Inocência

És um rosa,
E para sempre vais ser;
Andas com essa pose gloriosa
E, se não me falas, fazes-me sofrer.
Tens pequenos espinhos
Que ninguém consegue observar.
Mas magoo-me nestes coriscos pequenininhos
Quando apenas te quero tocar!

És uma rosa,
E para sempre vais ser;
Tens essa face harmoniosa
Que me deixa desejosa de te querer.
Tens suaves pétalas vermelhas
Com que todos gostam de o rosto acariciar,
Como se fosse pêlo de ovelhas,
Quando apenas fico louca por te beijar!

És uma rosa,
E sempre vais ser;
Representas a sua inocência formosa,
Que esmaga e deixa o meu coração morrer!
Sabes que, como ela, uma vida curta vais ter,
Vida que ninguém gosta de desejar!
Mas um dia, um milagre vai acontecer
E dessa morte premeditada, te vou libertar!

Sonhos invadem o consciente repassando as mágoas de quem sente.
O coração não mente porque verte gotas do elixir da verdade.
Lábios que tocam as palavras
Vertendo sobre o vazio
A magia da inocência pudica do amor.
Águas turbulentas permanecem excitadas
No mais calmo desejo.
Beijo que continua sem se materializar.
Os meus lábios ainda não te sabem beijar.

Lídia de Sousa 13-09-2003

Se a vida é um caminho, não sei...
Se me disserem que existe destino
Que aqui, somos apenas peregrinos
Sinceramente, eu não acredito.
Aprendemos a viver de forma errante
Na luta pela sobrevivência,
Na selva urbana
Com mensagens de amor,
E palavras desumanas.
Crescemos correndo contra o tempo,
Como folhas, ao vento
E o relógio, nosso inimigo
Que nos transforma em primitivos
Desesperados...
Não apenas em busca de vida
Mas em busca de adversários.
Pra ver quem ganha mais
Quem realmente pode trazer a paz,
E libertar de uma vez o mundo,
Pra ver que no fundo,
Não querem libertar nada,
Querem cada vez mais dinheiro,
Pra vender nossos sentimentos
Na verdade, os poucos que nos restam
E é isso que sobra...
Querem carros, roupas novas
Por que aparência conta mais do que as palavras
E inclusive,
É a primeira que fica.
O melhor é quem tem mais
Independente da luta,
Pobre dos outros, que ficam pra trás
Esperando a chance da disputa.
Mas o show não pode parar
Ainda não é hora para aplausos
Para que os “bons” possam se divertir
Chamando os ingênuos de otários;
Dignos de pena, ignorantes,
Pobres seres repugnantes
Pobres de nós...
Se a vida é um caminho, não sei...
Se me disserem que existe destino, talvez...
Mas se isso realmente for destino,
Realmente, pobres de nós,
Que passamos uma vida toda tentando
Provar inocência, e lamentando
As vezes sonhando até salvar a humanidade
Vivendo de forma humilhante
E quando chegarmos as 80 anos de idade,
Sermos condenados como ignorantes.

Hoje vou morrer...
Não de tristeza, mas de passagem
Apagar em segundos,
Renascer em um novo mundo;
São tantas idéias , inspirações
lembranças...
Vou me perder entre papéis,
Brincar de esconde-esconde com as idéias,
E deixar de amar pessoas incomuns
"- O mundo está cheio delas"
e eu, também,
Alguém cujo sorriso
Apresenta uma 3ª má intenção embutida
E cuja vida, é um desastre.
Hoje vou correr entre as flores,
Sentir o gosto doce da aurora,
Correr para água...
Pintar um arco-íris,
Deixar que o mundo gire
Como a muito tempo não fazia.
Aprendi com a paciência,
Que não existe tão bela inocência
Como a nossa;
Somos capazes de fabricar um mundo
Quando amamos alguém,
E tudo é bom, e tudo é tão rápido,
E tudo isso não passa de nada...
Nada além de você , e sua pobre ilusão.
Seu coração e corpo fechados
Com a chave perdida na bagunça,
Na bagunça do seu quarto...
Te amei como um bicho
Encomendei minha morte sem saber
E se, as palavras não existem mais,
se elas fogem,
Foi porque você as deixou escapar,
Por uma janela de fogo.
Te quero longe, amigo
Longe de mim , longe da minha inútil existência
Hoje vou brincar na chuva
Sentir a água escorrer entre os dedos,
Assim como senti minha vida...
E, em relação as despedidas,
Nada além de curvas
Difíceis de contornar,
Como o nome a dar
A essa inútil poesia.