Mistério

Foto de Carmen Lúcia

Sou...e não sou...

Sou arredia, um bicho acuado,
Que foge de carinho por não ser acostumado.
Sou o escárnio, o sarcasmo, o pútrido,
A queixa a se manifestar no púlpito.

Sou a esquina úmida e vazia,
A conseqüência da noite de euforia...
Sou o rio que nunca chega ao mar
E morre na praia sem saber amar.

Sou a dor que pulsa quando o amor se vai...
A lágrima triste que rola e se esvai,
Sou o incesto que não foi amado
E o mistério jamais revelado.

Sou a tempestade que o barco afunda,
O fantasma que surge da penumbra...
Da alma, a amargura...
Da vida,a desventura...

Tijolo podre de uma construção
A desabar em qualquer ocasião...
Dependente...carente...mal amada,
E mais que isso...Sou nada!

(Carmen Lúcia)

Foto de Carmen Vervloet

Despedida (Para minha Mãe, com todo meu amor)

Mãe, segure na mão de Deus e caminhe sem medo
Entre neste túnel de luz que se abre e a atrai
Deixa pra traz este mundo de lutas e tantos enredos
Vai em paz, siga o clarão, não olhe pra trás.

Mãe, minha melhor amiga, confidente e companheira,
acabou este longo sofrimento que tanto a desgastou
Já não existem entraves, dor, gemidos, nem barreiras
Deus fez de seus atos um balanço e por mérito os aprovou.

Abrace papai, vovó, vovô, toda a família que tanto amou!
Usufrua do bem que fez e que só a abençoou...
Entregue-se a esta nova vida com a honra da plenitude
E perpasse o mistério da morte, com o passaporte de suas nobres atitudes.

Mãe, saudade... muita, tanta, imensa, infinda, vai deixar...
Mas deixa também um exemplo de amor, superação, integridade, alegria, doação...
E quando a agrura da vida a nós, suas filhas, molestar
É só lembrarmos, como era bondoso, simples, imenso, puro, corajoso seu coração.

Mãe... Este adeus é apenas um adeus temporário, provisório.
Logo ali na frente todos iremos felizes, te encontrar e abraçar
As suas atitudes frente à vida serão sempre nosso espelho obrigatório
A herança que deixou foi a sua imensa capacidade de só e sempre amar, doar e perdoar.

Foto de Carmen Lúcia

Quando passa o tempo...

Agora o tempo passou...
Encaremos uma nova história,
não a que ontem vivemos,
surpreendente a cada capítulo
irreverente a cada mandamento
sem idéia de fim ou recomeço
inerente ao que fomos ou somos,
mudando apenas o endereço.

Escrita a quatro mãos,
traçando rumos diferentes,
delineando destinos coerentes
menos a incoerência da gente...
história rica de acontecimentos
marcada de inusitados momentos.

O que era banal tornou-se sério,
o que era revelado virou mistério,
o que era simples se modificou,
o que era pra ser não foi ... parou...
e agora tanto arrebatamento
já não cabe nas páginas restantes,
amareladas e reticentes,
onde se imagina cada instante
inesquecível e imortal
deixando ao tempo o ponto final.

_Carmen Lúcia_

Foto de Carmen Lúcia

Ciclos da vida

Engulo meu pranto, driblo a dor,
encaro os fatos, os erros, os atos...
Faço-me forte, alço meu porte
e de cabeça erguida
tento me soerguer
das quedas da vida.

Mesmo ainda frágil,
olvidando os medos,
sepultando segredos,
demonstro coragem
pra continuar...e lutar.

E assim vou vivendo.
Nunca se deve parar.
São os ciclos da vida...
andar e chegar.

Às vezes me entrego ao vento
num lânguido e frio lamento:
“ Me leva pra onde soprar...
Bem longe, pra não mais voltar...”
E me pego levitando
num mundo distante
onde quero pousar...

Ou então peço ao tempo,
inflexível, irreversível...
Senhor da Razão!
“Ensina-me a viver sem emoção,
já que não se dobra à nenhuma sensação.”
Não para, não sente, segue sempre em frente,
indiferente ao passado,
ao que nos foi tão sagrado...
ao que queremos esquecer.

Precisa cumprir sua missão.
Persegue o futuro, esse desconhecido,
um tanto atrevido, mistério escondido
que chega em arremesso:
“ É o Novo! O recomeço!”

E o Hoje nos dá de presente...
Somente hoje,
vivamos intensamente,
que logo vai se acabar...
Uma pausa pra refletirmos
qual caminho tomar.

Cada um vai para um lado,
jogando na sorte, apressado,
corrida incessante, jogo bizarro.
Partida ganha...É o fim da jornada.
E depois da chegada?

(Carmen Lúcia)

Foto de Priscila Maia

Desejo

Amor da minha vida
Mistério e fantasia

Em seus braços sou menina
No auge do desejo
Me perco em seus beijos

Como um vulcão
Você desliza em meus seios

Carente deste amor
Suplico por um toque

Me perco em seu corpo nu
Conhecendo suas curvas
Cada detalhe

Delírios constantes
Te quero flamante, amante

Penetra em minha alma
Preenche de amor
E prazer
Todo meu ser

Foto de Paulo Gondim

Festa

FESTA
Paulo Gondim
31/01/2012

A lavra da terra, o mistério
O confiar, o esperar
Prova da fé
Em cada semente
O milagre do pão
A multiplicação
O sonho na mão

Vida que se busca
Que se conquista
Como batalha
No fio da navalha
A cada hora, a cada dia

O grão que germina
A espiga que brota
E em cada volta
Do rio que rega
O milagre se dá

E farta colheita
Se faz esperança
E nessa bonança
A vida se alegra
Se faz mais bonita
Um corte de chita
Enfeita o amor
Em tom de louvor
O homem agradece
De Deus não se esquece
Aumenta o fervor

A chuva na terra
Sinal de fartura
Toda criatura
Festeja o momento
Em contentamento
O homem, a mulher
A moça o rapaz
E todos se unem
No abraço da paz

Foto de Melquizedeque

‎:::: QUELÍCERAS POÉTICAS ::::

Escavo a poesia a procurar veneno!
Não o ungüento que afaga ou antídoto...
Torturo-a até ouvir seu grito macabro;
Afogo-me no mar de sangue, nojento.

Caminho nos rastros das cobras,
Nas saias curtas de viúvas negras,
Nos sanatórios que encontro na estrada,
Ou velórios onde mortos passeiam.

Desenterro sarcófagos intactos,
Ali me aqueço nas madrugadas frias.
O relâmpago nas trevas me salva
Quando o tédio seqüestra meu dia.

A poesia doce cheira hipocrisia.
É sedentária e ilusória – frágil mentira!
O mistério poético e visionário do ser
É encontrar a si mesmo num reflexo constante.

Arranco o coração da poesia com os dentes,
Estrangulo-a sem piedade; sou quelícera afiada!
Apedrejo seus filhos, bebo fel sorridente...
- Ela é cólica análoga a um mundo decadente!

Charles Von Dorff, 18 de janeiro de 2012.

Foto de Kamael

Saudade

Saudades...

De uma noite de verão,
quando as flores abrem suas pétalas, unindo-se à brisa
Para num aplauso perfumado, receber a lua cheia
Que brinca no céu, ofuscando o brilho das estrelas.

De um lago perdido em algum canto da memória,
Do cheiro de terra molhada e capim amassado,
Arrepiando o corpo na volúpia da natureza.
Da explosão sensual de cores no horizonte,
Ao despertar do astro rei, repleto de luz e calor...

Das ondas quebrando no silencio da madrugada,
Esculpindo na rocha figuras fantásticas,
Talhadas pelo cinzel de misterioso e invisível artista.

Saudade...
De mistérios desvendados, criando enigmas ainda maiores.
Da poesia que se esconde em cada verso não composto,
porem, vivido e compartilhado.

Saudade que é a prece e também o milagre...
A água pura da fonte mais profunda,
Que tem no sabor o mistério da terra.

Saudade do escuro da mata, que hipnotiza e acalma...
Do silencio e do suspiro que escapa da noite,
Da procura e da resposta...
Saudade de você.

Carlili (Kamael)

Foto de Carmen Vervloet

Homenagem a Carlos Drummond de Andrade - O Mágico das Palavras

O menino de Itabira,
filho de dona Julieta,
sonhos cor de safira
arrebatado tão jovem
ao encantado mundo das letras.

Entregou-se tão criança
à sedução das palavras
e entre rimas e versos
foi criando um particular
e rico universo.

Aos treze anos de idade
causando perplexidade
começou a realizar conferências
e na sua sapiência
foi criando seu estilo.

Desafiando as palavras,
aceitando seu combate,
do embate não guardando sigilo
fez-se escravo e general.

E neste mundo abissal
sangrou profundamente o vernáculo,
vencendo seus obstáculos,
antecipando o gozo,
guerreiro sem repouso,
deste seu deleite e tortura.

E assim foi descobrindo
das palavras o mistério,
o desdém, o anseio...
Colhendo-as de sua infinita lavra
com até exagerado critério.

Uma essência capitada
com sutil prazer e queixume.
Sua sensibilidade o lume
que o fez crescer... crescer... crescer...
E brilhar!... E pode crer...
Drummond tornou-se das letras referência
e da poesia excelência!

E eu pergunto:
E agora, Drummond?
Como encontrarei a palavra mágica,
a senha dos versos,
para declarar para todo o universo
como é grande minha admiração por você?

Foto de Eveline Andrade

Corações Animais (Zé Ramalho)

Não me vejo feito fera
Muito menos anjo
Eu quem faço o meu destino
Traço os meus planos
Sei que meu sexto sentido
Não vai me trair…

Troco o riso pelo pranto
Em qualquer negócio
Sei que tem olhos do medo
No fundo do poço
Estou sempre maquiado
Quando vou sorrir…

As leis dos meus olhos
São feitas por mim
Até na mesma mão
Os dedos não são iguais
Tem loucos
Que se olham no espelho
E se acham normais
Ninguém ganha o jogo
Sem ter ambição
Não se apaga o fogo
Com fogo na mão
Os gritos no silêncio
Não assustam
Corações Animais…

Eu me escondo num segredo
Sem qualquer mistério
Aqui se faz, aqui se paga
Pode acreditar…

Não me vejo feito fera
Muito menos anjo
Eu quem faço o meu destino
Traço os meus planos
Sei que meu sexto sentido
Não vai me trair…

Troco o riso pelo pranto
Em qualquer negócio
Sei que tem olhos do medo
No fundo do poço
Estou sempre maquiado
Quando vou sorrir…

As leis dos meus olhos
São feitas por mim
Até na mesma mão
Os dedos não são iguais
Tem loucos
Que se olham no espelho
E se acham normais
Ninguém ganha o jogo
Sem ter ambição
Não se apaga o fogo
Com fogo na mão
Os gritos no silêncio
Não assustam
Corações Animais…

Eu me escondo num segredo
Sem qualquer mistério
Aqui se faz, aqui se paga
Pode acreditar…

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