FARSA
Paulo Gondim
03/03/2011
Quando te vejo, eu vejo uma farsa
Na tua mordaça que é teu viver
E, assim, nem disfarças, num modo sem graça
Já não tens mais vida, mas só padecer
O que foi prazer, já não mais se ver
Dos poucos abraços, só resta o cansaço
Tornou-se infortúnio e deixou de ser
Alegre o viver num único espaço
E ainda que finjas, não se esconde a cinza
Que te cobre o rosto, vergonhoso véu
E nesse desgosto, quem quer que te atinja
Encontra amargura, mistura de fel
E vais com a farsa, e nessa desgraça
Não vives, vegetas. E vês pelas frestas
Sem vires saída. E por mais que se faça
Teu tempo não passa e assim te detestas