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Foto de giogomes

O Tigre e a Rosa XXXI - Casamento

O Tigre disse que não iria.
Afirmou que no casamento não estaria.

Mudou de idéia quando imaginou
se alguma coragem ainda lhe restou.

Sempre afirmou que a amava.
Que fosse então, testemunha de sua caminhada.

Correu afobado contra o tempo,
para poder chegar ao casamento.

Alcançou a entrada do jardim,
onde o enlace seria concluído enfim.

Parou e pensou na possibilidade,
de gerar problemas e infelicidade.

Não conseguiria disfarçar,
toda a vontade de ao seu lado estar.

Queria poder pelo menos imaginar,
que no lugar do Jardineiro poderia ficar.

Recuou de seu intento,
de longe abençoou o casamento.

Tigre: "- Meu amor, seu caminho foi você que escolheu !"
"- Se alguém for atrapalhar, que não seja eu !"

Tigre: "- Te amo demais para querer interferir na sua vida !"
"- Que seja eu, que esteja daqui de partida !"

Tigre: "- Você agora terá sua família,
dê a ela o seu melhor, a sua alegria !"

Tigre: "- Viva o melhor que puder !"
"- Prometa que será feliz quando quiser !"

Tigre: "- A maior prova de amor que posso te dar agora,
é a mais difícil que é simplesmente ir embora !"

O Tigre saiu correndo,
derramando suas lágrimas contra o vento.

Foto de nuzy

Sentimento nobre....

Almejaria definir algo que sinto
Mas as palavras fogem
Escondem-se em labirintos
da minha mente
Percebo então que não há definção
há apenas uma mera sensação
Sentimento nobre que acolhe minhas mágoas
Cicatriza feridas em meu coração
Faz-me sentir o valor de um perdão
Já que não consigo defini-lo
Resolvir apenas senti-lo
Sentimento nobre acalenta meu sono
Faz do passado meu melhor presente
Você já descobriu que sentimento é este?
Para mim há uma única definição
Sentimento Nobre....

Foto de Zoom onyx sthakklowsky kachelovsky kacetovisk

Cura

O melhor remédio para se curar a dor de um amor é o esquecimento, nem sempre pode-se encontra-lo com facilidade, mas deve-se continuar a busca.

Foto de fisko

Deixa lá...

Naquele fim de tarde éramos eu e tu, personagens centrais de um embrulho 8mm desconfiados das suas cenas finais… abraçados ao relento de um pôr-do-sol às 17:00h, frio e repleto de timidez que se desvanece como que um fumo de um cigarro. Eu tinha ido carregar um vício de bolso, o mesmo que me unia, a cada dia, à tua presença transparente e omnipotente por me saudares dia e noite, por daquela forma prestares cuidados pontuais, como mais ninguém, porque ninguém se importara com a falta da minha presença como tu. Ainda me lembro da roupa que usara na altura: o cachecol ainda o uso por vezes; a camisola ofereci-a à minha irmã – olha, ainda anteontem, dia 20, usou-a e eu recordei até o cheiro do teu cabelo naquela pequena lembrança – lembro-me até do calçado: sapatilhas brancas largas, daquelas que servem pouco para jogar à bola; as calças, dei-as entretanto no meio da nossa história, a um instituto qualquer de caridade por já não me servirem, já no fim do nosso primeiro round. E olha, foi assim que começou e eu lembro-me.
Estava eu na aula de geometria, já mais recentemente, e, mais uma vez, agarrei aquele vício de bolso que nos unia em presenças transparentes; olhei e tinha uma mensagem: “Amor, saí da aula. Vou ao centro comercial trocar umas coisas e depois apanho o autocarro para tua casa”. Faço agora um fast forward à memória e vejo-me a chegar a casa… estavas já tu a caminho e eu, entretanto, agarrei a fome e dei-lhe um prato de massa com carne, aquecido no micro-ondas por pouco tempo… tu chegas, abraças-me e beijas-me a face e os lábios. Usufruo de mais um genial fast forward para chegar ao quarto. “Olha vês, fui eu que pintei” e contemplavas o azul das paredes de marfim da minha morada. Usaste uma camisola roxa, com um lenço castanho e um casaco de lã quentinho, castanho claro. O soutien era preto, com linhas demarcadas pretas, sem qualquer ornamento complexo, justamente preto e só isso, embalando os teus seios únicos e macios, janela de um prazer que se sentia até nas pontas dos pés, máquina de movimento que me acompanhou por dois anos.
Acordas sempre com uma fome de mundo, com doses repentinas de libido masculino, vingando-te no pequeno-almoço, dilacerando pedaços de pão com manteiga e café. Lembro-me que me irrita a tua boa disposição matinal, enquanto eu, do outro lado do concelho, rasgo-me apenas mais um bocado de mim próprio por não ser mais treta nenhuma, por já não me colocares do outro lado da balança do teu ser. A tua refeição, colorida e delicada… enquanto me voltavas a chatear pela merda do colesterol, abrindo mãos ao chocolate que guardas na gaveta da cozinha, colocando a compota de morango nas torradas do lanche, bebendo sumos plásticos em conversas igualmente plásticas sobre planos para a noite de sexta-feira. E eu ali, sentado no sofá da sala, perdendo tempo a ver filmes estúpidos e sem nexo nenhum enquanto tu, com frases repetidas na cabeça como “amor, gosto muito de ti e quero-te aos Domingos” – “amor, dá-me a tua vida sempre” – “amor, não dá mais porque não consigo mais pôr-te na minha vida” e nada isto te tirar o sono a meio da noite, como a mim. Enquanto estudo para os exames da faculdade num qualquer café da avenida, constantemente mais importado em ver se apareces do que propriamente com o estudo, acomodas-te a um rapaz diferente, a um rapaz que não eu, a um rapaz repentino e quase em fase mixada de pessoas entre eu, tu e ele. Que raio…

Naquela noite, depois dos nossos corpos se saciarem, depois de toda a loucura de um sentimento exposto em duas horas de prazer, pediste-me para ficar ali a vida toda.

Passei o resto da noite a magicar entre ter-te e perder-te novamente, dois pratos de uma balança que tende ceder para o lado que menos desejo.
É forte demais tudo isto para se comover e, logo peguei numa folha de papel, seria esta, onde me iria despedir. Sem força, sem coragem, com todas aquelas coisas do politicamente correcto e clichés e envergaduras, sem vergonha, com plano de fundo todos os “não tarda vais encontrar uma pessoa que te faça feliz, vais ver”, “mereces mais que uma carcaça velha” e até mesmo um “não és tu, sou eu”… as razões eram todas e nenhuma. Já fui, em tempos, pragmático com estas coisas. Tu é que és mais “há que desaparecer, não arrastar”, “sofre-se o que tem que se sofrer e passa-se para outra”. Não se gosta por obrigação, amor…
Arranquei a tampa da caneta de tinta azul, mal sabia que iria tempos depois arrancar o que sinto por ti, sem qualquer medo nem enredo, tornar-me-ia mais homem justo à merda que o mundo me tem dado. Aliás, ao que o teu mundo me tem dado… ligo a máquina do café gostoso e barato, tiro um café e sento-o ao meu lado, por cima da mesa que aguentava o peso das palavras que eu ia explodindo numa página em branco. Vou escrevendo o teu nome... quão me arrepia escrever o teu nome, pintura em palavras de uma paisagem mista, ora tristonha, ora humorística… O fôlego vai-se perdendo aos poucos ornamentos que vou dando á folha… Hesitação? Dúvidas?... e logo consigo louvar-me de letras justapostas, precisamente justas ao fado que quiseste assumir à nossa história. Estou tão acarinhado pela folha, agora rabiscada e inútil a qualquer Fernando Pessoa, que quase deambulo, acompanhando apenas a existência do meu tempo e do tic-tac do meu relógio de pulso. Não me esqueço dos “caramba amor”, verso mais sublime a um expulsar más vibrações causadas por ti. Lembro-me do jardim onde trocávamos corpos celestes, carícias, toques pessoais e lhes atribuíamos o nome “prazer/amor”. Estou confuso e longe do mundo, fechando-me apenas na folha rabiscada com uma frase marcante no começo “Querida XXXXXX,”… e abraço agora o café, já frio, e bebo-o e sinto-o alterar-me estados interiores. Lembro-me de um “NÃO!” a caminho da tijoleira, onde a chávena já estaria estilhaçada…
Levantei-me algum tempo depois. Foste tu que me encontraste ali espatifado, a contemplar o tecto que não pintei, contemplando-o de olhos cintilantes… na carta que ainda estava por cima da mesa leste:

“Querida XXXXXX, tens sido o melhor que alguma vez tive. Os tempos que passamos juntos são os que etiqueto “úteis”, por sentir que não dou valor ao que tenho quando partes. Nunca consegui viver para ninguém senão para ti. Todas as outras são desnecessárias, produtos escusados e de nenhum interesse. Ainda quero mesmo que me abraces aos Domingos, dias úteis, feriados e dias inventados no nosso calendário. M…”

Quis o meu fado que aquele "M" permanecesse isolado, sem o "as" que o completaria... e quis uma coincidência que o dia seguinte fosse 24 de Março... e eis como uma carta de despedida, que sem o "Mas", se transformou ali, para mim e para sempre, numa carta precisamente um mês após me teres sacrificado todo aquele sentimento nosso.
Ela nunca me esqueceu... não voltou a namorar como fizemos... e ainda hoje, quando ouço os seus passos aproximarem-se do meu eterno palácio de papel onde me vem chorar, ainda que morto, o meu coração sangra de dor...



Foto de Leidiane de Jesus Santos

Te Amo Senhor

Teu amor me mostrou
Teu amor me ensinou
Que apesar das circinstáncias
Tu, estás comigo, óh pai!
E que eu não preciso ter medo
Do desconhecido
Que eu não preciso ter medo
De nada
Que o senhor está comigo
E que mesmo
Com todo os meus pecados
E que mesmo
Com todos os meus defeitos
Tu, me aceitas de braços abertos
Tu, me amas como eu sou
E eu anseio
Por teu abraço senhor
por teu colo senhor
Eu ansei por teu santo espirito
Encha-me até que em mim
Se ache só a ti
Pois sei que muitos serão chamados
Mas só serão escolhidos
Os humildes de coração
Tu és tudo pra mim senhor
Pois quando estou contigo
Me faz enchergar
O melhor que á em mim.
Te amo senhor!
Te Amo Senhor!
Não só por tudo o que me deu
Não só pelas graças em minha vida
Mas principalmente
pelas mudanças feitas em mim.
Por me fazer enchgergar
O que poucos conceguem ver
Um amor incondicional
Um amor puro, verdadeiro
Um carinho, um cuidado
Incomum e sobrenatural.
O quanto é lindo
O quanto é maravilhoso
Sou grata eternamente
por me mostrar
Uma felicidade que não cesa
E uma força inabalável.
Por tudo que é e que reprezenta
Na minha vida
Por tudo que eu sou e ainda vou ser
Na tua presença
Te Amo Senhor....
um amor que vai além
da morte da carne
E o descanso do Espirito!!!!!!!

Foto de Belinha Sweet Girl

Lembranças

Os traços do teu rosto estão se apagando
Já não lembro mais do timbre da tua voz...
Me esqueça, mas por favor, não me ignore,
Que a ilusão do teu amor por mim ainda me consome.

Não peço que me ame, de má vontade.
A obrigação de gostar faz do amor um fardo,
pesado demais pra se suportar.
Só peço que fique ao meu lado.

Talvez a amizade se mostre o melhor sentimento,
Talvez eu descubra que confundi tudo,
Que o melhor pra nós era um "afeto puro",
Sem compromisso com o amor malicioso.

Mas contigo aprendi sobre isso que chamam de "amor",
Sentimento que exige a presença do outro pra ser completo,
Que sempre quer mais e nunca se cansa,
Que só quem sente sabe o quanto é bom.

Quando resolver mandar notícias,
Lembre-se que deixou aqui uma marca.
Em uma moça frágil e apaixonada,
Em um tolo coração, que ainda te quer.

Foto de carlosmustang

REBOSTEIO

To passando mal sob alguns remédios
Será algo que muda sobre meu tédio
Algumas cabeças, outras enforca-se...
sobre os tédios...

Eis o que fazer:
Acredito no Futebol
Os ímpetos, resolvidos nos braços
Será o melhor

Choro e batalha
Num plano de fim
Eis o Caminho

O soldado das Guerras
Define o destino...
Da pobre raça humana

Foto de Carmen Lúcia

Um novo mundo, à flor da pele...

À flor da pele, as minhas emoções.
Nos meus anseios a um mundo melhor,
preenchendo o ar, todas as sensações:
amor, paixão e alegria ao meu redor...

Como um pacto, comigo mesmo,
um louvor à natureza, ao Ser profundo,
abolida a guerra, proibido viver a esmo,
como novas regras para este mundo...

Num divagar suave, rumo à liberdade,
vejo do pântano, belezas adormecidas,
guardadas em sonhos, agora realidade.
Quebro barreiras, as normas esquecidas...

Mais e mais, abusando do meu direito,
percorro vales, lagos, novas montanhas.
Nessa harmonia certa, tudo tão perfeito,
sem haver ódios, sem outras barganhas.

.

Oswaldo Genofre & Carmen Lúcia

Foto de Willie-wincky

Um admirador das belezas intransponíveis do coração

Como a vida gira em torno dos acontecimentos
Como os nosso corações são frageis a certos sentimentos
Agente se apaixona, se odeia e denovo volta a se apaixonar
As vezes me pergunto, o que seria melhor: viver num mundo real cheio de incertezas ou mergulhar-me nas fantasias de um mundo sonhador?
As vezes quando agente faz um balanço de tudo o que ja nos aconteceu, vemos que a vida não é aquilo que agente sempre sonhou
Muito menos é um conto de fadas ou uma jornada no seu apogeu...

Moçambique, minha terra mãe

Foto de João Victor Tavares Sampaio

A Última Cruz

Não foi o primeiro pai de família que existiu, nem o último que faleceu. Sua vida, assim terminada, refletiu a solidão que quer queremos ou não, nos faz sentir saudade, amor, essas coisas de gente viva. Deixou uma falta que não se sacia nos dias de finados, aniversários, missas de sétimo dia. Foi, e não voltou mais. Quem sabe um céu lhe aguardava.

Sua morte foi trágica, solitária, isolada. Ninguém deu-se conta de tanto, ou melhor, poucos. Seu corpo ficou ali, largado por dois dias entre o chão da cozinha e a entrada do banheiro, era uma casa de pobre, mas bem assentada, na periferia de uma cidade periférica. Morreu e o esqueceram, ali na sua morte. Houve um vizinho não se preocupou com sua recente podridão, razão de seu óbvio enterro.

Uma coisa deve ser explicada, para melhor entendimento do texto. Ninguém quer a morte. Ela é um processo doloroso, traumático. Não há um ser humano que não responda aos seu instinto de não sofrer, sentindo uma dor que só se apagar com a entrega ao sono final, o último descanso injusto ao redor que lhe agride, a última cruz que se carrega para se manter a existência.

Mas o mundo é um quente, corrosivo, oxigenado pelos ares das novidades. Não há lugar para o sofrimento eterno e improdutivo, ainda mais o próprio. Sua dor cessou, mas foi uma pessoa útil. Assim merece essa homenagem.

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