Luz

Foto de fer.car

MULHER

Mulher, símbolo da fortaleza, da vida, da essência, da luz
Mulher, ventre que emana amor, cuidado e zelo para com o seu feto
Mulher, palavra de fibra, de dedicação desmedida e amor de mãe
Mulher que cala, que sente, que luta e se faz presente na vida de toda a família
Lágrimas derramadas no rosto de uma mulher, pois dela sai a vida e se reproduz
Mas acima de tudo mulher é um ser humano, é ser de muito valor, de muita garra
Mulher, você é a fonte de tudo, de ser e do existir
Parte do homem, e membro importante da sociedade
Mulher que se faz igual ao homem, pois este a completa e dela necessita
Mulher que zela pelos seus descentes, que ama incondicionalmente seus filhos
Mulher, símbolo de majestosa flor em beleza e magnitude
Mulher que não esmorece, aguenta as grandes fortes dores do parto
Os maiores tormentos buscando seu espaço neste mundo ainda fechado de valores
Mulher que nunca deixa de acreditar que ainda vale a pena lutar
Mulher que sonha, que vibra e acredita na vida, nas pessoas, nos homens...
Mulher, você é fonte de vida, de seu corpo dá luz a demais corpos
Mulher que em nove meses sente o palpitar de um novo ser em seu íntimo
E diante das atrocidades deste viver ainda não se envergonha de chorar e mostrar que é mulher
Mulher que chora, mas sabe sorrir e sua luta é incansável
Além de cuidar da casa, zela pela saúde de marido, namorado, irmão, familiares
Mulher, palavra que demonstra complexidade
Mulher que é mãe, que é esposa, que só quer ser amada e valorizada
Mulher que ergue-se das cinzas, que enxuga as lágrimas e ainda continua seu caminho
Porque mulher você é guerreira
É mulher...
Sentimento, luz, amor, vida....
Mulher, apenas por ser mulher....
Você é grande...

Autoria: FERNANDA CARNEIRO
DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS

Foto de HELDER-DUARTE

Natal

É Natal... é Natal...
Mais um afinal...
Todos os anos, ele vem.
Este ano, também, o tem.

Alegramo-nos, cantamos e comemoramos
Este evento,
Sempre no mesmo tempo.
Até, às nossas casas e ruas, luz damos.

É Natal, dizemos nós...
É tempo de paz,
Paz, paz, paz...
Para mim e para vós!

E sabem que mais?!...
Até há paz...
De certo modo, os homens, de fazé-la, foram capaz,
Como durante o ano, houve jamais...

Diz-se, que há tanta , felicidade...
E verdade,
Na tua casa e na minha, muita liberdade...
Fraternidade.

Igualdade...
Amizade.
Fidelidade...
E outras tantas, ---ades.

Mas oh filhos de Noé!!!
Oh! Deus meu Senhor!
Oh! Vós lideres da fé!!!...
Tu da igreja, que és pastor!

Vós: Céu, terra e mar!
Oh eu e todos nós e vós!
Também tu amor e amar!
Pais filhos e avós!

Ouvi todos!
Que Natais são estes?
São os verdadeiros?
Ou ao menos, quase perfeitos?

Para que valores, anunciados tais,
Sejam... Reais?
O que é Natal?
Na verdade afinal?!...

Conclui, que não o há, neste existir.
Nesta imensidão, a que denominamos Ser...
Não há o Natal sentir,
O verdadeiro, que deveria haver.

Céus e terra, estais mal,
Desequilibrados, no geral.
Eis que tudo, clama por ele.
Pois, só ordem, há n´ele

O ele é Natal..
Que é Deus, por sinal.
É verdade...
E unidade...

Nosso evento, para real ser,
Tem que ter:
Sentimento de amar...
.... e dar...

É preciso, nascer. ..
Ou de renascer...
De novo vida ter.
Continuar espiritualmente a crescer...

Não sejamos hipocritas.
Dízendo, que o já temos...
Ou que santos somos.
Pois a Deus fechado, temos as do coração portas.

Tudo é falso...
Só ele é o verdadeiro.
O primeiro...
O Omega e o Alfa.

Só quem o é, é Deus...
O «Eu Sou...»...
O Natal de sonhos teus...
Em quem eu, nem sempre estou.

Só teremos Natais eternamente...
Não como os que ainda temos,
No dia, em que haja vida de Deus,
Em coracões nossos, para fazermos, actos seus!!!

Helder Duarte

Foto de Fernando Poeta

O Que Vi... ( Resposta a Por Esta Janela )

Caminhando certo dia,
Meus olhos cruzaram com teu olhar,
Eu a avistei na janela,
Semblante triste, quase a chorar.

Busquei vislumbrar o que vias,
E ao perceber apenas solidão,
Entendi que olhavas para o infinito,
Porém examinavas teu coração.

E o que vi,
Foram teus sentimentos mais intensos,
A lembrança de amores passados e inesquecíveis,
E a dor latente de quem anseia o que desconhece.

E a dor que reflete em teu olhar,
É a mesma que a impele,
A acreditar que o amor que chegará,
Será o amor que lhe confortará.

Continuei meu caminho,
E percebi que a janela principal,
Não era a janela aonde se encontravas,
Mas a janela que descortinava...

A luz de teu olhar.

Foto de Lou Poulit

O Trovão e o Sabiá Sereno

Sentada sob alpendre da mansão colonial, sua fortaleza de toda a vida, Sinhá havia se perdido em seus pensamentos. O dia havia se despedido há pouco, na apoteose fugaz de um céu prestante de cores e texturas, que de tudo o que pode tentou fazer para merecer a atenção da moça. Nem a sinfonia da passarada fez efeito. Tudo em vão, restaram as estrelas que nem sequer se aventuravam. A passarada se calou para dar a vez aos grilos, sapos e outros barulhentos notívagos. Sinhá revirava mecanicamente os fartos rendados da saia à sua volta, pois de fato não estava ali.

Então, passos arrastados vindos de dentro precipitaram-na do etéreo, de volta ao corpinho magoado pela posição pouco cômoda. De tão surpresa e assustada, não teve coragem de se virar. E esperou apenas, como seu sangue esperava dentro das veias. Aos poucos uma luz tênue, mas capaz de expulsar soberanamente a escuridão, se aproximou. Depois mais um pouco. A moça temeu que se aproximasse ainda mais e explodiu em gritos nervosos: Saia já daqui! O que quer de mim, demônio? Eu não lhe chamei aqui!

A pouca distância um caboclo mulato de aspecto impressionante, pele muito morena e os olhos claríssimos de uma onça enterrados no rosto embrutecido, como pequenas gemas raras no emboço úmido da terra adubada pelos séculos. O velho Sereno segurava a candeia, tentando compreender, tão próxima, a moça que à distância vira crescer, como flor única naquelas glebas. Durante parcos segundos, Sinhá não conseguiu balbuciar uma palavra. Tentava decifrar como aquela figura estranha havia invadido seu silêncio, que significado poderia ter dentro dele e se seria perigoso para as coisas ricas que guardava em segredo. Porém, achando que o silêncio era ainda mais insuportável, a moça voltou à carga: Quem lhe deu o direito de estar aqui? Ele tentou explicar: Vim só alumiá o negrume da noite pra vosmicê, Sinhazinha... Carecia de se assustá não... Não tenho medo de nada, ela empinou a própria fragilidade. Como poderia temer um empregado dentro da casa do senhor meu pai? Ademais, estava aqui com meus pensamentos...

O homem olhava com segurança os olhos escorridos de lágrimas da moça, cheios de brilhos amarelados pela chama da candeia. Sentia pena dela, mas sabia pelas décadas de convívio que não se devia manifestar piedade para com os senhores. Sereno sabe que está triste, Sinhá. Ma num pode fazê nada não, disse ele abaixando os olhos. Mas como pode saber disso? Não lhe dou esse direito. De onde você saiu?... Ainda com os olhos baixos, ele respondeu: Sempre estive aqui, Sinhazinha. Vim pra essas terras do senhor seu pai na barriga da minha mãe, que se foi embora amarrada naquele pé-de-jurema-branca, bem ali na direção onde a lua vai nascer já. Eu era desse tamaninho, cabia no cesto onde o alazão comia o seu mio. Naquele tempo o capataz era um homenzinho muito do ruim... Ela só queria alimentar a sua cria...

A moça se refez da letargia quando o ouviu falar no alazão, tornando a gritar: Não me fale do meu alazão. Eu amava o Trovão como se fosse uma pessoa! Ninguém montava nele além de mim! E acabaram de trazê-lo num arrasto de pau-de-mangue... Ele estava morto! E eu vou matar quem fez isso com ele... E a chorar convulsivamente ela recostou-se no portal, até sentar-se de novo no degrau do alpendre. Sereno continuou calado, imóvel, com os olhos cravados nas lages do chão. Como se sua alma cansada procurasse uma brecha para um imenso arrependimento.

Tentando descobrir em seu próprio silêncio o que deveria fazer naquela situação triste e constrangedora, o velho caboclo foi lentamente até a arandela pendurar a candeia. Não sabia o que fazer a mais. Durante quase vinte anos quisera ajudá-la em muitas situações de perigo, mas sempre chegava alguém antes. Sereno trabalhara sempre na plantação, às vezes tratando dos cavalos doentes e outras como mateiro. Amava a menina, antecipava os riscos que ela corria, mas haviam outros mais próximos dela. E agora o mesmo sentimento de proteção lhe parecia palpável de tão denso. E ironicamente, embora estivessem ali apenas os dois, simplesmente não sabia o que fazer.

Passados alguns poucos e imensos minutos, a moça quebrou o silêncio, mais calma, porém sem perder a altivez da voz: Como se chama? Sereno, Sinhazinha - disse ele. E porque está aqui, nunca lhe vi dentro de casa?... O velho empurrou a aba do chapéu para trás e coçou a calva rala e branca, como sempre fazia quando se sentia inseguro. Demorou um pouquinho mas respondeu: Eu vim de pés lá de trás da serra dos pastos... O senhor seu pai mandou que me alimentasse e ficasse por aqui até amanhecer. Ela insistiu: Mas por que veio de pés? Ah, Sinhazinha, parei no meio da mata para ouvir o sabiá-da-mata, tava cantando bem em cima de mim. Desde menino adoro os sabiás, num gaio da mangueira, por cima da minha palhoça tem um que fez ninho agora. Quando passo o café da tarde ele tá arrebentando os peitos, de tanto chamá uma fêmea pro seu ninho novinho e arrumadinho. Mas me distraí, meu cavalo assustou-se com a onça e saiu desembestado, nem sei pra onde. Mas vou lá buscar, pro seu pai meu senhor num ficá num prejuízo maió. Não é um bicho caro, é até meio capenga... Mas é um bom companheiro, num sabe? Vendo a perplexidade dela, ele perguntou: Que foi Sinhá, com essa boca aberta, quem nem peixe morto? A moça sussurrou: Onça?... Que onça é essa, Sereno?

O velho respirou profundamente. Não haveria mais de esconder. Ela que soubesse a verdade e que fizesse o que achasse justo. Disse a ela com segurança: a mesma que pegou o Trovão... Aquele sangue todo foi porque quando cheguei ela já tinha garrado no pescoço dele – disse caboclo limpando instintivamente as mãos grosseiras nas calças. A moça mostrou-se inconformada: E você não fez nada para ajudar o coitado? Não tinha uma arma, Sereno? Sinhazinha, ele caiu por cima da bicha, esperneava como um porco endemoninhado... Endemoninhado é você, miserável! Ele era o alazão mais valente que conheci... Só que havia uma onça mordendo o seu pescoço... E um homem medroso e inútil assistindo a sua morte desesperada! Que queria que o Trovão fizesse?... Sereno, se calou constrangido. E ela quis saber mais: E depois, Sereno?... Sinhazinha, num é nada fácil chegar perto de dois bichos grandes e raivosos... E eu só tinha mesmo o meu facão de mato e não queria ferir ainda mais o Trovão. Sim, mas o que você fez? – ela implacável. Eu nada, Sinhazinha, a onça é que resolveu desaparecer. Onça é um bicho covarde. Só pega pelas costas, sangra e espera morrer. Mas se sentindo insegura ela larga e fica de longe só espiando. Esperando a hora de comer sossegada. E o outro, que também é bicho, sabe que vai morrer e que ela vai vir lhe rasgar as tripas. É só uma questão de tempo... O mundo dos bichos é assim mesmo, Sinhá. Ninguém muda não. Vosmicê ta triste e eu também... Mas o Trovão tá não... Só tá esperando os primeiros lampejos do dia, pra correr por essas terras sem fim, pelos campos e pelas matas fechadas, num tem mais nada que lhe impeça... Vai conhecer todos os lugares onde nunca tinha ido, vai beber água do rio grande e vai saltar nas ondas da praia... Enquanto isso nós vai fica aqui chorando de tristeza, porque num pensa que ele ta livre como nunca foi... É que como nós só sente o sentimento da gente, só pensa com a cabeça da gente, então acha que o trovão ta sentindo e pensando a mesma coisa, Sinhazinha... Não tenha raiva não... Que ele não pode aparecer pra vosmicê e lhe contá como que é lá donde ele vem, ele vai ficar triste por causa da sua tristeza...

A moça se esforçava para aceitar aquela sabedoria estranha, que quase desdenhava os seus mais puros sentimentos, todas as coisas que aprendera a sentir. Mas, embora não tivesse coragem de dizê-lo, até que gostava muito de imaginar seu querido Trovão suando da correria que tanto amava, brilhando ao sol e ao luar. Ele amava o vazio dos espaços, os obstáculos que vencia, amava o vento revirando as suas crinas, enchendo-lhe os pulmões no peito enorme e musculoso, e depois expirava com força fazendo seu próprio vento, era quase um deus da natureza... Ah, como ele gostava disso... – dizia a si mesma. Alagada da própria ternura, disse então ao velho: Ele lutou até o último instante não foi, Sereno?

Ele era valente demais, eu o conhecia desde que era um potrinho muito abusado... Sou lhe muito grata, quero que fique, se alimente bem e descanse bastante. E depois vá buscar o pangaré, antes que essa onça o coma, já que não comeu o Trovão, pois que os homens foram buscá-lo antes disso... Sereno sentia-se mais à vontade agora, já sentado também no degrau de baixo. E completou: Vou Sinhazinha, antes de clariá vou atrás dele. E ai dela que se meta... Faça isso por mim, Sereno – ela pediu com raiva.

Não posso prometer, Sinhazinha... Não Sereno, não se arrisque, leve uma arma... E se ela lhe pegar pelo pescoço, como fez com o Trovão?... Vosmicê num fique triste não, Sinhá... Também sou meio bicho, já fiz muita coisa nesse mundo de meu Deus... Já matei oito onças, seu pai meu senhor pode lhe dizer... Uma delas ia morder era o pescoço dele... É que de uns anos pra cá elas estavam sumidas, que os cachorros farejam a catinga delas de longe... Gato tem raiva de cachorro e vice-versa, num sabe?

Eu prometo, Sereno. Vou contar para os meus netinhos essa estória. E vou me lembrar de dizer que você foi um herói, que não pode salvar o Trovão, mas veio de pés buscar homens, para que ele tivesse um enterro digno. Meus netinhos vão aprender a odiar todas as onças, porque essa matou o Trovão... Mas eis que tais palavras indignaram o velho filho-do-mato, e ele quis ser exato: Não, Sinhazinha... Isso não é certo, não é verdade não... Como, Sereno? Se ela não matou o meu alazão, então quem foi?... Fui eu mesmo, Sinhazinha... A moça de um pinote ficou de pé, com o dedo em riste, enfurecida lhe disse: Seu traidor! Vá embora, suma daqui! Nunca mais quero ver sua cara! Não vou lhe perdoar jamais! Vai... Antes que eu grite por alguém para lhe surrar no pé-de-jurema, desgraçado!

Naufragados novamente em profunda tristeza, ambos se foram. Ela para chorar na cama e ele no mato. Mas nenhum dos dois conseguiu dormir. A moça rolou na cama, sobre o lençol úmido das suas lágrimas, até que lhe viessem chamar para o almoço. Não foi. À tarde, na hora da refeição também não quis sair do quarto, deixando a todos apavorados. Seu pai começou a preocupar-se, vendo que as mucamas não paravam de cochichar pelos cantos. Resolveu-se a sacudi-la. Entrou no quarto como um furacão para intimidá-la e foi querendo saber o porque daquele drama. Sabia o porque, também sentia muito pelo alazão, sabia o valor que tinha, mas não queria perder também a filha. Sinhá estava desolada e não apenas pelo seu Trovão. As horas lentas da madrugada lhe convenceram de que havia sido injusta com o Sereno. Estava agora claro que quisera apenas poupar o animal de mais sofrimento. Não podia carregá-lo nas costas e com certeza não quis que o alazão assistisse a desgraçada da onça comer-lhe as carnes ainda vivas. Ela estava soterrada de remorso e com muito jeito fez o velho concordar em mandar buscá-lo. Assim também concordou em levantar-se para se banhar e voltar à vida normalmente.

Alguns dias depois estava novamente sentada no alpendre, mas dessa vez assistiu a obra da natureza que se comprazia em dispor da sua atenção. O dia terminou. Escureceu por completo. Ela se lembrou da noite em que se assustou com Sereno. Dessa vez queria imensamente que ele lhe trouxesse a candeia. Havia preparado algumas palavras para lhe pedir que perdoasse a grosseria. Ninguém lhe dissera uma palavra durante esses dias, tinha a impressão cada vez mais densa de que não lhe queriam falar a respeito. Uma luz veio de dentro, mas pelo andar sem botas não poderia ser Sereno. Era uma mucama, que foi dispensada. Sinhá só queria a luz do velho caboclo, como naquela noite. Agora queria gostar dele, da sua sabedoria e da sua paz. A lua começou a aflorar, derramando seu prateado pelas colinas que pareciam abraçar em segurança a mansão. De repente, algo mexia nas folhas do pé-de-jurema-branca, que pareciam lhe acenar variando o reflexo do luar. Então, para sua imensa surpresa ouviu com nitidez o canto mavioso de um sabiá... Mas como? Sabiá cantando há essa hora? Não pode ser... Não queria aceitar o que seu próprio silêncio lhe dizia, lutava contra com todas as suas forças... Então ouviu de novo, logo ouviu outra vez e de novo tornou a ouvir... As defesas que havia erguido em si própria foram ruindo a cada canto, como se fossem rojões de poderosos canhões. Até que não pode mais sustentar a certeza que preferia. O sabiá só podia estar feliz. Tão feliz que nem se importava com a noite, não queria esperar o amanhecer! Se quisesse vê-lo sempre feliz, devia afastar a tristeza. Libertá-lo do próprio peito para que fosse completamente livre, para que cantasse onde quisesse e quando quisesse. Seu canto não era triste como o de outros, mas vigoroso e doce como o de uma flauta da natureza. A mucama voltou com um semblante pávido, mas quedou-se quando à luz da candeia viu que o de sua Sinhazinha sorria para a lua, já em seu esplendor. A mucama lhe disse: Sinhazinha, o seu pai mandou meu irmão e me primo buscar o Sereno... Mas eles não querem falar, estão com medo. Medo de que? Diga logo... Não fica brava comigo não Sinhazinha... Fala de uma vez, mulher... É que a onça pegou o Sereno também, Sinhazinha...

Completamente perplexa, a mucama ouviu a Sinhá lhe dizer com doçura: Não fique assim tão triste. Há essa hora ele deve estar bem assobiando por aí... Por onde, Sinhazinha?... Pela natureza, pelo céu, pelo rio grande, ou se lavando nas ondas do mar... A pobre mucama não conseguia atinar com aquelas palavras surpreendentes e Sinhá completou: Anda, pode deixar a candeia na arandela e vá pra dentro. Se precisar eu lhe chamo, agora vá. Quando mais tarde seu pai veio lhe buscar para dentro, aliviado pelas falas da mucama, encontrou-a bem disposta, quase feliz para aquelas circunstâncias. Sinhá aproveitara o tempo para fazer uma prece emocionada, repleta de gratidão e amizade, pela alma do velho Sereno. Durante toda vida estivera bem ali e nem o havia notado. Mas havia sido de grande valia justo no momento que mais precisou. Se estava feliz a ponto de assobiar no galho do pé-de-jurema àquelas horas, então deviam estar todos felizes: O Sereno, sua pobre mãe e também o Trovão. Não, não queria mais pensar em tristezas. Foi quando seu orgulhoso pai, sentindo necessidade de participar daquele momento lhe disse: Deixe estar, querida... Aquela maldita onça não irá longe... Eu me encarregarei disso pessoalmente.

Lou Poulit
Direitos Exclusivos do Autor

Foto de Auber Fioravante Junior

Nossa Canção

Simplesmente divano
o momento em que viajei
em teu céu de emoções sentindo
teu gosto molhado, pantera
fascinante das quimeras mil.

Ao som dos pianos da noite
entreguei-me a tua volúpia
sentindo o sabor de morangos
na maciez de teus seios, tangenciando
teu corpo com toques e beijos
sentindo-me
sedutor e seduzido ao afagar
de nossas almas donas únicas
deste afrodisíaco cavalgar da paixão!

Na luz lunar
Fiz-me poeta respirando
Tua charmosa fragrância
Defragada com a seresta
Vinda do teu âmago,
Fera dos zil sussurros,
Fêmea dos mil encantos!

Simplesmente amor
foi o passear em teus
mares e entranhas,
bradando teu nome pelos
veios de tua sensual geografia
descobrindo segredos e gozando
na paz da madrugada que se chegou
nos brindando com êxtase da
nossa canção!

Auber Fioravante Junior
03/02/2007
Porto Alegre – RS

Foto de AJN

Anjo

To escrevendo pra você meu Anjo uma melodia que nas palavras se perdem com o brilho do teus olhos,Meu Anjo,Meu amanhecer,Minha luz,Meu luar,traça seu caminho com meu para sermos livres como os passáros no ar.Sentir a leveza do vento em nosso corpo.
Seguindo até aurora com a plena felicidade do nosso amor para todo o sempre.

Foto de THOMASOBNETO

Perfume Selvagem

PERFUME SELVAGEM

Linda, selvagem e rebelde.
Sorriso de menina moça...
Charmoso e maliciosos por vezes.
Ruborizando o encanto da lua!

Teus cabelos livres ao vento,
Pareciam fios de pura seda.
Seus gestos eram plumas...
Vagando pela orla do tempo!

Teus olhos esverdeados...
Lembravam-me um cristal.
Lindos como a esmeralda...
Refletindo a luz do sol.

Deixando cair em teu corpo,
Provocadora as tuas vestes.
Eflúvio instintos carnais.
Exaltando os desejos insanos!

Por onde tu passavas, que emoção!
Na epopéia da metamorfose da vida...
Arrancava os mais ocultos segredos,
Incrustadas nas entranhas da alma!

Ao ouvir a tua voz, fecho os olhos.
Desejo sonhar a melodia dos deuses...
Entregar-me aos seus doces encantos.
Suspirar amor eterno nos braços teus!

THOMAZ BARONE NETO

Foto de Hisalena

Basta um sorriso...

Basta um sorriso teu para o mundo se encher de luz,
para o céu parecer muito mais intenso e azul,
para o mar parecer muito mais imenso e profundo,
basta um sorriso teu e a vida como ouro reluz,
basta um sorriso teu para me mostrar o norte e o sul,
basta um sorriso teu para me sentir dona do mundo.
Basta um sorriso teu para a vida valer a pena,
para o sol iluminar cada passo do meu dia,
para a luz me afastar das sombras desta solidão,
basta um sorriso teu e já não me sinto pequena,
basta um sorriso teu e tenho tudo o que queria,
basta um sorriso teu e tenho o mundo na mão!
HP//

Foto de Hisalena

Quero!

Quero o calor do sol que brilha bem lá no alto,
quero a luz da lua que me entra pela janela,
quero a força inóspita do mais negro basalto,
quero um príncipe encantado igual ao da Cinderela.
Quero sentir o fresco do vento que passa devagar,
quero pisar a erva fresca que cobre os verdes montes,
quero enrolar-me nas brancas ondas do azul mar,
quero beber a água cristalina das frescas fontes.
Quero uma história como as dos livros de encantar,
quero uma canção com uma música especial,
quero um poema que o meu nome queira cantar,
quero um piscar de olho que me diga “és a tal”!
Quero um beijo daqueles que fica para sempre,
quero um abraço daqueles que nos faz sentir bem,
quero um sorriso que de alegria me deixe contente,
quero ser o fulminante raio de luz da vida de alguém.

HP//

Foto de HELDER-DUARTE

Poemas de Escatologia

O INFANTE

Eis que ele vem...
Mas ele é quem?...
Ele é o infante,
Que vem triunfante...

É o que vem no fim do tempo,
Para reinar para todo o sempre.
Vem cavalgando em verdade,
Com sua autoridade.

Seu nome é Jesus.
Ele disse-nos:
«EU SOU A LUZ»

Finalmente, a existência terá paz!
Porque eis-nos,
Que é DEUS QUE A TRAZ!...

HELDER DUARTE

Questões

Eis as seguintes questões, vos ponho:
Porque se unem os países da Europa?
E para onde caminha o mundo humano?
O que está acontecendo, à nossa volta?

Credes vós, em Jesus Cristo?
Ele está morto ou vivo?
Sabeis que ele vem?
E que virá o Anti-Cristo, também?

Há um fim?
Haverá Inferno?
Porque pergunto isto assim?
E o que é o estado eterno?

Sabeis quem é a verdade?
Estais convictos que virá a felicidade?
O que é o número seiscentos e sessenta e seis?
E o número sete três vezes?

E o Apocalipse?
E o Milénio?
Pensaste já nisto?
Qual o verdadeiro império?

Quem é o verdadeiro Deus?
Quem é o verdadeiro Messias?
O que disse Isaías?
O que vai acontecer ao homem e actos seus?

Helder Duarte

Messias

Fica sabendo,
Oh Israel!...
E entende,
Tu Ismael:

Ouve tu terra,
Universo e potestades.
Também tu paz e guerra
E vós do Ser realidades.

Jesus está vivo,
Virá e reinará...
Sobre vós, em pleno domínio.

É o Messias.
Que deu e dará,
Cumprimento às eternas profecias!...

Helder Duarte

Ai de vós

Ai de ti Jesabel!
E tu Ataláia,
E tu que mataste Abel!
E Tu dos Hunos, Átila!

E vós outros: Calígula e Nero.
E tu príncipe, do reino do ferro,
Hitler, Mussolini
E tu outro in...

Tu seiscentos e sessenta e seis;
Tu Nova Era...
Vós, que comigo, reinar não quereis.

Para vós venho...
Em hora, que já se abeira.
Para vos castigar, me empenho!

Helder Duarte

Israel

Ouvi todas as tribes de Israel,
A minha palavra, assim diz o Emanuel:
Eis que eu sou aquele de quem falou Isaías.
O Cristo, o Messías.

Eu sou o «Yavé»...
O Deus de Adão, Abel e Noé.
O vosso salvador.
O vosso Senhor.

Eis que já vim...
Mas voltarei.
Para vós enfim!

Aceitai-me já...
Sou o vosso Rei...
Que cedo virei!...

Helder Duarte

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