Infortúnio

Foto de Jardim

eternos dias

foram eternos dias a distanciar nossas vidas.
nossos corpos, separados, recriaram seus instintos,
circunspectos, mesclados a um proscênio fosco
atuamos como se nunca houvéssemos nos encontrado,
nos tocado, nos provado, nos revelado,
determinados, sob um céu ordinário.

foram eternos dias a desamarrar nossos destinos,
a silenciar nossos gritos em nossa cama.
e a cada noite eu os ouvia, nesta cama agora vazia,
nossos fôlegos sob esta mesma lua.
tua saliva e tua secreção a corromper todos os hinos
onde agora só restam demônios.

foram eternos dias apagando nossos nomes,
o céu de tua boca, abrigo do falo insistente,
agora apenas um vácuo inconstante.
tantos foram os nós nunca desfeitos,
éramos anjos tentando saciar nossas fomes,
tentando iludir a dor persistente.

foram eternos dias que escreveram nossa história,
a tua voz persiste ainda na noite escura.
a tua falta ocupa o espaço do ambiente,
doce ausência em minha memória,
amargo sabor neste dia que se inicia.
nossas vitórias, nossas derrotas são um perjúrio.

foram eternos dias que fecharam minhas feridas,
estancaram o sangue à minha revelia
nas avenidas do meu infortúnio,
entre os clamores dos meus dias.
bardo errante sem rumo
imerso em delírios, pecados e loucura.

foram eternos dias a consolidar nossos receios
entre os credos de tua púbis sob esta sombra desnuda
nossa intimidade subverteu nossa lua
renegando a inexistente paz de nossa teia,
do que passou a se chamar presente,
em nossas faces somente a negrura.

Poema do livro Amores Possíveis
A venda em http://sergioprof.wordpress.com
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Foto de Riva

CIMÉRIA NEGRIDÃO

CIMÉRIA NEGRIDÃO

Projetei em minh’Alma o sentimento que tanto desejava.
Ao fimamento supliquei para que me fosse ele outorgado.
Prazeres momentâneos de emoção era o que encontrava,
Negridão ciméria, amiga inseparável desse vil desgraçado.

Pelas avenidas do mundo, minha estrela já estava traçada,
Caminhando à ermo em busca do supremo amor almejado;
Tudo foi um sonho! Perdido estava nessa perversa estrada,
Meu coração em dores carpia, no talante em ser consolado.

Ah, Senhor! Como dói a perfídia d’uma mulher desalmada!
Pago por este nefando tributo, sem nunca haver reclamado.
Odisseia desta minha vida afetiva, foi uma ledice enunciada;
Foi eu um pária de um romance mais fascinante e inusitado.

Destinatária de amarguras! Infernal deusa que é idolatrada!
Pares seus de infortúnio aclamam-na por haver conquistado...
Vítima falseada que se via em retidão e de pureza irrefutada.
Ah, mulher! Somente a Deus seu pecado pode ser perdoado!

Rivadávia Leite

mrxriva14@hotmail.com

Foto de WILLIAM VICENTE BORGES

MUNDINHO

MUNDINHO

Por: William Vicente Borges

Agarrou-se ao mundinho das
suas lamentações sem fim.
Não deu um passo a frente.
Se tornou indolente
Inconseqüente.
Pedante do infortúnio.
E até feder. Fedeu.

Foi no fundo do poço,
encontrou a lama,
o avesso da fama,
que a muitos inflama.
Mas não queria olhar
pra cima. Nadava na
imundície da perdição.
Quase não batia mais
seu fraco e duro coração.

Quase enterrado vivo.
Não tinha forças pra viver.
Perdeu a fé no todo.
Queria ficar mudo.
Mas não deu;
Gritou para quem passava.
mas quem ia dar a mão
a um ignóbil plebeu?
(Como você ou eu.)

Ah! Mundinho terrível esse.
O dele e o seu. Até o meu.
Mas ele decidiu gritar mais alto.
E de repente alguém ouviu.
Pulou no poço e o acudiu.
De lá alegre saiu. E Venceu!
Quem diria, ta limpo, ta vivo.
Ta pronto, ta redondo. Ta tudo.
Mas de quem o tirou do poço
ele se esqueceu.
Que mundinho ingrato,
o dele, o seu e o meu.

Foto de Paulo Gondim

Dependência

Dependência
Paulo Gondim
20/09/2013

Meu sorriso já não te encanta mais
Perdeu o brilho
E ficou opaco o meu olhar
Meu canto já não tem estilo
Acho que nem sei mais cantar

E o tempo passa e me avisa
Esperar por ti é minha sina
E nesse infortúnio fatal
Tua ausência já virou rotina
Já nem sei se me fazes bem ou mal.

Minha dor não te comove mais
Nem meu sofrer ainda te aflige
E, assim, te fazes indiferente
Embora, relute ao que tua vontade exige
Cá, fico eu dela dependente

Foto de carlosmustang

CAMPOS

Amei com toda confiança
E vivi por amar por desprendimento
Sem pergunta e lamento!
Todas incapacidades de traições, flores

E tento o 'infortúnio' de amar a querer
Vivendo o exemplo à viver sem ser
Deixando a motivação pra nova chuva
Ser o pequeno, á pedir sua prece

Tendo belezas a absorver
Amores a tranceder
Fazendo cada passo de amor valido

Sabendo beleza inocente, estima
Querendo amar, sabor menina
Dificuldade em saber!

Graceja a compreensão por tudo
Acreditando na beleza de ser
Parada eterna, pra resplandecer

Foto de Anderson Maciel

SORRIR E NÃO CHORAR...

A dor aperta a minha alma
Os meus desejos já não são puros
Posso ver o fim da calma
Com a chegada de um infortúnio

Gritos de agonia eu ouço em meu leito
O sentimento me permeia a mente
Como uma droga vai caindo, lentamente
Deixando-me a beira de uma cruel solidão

Amores dolorosos de vidas perdidas
Pessoas a quem confiar uma verdade maldita
De onde não se vem aquele antigo sentimento
No qual nos faziam sorrir e não chorar. Anderson Poeta

Foto de Paulo Gondim

Mágaos

MÁGOAS
Paulo Gondim
06/08/2011

Meu infortúnio não foi perder você
Mas a certeza amarga de me ver
Frente a frente, no espelho
Só eu e minha imagem fosca
Que demonstra um estranho ser

Não sou eu. Não me reconheço.
Essa imagem nunca foi minha
E diante da ausência da verdade
Desfeito em sonho e realidade
Melhor ter sido assim...

Hoje, somos apenas fantasmas
Cada um com medo da escuridão
Que envolve nossas pobres almas
Num labirinto escuro, de mágoas
O que sobrou dessa triste paixão.

Foto de Paulo Gondim

Intriga

INTRIGA
Paulo Gondim
05/08/2011

Sei que me incluis nas tuas dores
No teu circo de horrores
Mas o fazes sem desculpas
Não fosse a tua maldade
Pois, há tempo foges da realidade

Somente procuras um lenitivo
Mesmo que encontres um motivo
Serei sempre eu o teu algoz
Pois assim pensas e me culpas
Do infortúnio que restou de nós

A receita é simples: A verdade.
Mas é muito grande tua vaidade
Que te deixas cega, impotente
Não vês um palmo a tua frente
No fundo de tua insanidade

Não sou eu quem te castiga
Pois nunca te causei intriga
Apesar do mal que me fizeste
Na verdade, vítima é o que sou
Da vil herança que de nós sobrou

Foto de Paulo Gondim

Farsa

FARSA
Paulo Gondim
03/03/2011

Quando te vejo, eu vejo uma farsa
Na tua mordaça que é teu viver
E, assim, nem disfarças, num modo sem graça
Já não tens mais vida, mas só padecer

O que foi prazer, já não mais se ver
Dos poucos abraços, só resta o cansaço
Tornou-se infortúnio e deixou de ser
Alegre o viver num único espaço

E ainda que finjas, não se esconde a cinza
Que te cobre o rosto, vergonhoso véu
E nesse desgosto, quem quer que te atinja
Encontra amargura, mistura de fel

E vais com a farsa, e nessa desgraça
Não vives, vegetas. E vês pelas frestas
Sem vires saída. E por mais que se faça
Teu tempo não passa e assim te detestas

Foto de Carmen Vervloet

QUANDO A POESIA CHORA

A poesia chora...
Quando a cena é a mão que apedreja
e a palavra machuca o coração,
terra sem escape...
Jardim onde a flor fenece
junto ao tempo que passa indiferente
e deixa pra trás uma saudade latente!

A poesia chora...
Quando os ouvidos se fazem surdos
ante os gritos da natureza ensanguentada
que caminha destroçada rumo à morte
e poucos se curvam frente seu infortúnio
e sua sombra se move sobre o futuro,
catástrofes que destroem o porto seguro.

A poesia chora...
Quando ninguém ama ninguém
num mundo onde o egoísmo é rei
e a vaidade apaga a luz que brilha
sem pausas, sem lanternas, sem faíscas, sem velas...
Erva daninha brotada do veio da seca terra,
lâmina afiada que sobre todos se enterra.

A poesia chora...
E já nem molha o papel!
Máquinas, engrenagens, computadores
robotizam os endurecidos corações
e a terra qual fria e impermeável pedra
povoada por semideuses de aço,
sentimento implodido, pedaços de amor no espaço!

E em cada lâmina que fere a vida,
a poesia já nem chora...
A poesia afoga-se em lágrimas
e morre de dor!

Carmen Vervloet

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