Matéria

Foto de Osmar Fernandes

No meu bairro

Meu vizinho,
Que era um sujeito normal.
Um dia passou mal.
Não teve solução...
Foi pro hospital
Com problema de pressão.

Sua mulher,
Uma coroa enxuta.
Em matéria de fruta,
Sabia mostrar seus melões...
Dava água na boca.
Tava no ponto, madura.
Todo mundo queria pegar,
passar a mão.

Certo dia o doutor ligou pra ela.
Falou que seu marido sofria do coração.
Ela chorou, não acreditou.
E, com seu doutor arrumou
uma tremenda confusão.

Meu vizinho,
estava muito fraco.
Escutou aquela gritaria
Da enfermaria,
e começou a passar mal.
Desmaiou...
Teve morte cerebral.

Hoje, minha vizinha
vive na maior aflição.
Tá desesperada a viuvinha
numa eterna solidão.
Por onde passa,
Causa grande tentação...
Tem muita gente no meu bairro
disputando seu coração.

Foto de YUSTAV

ETERNA SINA

Vídeo-Poético: "Eterna Sina" by Gustavo Adonias

ETERNA SINA

"A noite chega
E a pena do poeta
Põe-se a trabalhar
Lento processo solitário
De criar mundos com as palavras
Matéria-prima que vem do fundo
Do mar da alma
Sentimentos naufragados
Ilhas que voltam à superfície
Assim que a velha âncora prende-se
Ao profundo sentido da vida
Instintiva luta
Para encontrar
O próprio 'Eu'
E dizer sem máscaras:
'Este Eu morreu'
Renascer a todo momento
Eis a eterna sina do poeta..."

(Gustavo Adonias)

*Poesia registrada na Biblioteca Nacional*

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"ENCRUZILHADA"

ENCRUZILHADA

Todo aquele que é escravo da matéria
E vive na dependência do vil metal
Rasteja na lama e vive com a escória
Caminhando de volta ao reino animal

A evolução passa por estreitos caminhos
Árduos, espinhosos, mas gratificantes.
A essência desenha o teu próprio destino
E a estrada ampara teu andar titubeante.

No reino da gloria chegaras um dia
E o teu corpo não será peça importante
Sentimentos bons só te trarão alegria
E a recompensa é mais do que gratificante.

Vivo é o ser que não deixa sua essência adormecer
Morto e todo aquele que abandona o caminho
Tolo e aquele que não sabe que nunca ira morrer
E sábio é quem tem por tudo e todos muito carinho.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

"CETICO"

CÉTICO.

Pobre homem descrente...
Órfão de sentimentos...
Refém da matéria...
Vive enclausurado nas limitações de suas crenças...
Solte as argolas das correntes...
Desta tua masmorra fétida...
Corra para o campo e veja a vida...
Deslize nas nuvens do pensamento...
Se refresque nas cascatas das estrelas...
Sê permita a acreditar na felicidade...
Ela existe!!!

Foto de Cecília Santos

A VIAGEM

A VIAGEM
#
#
#
A morte não é o final de tudo.
É apenas um recomeço.
O que acaba, perece é o corpo
que é só uma matéria.
Nossa alma viaja pra outra dimensão.
De onde um dia já viemos.
Quando alguém morre, choramos...
Mas essa alma, se libertou,
nascerá outra vez!
Quando alguém nasce, sorrimos...
Mas foi uma alma que partiu
e renasceu outra vez!
Assim é a nossa vida!
Somos viajores no tempo.
Nossa vida é uma passagem
pela terra.
Onde viemos pra aprender
ou pra ensinar.
Qualquer um de nós, pode ser
um Anjo de Luz.
Tudo depende do merecimento
de cada um de nós.
Quando nossa missão aqui se
cumpriu, somos chamados à retornar.
E assim a vida continua.
A morte é só uma passagem!
A morte é só uma viagem!

Direitos reservados*
Cecília-SP/12/2007*

Foto de Sonia Delsin

SE EU FOSSE NAVEGANTE

SE EU FOSSE NAVEGANTE

Se eu fosse navegante...
Mas eu sou.
Navegante no planeta estou.
A vagar... a pensar.
Vivo num imenso oceano a conjeturar.
Tem dias que fico tão imersa neste mundo de pensamentos.
Tem dias que vôo com todos os ventos.
Tem dias assim que sou um barco solto.
Em véus, um ser envolto.
Sou tão leve com estes meus voares, meus pensares...
Sinto assim que sou um ser dos ares...
Penso que danço e danço.
Penso que vôo e vôo.
Penso que estou e estou.
Penso que sou e sou...
Então me entrego a todos os sonhares.
A pescar eu vou aos mares.
Pesco um lindo cavalo marinho.
Ele é tão mansinho.
Monto, cavalgo.
Ele me mostra como é lindo o mundo das profundezas.
E penso que as pessoas ficam presas.
Podam suas asas. Pisam em brasas.
Imaginam que a matéria é tudo.
E a matéria é nada.
É pela própria mente criada.

Foto de ivaneti

A Força...

Quando o sentimento de fé vem alimentar a esperança, vem de mansinha trazendo o milagre das
multiplicações, aloja dentro de um
pequeno grão de areia, e se torna
uma multidão... enquanto que a poesia é a mulher da fé, que unidos
alimenta a alma trazendo no corpo
o erotismo de emoções, e resplandesce no espelho a cor da paixão e do amor...Fazendo da matéria o charlatão da vida, enquanto o amor é falado na lingua
da Fé e da POESIA.
Ivaneti

Foto de Dennel

Manoel de Barros

No livro das ignorãças
Poesia. Quase toda
De poemas rupestres

Escrevo um livro sobre nada
Um livro de pré-coisas
De impressões, poesias

Porém em matéria de poesia
Encontro-me com a face imóvel
Como o retrato do artista quando coisa

Assim, fiz uns poeminhas pescados numa fala de João
João! O fazedor de amanhecer
O guardador das águas

De poemas concebidos sem pecado
No exercício de ser criança
Simples ensaios fotográficos

De memórias inventadas na infância
Cantigas para um passarinho à toa
E arranjos para assobios

Um concerto a céu aberto para solo de aves
Um compêndio para uso dos pássaros
Nesta gramática expositiva do chão

Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2006 All Rights Reserved

Foto de Fernanda Queiroz

Lembrar, é poder viver de novo.

Lembranças que trás ainda mais recordação, deixando um soluço em nossos corações.
Lembranças de minhas chupetas, eram tantas, todas coloridas.
Não me bastava uma para sugar, sempre carregava mais duas, três, nas mãos, talvez para que elas não sentissem saudades de mim, ou eu em minha infinita insegurança já persistia que era chegado o momento delas partirem.
Meu pai me aconselhou a plantá-las junto aos pés de rosas no jardim, por onde nasceriam lindos pés de chupetas coloridas, que seria sempre ornamentação.
Mas, nem mesmo a visão de um lindo e colorido pé de chupetas, venceram a imposição de vê-las soterradas, coibidas da liberdade.
Pensei no lago, poderiam ser mais que ornamento, poderia servir aos peixinhos, nas cores em profusão, mesmo sem ser alimentação, prismaria pela diversão.
Já com cinco anos, em um domingo depois da missa, com a coração tão apertadas quanto, estava todas elas embrulhadas no meu pequenino lenço que revestia meus cabelos do sol forte do verão, sentamos no barco, papai e eu e fomos até o centro do lago, onde deveria se concentrar a maior parte da família aquática, que muitas vezes em tuas brincadeiras familiar, ultrapassavam a margem, como se este fosse exatamente o palco da festa.
Ainda posso sentir minhas mãos tateando a matéria plástica, companheira e amiga de todos os dias, que para provar que existia, deixaram minha fileira de dentinhos, arrebitadinhos.
Razão óbvia pela qual gominhas coloridas enfeitaram minha adolescência de uma forma muito diferente, onde fios de metal era a mordaça que impunha restrição e decorava o riso, como uma cerca eletrificada, sem a placa “Perigo”.
O sol forte impôs urgência, e por mais que eu pensasse que elas ficariam bem, não conseguia imaginar como eu ficaria sem elas.
A voz terna e suave de papai, que sempre me inspirava confiança e bondade, como um afago nas mãos, preencheu minha mente, onde a coragem habitou e minhas mãos pequeninas, tremulas, deixaram que elas escorregassem, a caminho de teu novo lar.
Eram tantas... de todas as cores, eu gostava de segura-las as mãos alem de poder sentir teu paladar, era como se sempre poderia ter mais e mais ás mãos, sem medos ou receios de um dia não encontrá-las.
Papai quieto assistia meu marasmo em depositá-las na água de cor amarelada pelas chuvas do verão.
Despejadas na saia rodada de meu vestido, elas pareciam quietas demais, como se estivessem imaginando qual seria a próxima e a próxima e a próxima, e eu indecisa tentava ser justa, depositando primeiro as mais gasta, que já havia passado mais tempo comigo, mesmo que isto não me trouxesse conforto algum, eram as minhas chupetas, minhas fiéis escuderias dos tantos momentos que partilhamos, das tantas noites de tempestade, onde o vento açoitava fortes as árvores, os trovões ecoavam ensurdecedores, quando a casa toda dormia, e eu as tinha como companhia.
Pude sentir papai colocar teu grande chapéu de couro sobre minha cabeça para me protegendo sol forte, ficava olhando o remo, como se cada detalhe fosse de suprema importância, mas nós dois sabíamos que ele esperava pacientemente que se cumprisse à decisão gigante, que tua Pekena, (como ele me chamava carinhosamente) e grande garota.
Mesmo que fosse difícil e demorado, ele sabia que eu cumpriria com minha palavra, em deixar definitivamente as chupetas que me acompanharam por cinco felizes anos.
Por onde eu as deixava elas continuavam flutuantes, na seqüência da trajetória leve do barco, se distanciavam um pouco, mas não o suficiente para eu perdê-las de vista.
Só me restava entre os dedinhos suados, a amarelinha de florzinha lilás, não era a mais recente, mas sem duvida alguma minha preferida, aquela que eu sempre achava primeiro quando todas outras pareciam estar brincando de pique - esconde.
Deixei que minha mão a acompanhasse, senti a água fresca e turva que em contraste ao sol forte parecia um bálsamo em repouso, senti que ela se desprendia de meus dedos e como as outras, ganhava dimensão no espaço que nos separava.
O remo acentuava a uniformes e fortes gestos de encontro às águas, e como pontinhos coloridos elas foram se perdendo na visão, sem que eu pudesse ter certeza que ela faria do fundo do lago, junto a milhões de peixinhos coloridos tua nova residência.
Sabia que papai me observava atentamente, casa gesto, cada movimento, eu não iria chorar, eu sempre queria ser forte como o papai, como aqueles braços que agora me levantava e depositava em teu colo, trazendo minhas mãozinhas para se juntar ás tuas em volta do remo, onde teu rosto bem barbeado e bonito acariciava meus cabelos que impregnados de gotículas de suor grudava na face, debaixo daquele chapéu enorme.
Foi assim que chegamos na trilha que nos daria acesso mais fácil para retornar para casa, sem ter que percorrer mais meio milha até o embarcadouro da fazenda.
Muito tempo se passou, eu voltei muitas e muitas vezes pela beira do rio, ou simplesmente me assustava e voltava completamente ao deparar com algo colorido boiando nas águas daquela nascente tão amada, por onde passei minha infância.
Nunca chorei, foi um momento de uma difícil decisão, e por mais que eu tentasse mudar, era o único caminho a seguir, aprendi isto com meu pai, metas identificadas, metas tomadas, mesmo que pudesse doer, sempre seria melhor ser coerente e persistente, adiar só nos levaria a prolongar decisões que poderia com o passar do tempo, nos machucar ainda mais.
Também nunca tocamos no assunto, daquela manhã de sol forte, onde a amizade e coragem prevaleceram, nasceu uma frase... uma frase que me acompanhou por toda minha adolescência, que era uma forma delicada de papai perguntar se eu estava triste, uma frase que mais forte que os trovões em noites de tempestade, desliza suava pelos meus ouvidos em um som forte de uma voz que carinhosamente dava conotação a uma indagação... sempre que eu chegava de cabeça baixa, sandálias pelas mãos e calça arregaçada á altura do joelho... Procurando pelas chupetas, Pekena?

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

**Texto não concorrendo.**

Foto de Osmar Fernandes

Sou...

Sou...

Sou parte do pedaço de mim.
Sou o meio do complemento de alguém.
Sou o esotérico do sonho real.
Sou inteiro, estilhaço... metade...
Sou partículas e a essência das células.
Sou a matéria, o próton, o nêutron, a realidade.
Sou o encanto dos olhos perdidos.
Sou o perdido do encanto irreal.
Sou o ato e a esperança de Deus...
Sou a vida, o sangue que brota desejos.
Sou a fome, o pecado, o destino.
Sou o anjo de sonho menino...
Sou o grito prosaico da existência.
Sou o mito histórico da humanidade.
Sou a guerra entre o bem e o mal...
Sou o vício, a droga, a inverdade...
Sou o avesso, o capuz do homem-animal.
Sou a loucura, a morte, o rascunho da ciência...
Sou a inveja, a cor e a graça do dinheiro...
Sou os dois lados da moeda... o desespero...
Sou o luto... o esquife... o tudo e o nada...
Sou o santo, o bruto, a experiência.
Sou alguém sem dono... Dono de ninguém,
Sou... nem de mim, EU SOU...

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