Inferno

Foto de Shiri

Um pensamento louco

Tenho ouvido que o inferno é o local,
onde os que fazem muito mal em vida,
vão parar para o resto da eternidade,
sofrendo dores terríficas

Mas outrora sonhei,
com tal realidade
Que o Inferno era a antecâmara do Céu,
E não o mote das notícias

Nesse espaço vi as almas,
desprendidas do corpo,
passando no seu íntimo por todas as formas físicas
que viveram neste mundo louco
.
Aí a razão adormecida,
dentro da mente era plena,
e rodeava as almas sendo impossível
evitar a sua pena

.
No Inferno, eu sonhei,
que era lá que se via,
quem neste mundo de animais,
era verdadeiramente livre na filosofia

Percebi que só aquele que não detém pecado
é que nele não sofre a punição,
que o fará certamente escravo,
dele mesmo, irmão.

Compreendi então, nesse dia
Que Inferno não implica obrigatoriamente, sofrimento
Mas um estado de consciencialização,
que pode levar a tal tormento

Caso as acções das pessoas,
não tenham ido de encontro ao que é puro
dentro da razão,
que procede o julgamento

Em suma, Inferno era,
um estado em que o maior do juízes nos julga,
ou seja, nós mesmos,
sem o corpo influenciando,
o término do jurídico momento.

Percebi então o que era o perdão,
é a porta do Céu,
porque no Inferno, no final de tudo,
confere júbilo e não padecimento.

E quanto à eternidade que se fala…
Porque é ele eterno?
Porque se as pessoas caminham para a perfeição,
e se a perfeição nasce da consciencialização,
do espírito e da alma,
em relação ao dito corpo

Então é necessário que numa mão
detenham as pessoas o Céu,
fruto da perfeição,
motivada pelo esforço

E na outra o Inferno,
que nos leva a sentir o Céu,
com maior força a cada vida que passa,
As suas maravilhas e a sua luz…

Neste pensamento louco

Foto de NESd

Solidão

" A Saudade é solidão acompanhada,é quando o amor ainda não foi embora,mas a amada já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou.
Saudade é sentir que existe o que não existe mas...
Saudade é o inferno dos que perderam,é a dor dos que ficaram para trás,é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:Aquela que nunca amou.

A minha dor não sei se terá fim...Mas no momento...É eterna...

N&SD

Salinópolis,Pa 15/08/2007

Foto de Lou Poulit

REQUERIMENTO PARA TOLOS

Tolos que a brisa dos amores tange, possuem o instante. Tolos, algo mais tolos, que ofertam o brilho agônico de estrelas já consumidas por si próprias, possuem mentiras. Tolos que vaticinam o gozo apoteótico no leito incerto do sol, possuem uma tola eternidade. Mas quem lhes atiraria a primeira não-tolice? Quem jamais se sentiu tolo por amor, sem que antes, ou depois, ou mesmo durante, em algum tempo tenha sido possuído e gostado disso?... Ao sol, senhor de todos os tempos, as nossas vênias... Ao amor humano, grão-senhor de todas as tolices, lambamos as suas mãos generosas... Porque nem a transitoriedade de tudo pode nos derrubar dos trançados neurônios, onde balouça como pêndulo nossa auto-estima, tangida pela própria brisa, molestando-se a si própria, por todos os tolos requeiro...

No comezinho lar do tolo, uma mulher ocupa-se dos seus afazeres, imersa no seu sagrado silêncio. Ao tolo, mais parece uma extensão dos seus domínios, mas tudo em volta dela está semi-nu, tanto quanto ela. As sombras de cada recanto seguem-na, como a pervertê-la à luz da manhã, tenazmente disposta a revelar arrepios nos insuspeitos recônditos da sua pele pudica. Os seios dela esvoaçam de alças baldias da seda dormida, e dançam com simetria um tango ousado, ainda com cheiro de amor ressacado. Nádegas sorridentes tremelicam e, ingenuamente, espalham um sismo pela casa. Por onde ela passa soberana (e ela passa muitas vezes), arrasta um pedaço de céu que convida o tolo ao inferno. Mas entre as suas penugens, uma fauna carnívora e dissimulada a protege da insensatez do tolo. E lá vem ela de volta... Vê-se que ela possui tudo ao seu redor. O que possui o tolo?

E os seus pés? Ah, os pés da mulher amada... Nem os seus pés ele possui... Não são apenas os pés do corpo. Com eles caminham a sua identidade e a sua auto-estima, os seus ideais e o seu silêncio, sua sabedoria ancestral crida submetida. Com eles ela refaz todo dia o caminho da sua escolha tola e descrente, e atrás deles caminham as tolices de muitos tolos crentes. Ao ser apresentado à mulher da sua vida, o tolo é também um injusto por beijar a sua mão. E para mantê-la sob sacro juramento de fidelidade, antes algum dedo do pé recebesse a aliança. Pois mesmo com as plantas altas, e por mais que estejam distantes, e ainda que apontem para direções opostas, eles não crêem. Eles sabem. E dissimulados vagueiam no peito do tolo ancorado, que assim não pode ver suas pegadas, prova mais indelével, endosso insofismável do seu amor. Com as patas silenciosas da fêmea, sobre o barro vermelho do sangue da manhã que se anuncia, caminha a vida que tem fome e sede da mônada, caminho da criatura única, de volta à nudez do lar.

O tolo penitente é de todos o mais desapegado. Em certo momento, distribui as suas tolices e crê que assim poderá seguir leve e ileso, porém não pode distribuir a solidão que o segue. Suas tolices pesam na alma como... um jardim, entre o corpo e o espírito. Ele o cultiva como cultivasse o seu amor e o defende como um cão raivoso. Mas não pode trazê-los para dentro de casa como gostaria, nem o jardim nem o cão. E noutras tantas vezes, o seu amor prefere ficar do lado de fora também. Antes de viajar, o tolo o rega, e ao passar por ele se despede já sentindo o peso da sua ausência. E quando retorna da viajem (nos tolos pesa a compulsão por retornar), encontrando-o do mesmo jeito ele reconhece a sua lealdade. Então o jardim, repleto e perfumado de belas tolices, fica sempre além das paredes, erguidas pelo lado de dentro para que possam se reconhecer, sem se confundir com as suas obras e tolices.

No entanto, não são as tão diversificadas tolices particulares que caracterizam o tolo-medium, mas a maior de todas as tolices, a mais geneticamente generalizada, a mais sustentada por ideologias hoje dominantes no mundo como o capitalismo e o consumismo, e por tantas razões a mais maquiada: o insaciável sentimento de posse. Alcunhado de amor-objeto por dificuldade lingüística, seria mais conciso dizê-lo amor por objetos. Sim, no plural, e isso é facilmente explicável. O primeiro amor de qualquer tolo são na verdade dois. Basta apenas alguma manha para que um deles lhe seja disponibilizado, ficando o outro para depois. Com o passar dos anos, o pequeno tolo desenvolverá muitos tipos diferentes de manha, porém, ao longo de toda a sua vida e mesmo quando já for um tolo-velho (talvez desdentado) ele dará preferência a objetos de aparência dupla... E macia...

Portanto, não se deixem iludir as tolas pelas deliciosas tolices maquiadas dos tolos, nem vice-versa. Sejam tolos novos e inexperientes demais, ou muito velhos e canalhas, sejam enormes ou apenas tímidos tolinhos, bem pressurizados com pouca irrigação celebral ou escassos de sangue com muitos sonhos na cabeça... Se já é tão difícil ter posse de alguma coisa nos amores, imaginem a tamanha tolice de querer exclusividade de coisas de aparência dupla! Posse das suas respectivas portadoras? Sem chance... Sustentar financeiramente as suas fartas e socializadas tolices? Como investimento, certamente será a alternativa mais segura... Garantia de uma aposentadoria tola e miserável.

Ora, o amor humano tem sobrevivido a tolices milenares. Mas teria se perpetuado sem elas? A brisa que tange os tolos, assim como as estrelas que podem ver, não são mais que um instante fugaz, a própria vida é um instante fugaz! Mas é tudo que podem possuir, tolos ou não... Por que então se deveria descartar as tolices? Não são elas mesmas as melhores referências para que se reconheça o tipo de amor insosso e inócuo? As tolices e o sexo se alternam enquanto o amor sobrevive, mas ele só será feliz se ambos ocorrerem simultaneamente de vez em quando. Apenas algumas vezes, e isso tornará cada amor inesquecível. Se alguém cultiva um amor por muito tempo, provavelmente cultiva alguma tolice. E se alguém se recorda de um amor passado, com muita certeza tem alguma tolice para contar. Talvez ambos sejam tolos e tenham seus próprios jardins particulares... Assim como eu, que sequer tenho uma carteirinha de estudante para pagar meia-entrada, em algum pulgueiro da cidade, e ser tolo o bastante para assistir o filme! Não, chega... Sejamos tolos, até sejamos convictos, mas nunca mais sejamos tolos-anônimos...

Eu, Lou Poulit, vulgo Passarinho-tolo (*), artista plástico, poeta e contista, por meio desta tolice crônica venho reclamar de volta todas as minhas tolices antes distribuídas, por equívoco desapego, declarando-as doravante reintegradas ao meu acervo sentimental, inalienáveis e insucessórias.

Por seu justo reconhecimento, venho requerer à minha própria auto-estima de tolo do amor humano, registro definitivo e carteira de identificação de tolo-aprendiz, com foto de passarinho.

Outrossim, declaro, por ter declarado “de rua” meu cão raivoso, que meu jardim desde já está aberto à visitação de tolas, loiras ou não, desde que portadoras de coisas de aparência dupla apreciáveis (a critério do declarante) e queiram nele amanhecer.

Para dirimir quaisquer dúvidas, elejo como fórum privilegiado a subjetividade coletiva de todas as beneficiárias das minhas tolices, destas desapropriadas sem “chorumelas”, digo, sem querelas, bastando que seja sediada em algum lugar entre o corpo e o espírito.

Sem mais para reclamar...

(*) – Em sites e comunidades de poesia da Internet, o autor também é reconhecido pelo pseudônimo de Passarinho.

Lou Poulit

Foto de Stacarca

Amor funéreo

Amor funéreo

"A chaga que 'inda na
Mocidade há de me matar"

A noute era bela como a face pálida da virgem minha. O luar ia ao cume em recôndita dentre a neblina escura que corria os escuros delírios. Eu, pobre desgraçado levava meus pés a mais uma orgia a fim de esquecer a minha vida de boêmio imaculado. - Ah! E minha donzela morta que lhe beijava a face linda? Hoje, Não esqueci de ti, minha virgem bela de cabelos dourados que com as tranças enxugava meus prantos em dias de febre qu'eu quase morria, nem de seus lábios, os doces lábios que nunca beijei em vida, os mesmos que emudeciam os rogados de cobiças fervorosas? Sim, ó donzela de pele pálida que sempre almejei encostar as mãos minhas. Hoje, êxito de sua bela morte, sete dias sem ti, minha romanesca linda dama que as floridas formas diligenciavam os mais escuros defuntos. Os mesmos que indagam da lájea fria?
As lamparinas pouco a pouco feneciam na comprida noute que seguia, a calçada de rebo acoitava outros vagabundos que a embriaguez tomara, o plenilúnio se destacava no céu escuro, como um olho branco em galardão, magnífico. Ah como era bela a área pálida, e como era de uma beleza exímia, tão mimosa como a amante de meus sonhos, como a donzela que ainda não cessei d'amar.
- Posterga a defunta! Diziam as amantes!
- Calem-te, vossos talantes nada significam meretrizes de amores não amadas, perdoai-me, o coração do poeta nada mais diz, pois de tão infame, 'inda que vive, exalta aquela que não mais poderás oscular!?
O ar frio incessante plasmava em minha fronte doente, rígida, sequiosa pela douda vontade d'um beiço beijar, As estrelas fúnebres cintilavam, não eram brilhos obtusos, eram infladas e que formavam uma tiara de cores que perscrutava a consternação do ébrio andante, solene co'uma divinal taciturnidade. A'mbrósia falaz diria um estarrecido boêmio. Aquele mesmo que sem luz entreve o defunto podre que nunca irá de ressuscitar?!
A rua tênebra na qual partia, musgos fétidos aos compridos corredores deserdados p'la iluminação tênue dos lampiões avelhentado co'o tempo, lírios, flores que formavam a mistura perfeita d'um velório no menos pouco bramante, as casas iam passando, as portas vedadas trazia-me uma satisfação soturna, as fachadas eram adiposas e de cores sombrias, ah que era tudo escuro e sem vida. Como eram belos os corredores azeviches, aqueles mesmos que as damas trazia para gozar de suas volúpias cândidas que me corria o coração no atrelar aureolo.
A disforme vida tornara tão medíocre e banal qu'eu jazia a expectação feliz. – Pra que da vida gozar? Se na morte vive a luz de minha aurora!
- Hoje, sete dias rematados sem minha virginal, ó tu, que fede na terra agregada e pútrida comida p'los vermes, tu que penetraste em meu coração como o gusano te definha, tu que com a palidez bela pragueja as aziagas crenças banais que funde em minha febre, tu que mesmo desmaiada em prantos a beleza infinda, tu que amei na vida e amarei na morte. Ó tu...
No boreal ouviam-se fragores d'um canto sanhoso, era uma voz bela e que tinha o tom lânguido de um silêncio sepulcral, bonançosa era a noute, alta, os ébrios junto as Messalinas de um gozo beneplácito, escura, os escárnios da mocidade eram como o fulcro de uma medra irrisória, e o asco purpurava uma modorra audaz;
A voz formidolosa masturbava minha mente em turbadas figuras nada venustas.
Assassinatos horríveis eram belos como um capro divinal que nunca existira, o funambulesco era perspicaz que aos meus olhos era uma comédia em dantesca, os ébrios junto às prostitutas que em báquicos meio a noute fria gritavam, zombavam na calmaria morta, as frontes belas eram defeituosas que fosforesciam no fanal quimérico. Cadáveres riam nas valas frias do cemitério donde foras esquecidos, os leprosos eram saudáveis, os bons saudáveis eram leprosos fedidos que suas partes caíam no chão imundo, as lágrimas inundavam as pálpebras de revéis em desgosto, a febre desmaiava os macilentos, pobres macilentos que desbotavam aos dias.
Era tão feio assim.
- Quem és? De que matéria tu és feito? Perguntei e os ecos repetiam.
O silêncio completava os suspiros de meu medo, a infâmia percorria a ossatura lassa que o porvir eriçava. Tão feio tão feio... – Quem és? Porque me tomas?
Riu-se na noute. Riu-se de uma risada túrbida que nas entranhas me cosia. – Não vês que o medo é o lascivo companheiro da morte? Não sentis que a tremura d'amplidão oscila o degredo da volúpia? Não ouves o troado que ulula por entre os caminhos perdidos da vida? Não crês que a derrocada és a fronte pálida do crente que escarra?
Quem és tu? Quem és? Repetia a estardalhaço.
Um momo representava como um truão, júbilo em tábido que vomitava uma suspeição incólume, do mesmo modo como espantadiço em vezes. O medonho ar que cobria as saliências da rua era fugaz, não era do algo aturdo que permanecia em risos na escuridão das sombras de escassa claridade da noute, parecia vim de longe, cheirava ruim a purulenta, como um cadáver tomado pela podridão do tempo.
A voz: – Sentes o olor que funde do leito da morte? Ei-lo, a fragrância de sua amada como és hoje, podre como a fé de um assassino salivante, oh que não é o cheiro de flores de um jardim pomposo, nem da inocência dos ramos de sua amada que não conseguiste purpurar em seu cortinado!? A voz espraiava uma fé feia, pavorosa como o cheiro lânguido em esquivo.
– Insânia! Insânia! Insânia! Gritava como um doudo ínvio.
A tom lamentoso da voz era horrível, mas... Era uma voz análoga e invariável. Nada poderia mudar o estranho desejo, ouvir a voz blasfemar palavras lindas dolentes.
- Ora, porque tu te pasmas? Quem és a figura a muladar o nome de minha donzela?
O vento cortava o esferal cerco da quelha, os dous faziam silêncio ouvindo a noute bela gemer lamúrias de quinhão. Era tão calmo, tão renhido...
- Moço, não vede os traços que figuram de minha fronte? Não vede que as palavras são como a tuberculose que nos extenua arrancando os gládios do peito? Não vede o amor que flameja e persevera perpetuando aos dias como a cólera. - Agora ouvi-me, senhor! Maldito dos malditos quem és? O que queres? – Sois o Diabo?
O gargalhar descortinava as concepções desconhecidas, era como o sulco dos velhos tomado p'la angústia das horas, do tempo, dos anos. Não era o Diabo, tampouco um ébrio perdido na escuridão da madrugada, nem menos um vagabundo escarnecido e molestado p'la vida das ruas.
A voz: - Quereria saber meu nome? Que importa? Já-vos o sabes quem sou, Pois? Não, não sou o Diabo, nem menos a nirvana que molemente viceja entre as doutrinas pregadas por idiotas vergastas. Não sou o bem nem o mal, nem 'alimária que finge ser um Arcangélico nos lasso dos dias. Não sou o beiço que almeja a messalina tocar-lhe os lábios adoçados de vinho. Oh que não sou ninguém somado por tudo que és. – Sabei–lo, pois?
- Agradeço-te. Disse-o!
Dir-te-ia as lamúrias seguintes, os ecos rompendo os suspiros meus, a lua sumira, o vento cessara, a voz que apalpadelava aos ouvidos descrido. Oh! tudo findou! Não sei se a noute seguiu bela e alta, lembro-me apenas de estar num lugar escuro, ermo, as paredes eram ebúrneas, a claridade não abundava o espaço tomado. O ar era desalento, um cheiro ruim subia-me as narinas;
- M'escureça os olhos, oh! Era um caixão ali.
Abri-o: Ah que era minha virgem bela, mas era uma defunta! Na pele amarelenta abria-se buracos que corria uma escuma nojenta, verde como o escarro de um enfermo; Os lábios que sonhei abotoar aos beijos meus era azul agora, os cabelos monocromáticos grudavam pelo líquido que corria pelo pescoço, as roupas lembravam um albornoz, branca como a tez inocente da juventude. Os olhos cerrados e túrbidos, tão sereno, a bicharia roendo-lhe a carne, fedia. As mimosas mãos entrelaçadas nos seios, feridas em exausto.
... Meus lábios em magreza os encontrou, frio como o inverno, gelado como a defunta açucena, a pele enrubescia aos meus toques, a escuma verde era viscosa e o prazer como o falerno, a cada beijo que pregava-lhe nos lábios, a cada toque na tez amarela, era tudo o amor, o belo amor pedido. A noute foi comprida, adormeci sobre o cadáver de minha amada, ao dia os corpos quentes abraçados, a adormeci em seu leito, dei-lhe o beijo, saí:
Coveiro: - És por acaso um tunante de defuntos? Perguntou-me.
- Não vês que o peito arde de amor como o fogo do inferno? E a esp'rança estertora como tu'alegria? Disse-o.
- Segues meu senhor!

Foto de Adriano Saraiva

UMA NOITE COM VOCÊ

Um momento tão esperado
Gradativamente nosso amor vai efervescendo
Tomando conta de anseios sepultados
Pela esmagadora mediocridade da vida
O ato de repartir o corpo me revitaliza
A paz de andar a esmo em meio a uma suave chuva de verão
Quanto mais abuso do teu corpo mais o cobiço
Uma doentia maneira de querer
Possessiva obsessão que drena minha sanidade e me faz escravo de ti
Você suplica, grita, implora, ordena...
Agarro carinhosamente seus cabelos e te penetro com força
Você emite sons indecifráveis, idioma de um povo pré-histórico
Ainda não descoberto pela arqueologia, mas certamente reconhecido por
Qualquer forma de vida carnal
Não há limites para o sexo devastador que nós, facínoras do amor, realizamos.
Uma energia universal que transpõe a via láctea
Não conhece limites temporais e muito menos noção de racionalidade
Insólita aventura de devaneios
Pela primeira vez em anos me sinto feliz
Tenho o poder de arrebatar todo o sentimento de prostração da terra
Exuberante estado de apoplexia.
Indubitável ambição transcendental
Escorrendo devassamente pelas artérias do mundo
A condição de sermos humanos,
O paradoxo do ínfimo e do infinito
Poderia morrer depois dessa noite
O que sobra para um homem após a concretização de seus mais secretos e almejados desejos?
Poderia queimar nas chamas do inferno eternamente
O que importa? Já consegui meu objetivo por todas as reencarnações.
O mundo se divide entre os satisfeitos e os recalcados.
A partir de hoje troquei de lado.

Foto de Remisson Aniceto

Convite

Cantai, amor, cantai à beira-rio,
cantai enquanto o sol vos acalenta,
pois logo vem a noite e a tormenta
cobrir-vos-á com a dor do manto frio.

Chorai, amor, chorai rios de sangue,
chorai que sois culpada do meu Orco.
Deveis compartilhar da dor do morto
que vaga n`águas sujas deste mangue.

Vinde, amor, viver ao léu.
Aqui há vinho, harém, violoncelo...
Vinde, amor, que o Inferno é belo,
mil vezes mais belo que o Céu...

Foto de Remisson Aniceto

Juramento

Jurei que o meu amor seria eterno
e que alguém me amaria até o fim.
Antes tivesse desejado todo o inferno
só pra mim...

Encontrei uma musa inspiradora
e no início o amor nos fez tão bem!
Poucos anos... eu pequei e ela pecadora
foi também.

Desde então, aquele eterno amor imploro,
mas fatal sina nos persegue vida afora:
presas dos duros laços do amor, eu choro
e ela chora.

O juramento que fiz, ela fizera,
querendo alguém que a amasse eternamente.
Mas o amor eterno é doce quimera
dos dementes...

Prisioneiros fatais de um juramento
que nos mantém os corações tão bem fechados,
sofremos ambos o mesmo tormento
dos condenados.

No entanto, eu juro! _ estou bem certo _
que as grades do sofrer serão partidas
e os nossos corações serão libertos,
cada um seguindo livre a sua vida.

Foto de Lorenzo

Teu Beijo, Meu Céu...

Para muitos não passa de mais um
Para outros é o último da vida
Alguns beijam quando chegam
Outros quando estão de partida

Mas o teu beijo, o nosso beijo
Aquele beijo, tão esperado beijo

Me fez entender tal gesto
É mais do que lábios que se tocam
Ou sentir a respiração de alguém
É saber o que o outro sente
É querer pular de tão contente
E não pensar em mais ninguém

E quando vejo teu sorriso após beijar
Me sinto seguro, acolhido
Em meio aos teus dentes, língua e lábios
Que novamente voltam a beijar, e beijar...

Teu beijo é meu céu
Que me leva ao calor do inferno
Teu beijo é mar
Em que mergulho pra te buscar
Teu beijo...
Precioso, mais que necessário
À essa boca que te fala.
E cala...

Foto de Remisson Aniceto

Desvario

Maldigo o frio que gela e entorpece,
O Sol que arde e queima maldigo;
Maldigo a noite que os campos escurece,
A Lua que clareia e embeleza maldigo.

Malditos a vida, o amor, o riso, a paz
E tudo o que me faz sofrer, maldito!
Maldito este a quem nada satisfaz...
Imputo a culpa a quem se diz tão maldito!

Maldita a hora primeira _ a do nascimento,
E todas as outras horas, malditas!
Malditos os momentos maus e os bons momentos,

Maldito o Inferno, malditos a Terra e o Céu!
Todas as coisas que há no mundo, malditas!
Maldito eu! maldito eu! maldito eu!

Foto de Bia Marquez

InConfissões

sou louca,
vivo mistérios e devaneios,
surtos confessionários
imaginários
que sou?
a camisa de força dos loucos
a virgem que deu a luz sem trepar
em gritos roucos
sou o veneno que me salva
e a hóstia que me condena
sou ácida
ai de quem me provar!

sou hera maldita
o delírio dos devassos
o desespero dos pudicos
lúdicos em banheiros públicos
punhetando Josefinas
sonhando com Divinas
sã hipocrisia
melhor ter um cobertor de orelha
do que morrer de frio no inverno
VERDADEIRO INFERNO!

Bia Marquez

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