Mil

Foto de marcos stanbach

utopia de uma vida

Como gostaria de viver mil vezes
Ter mil vidas
Para em cada uma delas te conhecer
Sentir pela primeira vez
Por mil vezes
O perfume dos teus cabelos
A doçura da tua voz
Abraçar-te novamente em cada vida
Somente para sentir a mesma emoção
A mesma alegria que me fez sorrir
Como na primeira vez que estive em teus braços
Ou quando senti o sabor do teu beijo
Por mil vezes
Olharia em teus olhos pela primeira vez
E em todas essas vezes
Apaixonaria-me por eles
Esqueceria o mundo a minha volta
Diria a ti como os vejo, lindos
Mas não posso ter mil vidas pra viver
Contento-me com uma só ao teu lado
Para enquanto poder vivê-la
Dizer-lhe que minha vida começa a cada dia
Cada dia que posso ver em teus olhos
A beleza da vida, ou sentir tua pele
Ou aspirar teu perfume,
Aquecer-me no teu abraço
Minha vida começa quando posso fazê-la saber
Que começou quando encontrei o meu amor.

Foto de Lela

Doce Insensatez

Insensato sentimento
Sentido por mim por ti
Mistura de mil desejos
doces carinhos, beijos
buscando a ti sem pejo.
A cada dia revejo
Quantas vezes nos quisemos
O amor que não fizemos
A paixão que não vivemos
Mergulhados no olhar
Eu no teu e tu no meu.
Nos perdermos neste vício
De um querer bem cultivado
Sentir-te amor ao meu lado
E teu corpo extenuado
Após loucuras sem fim.
Beleza quase pueril
Que me seduz e me encanta
Que me arrebata e me enleva
que perverte, me domina
e que me traz alegria
Ao sentir esta magia
de um querer juvenil
És tu menino querido
Que me inspira toda noite
A buscar-te em devaneios.
E tocar meu corpo ardente
Volteando igual serpente
Até o ponto culminante.
E é neste mesmo instante
Que sou louca, livre, bela
Maior prazer dos sentidos
Sentindo por ti que és...

Foto de Tancredo A. P. Filho

TEUS OLHOS

Teus olhos já amanhecem
E trazes neles e em cada gesto,
Um brilho como do sol,
Nascendo para tua glória,
No universo lindo
Da luz e da poesia...
Dos teus dedos
Caem gotas de harmonia,
Formando o hino da tua vida,
Composto de notas triunfantes
Que o futuro acolherá,
Para compor a sinfonia
Dos teu sonhos...

Teus olhos já amanhecem,
Sem poderem ainda compreender,
Ou sequer conceber,
Aquele instante supremo,
Irreparável,
Daqueles que se despedem
Sem jamais voltar...
Ou nunca se vão.

Cavalgas feliz,
No teu cavalo de vidro,
Enquanto mil pássaros voam
E cantam...
Pássaros de muitas cores
Que passam a tingir de azul
A tua mocidade.

Foto de SATURNNO

Saudades da Carne

Teus Frios pensamentos se revelam
Em gélido olhar perdido ao infinito.
Mãos úmidas e desconcertadas ao espaço
Demonstram anseios,
Que por força tentas afastar,
De saudosos momentos,
Nos quais nossos corpos chocavam-se
Promovendo uma ardente sismicidade
Em nossas almas tomadas
Pelo sisifismo do nosso desejo.
Talvez seja hora de esquecer contendas
E voltar o olhar para quem está ao teu lado,
Da mesma maneira,
Sufocando a vontade de te tomar em meus braços,
Atritar nossos corpos,
E te possuir com a energia de mil raios.
Para assim gozar e fazer gozar
Numa explosão que reproduz
O choque de duas locomotivas a todo vapor.

João F..R. 17/10/2006

Foto de Murilo Braga Silva

Poema

Um poema que te faça
Despertar amor por mim
Quero fazer,
Com feitiço de mil flores
Camomila, cravos e jasmins,
Com uma infinidade de sonhos
E inícios que não achem fim..
Desejo, a partir de então,
Fazer-te parte deste universo meu:
Desenvolver em cada verso
Um sentimento nosso,
E em cada momento
Um beijo seu...

Foto de Murilo Braga Silva

Sua pessoa e eu

Duas criaturas perdidas
No tempo e no universo sideral;
Dois seres frustrados
De tal sentimento;
Imanados ambos por amor sem vínculo:
De fato, largamos
Mil faces hesitantes!
Sua pessoa e eu:
Duas criaturas complicadas.

Foto de Dom Quixote - crítico amador

Literaturas Lusófonas

Bem mais que dança, bailado;
que som, melodia;
que voz, sobrecanto;
que canto, acalanto;
que coro, aleluias;
que cânticos, paz.

Bem mais que rubor, saliência;
que encantos, nudez;
que imoral, amoral;
que bosques, fragrâncias;
que outono, jasmins;
que ventos, orvalho;
que castelo, arredores;
que metáforas, rios;
E um pouco além: tsunamis.

Bem mais que naus, sentimento;
que excelsa, nascendo;
que olho, contemplo;
que invade, arrebata;
que vitrais, catedral;
que versos, vertigens;
que espanto, tremor;
que êxtase, pranto;
que apatia, catarse.

Bem mais que contas, rosário;
que prece, amplidão;
que o menino, sua mãe;
que Império, regresso;
que palmas, martírio;
que anúncio, Jesus;
que Ceia, Natal.

Bem mais que alegria, ternura;
que espera, esperança;
que enlevo, paixão;
que adeus, solidão;
que dor, amargura;
que mágoas, perdão;
que ausência, oração;
que abandono, renúncia;
que angústia, saudade.

Bem mais que anciã, joyceana;
que lógica, onírica;
que o Caos, Amadeus;
que ouro, tesouro;
que ode, elegia;
que amiga, inimiga;
que insensível, cruel;
que signos, símbolos;
que análise, síntese;
que partes, conjunto.
E um pouco além: generosa.

Bem mais que efêmera, sândalo;
que afago, empurrão;
que clássica, cínica;
que exceto, inclusive;
que inserta, incerta;
que adubo, arrozal;
que oferta, procura;
que unânime, única.
E um pouco além: tempestade.

Bem mais que ouvida, vivida;
que austera, singela;
que pompa, humildade;
que solta, segredos;
que fim, reinício;
que um dia, mil anos.

Bem mais que reis, majestade;
que jus, reverência;
que casta, princesa;
que moça, menina;
que jóia, homenagem;
que glórias, grandeza;
que ocaso, esplendor;
que espadas, correntes;
que fatos, História;
que Meca, Lisboa.
E um pouco além: messiânica.

Bem mais que pingos, Dilúvio;
que água, Oceano;
que mares, o Mar;
que porto, Viagem;
que cais, caravelas;
que rochedos, neblina;
que vôo, Infinito;
que Abysmo, gaivotas.

Bem mais que a tribo, navios;
que lanças, tristezas;
que campos, senzalas;
que bodas, queixumes;
que soul, sem palavras;
que o tronco, maldades;
que ais, maldições;
que feitor, descorrentes;
que mandinga, orixás;
que samba, kizomba;
que “meu rei”, Ganga Zumba;
que olhos baixos, quilombos;
que discordo, proponho;
que cedo, concedo;
que escravos, Zumbi.

Bem mais que brisas, Luanda;
que ondas, Guiné;
que amarras, Bissau;
que o azul, São Tomé;
que náutica, Príncipe;
que axé, Moçambique;
que opressão, Cabo-Verde;
que fragor, linda ao longe;
que injusta, perversa;
que abutres, pombinhas;
que trevas, pavor;
que rondas, terrores;
que bombas, crianças;
que tágides, ébano;
que o Sol, rumo ao Sol.

Bem mais que luar, nua e crua;
que longínqua, inerente;
que ornamento, plural;
que ira, atitude;
que abstrata, denúncia;
que conceitos, Nações;
que Camões, mamãe África.

Bem mais que ética, ascética;
que pro forma, erga omnes;
que embargo, recurso;
que emoções, decisão;
que rodeios, sentença;
que Direito, Justiça;
que leis, Lei Maior.

Bem mais que flor, Amazonas;
que improviso, jeitinho;
que frágil, incômoda;
que alvor, cisnes negros;
que escrita, esculpida;
que lírios, o campo;
que veredas, suindara;
que denúncia, ira e dor;
que bonita, pungente;
que amena, os sertões.
E um pouco além: condoreira.

Bem mais que lares, veleiros;
que adeuses, partida;
que feitos, missão;
que honras, repouso;
que canto, epopéia;
que mística, fado;
que areias, miragem;
que sonhos, delírio;
que vozes, visões;
que acaso, destino.
E um pouco além: portugais.

Bem mais que errante, farol;
que ânsia, horizonte;
que distância, presença;
que solo, emoção;
que países, Galáxia;
que estresses, estrelas;
que zênite, impacto;
que intensa, profunda;
que letras, magia;
que formas, sentido;
que textos, teoremas;
que idéias, princípios;
que imensa, perfeita;
que graça, milagre;
que arcanjos, fulgor;
que dádiva, Mãe.

Bem mais que luz, primavera;
que audácia, tumulto;
que estética, rústica;
que em paz, desinquieta;
que estática, cíclica;
que cercas, muralha;
que assédio, conquista;
que plantas, concreto;
que escombros, palácio;
que átomos, Deus...

Foto de RosaA

Se me queres conhecer

Se me queres conhecer...
rompe as barreiras da indiferença,
destrói as vestes da altivez
e encontra-me.

Se me queres conhecer...
rasga-me, retalha-me,
procura mil chagas no meu corpo
e encontra-me.

Se me queres conhecer...
embriaga-me do teu carinho
ama-me com fúria
e encontra-me.

Remexe artérias e veias
e encontra a razão da minha existência.

Se me desejas conhecer...
deixa que eu te toque
com mil pétalas de bem te quero.

Se me desejas
como eu te desejo tanto,
funde-te em mim,
deixa-me ser tua,
e então conhecer-me-ás.

Foto de Blackrose

Teatro

Sentei-me na esplanada de um cafe (madeira) e começei a olhar, para tudo e todos os que me rodeavam. Lembrei-me de mil e uma coisas e recordei toda a minha vida, todos os meus passos, tudo pelo qual passei até hoje e imaginei o que teriam vivido ou vivem todos os que me rodeavam naquele momento. O mundo parece tão alegre assim... Um simples olhar daquela esplanada à minha volta e encaro muitas vidas que me são desconhecidas, vidas que poderão ou não ter sido iguais à minha, pessoas que poderão ou não, ter sofrido o mesmo que eu, as mesmas angústias, as mesmas tristezas a mesma felicidade, vejo pessoas que exteriormente repelam alegria mas que no fundo ainda estão mais tristes que eu... O mundo é assim... Um teatro da vida em que somos os principais actores, em que temos de fingir que está tudo bem para que continuemos a caminhar, para que não nos falte a força necessária para dar sempre mais um passo. Um simples olhar em redor e vi-me a mim, vi os outros, vi tudo e não vi nada, vi todos e não vi ninguém, imaginei, sonhei, pensei, até me surgir uma lagrima no canto do olho e mais uma vez, como muitas outras,puz-me a pensar que poderia muito bem tudo ser diferente e melhor. Pensarao os outros assim? Será que surgem dúvidas nas almas destas pessoas que parecem tão certas de si? Quero cruzar o meu olhar e encontrar alguém como eu, alguém com estas dúvidas para poder dizer que não sou a única, que não sou eu apenas que me sento numa esplanada de café e com um simples olhar construo um mundo triste e ao mesmo tempo alegre com a minha vida e a vida dos que me rodeiam... Que não sou eu apenas que vivo um teatro irreal...

Foto de João Marcelo

Alma Gêmea

Alma gêmea de minha alma
Meu amor, toda amplidão
Estrela serena e calma
Pulsar do meu coração...
A mais bela entre as flores
Poema de meus amores
Sinônimo de perfeição
Juro-te amor eterno
Minha Alma sempre amada...
Sem você meu doce amor
A vida não vale nada...
Minha mulher querida
Ès tudo na minha vida
Anjo de sedução
Alma gêmea de minha alma
Beleza rara e sincera
Flor da minha primavera
Fonte de inspiração
Quero viver contigo
Num leito só de alegrias
Ès a dona dos meus dias
Da alma e do coração
Se eu partir muito cedo
Te peço não tenhas medo
Não te deixarei ao léu
Te esperarei entre flores
Poema de meus amores
Na claridade do céu...
Alma gêmea de minha alma...
Podem passar mil anos
Ou toda a eternidade
Mas a única verdade..
È que serei sempre teu...
Te amo ...

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