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Foto de Amada Amante

Lembranças

Lembranças que muito me marcaram... Deixo o pensamento voar livre ao seu encontro.

Saudade
Essa palavra me aflige,
Me abate e prontamente me arremata.
Juntamente com a saudade, as lembranças vêm por osmose!
Levando-me à borda de um caleidoscópio de sensações e emoções.
Desaguando em mim: verdades e vontades...

De uma Mulher Intensa...
Que se entrega a uma paixão desenfreada,
Com um desejo excessivamente pungente,
Uma mente demente, Um corpo ardente.
Isso é bom ou ruim?
Definitivamente... Isso é quente!

E trago Você para o presente,
Com lembranças que me deixam fervente.
Meu corpo clama pelo seu...
Minha boca procura pela sua,
Sua língua me invade sem piedade,
Mostrando-me o que é Saudade!

Partimos para o combate,
Da luxúria que nos deixa no empate.
Suas mãos experientes e exigentes,
Exploram veemente meu corpo dormente,
Entorpecido pelo homem quente.

Um desejo latente de pura excitação,
Eu e você uma deliciosa explosão.
Numa cama, num sofá ou até mesmo numa banheira,
O lugar realmente não importa,
Desde que percamos as estribeiras...

De frente, De quatro, de lado, ou em qualquer posição.
Meu sexo pulsa de pura expectativa,
Por uma MARAVILHOSA invasão...
Seu membro me invade,
Sanando minha necessidade que se desprende da realidade.

A velha dança começa,
Um vai e vem interminável,
Um desejo palpável,
Um fogo incomensurável...
Sinto-me uma devassa enquanto você me amassa...
No momento dominante e submissa,
E é Isso que me atiça!

Seus toques lascivos domam meu corpo,
Com a maestria de um homem mordaz,
Que sabe do que é capaz!
Da minha boca escapam gemidos,
Que deposito ao pé do ouvido
Do meu homem sagaz.

E você “ME INVADE” com tamanha satisfação,
Enquanto eu cravo minhas unhas em sua pele exposta,
Ganhando de imediato um rosnado de Tesão.
Olho para seu rosto e não vejo reprovação,
Talvez as marcas sirvam para uma recordação.

Ah! Meu demônio de pele negra,
Chega de dominação!
Agora é minha vez, de demonstrar minha altivez,
Para nossa libertação.

Cavalgo em ti, feito uma “AMAZONAS”,
Com seu membro escorregando pela minha gruta,
Que te recebe na plenitude da consumação.
Sinto suas mãos espalmadas,
Na minha bunda arredondada,
Conduzindo-me nesta dança desvairada.

Olhando no Ônix profundo dos seus olhos,
Vejo ali a sua confissão:
Oh sim, isso é Paixão!
Promessas mudas,
Vontade reprimida,
Uma aceitação!

Estamos perto de extravasar toda essa agonia,
Agarrando meus cabelos, me puxas pra baixo,
Tocando-me com seu membro tão fundo,
Que arqueio as costas em sinal de regalo.

Meu corpo convulsiona minha mente não funciona,
De sua boca saem três palavras: “GOZE PRA MIM”
Em puro deleite você me assiste a gozar...
Sem aviso, sinto meu ápice te arrebatar.
Trazendo-te comigo para se derramar,
Dentro do corpo da mulher que você está a segurar.

Prazer único e incontestável, que só você pode me dar.
Fazendo de mim a “Mulher mais Desejável”,
Que ninguém pode se comparar!
Você é meu delicioso Pecado,
Que insiste em me acompanhar,
E pra dizer a verdade,
Pecado melhor não há!

Eu não disse que era quente?
E por falar em quente,
Por onde anda minha mente,
Que teima em ser inconseqüente
Te trazendo para o presente...

Foto de Allan Sobral

Soneto a Bailarina

Como flor surgiste junto a primavera,
como uma estrela bailarina em meio ao celeste firmamento
Apaixono-me indevidamente, por uma beleza que me vitupera
tomaste-me noites de sono, presenteia-me com um ar que anda um tanto desatento

Pois atento-me somente a você, flor que nasce em espinheiro,
mal a conheço e já é a modelo do que vivo a rabiscar,
Seus olhos sedentos de amor verdadeiro,
me encaram como soubessem o melhor que tenho pra lhe dar

Sua beleza sega-me em meio a multidão
como se do meio de ardentes chamas, surgisse um anjo,
como se em minhas tristes partituras solitárias,
surgissem notas agudas e puras que formassem o mais belo arranjo

Suas palavras em som baixo e afinadamente aguda
remete-me a ser somente a base para o canto que cantas como sereia,
Seu corpo desenhado detalhadamente em traços finos,
Obriga-me a buscar-te como o um naufrago ao se afogar busca a areia.

Seu andar que diz que és mulher impossível,
desafia minha petulância, e meu instinto de malandro
faz-me querer parar com você em um conhecido lugar imprevisível,
e te fazer andar sempre comigo por onde ando,

Com seu leve dançar, que me faz levantar vôo ainda com os pés no chão,
me fez tirar novamente uma bela musica de meu violão,
escrever um soneto de coração,

Me fizeste crer novamente em uma paixão pura e fina,
daquelas que quebram a rotina,
reconstroem as ruínas,
toma-me novamente a inspiração que alucina,
Pois me obriga a compor o mais sincero soneto a bailarina.

Dedicarei a você minhas mais belas palavras escritas,
se jurar não machucar meu pobre e desiludido coração
tocarei todos os dias a canção que te fará dançar
e olharei seu bailar, onde te cercarei pela mais bela emoção

Sua beleza roubou-me a rima,
restou-me só esse duvidoso sentimento,
e olhar vazio, em busca de uma bailarina.

Allan Sobral.

Foto de William Contraponto

Canções

Olha o brilho das canções
Que renovam as lições
Aprendidas nas calçadas
Em ruas becos e estações

Senti a força dessa luz
Que invade a mente
Arrancando tudo
O que não produz
Conhecimento é autor
Do caminho da alma
E de um destino sedutor

Vibre uma vez no show
Emanando suas energias
Pode ser nas alegrias
Do seu time a cada gol
Mas não esqueça
De compartilhar emoção
Então, aproveite e cante alto
O seu melhor refrão

Olha o brilho das canções
Velhas, novas soluções
Procure sempre encontrar
O que te faz bem
E te torna alguém leve
Mesmo ao forte vento
Canta, dança e escreve

Foto de giogomes

Eu e ela em quatro estações

Vivia acuado em meu mundo acomodado.
Parado.

Com a vida passando junto aos carros das grandes avenidas.
Em ambas as pistas

Algemado a uma rotina sem rumo ou sentido, cíclico.
Um pássaro ferido, amargurado, impedido.

Quando a encontrei pela primeira vez,
foi quando o meu mundo se refez.

Entrou em minha vida como brisa de primavera.
Fria, mas com promessa de acalentar a quem espera.

Por algum tempo manteve-se a parte.
Como se observasse tudo do alto de um estandarte.

Aos poucos conheci suas grandezas de menina,
que espera uma mão acolhedora para cruzar a esquina

Mas ela cresceu, mudou os rumos de sua vida.
E, me disse que estava de partida.

Como a adolescente que tem medo, mas enfrenta a sua vez,
nesse momento o meu mundo novamente se desfez.

Ela se foi, mas não por muito tempo,
pois algo maior mudou a direção do vento

Ao encontrar seus olhos, vi que algo tinha mudado.
Só não entendia a intensidade do que tinha enxergado.

E ao encontrar toda aquela altivez,
disse adeus ao velho mundo e um novo se fez.

Com a primeira manhã de verão,
acordamos cedo para aproveitar toda a estação.

Vivemos o melhor possível tudo isso,
mas não mencionei a quem lê, que era um amor bandido ?

Tudo era farra, alegria e nada comedido.
Afinal, não é gostoso tudo o que é proibido ?

Por um tempo, tivemos tudo o que precisamos.
Amor, carinho, cumplicidade e até planos.

Aprendemos muito e rimos um com outro.
Mas ela começou a se questionar, se isso não era pouco.

Nossa relação oscilava entre o calor e o frio do abandono.
Então, ao fim do verão, entramos no outono.

Ela percebeu que não é só o amor que mantém,
e sim as provas de amor que se obtém.

O que eu podia provar já não era suficiente,
pois a maior de todas , era totalmente inconseqüente.

Minha adolescente, finalmente cresceu,
e com a fase adulta, a dor das escolhas apareceu

Ela não podia viver desse jeito.
Vida de concubina não era algo perfeito.

Ela resolveu por um fim da "sua" melhor maneira possível,
e o resultado foi dor a ambos, de maneira indescritível.

Ela disse o que não podia ser dito.
E eu respondi o que não podia ser respondido.

O estrago estava feito.
Conhecemos o lado negro do amor que parecia perfeito.

A primeira bonança, minha vez de ser humano,
cometi o erro de mentir e ser desumano.

Esquecemos tudo o que tínhamos dito.
Finalmente descobrimos o fim de um amor bandido.

E ao fim do que parecia eterno,
finalmente chegamos ao inverno.

Após ânimos contidos, tentamos ser amigos, pois restava emoção.
O único dia quente desta fria estação.

No começo foi bonito.
Um vínculo assim, não podia ser partido.

Mas ela tinha outros planos, queria outras emoções,
viver novamente a sua vida, sem se lembrar das outras estações.

A cada encontro, ela tomava mais decisões.
Infelizmente, não era levado em conta minhas emoções.

Minha vida tinha se tornado um lugar tórrido, sofrido.
O quê mais em nossa relação seria restrito ?

Não poderíamos fingir amizade,
se o que desejávamos era nos possuir de verdade

Finalmente o inverno tinha se firmado.
O vento frio, desta vez não tinha como ser enfrentado.

Até a última vez, ao tomar sua última decisão de dor.
Tomei coragem, e pela primeira vez disse não ao amor.

Estava sofrendo muito, totalmente corroído.
Sentindo as dores dos anjos caídos.

Pensei comigo , "Se esse é o preço que tenho que pagar",
"Infelizmente não estou mais disposto a lutar".

Já haviam sido ditos vários "Adeus",
mas dessa vez foi com a convicção dos ateus.

"O que ela sentiu ? O que fez ? Aceitou o fim ?"
Sinceramente, creio que sim.

"E as outras duas perguntas estreitas ?"
Não procurei saber as respostas feitas.

"Ela ficará bem ? é o fim ?"
Acredito de coração que sim.

Ela é uma mulher corajosa.
Qualquer homem desejaria sua pele de rosa.

E o cheiro dela que sentia em mim tão profundo,
se esvai a cada minuto, segundo.

E agora, com toda esta convicção e a vida que me espera,
aguardarei uma nova primavera.

Foto de airamasor

Soneto de Amor.

Melhor AMOR se faz de coisas certas
Que de sonhares vãos, imaginados
Que os sonhos todos morrem, se guardados
E portas de sonhar são sempre abertas.

AMOR que se detém nas descobertas
E não nos desencontros isolados
É este o definido AMOR dos fados
O AMOR que acerta as vidas mais incertas.

Melhor AMOR se faz de coisas veras
AMOR de encontros, gostos e cuidados
AMOR de estradas longas e sinceras.

(Aira, 26 de março de 2011)

Foto de Marilene Anacleto

Meu Pai Partiu

Partiu como nunca viveu
Só ...
Sequer uma mão para tocar
As suas.
No rosto sereno de quem nada
Esperou,
Apenas a lágrima companheira,
Salgada
Feito onda do mar, em seu rosto
Deslizou.

“Mesmo que tenha um milhão
De voluntários,
Quando for a hora, terei de ir,
Só.
Não é possível poder
Levá-los.
Sendo assim, acostumar é
Melhor”.
Dizia sempre no acalanto
Dos dias,
Em voz suave de uma estranha
Alegria,
Por conhecer-se, por aceitar-se,
Por querer-se.

Assim também nos aceitava, amava
E queria,
Porque a cada Alma, cada Coração
Conhecia.
“Iguais a mim, passei por isso”,
Dizia.

Cinqüenta e oito anos
Casamento como tantos
Três se foram dos oito filhos,
Por certo o receberam
No reino
Dos escolhidos.

Orações,
Abraços aquecidos
Dos parentes
E afastados amigos.

Dele,
Abraços ternos, olhares
De afago,
Brincadeiras, piadas,
Causos,
Mente, coração e alma
Guardam.
Modelo, aconchego, repouso
Ainda trazem,
Apenas com a lembrança,
Saudade ...

Marilene Anacleto

Foto de betimartins

Hino de amor à natureza

Hino de amor à natureza

No verde que minha vista já não alcança, no espaço repleto de beleza eu vejo as rolinhas, felizes e contentes debicarem seus petiscos, os insetos soltos por ali...

Entre os vôos de marcar territórios, os bem-te-vis são agressivos por demais, disputa o pobre pica-pau de penas avermelhadas, fazendo mesmo assim as suas graças na árvore...

Olho o lago com suas imensas águas, espelhando Dourado do Sol, refletindo as nuvens e as árvores dali, e na beira do lago os canto agitados dos quero-queros, querendo eu longe dali...

Entre os pulares nas árvores gigantes, olho e não consigo entender vejo misturados no verde os belos periquitos a namorar, que algazarra eles fazem ali...

Observo as outras árvores e vejo os ninhos do joão-de-barro, quanta perfeição e observo ali e quanto trabalho árduo ele tiveram pelos seus amados filhinhos...

De repente escuto o barulho na água de um mergulhão quase azul e esverdeado a pescar, que belos vôos ele fazia na água, rumando para a enorme castanheira descansar...

Ruídos estranhos e estridentes me fazem olhar para as arvores vizinhas, qual é o meu espanto que vejo famílias de sagüis espreitarem-nos, alguns ainda muitos bebezinhos...

Perdemos em breves pensamentos, ao ver tanta união ali, os bebês seguirem suas mães e lembrar quantos de nós os humanos mataram e maltrataram as nossas crias...

Jamais são deixados ao esquecimento, nem deitados ao lixo, apenas são animais, mas que cuidam verdadeiramente das suas crias como as mães devem ser de verdade...

Olho para o relógio e vejo que são onze horas, vejo gente com seus lanches, para ficar a descansar do trabalho, ficando apreciar o que a natureza ali oferece...

Rasga o silencio da represa, o trem que esta chegando ali, sãos os mais variados vagões de mercadoria, onde outrora era o café que mais se transportava ali...

O Sol se esconde por breves momentos, ficando tudo no mais absoluto silêncio, a penumbra sobressai ali recolhendo os nossos pensamentos...

As nuvens são arrastadas pelo vento que suavemente se faz sentir, deixando o Sol, emergir trazendo o calor e iluminando tudo por ali...

Uma pequena serenata se escuta ali, como agradecimento á vida que corre ali, de novo o barulho das águas, são a belas famílias de capivaras, que vem descansar ali...
Na cor prata da água, vejo emergir os peixinhos, buscando os restos de comida, deixados para as famílias de patos que vivem espalhados ali...

Observo a vida em forma bruta, quanto ela é majestosa, recheada de coisas tão belas como o amor, partilha vivida por eles ali...

Imaginei um verdadeiro artista pintando aquele quadro visto ali, quais seriam as cores pintadas, até os detalhes das minúsculas borboletas e as belas libelinhas voando por ali...

Alegre e completamente feliz, quis dançar ali, esvoaçar como os pássaros, cantar como um canário, como se fosse uma oração e agradecimento a vida...

A paz que eu encontrei e senti ali, apenas é a melhor união com Deus, o mais belo hino de amor cantado pela natureza para mim...

Betimartins

www.betimartins.prosaeverso.net 25 de Março de 2011

Foto de P.H.Rodrigues

Amor, Amar, Tempo, Esperar

Sabe, muitos desistem de amar, a maioria, prefere não tentar, desejam, e querem, mais por amor a si próprio se entregam ao medo de deixar de lado e não se arriscar. Amar .... amar é viver, é enxergar cada coisa de um ângulo diferente, é dizer, sentir e fazer, coisas que antes não se imaginava, é conhecer, e por pra fora, o que se guarda. No amor, não existe, perdedor ou ganhador, ganham os dois, no amor, existem sim, a dor, que não se sente, pois alguém cuida da gente.
A sensação de perder quem se ama, seria mais claramente como dizer, que você corre, anda, em um caminho que não se sabe onde vai chegar. Que se acredita no que se vê, e não sabe se é certo ou errado, ou seja, é ficar perdido! desamparado.
Nessa procura, só podemos esperar, mesmo quando o sentimento dilacera nosso peito! Mesmo quando perdemos noites e noites pensando! mesmo quando a saudade e incompreensão nos preenchem e nos deixam mais ainda sem direção! Pois podemos compartilhar o amor, mas não podemos obrigar a ninguém que nos ame! Como vamos dizer a alguém que ela tem que nos amar? simples! Não da!
A confissão e melhor amigo de um apaixonado, deixa ser alguém físico, e passa a ser o tempo, que ao mesmo tempo que te deixa desamparado, pode mudar e trazer seu amado parar o seu lado.

Foto de fisko

Deixa lá...

Naquele fim de tarde éramos eu e tu, personagens centrais de um embrulho 8mm desconfiados das suas cenas finais… abraçados ao relento de um pôr-do-sol às 17:00h, frio e repleto de timidez que se desvanece como que um fumo de um cigarro. Eu tinha ido recarregar um vício de bolso, o mesmo que me unia, a cada dia, à tua presença transparente e omnipotente por me saudares dia e noite, por daquela forma prestares cuidados pontuais, como mais ninguém, porque ninguém se importara com a falta da minha presença como tu. Ainda me lembro da roupa que usara na altura: o cachecol ainda o uso por vezes; a camisola ofereci-a à minha irmã – olha, ainda anteontem, dia 20, usou-a e eu recordei até o cheiro do teu cabelo naquela pequena lembrança – lembro-me até do calçado: sapatilhas brancas largas, daquelas que servem pouco para jogar à bola; as calças, dei-as entretanto no meio da nossa história, a um instituto qualquer de caridade por já não me servirem, já no fim do nosso primeiro round. E olha, foi assim que começou e eu lembro-me.
Estava eu na aula de geometria, já mais recentemente, e, mais uma vez, agarrei aquele vício de bolso que nos unia em presenças transparentes; olhei e tinha uma mensagem: “Amor, saí da aula. Vou ao centro comercial trocar umas coisas e depois apanho o autocarro para tua casa”. Faço agora um fast forward à memória e vejo-me a chegar a casa… estavas já tu a caminho e eu, entretanto, agarrei a fome e dei-lhe um prato de massa com carne, aquecido no micro-ondas por pouco tempo… tu chegas, abraças-me e beijas-me a face e os lábios. Usufruo de mais um genial fast forward para chegar ao quarto. “Olha vês, fui eu que pintei” e contemplavas o azul das paredes de marfim da minha morada. Usaste uma camisola roxa, com um lenço castanho e um casaco de lã quentinho, castanho claro. O soutien era preto, com linhas demarcadas pretas, sem qualquer ornamento complexo, justamente preto e só isso, embalando os teus seios únicos e macios, janela de um prazer que se sentia até nas pontas dos pés, máquina de movimento que me acompanhou por dois anos.
Acordas sempre com uma fome de mundo, com doses repentinas de libido masculino, vingando-te no pequeno-almoço, dilacerando pedaços de pão com manteiga e café. Lembro-me que me irrita a tua boa disposição matinal, enquanto eu, do outro lado do concelho, rasgo-me apenas mais um bocado de mim próprio por não ser mais treta nenhuma, por já não me colocares do outro lado da balança do teu ser. A tua refeição, colorida e delicada… enquanto me voltavas a chatear pela merda do colesterol, abrindo mãos ao chocolate que guardas na gaveta da cozinha, colocando a compota de morango nas torradas do lanche, bebendo sumos plásticos em conversas igualmente plásticas sobre planos para a noite de sexta-feira. E eu ali, sentado no sofá da sala, perdendo tempo a ver filmes estúpidos e sem nexo nenhum enquanto tu, com frases repetidas na cabeça como “amor, gosto muito de ti e quero-te aos Domingos” – “amor, dá-me a tua vida sempre” – “amor, não dá mais porque não consigo mais pôr-te na minha vida” e nada isto te tirar o sono a meio da noite, como a mim. Enquanto estudo para os exames da faculdade num qualquer café da avenida, constantemente mais importado em ver se apareces do que propriamente com o estudo, acomodas-te a um rapaz diferente, a um rapaz que não eu, a um rapaz repentino e quase em fase mixada de pessoas entre eu, tu e ele. Que raio…

Naquela noite, depois dos nossos corpos se saciarem, depois de toda a loucura de um sentimento exposto em duas horas de prazer, pediste-me para ficar ali a vida toda.

Passei o resto da noite a magicar entre ter-te e perder-te novamente, dois pratos de uma balança que tende ceder para o lado que menos desejo.
É forte demais tudo isto para se comover e, logo peguei numa folha de papel, seria nesta onde me iria despedir. Sem força, sem coragem, com todas aquelas coisas do politicamente correcto e clichés e envergaduras, sem vergonha, com plano de fundo todos os “não tarda vais encontrar uma pessoa que te faça feliz, vais ver”, “mereces mais que uma carcaça velha” e até mesmo um “não és tu, sou eu”… as razões eram todas e nenhuma. Já fui, em tempos, pragmático com estas coisas. Tu é que és mais “há que desaparecer, não arrastar”, “sofre-se o que tem que se sofrer e passa-se para outra”. Não se gosta por obrigação, amor…
Arranquei a tampa da caneta de tinta azul, mal sabia que iria tempos depois arrancar o que sinto por ti, sem qualquer medo nem enredo, tornar-me-ia mais homem justo à merda que o mundo me tem dado. Aliás, ao que o teu mundo me tem dado… ligo a máquina do café gostoso e barato, tiro um café e sento-o ao meu lado, por cima da mesa que aguentava o peso das palavras que eu ia explodindo numa página em branco. Vou escrevendo o teu nome... quão me arrepia escrever o teu nome, pintura em palavras de uma paisagem mista, ora tristonha, ora humorística… O fôlego vai-se perdendo aos poucos ornamentos que vou dando á folha… Hesitação? Dúvidas?... e logo consigo louvar-me de letras justapostas, precisamente justas ao fado que quiseste assumir à nossa história. Estou tão acarinhado pela folha, agora rabiscada e inútil a qualquer Fernando Pessoa, que quase deambulo, acompanhando apenas a existência do meu tempo e do tic-tac do meu relógio de pulso. Não me esqueço dos “caramba amor”, verso mais sublime a um expulsar más vibrações causadas por ti. Lembro-me do jardim onde trocávamos corpos celestes, carícias, toques pessoais e lhes atribuíamos o nome “prazer/amor”. Estou confuso e longe do mundo, fechando-me apenas na folha rabiscada com uma frase marcante no começo “Querida XXXXXX,”… e abraço agora o café, já frio, e bebo-o e sinto-o alterar-me estados interiores. Lembro-me de um “NÃO!” a caminho da tijoleira, onde a chávena já estaria estilhaçada…
Levantei-me algum tempo depois. Foste tu que me encontraste ali espatifado, a contemplar o tecto que não pintei, contemplando-o de olhos cintilantes… na carta que ainda estava por cima da mesa leste:

“Querida XXXXXX, tens sido o melhor que alguma vez tive. Os tempos que passamos juntos são os que etiqueto “úteis”, por sentir que não dou valor ao que tenho quando partes. Nunca consegui viver para ninguém senão para ti. Todas as outras são desnecessárias, produtos escusados e de nenhum interesse. Ainda quero mesmo que me abraces aos Domingos, dias úteis, feriados e dias inventados no nosso calendário. M…”

Quis o meu fado que aquele "M" permanecesse isolado, sem o "as" que o completaria... e quis uma coincidência que o dia seguinte fosse 24 de Março... e eis como uma carta de despedida, que sem o "Mas", se transformou ali, para mim e para sempre, numa carta precisamente um mês após me teres sacrificado todo aquele sentimento nosso.
Ela nunca me esqueceu... não voltou a namorar como fizemos... e ainda hoje, quando ouço os seus passos aproximarem-se do meu eterno palácio de papel onde me vem chorar, ainda que morto, o meu coração sangra de dor...

Foto de betimartins

Cai o pano no silêncio da noite

Cai o pano no silêncio da noite

Agora neste momento é exatamente vinte e três horas e vinte minutos, distraidamente, eu, olho o para a TV, escuto as vozes alegres, ali corre vida, ação e muita vida do faz de conta.
Faz de conta que eu sou tudo o que os outros são e não é assim, claro que a maior parte de nós, vivemos a vida do outro e nos desleixamos com a nossa própria vida, ou a deixamos correr para que os outros a possam viver por nós.
Estranhamente, senti bastante desconfortável, senti o silêncio mórbido entrar em mim, sacudi minha mente, abri-me para outros lugares, lugares onde ninguém acessa apenas eu e Deus.
Olhei meu monitor, teclado, as formas do meu quarto, paredes apenas e um quadro, que não parecia estar sozinho, mas olhando para mim, ali naquele momento, arrepiei pelo olhar que refletia dele, entrou na minha alma, deixou-me confortável e alegre.
Para muitos era apenas um quadro, um simples quadro, simbólico e decorativo, mas para mim representava algo imenso e sagrado, representava meu irmão Jesus.
Desligo a TV, abro uma janela do meu computador, olho apenas pensando que fazer naquele momento, respiro por momentos, bem fundo, mesmo bem fundo, inicia uma busca e apenas esta, deságua num site de meditação.
Eu adoro musica calma, que relaxa a minha mente e deixa em união com o Cosmo e com o Grande Arquiteto do Universo que é Deus de todas as coisas visíveis ou invisíveis. Seja até independente de religiões, mas sim do amor que deveremos ter por nós mesmos, pelos outros e por nosso amado Deus, se ele é exatamente uma parte de nós e nós a parte que completa a Deus.
Nós somos amor, sendo nós amor, não entendo a dor, a crueldade, aquele que mata, o que comete a violação sobre outro, o que engana e o que até cobiça o alheio. Não entendo a guerra, os políticos, o desrespeito contra a natureza e a falta de entendimento e começar por mim mesma.
Exatamente a minha falta de entendimento, talvez se deva a não procurar mais, as respostas, claro que dão muito trabalho, são pilhas de livros, dias, meses e anos de pesquisa, assim por diante e penso que já seremos bem velhinhos e estaremos a entender um pouco melhor, mas claro que com muita duvida normal do ser humano.
Nesta caminhada o que mais me doeu dentro de meu peito, foi à falta de fé, falta de entendimento pela vida, se eu neste momento morresse que medo teria que sentir? A dor que poderia o meu corpo sentir?
Aqueles, em que nada acreditam, apenas nasceram, viveram e morreram e estão certos da lei natural da vida terrena, mas devem ter um pânico terrível. Aqueles bichinhos afinal vão devorar o corpo ali sem vida e inerte, apenas mais um composto da natureza para adubar a mesma, mas não será mais um pesadelo?
Uns pesadelos da vida real, a vida terrena, aqui fazem, aqui recebes ou como disse Jesus daí a “Cesar o que é de Cesar”, claro que isto é para todas as nossas atitudes, julgamentos, condutas e até porque Deus é justo e não deixa para os outros colherem o que não é deles.
Podem não acreditar eu gostava ser Ateu, apenas acreditar que nasci, vivi e morri, era melhor que estar pensando em meus atos e atitudes. Diria que estaria livre para aprontar e fazer tudo o que desse na minha vontade, até fazer frente aqueles que me fizessem frente, transformar-los em escadas e subir.
Lá em cima, olharia com o meu nariz empinado e os sacuda ria, nos meus pensamentos, diria, eu cheguei aqui pelos meus próprios méritos. Engano meu, eu para chegar ali, humilhei, subjuguei e maltratei, ou seja, causei dor e lágrimas.
Refletindo na dor, que possa ter causado nas lágrimas que posso ter feito chorar, apenas fico pensando na vida e no que ela, tanto danos nos causa, por escolhas, por mágoas, procuras no nosso preenchimento da alma.
Assim fico a pensar que esta vida aqui é um teatro a três tempos, o primeiro tempo, apresenta-se a peça e seus atores e o que ela vai representar, segundo tempo a verdadeira historia da peça, enredos e protagonistas, terceiro tempo apenas é o tão esperado fim, o desejado final da peça e logo o pano se fecha.
Luzes se acendem, os espectadores eufóricos ou não, se levantam, ou talvez não, conforme a qualidade da mesma peça e batem palmas, elogiando-ª. Os que não conseguem representar bem a sua peça, apenas ficam sozinhos no palco e nem as luzes se acendem no final. Apenas o vazio, vazio e solidão, nada mais.
A vida é feita de momentos, apenas são esses belos momentos que levamos gravados na nossa alma, saibamos escrever nossa peça em amor. Só assim o nosso teatro, eleva e deixa-nos levantar e aplaudir a nós mesmos pelo belo desempenho vivido.
E agora vou dormir mais aliviada, embora saiba que ainda tenho muito a fazer, mas antes de dormir e como acredito em Meu Pai, Deus, não me vou deitar sem agradecer o fato de estar aqui escrevendo e vivendo este nosso momento “eu e ele”.
Boa noite e obrigado por estar aqui comigo.
A você também...

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