Lençóis

Foto de Jorgejb

Nossa carne

É na minha carne que eu te sinto,
nos sonhos inventados
por um Janeiro frio a dentro.
É na carne magoada,
pelas cicatrizes saradas
à força da saudade,
de te lembrar cravando teus dedos
no meu dorso,
sentindo teu sangue
pulando do teu hálito doce,
segredando esta paixão violenta, secreta,
nossa,
nas palavras cúmplices, enormes.
É na minha carne que eu te sinto,
brincando no teu peito
onde sempre me esqueço
embalado nos teus ais,
desejos,
amplexos de tudo o que nos damos.
É na minha carne que te sinto,
quando a paixão desventra nossos corpos
e os comete em gestos
inimputáveis,
enrodilhados
nos lençóis manchados
de tanto suor estafado.
É na minha carne,
que eu sinto a vontade
de escapar e te deixar dormir,
de esquecer esta dor,
e expurgar este cobarde sentido
de não te querer
e te desejar.
É na minha carne que eu sou
desconhecido,
quando te pressinto
e me deixo ficar,
é na tua carne que desminto,
a vontade
de ser eu.

Foto de Vera Silva

Juntos e Sós

Escapas-me por entre os dedos,
Escorrendo entre eles como areia.
Escondes-me segredos
Desvalorizando o que a vida te premeia.

Queria contigo partilhar
Tuas alegrias, tuas dores...
Mas teimas em as deitar
Entre os lençóis frios e os cobertores.

De longe te olho e te aceno,
Num gesto exclusivo de solidão.
Continuas impávido e sereno,
Unificado só em tua razão.

Impossibilitas todas as tentativas
De sermos, tu e eu, um "nós".
Não partilhamos nossas vidas,
Vivemos juntos, mas sós...

Foto de Jorgejb

E de um poema nasceu 2

Deixou um poema em cima da mesa e saiu. Sabia que ela, ao sentir o frio do outro lado da cama, saltaria pronta, procurando onde tinham feito amor, a mesa nua e fria, ainda quente do seu corpo, sulcos de si própria espalhados nela, e assim, perceberia a folha cheia, acolhendo palavras para si.
Não, não era um recado, nem uma justificação, nem concerteza razões expressas de forma polida e omnisciente, desculpando-se. Era um poema, zurzido da consciência do impossível, dos pedaços dos dois, que ainda ontem pareciam não conseguir se despegar, iluminados da loucura que os prazeres quando libertados, emprestam aos corpos e lhes dão aquele brilho, que só os amantes sabem contar e explicar dentro dos seus corações.
Uma dolorosa e delicada expressão de amargura, empalideceu seu rosto, sentindo a solidão dos amantes traídos; olhou de lado a sua cama, desarrumada, os lençóis descaídos e soltos, as roupas espalhadas pelo chão, como um mapa, com pontos demarcados e uma história apensa a cada um.
Já sentada na beira da cama, contida no seu próprio corpo, escondendo seus seios em seus braços, as pernas geladas, vermelhas, unidas na estupefacção do seu próprio ruído interior, procuraram nas palavras uma nova força, um destino, uma alma.
Encontrou-o mais uma vez. Como sempre, arquitecto de palavras, demasiadamente doce para a sua manhã, o rosto dele na sua memória - definhando, e foi lendo, e lendo, sem compreender onde chegava.
Era a carta de um homem com medo do amor, como se não lhe tivesses deixado os seus portões abertos para entrar, era a carta de um homem preso ao espaço e à resignação do mundo que trouxera atrás de si, como se ela alguma vez tivesse ousado tocar em seus haveres, ou pronunciado a palavra passado. Era ele e seu mundo, e a irrazoável forma de dizer adeus cobardemente, como se num último rebate, abandonasse a prancha mais alta e recusasse o salto para um mar maior e mais azul.
Ela sorriu, arrumou o quarto, tremeu de frio, e percebeu o quanto tinha estado nua, agasalhou-se sentindo o conforto do seu xaile de seda, onde tantas vezes repousara o seu amante, e sorrindo mais uma vez, abriu a janela que dava para o meio da rua, o rio entrando pelas suas narinas, extasiado do fresco ar húmido e salgado que a abraçava, e convidando o Sol a entrar, escutou no seu rádio a sua música favorita, trauteando um novo canto, sem saudade, sem rancor. O amor, o seu amor haveria de chegar outra vez.
Ele, parado no meio da rua, queria perceber o que tinha escrito, a impulsividade que o dominava, o medo de magoar, de prolongar sonhos sem esperança. Doía-lhe o peito e a saudade dos lábios dela. A manhã não lhe dava tréguas, de ter sido acordada tão cedo, enregelou-lhe os ossos, como querendo que ele voltasse ao leito que tinha deixado. Sentia o perfume dela, abraçando-o, mas soube que a outra história devia estar destinado. Final de história, os passos levavam-no em frente. Sorriu na compreensão, do quanto ela ficaria no seu peito, na sua memória, e amou esse momento na plenitude de um grande final e do quanto os momentos são diferentes na medição do tempo e dos seus segundos. Veio-lhe à memória a mesma canção, que tocava em todas as janelas abertas, a sua canção, espalhada por todos os rádios, esperando que ela também o tivesse ligado, trauteou baixinho para ela, que o amor nunca irá partir, um dia o amor, o seu amor haveria de chegar outra vez.

Foto de BRANDELERO

vc sabe que ainda ti amo

Dobrei todas as esquinas
Fugindo do teu olhar
Amordacei emoções, carinhos
Sequei meu pranto, coração
Segui por estradas íngremes
Deixando meus rastros de solidão
Engoli tuas regras, prescrições
Em seco, cruzei pântanos
Arrisquei-me, escalei montanhas
Fechei os olhos, diante do medo
Perdia-me de mim, sofria
Fui me deixando, sombra
Pássaro cativo em céu aberto
Queria-te, abraçava-te no meu frio
Nos lençóis do meu pensamento
Cobria meu corpo com o teu
Pedi ao tempo guarida
Deitei-me no colo da esperança
Espera infrutífera, inútil
Não voltaste para sonhar comigo
Mas ainda agora, meu coração
Teima em dizer: te amo

Foto de Jorgejb

Vencido

Angustio-me na espera de te ter,
assusto-me nos teus braços
que me querem.
Escondo-me de ti
evitando os teus olhos
trespassantes,
negando que é em teu
colo
que me entendo
e preenches meu sentido,
minha carne.
Sou e não sou no mesmo tempo
o amante certo
de teu corpo,
bebo teu prazer
sofregamente,
deixo minha pele
em teus lençóis
e teu cheiro me invade,
bem colado
em meu torso,
onde te agarras,
verdadeira,
e quando a noite vem
e se despede,
e a lua baixinho
sussurra
que o pecado onde me prendo
é culpado,
- arremeto contra mim
arrependido -
de cada vez que estou em ti,
ficar vencido.

Foto de Isa Castro

Momentos

Entre lençóis perfumados a jasmim, a mulher a corda sonolenta e não quer ver a luz do dia. Deixa-se ficar a saborear aqueles momentos divinos e imagina-se a caminhar ao encontro de momentos conjugados com o passado e com o futuro. As mãos deslizam lado a lado com os pensamentos, fantasiando, dando vida àqueles momentos mágicos...
Ela conhece bem as veredas que percorre!
Estimulando cada vez mais e mais profundo, chega a explosão de sentimentos que queimam as entranhas com gritos, sufocos, culpa, dor...
Tomada por um choro convulsivo levanta-se, toma um duche e põe a máscara...
Um novo dia começa.

Foto de Aline Romariz

Chave

Deixei a chave
na planta mal regada do nosso amor displicente...
Ficou tudo como estava...
Os lençóis manchados com o suor do nosso corpo...Amassados,denunciando nosso prazer...
Na camisa, jogada no chão que incrimina nossos passos,
a marca do baton borrado...
No criado mudo, principal testemunha de tantos atos,as taças de cristal,prova embriagante dos digitais enlevos....
A carta em cima da velha mesa
assinada por nós dois,declarando
as culpas,os medos,os deslizes que comentemos...
E a chave...A velha chave na mesma planta...
Que morrerá da sêde do amor que vivemos!

Foto de Elliana Alves

Teus braços

Teus braços

Cante e encante-me.
Dance e enlace-me,
no teu corpo.
Faça de cada passo,
um compasso.
E cairei nos teus braços.
Vamos à lua,
lá ficarei nua.
Para você me amar.
Exponho-me ao sol,
ou embaixo dos lençóis
Para namorarmos.

Foto de Lela

Ninho Nupcial

ESTA PRONTA A MINHA CAMA
COM LENÇÓIS DE SEDA E LINHO
E GOTAS DE PATCHOULY .

ESTÁ FEITO O NOSSO NINHO
ONDE SEREI TEU AMOR.
E MEU AMANTE SERÁS

TE GUIARÁ MEU PERFUME
À TENDA DESTA PAIXÃO
AÍ ACHARÁS O CAMINHO

DA NOITE NUPCIAL
E TE DAREI MEU AMOR
E TE DAREI MEU CARINHO

Foto de Tancredo A. P. Filho

SEM RESISTÊNCIA

Essa ternura que é toda tua,
Essa tua paixão, o teu devaneio,
Esse teu olhar malicioso,
Esse olhar de mulher-menina.
Que se junta com tua vontade,
De fazer amor como verdadeira mulher,
Ardente, sedenta de desejos...
Então, olhando o teu remeleixo,
Que somado à tua elegância,
Faz-me sentir um prazer inevitável...

Com o balançar dos teus quadris,
Fico excitado e começo a sonhar
Com teu erotismo... e a tua inocência,
Que está contida no teu cinismo...
São as armas que tu empregas,
Na grande luta que travamos,
Durante à noite,
Em cima da nossa cama.

Debaixo dos lençóis...
Aí, é quando me desarmas,
Pois, a tua possível carência,
Ganha essa luta sem encontrar,
Nenhuma resistência...
Entretanto, ouvem-se gemidos, gritos,
Sussurros e palavras de amor...

::::::TAPF:::::::

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