Jogo

Foto de Camillinha

Seleção brasileira

Viva o Cafu capitão perene
Melhor lateral do Jardim Irene.
Viva Roberto Carlos veloz como o vento
Que arruma as meias durante o cruzamento.

Viva o Kaká, menino bonito
Na hora do jogo, amarela no grito.
Viva Ronaldinho Gaúcho
Tão útil como pinto murcho.

Viva o ativo Parreira
Que não substitui, não treina e só diz besteira.
Viva o Gagallo
Mas arrumem um asilo prá interná-lo.

Lamento por Dida, Lúcio,Juan, Zé Roberto e Robinho
Que até brilharam nesse timinho
Mas o resto eu quero que se dane
Porque quem joga mesmo é o Zidane.

Vamos esperar o Parreira descer do avião
E dizer que pra treinar a seleção
É preciso trabalho, cérebro e dedicação
É também preciso ter coração como o grande Felipão.

Chega de Zagallo, chega de Parreira
Não precisamos destes velhos caretas.
E "Fora babaquice"
Tem treze letras

autor desconhecido

Foto de TrabisDeMentia

Quando eu morrer

Quando eu morrer...
Que seja sem aviso,
Que seja breve e bem longe de olhares.
Porque eu não quero ter que ouvir de alguém o tempo que me resta.
Um,
Dois,
Três meses para viver á pressa.
Não!
Que seja breve!
Não quero ter tempo para despedidas,
Telefonemas consecutivos,
Ter a pressa,
De novo a pressa,
De contar aos amigos.
Não quero ter que pedir á minha esposa
Que cuide bem dos meus filhos,
Que arranje um marido.
Não quero ter que reuni-los
E um a um lhes fazer um pedido.
"Cuida dos teus irmãos".
Não quero ir assim,
Escondendo aos netos.
Não quero ter que ouvir os talheres á mesa,
O silêncio,
Ver lábios tremendo,
Olhares desviando.
Não quero ter a família me limpando a casa,
Fazendo o pouco que podem fazer por mim.
Não!
Não quero ficar olhando para a televisão,
Vendo o jogo da jornada,
A novela que já não diz nada,
Sentir o quanto insignificante tudo se torna de repente.
Ver o meu futuro.
Não, não quero ter que ir trabalhar para pagar
Os medicamentos e cada prego do meu caixão.
Não quero chegar á terceira semana de "vida" em que tudo é caimbrã,
Em que o ar não chega e a dor não passa
E pedir morfina,
Cura e sentença.
Meter cunha e pedir ao filho
Que a vá buscar á pressa.
Pois há pressa.
Ver meu amigo condoído,
Chorando,
Me injectando,
Consciente do perigo.
Ambulâncias.
Noite que nem imagino.
Madrugada.
Premonição.
Dia de visita.
Desorientação.
"Senta-te".
"O Pai morreu".
Como pode?
Não!
Não quero isso!
Quero morrer bem longe.
Que ninguém me encontre.
Não quero voluntários para reconhecer meu corpo.
"Meu Deus! Pai?!"
Pra quê?
Não!
Não quero velório.
Fato velho e caixão pobre.
Onde tudo é amarelo, algodão e morte.
Onde o silêncio só se quebra com uma mão no peito (como que cobrando vida)
E o choro de um adulto.
Foto em café,
Hora marcada,
Gente de pé,
A corda levando,
Uma mão de terra,
Uma pá de terra,
Dez pás de terra,
Um monte inteiro de terra pelas mãos de um estranho,
A pedra tapando,
As flores rodeando,
O regresso a casa,
Um nó me apertando,
A roupa dobrada,
A parteleira meia de leite vitaminado,
(Que não serviu para nada)
Um sem fim de saudade
A lágrima que não me lembro de ter chorado.

Foto de Marco Magalhães

Ler-te

Deixa-me ler teus pensamentos,
Que teu corpo seja como pergaminho,
Para que nesses breves momentos,
Eu te leia com imenso carinho.

Do movimento estranho que revelas,
Quero conquistar o significado,
Quero dessa leitura, sequelas,
Soletrar o teu corpo endiabrado.

Os teus gestos são poesia,
Declamada em cada rodopio,
E com toda a fantasia,
Esse teu livro copio.

Meu coração avança na cadência,
O tempo recua em cedência,
Quando leio tua correspondência,
Renasce toda a minha existência.

Que sotaque é esse no teu jogo?
Que me faz ir perigosamente,
Ao encontro do fatal epílogo,
Que queria adiar eternamente.

E de repente, salto em frente,
Numa viagem repentina, dormente,
Meu olhar não mais se encontra,
Teu livro li secretamente.

Foto de Junior A.

Em uma poça

Em uma poça feita de lágrimas...
Vejo-me como em frente ao mar
Jogo então as minhas pedras "mágoas"
E ao correrem sobre as águas
Aguardo apenas o afundar.

Em um poça feita de lágrimas...
Vejo-me como a contemplar a dor
Passo os dedos com medo do molhar
Ainda assim não contenho o chorar
E não a toco esperando que vire amor

Em um poça feita de lágrimas...
Vejo-te com a profundidade de um abismo sem fim
Do meu sofrer faço um pequeno barco a partir
Na esperança de que um dia tal barco retorne a mim
Com o sonhada vida que partiu sem se despedir

Foto de InSaNnA

Fantasias_1

Em noites de amor que meu desejo tanto implora..
Teu corpo me invade com furor
Eu me perco entre suas pernas,
ali perco todo o meu juizo
E me submeto as tuas vontades
Faca as sua requisicoes!
elas serao liberadas
Suaves..carnais..animais..
Jogo fora meu pudor junto com minhas vestes
Voce me diverte
Eu me perco..
quero mais,mais,sempre mais
Voce faz todas as minhas vontades
Mas hoje eu quero te dominar..
Hoje..vai ser diferente..
Hoje,
eu mando,
eu comando,
eu ordeno !
Vendo seus olhos,prendo as suas.maos.
Acho engracado a sua preocupacao..
Te acalmo e surssuro.._é um jogo de seducao..
a brincadeira vai ser boa!
Relaxe e sinta,o meu delicioso castigo
Sinta a maciez de minhas maos a passear por teu corpo
e com meus labios beijar te por inteiro
com a delicadeza de um anjo
falo meus poemas de amor no seu ouvido baixinho..
e no final,liberto-te ,ordeno..
Depois de tanta tortura..
_Vem se vingar!
Nao me negues.esse prazer..
Vem..sua vitima,ja esta pronta
para enloquecer!

Foto de Lorenzo

Jogo Fatal

Quem me dera que de repente
Pudesse te apagar da mente
E esquecer, de uma vez, tua imagem
Ah, se eu tivesse esse poder
Ou ao menos conseguisse entender
Porquê não crio essa coragem

Para cumprir minhas promessas
De não mais te procurar, ver ou sentir
E ficar em paz com minhas lágrimas
Que desobedecem e acabam por cair

Maldito coração esse meu
Que teima em ficar com o que é teu
E nas lembranças não quer dar fim
Fazendo escrever versos como esses
Me perdendo nesse jogo de interesses
Que já levou o que podia de mim

Foto de Lorenzo

Mentiras

Disse que seria eterno esse amor
E obstáculos enfrentaríamos
Disse que irias onde eu for
Que juntos, pela vida, lutaríamos

Por que você mentiu?
Se não era isso que queria
Pra quê me iludiu?
Se mais tarde acabaria
Por que me enganou?
Só para ver que podia
Pra quê fingiu que me amou?
Eu acreditei que seria

Fui cego, tão tolo
Pra cair de novo no teu jogo
Acreditar no brilho do teu olhar
Brilho no lhar da cobra antes de picar

Ao menos em parte foi bom
Aprendi mais um lição que a vida me deu
De não chorar porque um dia acabou
Mas sorrir porque um dia aconteceu.

Foto de InSaNnA

O caminho das estrelas

Como explicar isso?
eu sinto...apenas sinto!
parece um tormento
Meu menino..Você e meu alimento!
Essa estonteante fome de você
Tao perversa e dolorida
Faz o meu corpo a procurar-te
com ansia!
Ao seu lado,tudo fica belo..
A vida,a morte,
a dor,a sorte
Fruto dessa tua alma que me leva..
para dentro de ti!
Me sinto louca,
quando as suas mãos
tateiam-me sem parar
meu corpo vibra !
Em um misto de desejo e alegria,
que desagua em meu intimo
em plena harmonia..
E assim seguimos nesse jogo tão gostoso..
de pura seducão
a espera do gozo..
Beijos,longos,pelo meu corpo,
tua saliva,desmancha meu pudor
Tras a tua boca.
procura minha menina..
abres as minhas pernas,como pétalas de flor!
ela é tua !
e assim,agora,saio na minha busca..
no teu fruto,colho teu mel..
Meu corpo balanca no seu,como as ondas do mar..
e o seu olhar a me seduzir,como a luz do luar..
e sinto toda a tua docura a .derramar pelo meu intimo..Nua!
E eu te digo amor..
--Isso sim, é a vida!
O sangue,a pulsar nas minhas veias..
de desejo!
me avisa que estou viva
E com a alma embriagada,de você
embalada pelo prazer..Me leve!
estou pronta para ser levada aos céus!
Com voce ,conheci o caminho das estrelas..
E agora...nessa hora que o prazer me domina..
Sei estou pronta para recebê-las!

Foto de Mor

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

UM MENINO NUM JOGO DE INTERESSE

Em época não muito distante, duas mulheres se encontram na maternidade de um hospital.
Joelma chega de uma cidade do interior e é internada, pois estava próximo o dia em que deveria dar a luz a uma criança. Lúcia, a enfermeira que atendeu Joelma sentiu naquele momento uma sensação estranha que nem sabia explicar.
- Qual é o seu nome?
- Joelma, Cláudia da Silva.
- Solteira ou casada?
- Solteira.
- É o seu primeiro parto?
- Sim.
- De onde é natural?
- Carminha.
- A que município pertence essa localidade?
- Canto Novo em Santa Catarina.
- Tem algum plano de saúde?
- Não tenho, vim encaminhada pelo SUS, meu parto pode ser difícil por esse motivo fui encaminhada para uma maternidade que tenha mais recurso.
Carminha fica no interior do estado sem qualquer recurso, nem Posto de Saúde existe naquele ermo sertão.
Fez o prontuário da futura mamãe e encaminhou a mesma para o setor de internação da maternidade.
Logo em seguida fez o relatório da situação da paciente, nos mínimos detalhes para ser entregue ao ginecologista de plantão daquele dia.
- Doutor a paciente vem do interior do estado, cuja localidade não tem condições de atender em caso de um parto difícil, o médico da cidade encaminhou a mesma para um hospital que tenha mais recursos.
- Você trouxe roupas para usar aqui na maternidade?
- Não, só trouxe comigo roupas que vim vestida e uma outra para quando retornar como também para o bebê, já tinham me informado que aqui na maternidade as roupas de uso durante a internação são fornecidas pela maternidade.
- Nem sei bem porque a maternidade fornece as roupas?
- Aqui temos os mais rigorosos controles de infecção hospitalar, para garantir a saúde da mãe e do bebê.
A enfermeira da ala de internação da maternidade recebeu Joelma, anotou seus dados levando-a ao quarto indicando a cama que por ela seria ocupada, mostrou o local onde ficava o botão para acionar a campainha em caso de emergência.
Joelma levava consigo somente as roupinhas para o futuro bebê, que ficaram guardadas no setor de internação.
As roupas para seu uso, bem como para o futuro bebê eram fornecidas pela maternidade, com isso evitaria o problema de infecção hospitalar. A maternidade tinha um bom conceito em relação ao problema citado.
Mais tarde, Lúcia a enfermeira plantonista, que recebeu Joelma foi até o quarto, para saber se tudo estava em ordem.
Ela ainda estava impressionada com o que tinha acontecido quando da chegada de Joelma, pergunta:
- Está bem acomodada não falta nada para você? Estava preocupada, pensei que não tivesse um bom atendimento, muitas pessoas que chegam do interior são relegadas a um segundo plano no atendimento.
- Até parece que seu relato mostra que o atendimento pelo Sistema Único de Saúde deixa algo a desejar.
Despediu-se de Joelma dizendo:
- Se necessitar de alguma coisa durante sua estadia aqui na maternidade, peça para a enfermeira de plantão me chamar, meu nome é enfermeira Lúcia, meu plantão está no fim logo eu retorno para casa, até amanhã.
E Joelma responde:
- Até amanhã e bom descanso.
Lúcia chega ao final do seu turno de trabalho, bate o ponto, troca sua roupa e vai para casa pensando:
- O que aconteceu comigo hoje? O que tem aquela mulher que vi pela primeira vez até parece um imã a me atrair, nunca me vi numa situação dessas.
Lúcia entra em seu carro, demora para acionar a chave e seguir em frente, até parece hipnotizada, diante daquela situação liga a chave e aciona o carro, sempre pensando:
- Será que o caso de Joelma é tão complicado? Como vai ser o nascimento da criança?
Claro que Lúcia como boa profissional estava preocupada, mas será que era só isso?
Finalmente chega a sua casa, entra no condomínio estaciona o carro e fica imóvel dentro dele e pensa:
- Como cheguei aqui, nem sei por onde passei, nem me lembro de quem encontrei no caminho.
Estava realmente fora de si diante de tal situação, finalmente sai do carro, dirige-se para o elevador e sobe para o seu apartamento.
Joga-se sobre a cama e fica delirando:
- Como pode acontecer tal coisa comigo, quem é ela, de onde veio, porque logo fui eu que tive que atender essa pessoa? Ela vai ser bem atendida, o caso dela pode ser grave se vier a falecer durante o parto, com quem vai ficar o bebê, será que vai nascer sadio?
Finalmente depois de algumas horas naquela situação Lúcia acorda daquele torpor e se levanta toma um banho e vai preparar o jantar, pois morava sozinha e não tinha companhia.
Sua mente ainda não tinha se acalmado daquela situação, continuava pensando.
- O que vou fazer, como vai ser amanhã quando chegar na maternidade, como terá ela passado a noite, certamente é a primeira vez que é internada em um hospital.

...

O pessoal da cozinha serviu o jantar para todos os doentes.
No hospital, ao cair da tarde, serviram o jantar para Joelma que estava calma, mas pensativa pela acolhida dada pela enfermeira Lúcia.
- Que bondosa ela foi comigo quando cheguei à maternidade, que primor de atendimento, muito diferente do atendimento dado nos Postos de Saúde do interior, me impressionou.
A enfermeira de plantão passa no quarto faz as recomendações necessárias e fala:
- Em caso de emergência acione a campainha que logo atenderemos.
Ela respondeu.
- Obrigado pelas orientações.
No quarto do hospital tinha televisão, assistiu o noticiário depois desligou, e fez suas orações.
- Senhor, protegei-me nesta noite, bem como meu bebê que está prestes a nascer, a todos que trabalham nesse hospital, principalmente a enfermeira que me recebeu quando aqui entrei, que ela seja feliz, peço pela minha família que ficou no interior, agradeço por tudo meu bom Deus Pai nosso que estais nos céus...
Logo em seguida adormece.

...

Lúcia em seu apartamento continua a pensar em Joelma.
- Será que serviram o jantar? Como deve estar pensativa longe de seus parentes.
A imagem daquela mulher não sai da sua memória, mas finalmente ela adormece.
...

Durante o sono já de madrugada acorda assustada, pois sonhara que a paciente que havia atendido a tarde tinha morrido na hora do parto naquela noite. Ao acordar fica pensativa:
- Será que esse sonho significa? Terá ela morrido, ou só foi um sonho meio maluco desses que sempre acontece comigo de vez em quando?
Vira para o lado e logo dorme novamente. Quando acorda com o ruído do despertador pensa:
- Vou levantar tomar banho e depois tomar meu café.
Em seguida ela vai até a garagem retira o carro; sempre impressionada com o sonho da madrugada, estava um pouco fora de si, na saída da garagem quase bate em outro automóvel que ia passando na rua pensa:
- Meu Deus o que estou fazendo? Quase bati meu carro.
Sai com mais calma e segue até a maternidade, ansiosa para saber como está passando a paciente que tinha chegado para a internação, estaciona o carro e vai direto até o setor da Maternidade e fala com a enfermeira chefe:
- Como vai Joelma aquela moça que foi internada ontem à tarde?
- Ela vai bem, entrou em serviço de parto na madrugada passou um pouco mal, pois o menino era grande pesou seis quilos é muito lindo e gordinho.
- Qual é o quarto que está?
- Está no quarto anexo a enfermaria número 3 e está passando bem.
- Vou fazer uma visita.
Lucia vai até o quarto que Joelma está internada bate na porta e entra.
- Bom dia como está passando?
- Agora estou boa, mas o parto foi difícil, o menino era grande e demorou mais, para nascer.
- Há pouco, ele estava aqui mamando depois levaram para o berçário.
- Qual é o número que tem no braço?
- É o número 3A.
- Depois eu vou lá ao berçário ver o menino.
Lúcia retorna, pois está na hora de começar o seu trabalho na recepção da Maternidade, continua pensando:
- Como será o menino; branco, moreninho e seus cabelos que cor têm, tudo imaginação.
Mas realmente quem não saía de sua memória era Joelma:
- Continuava pensativa. O que vou fazer quando entrar no berçário para ver o menino? Deixa isso pra lá.
Depois do almoço, Lúcia vai até lá, para conhecer o filho de Joelma, nesse horário quem estava atendendo o berçário era sua amiga Maria. Chegando Lúcia fala:
- Oi! Maria que bom que é você que está aqui, vim ver o menino que nasceu essa noite passada.
- Você sabe o número que ele tem no braço?
- Sim sei é o número 3A.
- Ele está no berço número 6.
- Lúcia chegou perto do berço e viu um menino robusto gordinho bem claro cabelos pretos ele estava enrolado numa faixa e dormia.
Lúcia se despede de Maria e volta para seu posto de trabalho. Quando na portaria chega um senhor de mais o menos 50 anos e pergunta:
- É aqui que está internada Joelma?
- Ela responde sim, é aqui que ela está internada e ontem a noite deu a luz ao um lindo menino, ela está passando bem.
- Quem é senhor?
- Sou o pai dela.
- Qual é o seu nome?
- João da Silva.
- Posso visitar ela?
- Sim pode, espere vou preparar seu crachá.
- Aguardo.
Lúcia chama uma atendente:
- Nair venha aqui leve o senhor João até o quarto anexo da enfermaria número 3 ele é o pai da Joelma que deu a luz a um menino ontem à noite.
- Sim, por favor, senhor me acompanha até o quarto.
Nair bate na porta e pede licença e fala:
- Joelma seu pai veio lhe visitar.
- Obrigada por ter trazido ele até aqui.
- Até logo, eu já vou.
O pai de Joelma entrou, cumprimentou a filha e perguntou:
- Como foi o nascimento do menino?
- Apesar de ter sido um pouco difícil ele nasceu forte e robusto.
- E onde ele está?
- Está no berçário.
- Ele não fica com você?
- Só vem aqui na hora de mamar e só faltam cinco minutos para o trazerem aqui, quando o papai vai conhecer seu neto.
Nesse momento Maria a atendente do berçário chega com o menino para ser amamentado e pergunta:
- Dona Joelma quem é esse senhor?
- É o meu pai ele veio me visitar e conhecer o seu neto.
- Pensei que fosse o pai do bebê.
Maria por curiosidade olha a ficha no pé da cama e nota que Joelma é mãe solteira e quem sabe nem saiba de quem é seu filho e pensa:
- Posso ter cometido uma gafe, em não ter olhado essa ficha antes, posso ter melindrado os dois com essa minha pergunta boba.
Maria aguarda até o final da amamentação, e do avô ver seu neto e ficar um pouco com o bebê no colo para, na volta, contar a sua esposa Virginia. Seu pai pergunta:
- Quando vai ter alta e voltar para casa?
- Não sei bem certo, mas devo ficar internada segundo o médico por mais quatro dias, mas depende de quando vem à ambulância para que eu possa voltar.
- Logo, que chegar à cidade irei falar com o prefeito para saber esses detalhes para telefonar e informar o dia que eles vêm.
- Quando o senhor for sair fale com a enfermeira Lúcia e ela lhe dá o telefone da Maternidade com todos os detalhes do dia da alta.
Estava chegando o fim do horário de visitas e o pai da Joelma iria se retirar à noite retornaria a sua cidade de origem, e disse:
- Eu vou até a Portaria falar com a enfermeira e depois vou voltar com a Ambulância da Prefeitura, espero que logo você retorne para casa, todos querem conhecer o bebê.
- Boa viagem papai; que Deus o proteja um abraço para a mamãe. Quando eu voltar vou relatar o que aconteceu aqui.
- Fique com Deus minha filha.
Chegando à Portaria a enfermeira Lúcia já tinha tudo pronto, entregou todas as informações ao pai de Joelma e disse:
- Obrigado por tudo que fez pela minha filha, que Deus lhe proteja em sua atividade profissional.
O senhor João partiu de volta para sua cidade de origem no interior do Estado, levando a lembrança do bom atendimento que recebeu quando da visita que fez a sua filha e pensava:
- Vai ser uma festa quando ela voltar no dia do batizado. Vou começar a preparar tudo antecipadamente. Qual será o nome que vamos dar a esse pimpolho? Bom, isso eu vou deixar para quando ela voltar.
Durante a viagem de regresso no final de outono início de inverno, as noites eram frias ainda mais a cada cem quilômetros ia subindo até chegar à altitude de mais novecentos metros acima do nível do mar. Em alguns trechos durante a madrugada se via fina geada nos campos quando o sol raiou trazendo um calor que foi aquecendo aos poucos e derretendo a geada. Quando já chegava o fim da viagem de retorno, o senhor João perguntou ao motorista:
- Quando será a próxima viagem a capital?
- Não sei bem certo temos alguns pacientes que tem que fazerem exames especiais, mas temos um pequeno problema, no momento esses exames estão suspensos, por falta de verba; pode ser que surja alguma emergência, porque da sua pergunta.
- Você sabe a Joelma está internada na Maternidade e deve receber alta dentro de poucos dias e ela poderia voltar na ambulância para casa, depois vamos conversar com o pessoal da prefeitura.
Finalmente chegaram à cidade. O motorista foi até a prefeitura, para saber se tinha alguma coisa a fazer com a ambulância o responsável pela saúde disse:
- Vá para casa dormir, viajou toda à noite e tem que descansar. Volte amanhã no horário normal.
O Senhor João foi para casa e sua esposa já o esperava para saber as notícias de sua filha e também saber se tinha nascido o filho (a) de Joelma. Na chegada foi uma festa e todos a rodeavam fazendo perguntas:
- Como foi a viagem?
- A viagem foi boa com muito frio na volta.
- Como vai a Joelma?
- A Joelma vai bem, nasceu o seu filho é um pimpolho muito lindo, gordinho e saudável.
- Quando ela vem daqui a alguns dias depois de estar recuperada o parto não foi fácil.
Na capital ficou a Joelma na maternidade pensando em seu pai que viajou de volta para casa, ela pensava:
- Como foi a viagem essa noite foi fria lá na serra devia estar mais frio, será que tudo correu bem e quando chegou em casa quais foram às perguntas?
De manhã serviram o café e logo mais tarde a enfermeira Lúcia veio visitá-la e saber com tinha passado aquela noite e perguntou:
- Seu pai viajou ontem à noite?
- Sim ele retornou com a ambulância da prefeitura deve ter chegado hoje de manhã em casa.
- Quando ele vai voltar para levar você de volta para casa?
- Vai depender de saber o dia da minha alta e se a prefeitura naqueles dias tem uma viagem até a capital para eu retornar.
- Posso fazer uma pergunta?
- Sim, pode fazer.
- Você gostaria de ficar morando aqui?
- Como vou ficar aqui longe de meus pais e como vou cuidar de um filho? Sem emprego isso seria difícil.
- Sei que pode ser difícil, mas não impossível.
- Com pode ser isso se não tenho ninguém por mim aqui?
- Isso se dá um jeito.
- Qual seria o jeito?
- Depois vamos falar sobre o assunto.
Tinha chegado a hora da enfermeira começar seu turno de trabalho, então se despediu dizendo:
- Antes de você voltamos a falar sobre esse assunto.
Joelma ficou pensativa todo o dia a imaginar o porquê daquela proposta da enfermeira Lúcia pensava em tudo:
- O que realmente ela quer fazendo essa proposta para mim, mas nem posso fazer isso e minha família o que vai dizer? Na certa, papai foi preparar a festa para quando eu chegar e já tenha marcado o dia do batizado do meu filho. Nem posso imaginar alternativa para ficar aqui, deixa para depois quero ver em que vai dar.
No dia seguinte quando o médico fez a visita de rotina, como vinha fazendo todos os dias desde sua internação, ele disse:
- Dona Joelma, eu vou marcar o dia da sua alta para que você comunique a seu pai para providenciar seu retorno para casa.
- Qual vai ser o dia Doutor?
- Daqui a três dias será o suficiente para se comunicar com ele?
- Ele deverá ligar amanhã para a portaria da maternidade.
- Eu vou falar com a enfermeira Lúcia e deixo o comunicado com ela.
- Assim ele terá dois dias para providenciar com a prefeitura para mandarem a ambulância me buscar.
- Nesses dias farei as visitas normais até o dia da alta.
- Doutor muito obrigado pela sua amável atenção.
- Tenha um bom dia.
Joelma fica a pensar:
- O que vai acontecer quando o Doutor falar para enfermeira Lúcia que vou receber alta daqui a três dias, ela vai vir aqui insistir naquela sua proposta, mas não posso aceitar sem voltar para casa, quem sabe depois.
Naquele dia a enfermeira não visitou Joelma, como de costume. Ela estava preocupada pensou:
- Deve estar com muito serviço por isso não veio até aqui.
No dia seguinte cedo seu João telefonou para a Portaria da Maternidade, para saber noticias do dia da alta de sua filha Joelma. Quem atendeu foi à enfermeira de plantão:
- Alô! Que fala?
- É a enfermeira Lúcia.
- Aqui é o pai da Joelma queria saber se o médico marcou o dia da alta.
- Sim ele marcou ontem e deu a contar de hoje três dias.
- Ontem fui à prefeitura saber do dia a ambulância vai até a capital informaram que vão viajar daqui a três dias chegarão aí no amanhecer do terceiro dia, ela que fique com tudo pronto para voltar para casa, aqui todos estão com saudades dela. Vou comunicar para ela daqui a pouco.
- Obrigado pela sua atenção e tenha um bom dia.
- E o Senhor também.
Naquele momento a enfermeira Lúcia levou um choque, não sabia o que fazer, ir logo ao quarto avisar Joelma? Seria uma saída, iria ela tentar mais uma vez convencê-la da sua intenção. Chega lá discretamente e pergunta:
- Já tem uma resposta para a proposta daquele dia?
- Pensei muito nesses dias, mas vai ser difícil estou esperando que ele telefone para saber do dia da minha alta, ou ele já telefonou?
A enfermeira Lúcia fica num êxtase nesse momento sem saber o que responder Joelma pergunta:
- O que aconteceu Lúcia? Parece que morreu, meu pai ligou ou não ligou?
- Ele ligou agora de manhã eu passei todos os dados que o doutor deixou comigo ontem e ele disse que a prefeitura está mandando a ambulância para buscá-la no dia marcado.
- Quanto a sua proposta depois que eu voltar para casa e ajeitar tudo por lá voltamos a conversar sobre o assunto com mais detalhes.
Naquele momento chega ao quarto a chefe do berçário com seu filho e diz:
- Está na hora de amamentar o nenê.
Lúcia sai cabisbaixa sem nada falar. Joelma amamenta o nenê e no final entrega dizendo:
- Daqui a três dias retorno de volta para casa.
A chefe do berçário tomou o menino no colo e levou para sua cama sem nada falar. Aquele foi o dia mais nefasto para a enfermeira Lúcia, uma noite interminável, estava mesmo atordoada e só pensava:
- Porque ela não aceitou a minha proposta, nem me deixou apresentar o que e tinha a dizer a ela.
Chegou o dia da partida de Joelma tudo tinha sido preparado na véspera recomendações médicas e quando deveria retornar para uma nova consulta. O motorista da prefeitura chega à portaria da maternidade e pergunta:
- A dona Joelma está pronta para viajar?
Lúcia responde que tudo está pronto.
Logo ela chega na portaria cumprimenta o motorista:
- Bom dia o senhor veio me buscar?
- Sim daqui a pouco vamos partir tudo está pronto para carregar na ambulância?
- Sim tudo está aqui às malas e mais o meu filho que ainda não escolhi o nome dele.
Joelma se despediu de todos e também da enfermeira Lúcia. Agradeceu a atenção e o atendimento que deram a ela no tempo que esteve internada embarcou e partiu de viagem. Lucia com os olhos cheios de lágrimas ficou pensando.
- Será que ela vai voltar um dia...
A viagem transcorreu dentro da normalidade e no final da tarde chegaram à cidade, em frente à prefeitura estava a família de Joelma esperando-a. Quando ela desceu sua mãe falou:
- Que bom minha filha que você voltou com um neto para sua mãe.
- Obrigada mamãe por essa recepção.
- Filha, no domingo será batizado o meu neto, o padre vem rezar missa na Igreja e seu pai já providenciou tudo só falta escolher o nome e os padrinhos.

Foi a mais bela festa realizada na cidade. Com muita comida, churrasco, porco assado e galinha recheada.

São José/SC, 9 de maio de 2.006.
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Foto de Mor

DUAS SURPRESAS

DUAS SURPRESAS

Mário Osny Rosa

Carlos era um trabalhador, trabalhava na construção civil, morava numa casinha num bairro da periferia.
O que ganhava mal dava para come, comprar remédios e algumas roupas de vez enquanto, era mesmo um sonhador. Diz um ditado popular: “quem sonha um dia realiza seu sonho”. Carlos tentava a sorte de várias maneiras, apostava um real na lotomania, cinqüenta centavos na raspadinha. Nunca acertava nada, nem para tirar aquilo que apostava, mas continuava tentando a sorte. Certo dia falou para a mulher:
- Eu não tenho sorte no jogo, não ganho nem o prêmio mínimo das apostas que faço, sou realmente um azarado.
Sua mulher Clarice responde:
- Pode mesmo, que você seja um azarado, nem no teu emprego recebes um aumento, por mais de um ano, o que realmente está acontecendo?
- Claro que isso é verdade, mas na semana passada me chamaram ao escritório e fizeram uma entrevista comigo, alguém pode estar se aposentando, acho que alguma novidade ai aparecer poderei ser um chefe de obras, quem sabe para fiscalizar a entrega de materiais, vamos ver o que vai acontecer?
- Espero que seja essa a sua melhor sorte do que, daquela de apostar toda a semana na lotomania e nas raspadinhas.
Na semana seguinte, Carlos novamente foi chamado ao escritório da empresa construtora, lá chegando o chefe lhe falou:
- Ontem a diretoria da empresa esteve reunida e tomou a deliberação de promover você a chefe do almoxarifado, e com isso melhorar a sua remuneração, tudo isso pela sua dedicação, responsabilidade e seriedade em nossa empresa.
Carlos nesse momento quase subiu as nuvens, nunca esperava assumir o cargo de chefe do almoxarifado, esse seria a maior noticia, que daria a sua esposa Clarice, à noite quando chega em casa beija a esposa e disse:
- Tenho uma boa noticia para você meu amor.
- Que noticia é essa? Acertou a aposta da lotomania?
- Não acertei, nessa eu sou azarado.
- Mas qual foi, não me deixe aflita com isso diga logo.
- Hoje o chefe do departamento pessoal me chamou novamente no escritório, comunicando a minha promoção a chefe do almoxarifado.
- Então vai melhorar o seu salário? Será uma lotomania continuada.
- Claro que sim.
Depois dessa rápida conversa Clarice que já tinha o jantar preparado disse para Carlos vamos jantar, continuando falou:
- Eu também tenho uma noticia para dar a você nessa noite.
- Qual é essa noticia?
- Muito melhor que a sua.
- Como, melhor que a minha não pode ser?
Clarice relata que tinha marcado uma consulta com sua média ginecologista na semana anterior:
- Mas você não estava doente fala para Clarice
- Posso estar doente de uma doença transitória.
- Mas, como transitória.
- Hoje fui ao consultório, da médica, e relatei o que sentia, depois de fazer um acurado exame a medica anuncia que a mesma estava grávida de dois meses, essa é noticia que tenho para você nessa noite.
Carlos ficou vermelho mudo nem sabia o que dizer para Clarice naquele momento de euforia:
- O que aconteceu Carlos ficou mudo nem fala nada parece que não gostou da noticia, quer ser papai ou não quer?
- Você nunca me falou que estava grávida.
- Não falei porque estava em duvida, logo não queria criar um clima de euforia antes de ter certeza da gravidez.
Carlos agora mais calmo depois de passar aquele choque inesperado, nunca imaginara ser aquela a surpresa de Clarice, depois do jantar foram assistir à novela das vinte horas e, para a surpresa do casal o episódio daquela noite era idêntico o que tinha acontecido pouco antes e Carlos fala:
- Olha bem Clarice a novela é igual, o que aconteceu hoje aqui em casa.
- Parece que copiaram a mesma cena.
Naquela noite o casal festejou a viagem que tinha começado há dois meses e logo começaram a planejar como seria a chegada do primeiro filho(a). Esse será o assunto para a próxima Crônica.

São José/SC, 27 de abril de 2.006.
morja@intergate.com.br
www.mario.poetasadvogados.com.br

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