Lençóis

Foto de TrabisDeMentia

Dueto de amor

Um poema de amor a dois
É um redobrado gemido
E entre o meu e o teu ouvido
Ele é um mundo com dois sóis

Um dueto de amor é pois
Um só pecado dividido
E é feito assim, sem alarido
Entre estes versos e lençóis

Cometido e confidente
Tal qual um beijo carente
Verseja em ti, te deixa louca

E quando em mim é ponto assente
Procuro um outro, novamente
Dito assim da tua boca

Foto de Maria Goreti

Traição

Vencendo o cansaço
Enlaço-te, abraço-te,
Enrosco-te com meus braços.
Coitado de ti!

Pobre sonhador
Que em meu leito repousa!
Enquanto tu dormes nos alvos lençóis
Entro em meu carro, acendo os faróis.

Saio pelas ruas em disparada,
Apressada, tresloucada!
Tenho que fazer tudo enquanto tu dormes
Para que não percebas a minha ausência.

É quase dia, hora de voltar.
E ao chegar, ao teu lado me deito.
E quando acordas me encontra
Aconchegada ao teu peito.

Feliz, tu me beijas,
Sem sequer imaginar
Que durante toda a noite
Com outro estive a dançar!

Abraço-te, culpada, arrependida.
Só depois eu me dou conta...
Tudo não passou de um sonho.
Tu és o grande amor da minha vida!

Maria Goreti Rocha
(Vila Velha – ES, 19/01/06)

......

Poema publicado na Coletânea Literária 42 Anos da Casa do Poeta Rio-Grandense - CAPORI

Foto de Dennel

Porta do passado

A porta semi-aberta
Esperando a sua entrada
Desde sua partida
Nada mais fiz, senão esperá-la

Não sei se é sonho ou ilusão
Mas fato é que a espero
Que resisto, persisto, insisto
Em crer que irá voltar

Fantasio este momento
Preparo-me para o encontro
Na cama lençóis ligeiramente dobrados
Um cheiro de fragrâncias no ar

Um CD pronto para tocar
Um som para ser emitido
Uma palavra para ser jurada
Ilusões, mente fantasiada

O tempo parou
Apenas o tic-tac do relógio
Alterna-se com o som da minha respiração

O vento balança a porta
Que se entreabre mais e mais
Revelando minha angústia
Meus olhos inquietos a observam
Desolados, frios e indiferentes

Só a saudade não é indiferente
Esta é intensa, crescente
Feito fogo que consome impiedosamente

Num impulso, levanto-me
Ligo a televisão, em intenso volume
O som adentra o quarto
Exorcizando o fantasma do amor

Distraio-me, saio da minha letargia
Percebo que passadas são as horas
Um novo dia então nascera
Fecho a porta do passado

Juraci Rocha da Silva - Copyright (c) 2006 All Rights Reserved

Foto de Fernanda Queiroz

Uma história de amor... sem fim

A noite cai suavemente, o sono não vem, Porque uns dias são mais difíceis que outros?
Tentei ocupar minha mente em vão, teu rosto sobrepôs e depôs as tentativas, pensei que a noite calaria meu pranto, que a maciez dos lençóis embalasse meu corpo cansado mutilando meus pensamentos, mas não houve trégua.
Não preciso ir até a cômoda onde guardo minhas relíquias para rever tua foto, teu rosto esta cravado em minha mente, de uma forma tão presente que ás vezes sinto poder tocá-lo , minhas mãos tateiam sozinhas como se procurassem as tuas, mas não as encontro, parecem tatear na pedra negras de meu desespero.

Letra da canção do Filme Love Story sopra em meus ouvidos”Quando eu te encontrei, eu não pensei que um grande amor eu fosse ter, eu que só tinha amargura em meu viver e que já estava tão cansada de sofrer, vivendo só.”
Nada nunca me soou tão verdadeiro, você despontou em minha vida como um raio de sol, trazendo todas as cores da natureza, sons e belezas. Era um acordar exaltado, uma sorriso velado um trabalho apressado e encontros marcados onde o relógio pulsava tão rápido como nossos corações e o tempo se ia, o dia amanhecia trazendo alegria e se as lágrimas brotassem você as secava, se o sofrimento jorrasse, você o estancaria com tua suave melodia impondo curas as amarguras.

“Quando eu te encontrei, lendo em teus olhos eu fiquei a imaginar, que o meu mundo tu virias alegrar, que eras tudo que eu queria encontrar”
E foi assim... mágico... verdadeiro... a risada brotava sem que eu pudesse impedir, os olhos negros como a noite tinha o brilho das estrelas o andar parecia um embalo ritmado pela nossa coletânea, cabelos soltos ao vento que ao reclinar nas grandes colinas calçada de patins, parecia uma bandeira em haste, blusa gotejada de sorvete e boca lambuzada, sabor de chocolate, sabor de teus beijos ansiados.

“Meu coração.... eu te entreguei, me deste a vida enfim... me deste amor.... me deste a razão para viver... me desde paz ....”
Preencheste tudo, intensa e completamente.... pensamentos..atos.. ações.... despertou todos os sonhos postados, toda alegria não vivida de uma alma sofrida, entrou como um furacão não usando tua força em estragos, mas para cravar profundos alicerces que desafia a força do Sanção, brotou sementes que produziriam nas mais engrene rochas, calçou de sonhos minha alma peregrina, vestiu de branco meu corpo moreno, relutante em se entregas as emoções entorpecentes dos pensamentos, fez-me correr para o eco do penhasco onde gritar teu nome e ouvi-lo de volta era a certeza que você existia.

“E onde quer que eu vá irás comigo... nos sonhos meus... na minha mente... eu não irei só... comigo irás também....”
Não há como medir um grande amor.... um sentimento de paixão.... todas as raízes que escravizam nosso coração... é assim que eu sei te amar... nem meios ou mais...intensamente e completamente.
A música do filme Love Story , é como acordes agudos que tocam em meu coração, sem piedade ou ilusão.

Diga-me.... como esquecer alguém que gosta de flauta.... de me olhar como se tivesse me inventado....e de mim......

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de angela lugo

Um dia feliz

Hoje a felicidade tomou conta do meu ser
Você apareceu e fez minha alma enaltecer
Caminhamos pelas ruas num lindo entardecer

Falou-me baixinho com todo carinho
Pegou minha mão e corremos para nosso ninho
Que calorosamente nos aqueceu de mansinho

Entre os lençóis de cetim nos enrolamos
Entre braços e abraços nos amamos
E com alegria uma linda canção entoamos

Nada interferiu tudo colaborou até o céu clareou
O entardecer emanou sua brisa que a flor cheirou
E nós agradecemos este dia que tanto demorou

Foto de Maria Goreti

Lembranças de Ti

Onde quer que eu vá,
Eu não estarei sozinha.
Levarei lembranças de ti.
Guardar-te-ei na memória,
Contarei a nossa história
A quem a quiser ouvir.
História de fuga, e emoção,
De choro, de amor, solidão.
De conto de fadas, talvez...

E a contarei na íntegra,
Exatamente como a vivi.
Falarei da importância
Do meu tempo de criança,
De tudo o que eu aprendi.
História de esperança
Da fase da inocência,
Sem saber que ao crescer
Haveria de perder.

Logo que te conheci
Por ti me apaixonei.
Teus braços me envolveram
Como tentáculos de um polvo e,
Mesmo temendo o que era novo
Entreguei-me ao prazer.
Prazer de estar contigo,
De te sentir meu abrigo,
De arriscar-me por ti.

Esquecendo os meus valores,
Dei-me a ti sem pudores
Sobre alvos lençóis macios.
Ouvia cantar rouxinóis
Onde cantavam? Não sei!
E que gostoso que era
Roçar teu corpo no meu.
Como ser indiferente
A tudo o que aconteceu?

Agora tu foste embora,
Já não sei o que é sorrir.
A vida ficou vazia.
As noites estão bem mais frias.
Não sei mais o que é prazer!
E mesmo estando a sofrer
A tua ausência agora,
De ti, meu amor, eu prometo:
Que jamais vou esquecer!

©Maria Goreti Rocha
Vila Velha/ES - 08/01/06
Todos os Direitos Autorais Reservados

Foto de Mirror Man

Espero-te! Sempre!...

Espero-te pela manhãzinha
Quanto o sol acorda e os sonhos
Cor-de-rosa, são substituídos
Pela realidade do dia à dia!
Vens num comboio, rápido,
Sem paragens intermédias,
De costa à costa do sentimento,
Repleto de imagens em movimento!
Imagens de amor, de desejo,
De sombras de luz e anseios,
Sorrisos tristonhos, e suspiros,
Amargo-doces em nossas bocas,
Coladas num amplexo sem fim...
Estou na estação terminal...
E o rápido vem à hora!
Na hora certa, afinal!
A tempo de nos amarmos!
Sem tempo limite para acabar...

Espero-te pela tardinha,
Quando o Sol começa a descer,
A caminho do descanso,
Depois de ter nos dado,
Tanto da sua luz e calor!
Trazes-me um pouco mais,
Daquilo que me dás,
Todos os dias, simplesmente...
Por existires e teres cruzado,
Um dia no meu caminho!
Lanchamos, de olhos nos olhos,
Frente a frente, tocando-nos
No peito o sentimento,
Que não cansa, antes descansa,
E nos dá a força, para viver,
E continuar a querer,
Cada vez mais, sonhar...

Espero-te à noitinha,
Depois do jantar, à luz das velas,
Depois do beijo de sobremesa,
Aquele beijo doce mel,
Derretendo calorias imensas,
Acendendo fornalhas intensas...
Na caminha, à luz da candeia,
Tremeluzente, brilham nosso olhos,
De paixão, docemente, incandescente
Teu corpo, enroscado no meu,
Tomando conta de mim,
És minha, sou teu,
Possuímo-nos, docemente,
No principio, e à medida,
Que a noite avança,
Abrimos o ar de nossos pulmões,
E a fornalha aquece, acelerando
A paixão, já de si intensa...
Alagamos os lençóis
Com nosso desejo despejado
Em beijos, catadupas e gemidos,
No cansar nosso de cada noite,
Um cansar que mais que nunca,
Nos descansa, quando o sono,
Toma conta de nós...
Sem sequer darmos conta...
E nossas respirações,
Antes aceleradas,
Tomam o ritmo de duas crianças,
Abraçadas e renascidas,
Num sono de criança,
E sonhamos de novo,
Os sonhos de nossa infância,
Como dois miúdos,
Felizes sem medo do futuro,
Que amanhã, de manhãzinha,
Vem de novo, sorrateiramente,
Ao nosso encontro,
E nos encontra, abraçados
E confiantes...

Mirror Man

Foto de Lou Poulit

Alma Límpida e Esgalga

A alma límpida e esgalga
Paira sobre meu ventre
E me ordena que eu entre,
Que um amálgama espera...
Desde outra era, espera.

Como um buraco negro
Despencado do espaço,
Todo o passado abraço;
Ao passo que o poço quer
Nem ser homem nem mulher.
Bem, como a poesia.

E que o canto de cada
Uma célula minha,
Libélula liberta
Liberte essa cativa,
Minha alma desaberta
Que só assim caminha
Caminhos de pássaro.

E abra o meu velho e ávaro
Peito de homem doído,
De rangentes comportas
E de escombros, ruído
Pela própria insensatez
De negligenciá-las:
A poesia e a nudez
De não ser só para si.

A alma límpida e esgalga
Que cavalga os luares
E olhares meus, profundos,
Nos pântanos escuros
Do amor leviano,
Desse vão amor humano
De ter para si e ser só,
Quer que de mim levite
Sóbrio, de amor ébrio
O verso, minha alforria.
Em que comigo habite.

Ah, minha poesia...
Minha criança alada,
No chão, de luz vasada
Por meu próprio desleixo...
Cada verso meu, seixo
De um absurdo castelo,
Há de aos homens erguer-te,
Pelas valas perdidas
Que lhe vasaram vidas.

Ah, minha amada esquece
E me perdoa, apenas
Para então assim fazermos
Alçar vôo dos ermos
Dos lençóis, testemunhas
Das unhas contundentes
Da minha covardia,
Dos meus versos de dentes...
Brancos, emersos fluidos
Para sempre perdidos.

Foto de angela lugo

A dor de não o ter

O que será de mim sem ti?
Caminhando pela vida, sentindo seu perfume.
Que passa com alguém que não é você...
Quando a noite chegar deitar-me-ei em minha cama
irei te procurar e não te encontrarei,
Enrolar-me-ei nos lençóis vazios
farei do meu travesseiro a saudade
e do vazio do meu quarto a solidão
sem nem mesmo saber o que fazer.
Caminharei pelos meus sonhos e tentarei encontrá-lo
e se lá não estiveres, continuarei só, em meus caminhos
Mesmo que o procure por todas as estradas da vida
E lá não te encontrar, que será de mim meu amor?
Sem ti em minha vida o desespero vai tomar conta de mim
Irei assustar-me pela solidão...
Pelo sopro do vento...
Pelo calor do sol...
Pelo frio da manhã...
Pelo sacudir da razão,
que vai chamar minha atenção,
por tanto andar e não te encontrar.
A dor vai sucumbir a minh’alma, afetar meu coração.
Abalar a minha vida que não tem sentido,
sem tu meu amor querido.
Irá difundir este sofrer dentro do meu ser.
Alastrando-se pelo meu corpo,
que jaz aqui a te querer sem a mim tu pertencer

Foto de angela lugo

Sinto tanto a tua falta

Esta imensa falta que sinto de ti,
chega a doer no fundo da alma.
Já não posso mais viver assim,
vem para meus braços,
vem para matar a minha sede,
esta sede de amor que sinto,
no meu coração na m'alma.
Vem amor p’ra. perto de mim,
não quero mais chorar,
por sua ausência sem fim.
Sinto tanto a tua falta...
Não posso esquecer aquele dia,
quando partiste e nem sequer,
olhou para trás deixando-me só,
triste e infeliz curtindo minha dor.
O vazio foi tomando conta de mim,
senti-me abandonada por ti.
Senti-me enlouquecer e junto a ti,
queria estar implorando para que,
não me deixasse aqui sofrendo,
nesta triste solidão que confunde,
tanto o meu triste coração.
As lágrimas descem sobre minha face.
Já não me importo com o choro,
o que realmente me importa é tê-lo.
Sentir tua presença, teu calor, teus beijos.
Tuas mãos afagando meus cabelos...
Deslizando sob meu corpo, deixando calor.
Sinto tanto a tua falta...
Minha cama está vazia, grande demais.
Espera por ti todas as noites, mas nada.
Você se foi e aqui entre os lençóis,
viro-me de um lado a outro pensando.
E me pergunto; Onde estará agora?
Em que cama se deita sem mim?
A quem acarinha com tuas mãos suaves?
A quem beija com ardor fazendo amor?
Tantas perguntas, nenhuma resposta.
Pois nem sei por onde anda o teu sentimento
Que me causou tanta dor, mesmo assim digo:
Sinto tanto a tua falta...

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