Luz

Foto de neiaxitah

Sorrisos

Os sorrisos são discretos
São o transparecer do nosso espirito
São todos unicos, Perpétuos
E são nossos sem conhecimento empírico.

O sorriso é a luz da vida
Ele simples, Tamanha esperança
Remete à doce esperança, nunca perdida
Natural sorriso de uma criança.

Sorrir é ter paz interior,
Levar a vida ao máximo esplendor
E sem conjugar estóicamente o verbo aceitar.
Sorrir é ofertar toda a felicidade que temos para dar.

[feito por A.C.]

Foto de Mirror Man

Espero-te! Sempre!...

Espero-te pela manhãzinha
Quanto o sol acorda e os sonhos
Cor-de-rosa, são substituídos
Pela realidade do dia à dia!
Vens num comboio, rápido,
Sem paragens intermédias,
De costa à costa do sentimento,
Repleto de imagens em movimento!
Imagens de amor, de desejo,
De sombras de luz e anseios,
Sorrisos tristonhos, e suspiros,
Amargo-doces em nossas bocas,
Coladas num amplexo sem fim...
Estou na estação terminal...
E o rápido vem à hora!
Na hora certa, afinal!
A tempo de nos amarmos!
Sem tempo limite para acabar...

Espero-te pela tardinha,
Quando o Sol começa a descer,
A caminho do descanso,
Depois de ter nos dado,
Tanto da sua luz e calor!
Trazes-me um pouco mais,
Daquilo que me dás,
Todos os dias, simplesmente...
Por existires e teres cruzado,
Um dia no meu caminho!
Lanchamos, de olhos nos olhos,
Frente a frente, tocando-nos
No peito o sentimento,
Que não cansa, antes descansa,
E nos dá a força, para viver,
E continuar a querer,
Cada vez mais, sonhar...

Espero-te à noitinha,
Depois do jantar, à luz das velas,
Depois do beijo de sobremesa,
Aquele beijo doce mel,
Derretendo calorias imensas,
Acendendo fornalhas intensas...
Na caminha, à luz da candeia,
Tremeluzente, brilham nosso olhos,
De paixão, docemente, incandescente
Teu corpo, enroscado no meu,
Tomando conta de mim,
És minha, sou teu,
Possuímo-nos, docemente,
No principio, e à medida,
Que a noite avança,
Abrimos o ar de nossos pulmões,
E a fornalha aquece, acelerando
A paixão, já de si intensa...
Alagamos os lençóis
Com nosso desejo despejado
Em beijos, catadupas e gemidos,
No cansar nosso de cada noite,
Um cansar que mais que nunca,
Nos descansa, quando o sono,
Toma conta de nós...
Sem sequer darmos conta...
E nossas respirações,
Antes aceleradas,
Tomam o ritmo de duas crianças,
Abraçadas e renascidas,
Num sono de criança,
E sonhamos de novo,
Os sonhos de nossa infância,
Como dois miúdos,
Felizes sem medo do futuro,
Que amanhã, de manhãzinha,
Vem de novo, sorrateiramente,
Ao nosso encontro,
E nos encontra, abraçados
E confiantes...

Mirror Man

Foto de Mr. The Lazzeri

Ser ou sonhar

“Ser incomparável
De majestoso olhar a sublimidade,
Relevantes frutos de desejo
Realizando em suprema discórdia à vontade,
Afagado por desprezo
Mas banhado em luz de aprovação,
O trágico meio termo
Escondido na escuridão,
Perdendo seu fino manto
Entre lágrimas debruçar,
Em seu terno meigo acalanto
Nova fonte encontrar,
Onde brilhe mais o incandescer
Dos astros que em repouso
Almejam reconhecer,
A origem
Deste sonho.”

Foto de fer.car

POESIA É...

Poesia é um grito de esperança na alma
Uma alegria contagiante estampada no olhar
É quando o corpo quer padecer e ao escrever move-se em outra estação
Poesia é uma saudade nunca curada
Um beijo não dado e ansiado
Uma mão a tocar outra mão
Uma alma a completar outra alma
Poesia é o sabor intenso da maça
O calor depois do amargo e do frio
Poesia é avistar o futuro com olhos de criança
Acreditar nas pessoas, e no amor
Poesia é algo que traz em seu contexto o encanto, o brilho e a luz
Uma água cristalina num vasto lago
Um pássaro a voar alto o céu
Poesia é você abrir o coração
Abrir-se aos outros, ser transparente...
Poesia é o carinho, o amor diários
É sonhar
Acima de tudo
Sonhar

Foto de aninha wagner

Olhos Verdes

Olhos verdes

gotas de oceano diluidas

no cristal de luz das retinas

brisa refrescante

Olhas verdes

florestas tropicais

grama molhada

banho de chuva

repentino sôpro

Olhos verdes

Perfume de ervas

flores do campo

brilho na tarde

mar sereno

Olhos verdes

trazendo o norte

sorte indizível

graça impensável

berço aconchegante

Olhos verdes

profunda onda

insondável mistério

etérea energia

iluminando as trevas

Teus olhos verdes

Verde esperança

fugaz bonaça

deslumbrante momento

eterno encantamento!

Ana Wagner

Foto de Max Seridó

Iluminada

Quisera eu estar contigo
Viver tão desvairados delírios,
Estar além da terra, céu e mar
Deleitar-me nas delícias
Desse teu intenso e envolvente amor,
Tanto que parece querer-me
Como duas criaturas juntas numa só
E perdidas nessa paixão sem limites
Feito as nuvens no seu doce e suave vagar,
Sem destino pelo firmamento sem fim
Poder saborear-te com todo o meu desejo,
Todas as minhas forças,
Todo o meu amor, louco amor
Passar minhas mãos pelas tuas
Para serem apertadas como quem sofre
Mas não de dor, sofre de paixão,
Esse sentimento possessivo, cruel,
Maldoso, impiedoso, tirano,
E ainda assim conquistador
Paixão que se arraigou
Em minha mente, vísceras,
Dominou todo o meu ser,
Paixão desvairada,
Irresistível prazer !
Olho os teus olhos,
Vejo-os tão pesados,
Sua face como a de quem
Passa por enorme cansaço, exaustão,
Tua respiração continuamente ofegante
E tua boca parece querer falar-me e fala,
Não são palavras
Mas vozes da brisa que soa leve
Em meus ouvidos e minh’alma,
Eregindo meus pêlos,
Excitando meus nervos,
Despertando minha firmeza carnal,
Fico teso,
Então entro, me adentro,
Me aprofundo, me arrebento,
Não lamento, desalento
Que tormento
Entre ser você e estar a te imaginar
No tédio ocioso e perturbador da solidão
Ouço o vento, fico atento,
Me recordo, me contento
De nosso delicioso momento,
Ai que prazeroso sofrimento
Imaginar tua pele com a minha,
Tua boca com a minha
E tuas pernas alvoroçadas
Me abraçando, me apertando,
Querendo me engolir, devorar,
Estão famintas, sedentas
De amor pra dar
Em nosso leito, que deito, me deleito
Em teu peito e gozo
Satisfeito, contente,
Feito azul do céu resplandescente
Com a luz do sol nascente,
Assim é entre eu e você
Paixão que acende,
Amor que não pode se apagar

Foto de Mr. The Lazzeri

Sonhar ou realizar

“Ao leve pulsar do sonho
te encontro em meu desejo,
buscando a luz do infinito
no consolo do meu beijo,
a imensidão do paraíso
sempre na esperança de um dia voltar
aquele breve sorriso,
na meia vida de um anjo
a face do que digo
esperando por meu sonho,
a um dia retornar"

Foto de Lou Poulit

Heresia

Tingidos de cio gritam
nos vazios do leito santo,
profanos, silenciados versos meus,
desmaiados, ébrios de tanto voltar
desse amor incandescente,
aquarelado por anjos dos céus.

Plenos de luz, penitentes,
deserdados versos nos escuros
do meu gozo sempre iminente,
vertente, transpassando muros,
excomungados da própria crença
precisam muito se confessar...

Precisam se armar de perdão!...
Mas quem os levaria ao próprio deserto?
Quem ousaria lhes desarmar?
Quem chegaria tão perto
e aceitaria o tanger dos gestos
e recolheria seus restos?...

Quem ungiria seu corpo, antes,
seguindo pegadas quentes, depois,
legadas ao passado por indulto?
Quem lhe perdoaria a poesia
e lhe exultaria a pura heresia
de ser uma criança... e um adulto?

(Parceria Lou Poulit e Norma Martins)

Foto de Lou Poulit

A Luz Que Me Desperta

A luz que me desperta cedo
Antes expulsa as sombras minhas
(Trazidas por tudo que antes fui).

Então flui a alma à própria tona,
No afã de achar uma janela,
Um vau por onde possa passar
Ao tempo destinado a ela,
Em que suas ânsias se calem,
Em que falem respostas claras
Suas malas sempre vazias.

A luz que me toca a espátula,
Antes lava cada mácula
E me desarma, e me veste.

Então flui a alma forte e creste,
Do ardor do próprio amor à vida,
Luzidia e de novo em brios,
Legada a amigos e inimigos;
À sorte, ao azar, ao dia!
Mouro alcazar grato ao nascente
Fulvo, louro... incandescente.

A luz que em meus olhos espelha
(Irrompe a centelha à cadeia)
Liberta o abraço mais aberto.

Então aperta o passo firme
Vazando a casca a alma tão plena,
Que engrena as órbitas dos astros,
Que umedece as lonas nos mastros;
E os bastos ventos fluem turvas
Curvas tuas, mosaico do mar...
Lembranças... Da luz do seu olhar.

Foto de Lou Poulit

Alma Límpida e Esgalga

A alma límpida e esgalga
Paira sobre meu ventre
E me ordena que eu entre,
Que um amálgama espera...
Desde outra era, espera.

Como um buraco negro
Despencado do espaço,
Todo o passado abraço;
Ao passo que o poço quer
Nem ser homem nem mulher.
Bem, como a poesia.

E que o canto de cada
Uma célula minha,
Libélula liberta
Liberte essa cativa,
Minha alma desaberta
Que só assim caminha
Caminhos de pássaro.

E abra o meu velho e ávaro
Peito de homem doído,
De rangentes comportas
E de escombros, ruído
Pela própria insensatez
De negligenciá-las:
A poesia e a nudez
De não ser só para si.

A alma límpida e esgalga
Que cavalga os luares
E olhares meus, profundos,
Nos pântanos escuros
Do amor leviano,
Desse vão amor humano
De ter para si e ser só,
Quer que de mim levite
Sóbrio, de amor ébrio
O verso, minha alforria.
Em que comigo habite.

Ah, minha poesia...
Minha criança alada,
No chão, de luz vasada
Por meu próprio desleixo...
Cada verso meu, seixo
De um absurdo castelo,
Há de aos homens erguer-te,
Pelas valas perdidas
Que lhe vasaram vidas.

Ah, minha amada esquece
E me perdoa, apenas
Para então assim fazermos
Alçar vôo dos ermos
Dos lençóis, testemunhas
Das unhas contundentes
Da minha covardia,
Dos meus versos de dentes...
Brancos, emersos fluidos
Para sempre perdidos.

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