Enquanto jà chove na cidade
Acordo num dia como hoje
Onde viver serà a minha necessidade
Espremendo o remoto para mais longe.
Vou sair, vou desfolhar as ruas
Que escrevo nos meus passos
E que a chuva logo extenua
Ingénua,julgando achar devasso.
Mas estou dentro e sério
Quero que resulte em poema
Com um pouco de sabor a mistério
Libertando as palavras das suas algemas.
Perante o olhar ,daquele velho senhor
Arrumando os óculos no nariz
Sou bom-dia,Sou escritor
Observo e anoto o que ele me diz.
A sua idade contém fragmentos
De histórias, para sempre
E olhando o céu por momentos
Fala-me evocando vagamente.
De como criança e quis crescer
Dos planos, dos sonhos e o amor da sua vida
Citando um nome que nāo vai esquecer
Que me apresenta numa lágrima perdida.
Por segundos, mergulha o rosto nos joelhos
Para quem passa,está a meditar
Ele vasculha o tempo por conselho
Se de nada esqueceu para me contar.
Agora erguendo o rosto numa pressa lenta
Arrumando os óculos no nariz
A vida que viveu nāo se inventa
E está realizado e feliz.
Deixando-se dominar pela emoção
Chora uma criança nos meus braços
Apenas falam suas tremulas māos
Para continuar, escrevendo ruas com os meus passos...
zehervago