por favor, nem tente lembrar porque brigamos
Faça de conta que não existiu, que não aconteceu
Que a dor que ontem sentimos, sumiu!
Deita a tua felicidade ao lado da minha
Abrace, olhe, acaricie, sorria...
Sinta nas explosões dos nossos corações
Como ainda nos amamos tanto!

Foto de pttuii

África e o resto de não saber escrever

Desfrisei as palavras como cabelos de mãe preta desconsolada. Na tabanca um poema, para rede de lágrimas a cheirar a moamba, e debaixo do embondeiro....são soluços de improviso, quando a tristeza vai e vem nas pilosidades do vento quente. No cúmulo de penas, na falta de uma explicação para o entardecer que parece matar por prazeres descarnados, sentei-me. Torrei um acróstico no fogo-chão, e embriaguei-me com pensamentos kantianos que, nesta terra, são pequenas mordeduras de cobra no calcanhar. Servem para acordar, e servem para dormitar em cima de mosteiros feitos no ar. O Inverno nunca o conheci menos perfeito. Foi sempre Verão como hoje, como ontem, e talvez como no dia da minha morte. Pleonasmos estendidos nesta terra que cheira como perfume de vida recém-chegada ao inferno ardente.

Foto de pttuii

O rapaz da vagina de fogo

Gostava de bigodes. Até os desenhava, com bocados de carvão que apanhava religiosamente da oficina abandonada que poluía aquela rua de desavindas imaginações. Roçava, embalava, desejando mesmo que o homem do espelho, fosse o homem com que se deitasse se a sorte quisesse. O sol dizia-lhe sempre que sim, mas um sim pouco embalado. Havia dúvidas. Sim, tal como a terra cai em cima do que de nós resta.
Era o rapaz da vagina de fogo. Uns dias com medo de pisar pecados alheios. Por momentos digno de abraçar a diferença, e com ela dançar a uma música inaudível, e religiosamente barulhenta.
Chamava-se assim, para não se chamar coisa pior. Aliás, chovia. Por certeza de menor importância, o dia era igual ao de ontem. Volteavam ventos, desnorteavam-se nuvens que deslindavam o dia assimétrico.
Aquela terra era de uma humidade atroz. Fazia mal às pessoas que não queriam fazer mal a si próprias. Enleava-se nos ossos das pessoas muita coisa pior que cinza. Futilidades que não interessam na altura de escolher decisões. Pecadilhos que os homens a sério mexem em si mesmos, e depois comem para os esquecer de vez.
Pronto, estava assim até escrito. As folhas de quase seda de um caderno com capa de rosa que cheirava a testosterona, digladiavam-se com o vento. Letras de copista, com curvas e contracurvas de sinuosas certezas, mostravam ao mundo que o rapaz tinha vagina. Não se via, é certo. Lambuzava amores perfeitos para cima de jovens que dobravam a esquina com ar gingão e pronto a enfrentar o mundo. E à noite. Quando a lua ganhava a luta com a rotação omnipotente, aquela coisa que não se via, via-se. Encenavam-se histórias de amor com cheiro a rosmaninho. A mulher, homem, era do homem, antes de ser de si própria. Era uma mulher suave, meiguinha. Que cativava. Meiguinha. Adorava amor. Meiguinha. Dormia com esta palavra, quando sons menos inseridos no mainstream da capacidade auditiva humana envolviam aquele leito.
De fogo a vagina. Deitava chamas, porque queria ser vagina. E nunca foi vagina. Mas será. Será mulher. Ao menos o catalisador do devir assim o queira.....

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