Idade

Foto de Carmen Vervloet

VEM CHEGANDO A PRIMAVERA

Vitória acorda vestida com saias verdes e corpete de flores,
Numa alegria, que meu coração, contagia e encanta
Ganho lentes de setembro que intensificam as cores
Fico enfeitiçada ante a nova estação e toda sua pujança.

Moças elegantes usam brincos de princesa
E no pescoço esguio colares de pétalas de rosa.
Curvo-me e reverencio tanta e tamanha beleza
Sou borboleta azul beijando açucenas formosas

Envolvo-me com o cravo na sua virilidade grená
E quase, distraída, fico prenhe do sedutor gravatá
Mas chega o lírio branco e me envolve em sua pureza
No canteiro da minha praça que a mente capta com sutileza

O milagre da primavera transforma minha cidade
Idosos e meninos hoje têm a mesma idade
Os olhos que eram tristes... cheios de brilho e esperança,
Os anciões deixam reencarnar sua inanimada criança

Os maus por alguns momentos sepultam a crueldade
E transitam pelas ruas entre gestos de amabilidade
Carregam, com pétalas cheirosas, seus assassinos fuzis
E a paz em primavera reina por entre flores neste país.

Mas tudo é apenas magia que me traz a primavera
No sonho que fez da minha mente um veloz catavento
Sua beleza e seu perfume, por um minuto, o mal superam
E dão asas de beija flor ao meu utópico pensamento.

Carmen Vervloet
Vitória - ES

Foto de Arnault L. D.

Chuva sem abrigo

Quero uma vida plena,
em que corpo e alma
fiquem num corpo só
e faça valer a pena
entregar a palma
à lâmina sem dó.

Eu quero me ferir por gosto,
no ideal da preciosidade.
E seguir com a coragem
que estampa os novos rostos
e que escapa com a idade,
e se faz miragem.

Pois, quando eu encontrar
um sonhar mais adiante,
me force a correr perigo.
Pois sem a loucura de amar
não sei mais ir adiante.
Quero a chuva... sem abrigo.

Foto de João Felinto Neto

Poesias selecionadas

APELO À MISÉRIA

Quem me dera, miséria,
eu fosse parte
de um baluarte de sonho e de quimera.
Pela boca mantém-se assim o povo,
a lavagem é a comida que a si, dera.
Na vergonha de reconhecer-se porco,
ter o rosto metido na sujeira,
enlameado atrás de uma porteira
seu anseio é mantido na espera.

Quem me dera, miséria,
eu me calasse
e ocultasse o meu rosto na janela.
Meus princípios mantêm-me assim exposto.
Sou mau gosto travado na goela.
Quem engole as palavras que eu digo
traz de volta a vontade de lutar,
elas tocam a ferida no umbigo
que o conformismo já ia cicatrizar.

Quem me dera, miséria,
quem me dera,
que de ti eu pudesse me livrar.

PERSONAGENS INFANTIS

Será que o lobo é tão mal.
O lobo ama também.
Ele protege os filhotes que tem.
Caçar, para ele é natural.

A chapeuzinho, talvez,
quando crescer seja outra.
Se torne uma megera
que não gosta de criança
e perca toda a esperança
de voltar ao que era.

O caçador, o herói tão valente
que salvou a vovozinha,
costuma matar friamente a fêmea,
deixando a cria sozinha.
Ele acabou sendo preso
por caçar ilegalmente.

A vovozinha morreu.
Pois, a idade a levou.
Mas, quantas vezes brigou com a vizinha da frente.
Isso prova que a bondade e a maldade,
na verdade,
são apenas uma história diferente.

O POEMA QUE EU DEIXEI DE ESCREVER

O poema que eu deixei de escrever,
Falaria de você,
De nosso tempo,
De angústia, de tormento,
De alegria e de prazer.
Iria contradizer
Cada palavra
Que as nossas falas
Tinham pouco a dizer.

O poema que eu deixei de escrever,
Seria na verdade,
Uma ameaça.
Calaria minha boca,
Qual mordaça.
Não seria uma desgraça,
Por não ser.
Os meus versos,
Talvez fossem sem querer,
Uma ofensa
A sua crença,
Que eu acreditava
Ter.

O poema que eu deixei de escrever,
Não seria
De valia.
Sem valia,
O deixei de escrever.

SEPULTAMENTO

Os meus olhos pregados
no infinito
como os pregos nas tábuas
cravejados,
e de pontas viradas,
redobrados,
sustentados e fixos
numa curva.
No aconchego da madeira macia,
minhas costas
nos ossos da bacia
consolam meu corpo
tão curvado.
Pelo tempo que tenho acumulado,
a ferrugem do mundo
me comeu,
e a tampa que pregam
me prendeu
para sempre num rito consumado.
Por debaixo da terra
condenado
a ser parte da mesma
e não ser eu.

CANTO DE SEREIA

Como um canto de sereia
de belíssima harmonia,
letra correta, verdadeira poesia
e melodia
que eterniza nossa alma.
Por onde anda
a sereia encantada
nas profundezas desse mar de ignorância?
Letra incorreta com falta de concordância
e melodia
que nos faz perder a calma.
Só na lembrança,
o teu canto nos enleva
na emoção que tua voz nos faz sentir
e na saudade, o nosso coração desperta
pra realidade,
não há nada mais pra ouvir.

PEDESTAL DE BARRO

Revogo silêncio
ante palavra e voz.
Reato os nós
que me prendem ao medo.
Reavivo memórias
em busca de segredos
que já não interessam mais.
Reclamo por paz
em meio a intensa guerra.
Replanto a erva
que não nasce mais.
Relato as dores
de males e fome.
Repito o meu nome,
antes de dormir.
Reato os laços
que me prendem aqui,
ao pedestal de barro.

TORRE DE BABEL

O juiz do supremo,
Jeová,
se irrita e sai do sério,
quando seu filho Jesus
vai à noite, ao cemitério.

No boteco do Davi,
onde quem manda
é o Golias,
não há funda,
quem afunda
na cachaça, é o Isaías.

No salão do senhor Sansão,
quem faz o cabelo
é sua mulher Dalila.

As mulheres de Salomão,
o cafetão lá da vila,
choram e sentem solidão
quando estão de barriga.

Lúcifer anda arrasado,
o seu mundo virou trevas,
por ter visto abraçados,
Adão e a senhora Eva.

Noé, o velho barqueiro,
não gosta de animais.
No entanto, adora um peixe-frito
no barzinho lá do cais.

Essa torre de Babel
é o mundo em que vivemos,
onde não há inocência.
Se algum nome ou fato ofender,
é mera coincidência.

A MULHER DA MINHA VIDA

A mulher da minha vida,
Sempre é lida em meus versos,
De uma forma ou de outra.
É a sua voz que ecoa
Reclamando meu regresso.
É bem mais que uma amante,
Que uma amiga e companheira.
Necessária como a fonte
No deserto de areia.
A mulher da minha vida,
Entre linhas abstratas,
Põe em mim, doces palavras
E expressão de alegria.
A resumo em poesia,
Tal qual em cartas,
A saudade que nos mata
Se envia.
A mulher da minha vida
É a graça
Que um devoto em desgraça,
Alcançaria.

O LABIRINTO

Pelas ruas infinitas,
Não encontro meu destino.
Endereço repentino;
Então, me pára.
Não é nada;
Sigo em frente, o meu caminho.

A mim mesmo, ainda minto:
- Logo chegarei em casa.

Em calçadas,
Eu percorro o labirinto
(Cruzamentos, sinais verdes e paradas).

O suor não pára o tempo;
Lágrimas, enxuga o vento;
E um triste pensamento
Não se afasta.

A cidade, assim, se fecha em semelhança.
A lembrança,
À realidade, não se adapta.
Eu confundo o momento
E me perco no silêncio
De um triste monumento
Que me agrada.

Minha calma é necessária
Para espantar o medo,
Desvendar todo o segredo
Que o labirinto encerra.
Os meus pés seguem por terra,
Minha alma por promessa,
O meu corpo por saudade.
Edifícios, tais quais pedras,
Alicerçam a cidade;
Conduzindo minha mocidade
Eterna,
De encontro ao passado.
Eu me torno um condenado
Num presente adulterado,
Que me enterra.

Observo as vidraças
Das janelas,
Onde o sol ofusca a vista
Com a luz que é minha guia
Na escuridão tardia
Do passado.

Cada praça
Me congraça,
Tal um templo
Erigido como um marco à memória.
Cada uma conta a história
De seu tempo,
De sorriso e sofrimento,
De conquistas e derrotas.

Novamente, me encontro sem saída,
Apesar de tanta via planejada.
Já não reconheço nada
Do que havia,
Já não reconheço nada.

Alimento meu silêncio,
O tempo passa,
Onde pombos batem asas
Sem voar.
Não consigo encontrar
O meu caminho;
O meu ninho
Não encontro em meu lugar.
Continuo a me enganar,
Ainda minto,
Preso a esse labirinto
A me fechar.

À DERIVA

Posso até perder o brilho dos meus olhos,
Mas jamais, deixar de ver tanta tristeza.
No esbanjar de pratos sobre minha mesa,
Vejo a fome refletida nos teus olhos.

O que faço se estou preso ao sistema
Onde a indiferença
Sobrepõe a caridade,
Onde a verdade
É varrida
Pra debaixo da mentira
E onde a vida
É um barco à deriva
Sem ações de piedade?

UM POUCO MAIS

Percebo
A minha vida esvaindo-se entre meus dedos
Em minha mão aberta
A dar adeus ao mundo
Pela janela.
A minha juventude
Em quietude eterna,
Silencia os meus dias.
As velhas alegrias
São lembranças tristes.
Os sonhos não resistem
Aos carinhos da morte.
E que meu sono suporte
Os meus pesadelos,
Já que meus apelos
Ao que me resta de força
Não me sustenta.
Talvez, o mundo não entenda
Esses meus ais.
Não tenho medo de morrer.
Eu só queria era viver
Um pouco mais.

O GRANDE DIA

Ai de nós se não fosse o profeta
Para converter o nosso coração.
Do contrário, Deus feriria a terra
Com terrível maldição.

Com o Senhor não há perdão.
Seu grande e terrível dia
Não será de alegria
E sim de destruição.

O poder de sua mão
É extremamente acintoso.
Deus é um ser ambicioso,
Quer de todos,
Atenção.

Não importa a condição,
Será imposto
Sofrimento e desgosto
Por qualquer contravenção.

Deus não quer nos dá lição,
Quer aniquilar a todos
Pelo caráter odioso
Que passou à criação.

EPITÁFIO XIV

Ela se aproxima
Sorrateira e linda,
Com seu manto escuro,
Sua mão suada.
Não nos pede nada,
Mas nos toma tudo.
Deixa então, de luto,
A pessoa amada.

Ela não se importa
Com aquele que fica.
Pois só se dedica
Ao que se despede.
Sorrateira, impede
Que a gente viva.
E sutil se infiltra
Sob nossa pele.

Ela só se afasta
Quando mata a alma
E deixa o corpo inerte.

ETERNA SOLIDÃO

O que eu tive na vida
Além da data esquecida,
Da dor no peito, contida,
E da perdida ilusão?

O que mantenho na mão,
Já na forma cadavérica,
Senão,
A luta sem trégua
Com os germes que a terra
Colocou em meu caixão?

Os meus feitos,
Foram em vão.
Meus defeitos,
Exaltados.
Não sou de Deus nem do Diabo.
Sou um louco condenado
A eterna solidão.

ESPANTALHO MORIBUNDO

Minha alma sempre está
Num silêncio tão profundo,
Que eu chego a duvidar
Que ainda estou no mundo.

Espantalho moribundo,
Onde a morte vem pousar.
Talvez para lhe falar:
Sinto muito! Sinto muito!

Num milésimo de segundo,
Volta o corpo a respirar.
Espantalho vagabundo,
Fecha os braços para o mar,
Abre os olhos para o mundo.

FRUTO SEM CASCA

Espalhando letras
Sobre velhas páginas,
Semeei palavras
Que insatisfeitas
Deram-me em colheita
Uma grande safra
De um fruto sem casca,
A minha tristeza.

Uma fruta fresca,
Presa pela boca
Em que uma ou outra
Tenta mordiscar,
Murcha sem parar;
Se tornando feia,
Seca na areia
Quando o vento dá.

Versos pelo ar,
Lágrimas e poeira,
Solidão na mesa
Onde o fruto está
Exposto, sem par,
Sem mostrar beleza,
É minha tristeza
A me alimentar.

HOMENS DE FUMAÇA

No arrastar de minhas sandálias
Pela casa,
Tenho as lembranças arranhadas
E esquecidas.
Por onde andam as conversas conduzidas
Pelos homens de fumaça?

Se desfizeram com o tempo,
Nas costas de um tênue vento,
Pela janela escancarada.

O velho barco na distância, ainda aguarda
Pela tripulação dispersa,
Numa espera
Que parece eternizada.

Em meio a tralhas,
Depuseram suas velas.
Em meio a elas,
O seu capitão se apaga.

O FRACASSO

Eu sei que a vida me leva em trapos.
Caldeirões de barro
De bruxos modernos.
Favelas de inferno,
Diversos buracos.

São armas de ferro.
São balas de aço.
Sou eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que a morte me olha de perto;
Que chego a sentir o seu frio abraço.
Eu fumo, eu prego
Minha mão no maço
De notas sem eco.

São barras de ferro.
Algemas de aço.
Eu sei que sou o fracasso
De um programa sem sucesso.

Eu sei que caminham lado a lado,
O errado e o certo,
A ira de Deus
E a fama do diabo,
Senhores e servos,
Patrões e empregados,
Progresso e atraso.

São os mãos-de-ferro
Em torres de aço.
Sendo eu, o fracasso
De um programa sem sucesso.

OLHOS DE AZULÃO

O que busca essa mulher
Pela qual minto,
Senão
A mesma solidão
Que sinto
Quando longe de seus olhos de azulão?

Os mesmos olhos
Que me olham da gaiola
Quando eu abro a porta
E eles vêem a imensidão.

SE FOSSEM SÃOS

A rima
É mera aflição
Dos versos que me espelham
Naquilo que são.

De forma nenhuma dirão
Do que são feitos.

Meus versos
Seriam perfeitos
Se fossem sãos.
Mas nada são,
Senão
Defeitos.

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

A FANTASIA

Amo você
Com o mesmo ardor da juventude,
Na quietude
De minha atual idade.
Amo-a na ausência
Como num dia de saudade,
Detenho-me a cada ínfima lembrança,
Com a mesma paz
Que traz
Aquela esperança
Após uma guerra.
Amo-a em terra
Com a cabeça pelas nuvens.
Amo atitudes
Que jamais seriam minhas,
Como entre linhas,
Leio uma poesia.
Amo como se ama o alvorecer
De cada dia,
Como o sorriso
Na inocente alegria
De um bebê.
E ter você,
Ainda parece utopia.
Mas, quis a vida
Que eu vivesse a fantasia
De meu ser,
Que é para sempre,
Você.

MINHA GERAÇÃO

Essa amargura
Que me faz um homem rude,
É mera atitude
De defesa.
Odeio a pobreza
Que aos pés de Deus se ilude;
Enquanto a juventude,
Nada almeja.
Desprezo a mania de grandeza
Que o rico tem com tudo.
Não sou um carrancudo
Por frieza;
Somente faço uso
Da tristeza
De um sisudo,
Por ser fruto
De uma geração que aceita.

SONETO DA VITRINE
(Sombras & espelhos)

A vidraça estilhaçada,
Não desfaz a minha imagem,
Não subtrai da cidade,
A luz do sol ofuscada.
De pé, fiquei na calçada
Com minha mão estendida.
Exorcizei minha vida
Na pedra que arremessara.
Por um instante, escutara
O som de ossos quebrados
Da montra fragmentada.
Meu corpo feito estilhaços
Que os passantes pisavam
Entre espanto e gargalhadas.

POETAS
(Sombras & espelhos)

São tantos os poetas
Quanto estrelas,
Dispersos em bandeiras
Pelo mundo.
Eternos e profundos
Pelas letras,
Em digressões soberbas,
Em dimensões sem fundo.
São tantos os poetas
Que o planeta,
Em tinta de caneta,
É resumo.
Enorme rascunho
Em línguas estrangeiras.
A tradução perfeita
Das emoções do mundo.

MOSAICO
(Sombras & espelhos)

Em minha mão,
Mil pedaços.
Antigo quadro,
Uma mesa,
Alguém que come calado
Com discrição ou tristeza.
E lado a lado
Na mais extrema destreza,
Enfileirado
Sob a antiga nobreza,
Assenta-se o mosaico.
Sob os meus pés, o passado
Em um quadrado,
Pintado
Nesse retalho do tempo.
Breve momento
Guardado
No mais antigo mosaico
Preso à calçada,
Ao tempo.

SÓ EM TE AMAR
(Sombras & espelhos)

Só em teus lábios,
Eu encontro meus gemidos.
Só em meus gritos,
Eu consigo te encontrar.
Como enganar
A emoção de estar aflito.
Eu te preciso
Como a noite, do luar.
Só em teus passos,
Eu caminho decidido.
Surpreendido,
Tento não justificar.
Sem teus abraços,
Os meus beijos são sofridos
Como os feridos
Que não podem se curar.
Só em te amar
É que eu encontro o sentido
De tudo aquilo
Que consigo imaginar.

NUMERAL UM
(Sombras & espelhos)

Eu atribuo
Minhas palavras ao poeta.
Uma espera
Numa tarde em jejum.
Nós como dois,
Dividimos.
No que dera?
Apenas um.
Eu me situo
Nas medidas de uma régua.
A mais complexa
Ou talvez a mais comum.
Sou menos um,
Minha conta se completa
Com menos um.
Eu me anulo
Numa soma que me zera.
Um dois que nega
A existência de mais um.
Sou incomum,
Tabuada que ainda preza,
Numeral um.

CONTRACEPTIVO
(Tríptico)

Eu não sei se é o desespero
que me leva à loucura
quando o sexo estupra
a minha alma,
ou a calma
que advém do meu tormento
pelo tempo
que passou em minha palma.
Movimento anormal
de penetração moral
em sua saia,
e no cheiro da indecência,
feromônio da ciência
em uma jaula.
Uma fera excitante
que no último instante, ofegante,
cospe a vida
no seu couro de borracha.
Não há luta, nem corrida;
há uma triste despedida
de um suposto vencedor
que foi fruto de um amor
e se enforcou
com a própria cauda.

SONHOS
(Tríptico)

Os meus sonhos
são apenas fragmentos de memória,
pequenos focos de luz
como cristais dispersados
num caleidoscópio de pensamentos,
distorções esdrúxulas da realidade.
Rumores, amores e momentos,
abertos numa gaveta destrancada.
Minhas pálpebras fechadas
num caixão de quase nada.
Um quase definido como os sonhos
que são versos que componho
numa noite agitada.
Movimento involuntário dos meus olhos,
que entre risos, ainda choro
por apenas acreditar sofrer.
Entre cartas mal escritas e seladas,
vem a calma ao chegar o amanhecer.
Vem enfim, o esquecimento
desse quase fingimento
que é sonhar.

EM DEMASIA
(Tríptico)

Eu sou demasiado triste,
pelos versos que componho.
Eu sou demasiado louco,
pelo pouco
que proponho.
Não deveria o mundo ser assim,
em demasia.
Talvez não seja o mundo,
seja enfim,
minha poesia
Demasiada em meu tédio,
sem remédio,
em grafia;
em longas noites mal dormidas;
nos insultos
que eu ouvia.
Não caberia em minha mão,
toda a visão
que em mim cabia.
Eu sou demasiado em tudo,
que ironia,
demasiado em meu luto
por ser fruto
de utopia.
Em demasia são os dias
que me escapam entre os dedos
como uma teia
que é lânguida e esguia.
O mais sublime pensamento
que perde tempo
em demasia.
Demasiado, meu tormento,
pelo tanto
que eu não via.
Demasiadamente eterno,
meu inferno em agonia.
Em demasia sou
quem sou,
um astronauta que acordou
num mundo estranho
em demasia.

DISLATE
(tríptico)

Talvez minhas palavras sejam tolas,
minhas ações, inconseqüentes;
as minhas brincadeiras, ironia;
eu próprio seja falho e negligente.
O meu discurso seja sátira;
minha seriedade, uma piada.
O meu humor seja mau gosto;
o meu dislate, permanente.
Meu riso entre dentes, atimia;
a minha faina seja ociosa;
meu pranto, uma lição jocosa
e o jeito infantil, idiotia.
Talvez a minha vida seja um fracasso;
meus versos, um engodo imoral.
Em epítome, sou um gracejo nefasto.
Meu desejo, um esboço abnormal.

TURGESCÊNCIA
(Sob meus calcanhares)

Eu sinto os teus cabelos
entre meus dedos,
teus lábios comprimidos
ao meu desejo,
o arfar de teu cansaço
entre meus braços
e ouço teus gemidos.
Vejo teus olhos tolhidos
fitar meu medo
de não tê-la satisfeito ainda.
Tenho todos os sentidos
na extensão do meu leito.
E no auge da turgescência,
me torno uma larva imersa
em teus fluidos.

O RAMO
(Sob meus calcanhares)

Onde está minha alma,
que não encontro?
Onde está meu encanto,
minha calma?
São perguntas que faço,
ainda em pranto,
ao meu eu freudiano
que me cala.
Onde está este anjo
que me fala?
Um quebranto
que minha mãe me pôs.
Ouço a antiga canção
que ela compôs
em minha rede embalada.
Vejo um ramo na árvore desfolhada,
resistir ao vento,
envergado.
Nesse instante me sinto
envergonhado
pelo meu triste pranto.
Minhas lágrimas
são simplesmente água
que faz falta ao ramo.

O DIÁLOGO
(Reticências desfeitas)

- Dou-te a palavra
para principiares o diálogo.
- Fico muito grata
por ceder-me o favor.
És muito amável.
Vou falar de amor,
sentimento imensurável
que é tão natural
quanto o desabrochar da flor.
- Já vou interpor.
O que tu estás dizendo?
O amor é um invento
cultural e sem valor.
- Estou espantada.
És um homem insensível.
O amor é indizível.
É nosso maior legado.
- É soma sem resultado.
O amor não é normal.
É estóico, irracional,
nos mantêm aprisionados.
- És um homem insuportável.
Mas o que dizes é refutável.
De que vale a liberdade,
sem motivo para a saudade.
- És uma eterna sonhadora.
De que vale um sentimento
que só nos provoca medo,
fraqueza e sofrimento.
- O amor é imortal.
A mais pura poesia.
Nos fere, é natural.
Mas compensa com alegria.
- É uma simples utopia.
Inconstante, passageiro.
Quem se entrega por inteiro,
viverá em agonia.
- Vou deixar por encerrado
o nosso breve diálogo
em tua cética pessoa.
Mas eu sei
não é à toa
que nós dois somos casados.

ELA
(Quadrilátero)

Ela me leva,
me engana
e ainda me desafia.
Levou meu corpo
para a cama,
enquanto me distraía.
Deu-me o fruto do pecado,
enquanto Eva,
e compensou com redenção,
quando Maria.
Em Joana D'arc
foi Vitória,
também rainha.
Já foi de todos
e só minha.
Ela é pouco e é demais.
Como Helena,
ela foi guerra.
Como Tereza,
ela foi paz.

INDECENTE
(Quadrilátero)

Não sou um cavaleiro imaginário,
apenas um vassalo
que caminha.
Pela realidade,
um escravo
que tem a ilusão
que é livre ainda.
Não sou nenhum beato,
nem um cão.
Eu não uso sermão
e nem batina.
Meu rosto
é palidez,
enquanto expiro.
Meu sexo
sem estilo,
estupidez.

MUNDO FICTÍCIO
(Pax-vóbis)

Uma criança brincava
Com a comida, na mesa.
Corria de pés descalços,
Sem ninguém a seu encalço,
Pela ruazinha estreita.
Não enxergava a sujeira,
No seu mundo fictício,
Do real desconhecido;
Tudo era brincadeira.
Contudo, era tão bonito
Ver o mundo d’aquela maneira:
Sem ter ódio,
Ser ter vício,
Sem sombra de sacrifício,
Sem pecado
E sem tristeza.

SOMBRA DE NANQUIM
(Pax-vóbis)

Que a vida,
Mesmo frágil, continue.
Que perdure
Meu amor, além de mim.
Que não tenham fim,
Meus passos pela rua.
Que dissipe sob a lua,
Minha sombra de nanquim.

A PEQUENA D’ARC
(Olhos de guri)

A guria
não gostava de pia,
de casinha ou fogão.
Para ela,
tudo era opressão.
Ela ouvira
sua mãe reclamar
que a mulher tende a trabalhar
só com água e sabão.
Por que não
brincaria de guerra,
de doutora,
de terra na mão?
A guria,
parecia antever
que seu mundo seria
uma doce ilusão.

A SOMBRA
(Olhos de guri)

Minha sombra
que se perde no escuro,
salta o muro
quando o sol
no céu desponta.
Se arrasta no chão duro,
se encolhe,
se estica,
passa rente a dobradiça
e se perde pela casa.
Mas à noite,
minha sombra cria asa,
voa quando saio a rua.
Pela luz que vem da lua,
minha sombra me abraça.
Me divirto e acho graça
quando atravessa a fogueira.
Minha sombra, não sou eu,
mas é minha companheira.

TAMBÉM SOU
(Letras, ...)

O louco
é apenas mal ouvido.
Seu riso,
tenebrosa gargalhada.
Sua fé,
um constante, eu duvido.
Sua mente,
uma porta escancarada.
Seu pedido de ajuda
é um grito.
Seu gemido incontido,
uma dor.
Seu amor,
um abraço emotivo.
Sem motivo,
eis que louco
também sou.

A GRAÇA
(Letras, ...)

Deus me deu o fardo
para eu achar pesado
o termo ser livre.
Deus me deu o espelho
para ver se aceito
esse meu rosto triste.
Deus me deu o segredo
para pensar, eu mesmo,
o que é ser tolice.
Deus me deu a culpa
para eu pedir desculpa
por qualquer deslize.
Deus me deu a dor
para eu sentir pavor
do seu dedo em riste.
Deus não me deu nada,
eu que faço a graça
crendo que ele existe.

VERSÃO REFRATADA
(Letras, ...)

Quantas vezes eu tive
que mergulhar no sorriso
para fugir do abismo
que é o existencialismo
de mim mesmo.
Quantos pueris desejos
entre prosaicas conversas.
Quando nada interessa,
meu mundo me dá medo.
Eu sou apenas ensejo
que o acaso consagra.
Uma versão refratada
na ilusão do que vejo.
Quando não me percebo,
é sinal de que eu mesmo
sou a soma do nada.

QUEM SOU EU
(De versos, ...)

Sou um jovem ateu
Que entra na igreja
Para tomar cerveja
E beber café.
Desconheço a fé,
Mesmo na ressaca.
Rio quando a graça
É de um milagre
De ser eu, um padre
Que toma conhaque
Num cálice de vinho
E vive sozinho
Pensando que sonha
Em ser um demônio
Que se sente Deus,
Ser o próprio Deus
Se sentindo humano,
Ser um santo insano
A brincar de ateu.

DESESPERANÇA
(De versos, ...)

Quem é essa
Que me tira o sono,
Que arrebata o dono
De uma humilde casa?
Quem é essa
Louca, desvairada,
Que ao seio me prende
Sem saber se sente
A dor que a outro causa?
Lábios que procuram vida
Carne apodrecida
No envelhecimento.
Quem é essa
Que corrói por dentro
Como um veneno
Sem nenhum antídoto?
Eu sou outro,
Sou um homem dito,
Dito morto
Pela agonia.
Quem é essa
Musa e tirania,
Mistura que havia
Desde minha infância?
Quem é essa
Triste companhia?
Talvez seja a morte,
A desesperança.

O MATUTO
(Cálice)

O matuto está triste,
cabisbaixo e pensativo.
Não encontra um só motivo
para saber se existe.
Tal canário sem alpiste,
preso a uma velha gaiola,
vendo longe a aurora,
sem ter ânimo pra cantar.
Com vontade de voar
para longe, ao horizonte;
a saudade o consome
antes mesmo de partir.
O matuto fica ali,
a pensar no que seria
sem a única companhia,
a choupana em que vive.
Tal amor só visto em versos,
o matuto é regresso
de um lugar que não existe.

SEM CONDIÇÃO
(Cálice)

Seus ombros à amostra,
me deixam insinuado.
Seu corpo ainda agora,
me deixa provocado.
Seus seios contornados
pela blusa,
me fazem sinal da curva
do seu corpo ondulado.
Seu jeito comportado
não me mantém à distância.
Na sua tolerância,
encontro o meu pecado.
Seus olhos não perturbam minha paz,
além do mais,
recebem meu recado.
Seu pare, deixa disso, mais cuidado,
só fazem aumentar o meu querer.
A dúvida faz crescer
minha ilusão,
que eu terei nas mãos
a chance de fazê-la entender.
Amar é mais que ter.
É aceitar querer
sem condição.

CONVÉS
(Cálice)

Foste meu caminho sem regresso
em um verso.
Minha poesia mais bonita.
Entre as estrelas,
rabisquei um só desenho,
o seu rosto,
como eu bem queria.
Foste a derradeira flor
perdida no deserto.
Em meu universo,
um farol de guia.
Arrancaste o aviso que dizia:
“Uma saudade”.
O vazio da idade,
preenchias.
Foste o colorido
de uma tela que eu pintava.
A mão que segurava o meu filho.
O espírito de um cético
que chorava.
A paz esperada
por um homem aturdido.
Foste o barco rijo
que sustenta a onda em fúria.
O pescador que nada
à procura de si mesmo.
Para mim,
a mais incrível criatura.
A doce loucura
do desejo.
Foste na verdade,
o meu mundo.
Hoje, na saudade,
apenas és
um velho convés
com o qual afundo.

GRAMATICAL
(Cabaz)

Só em letras imprimo minha alma.
Mais do que texto
sou contexto indecifrável.
Meu sinônimo é antônimo de si mesmo.
Um sujeito indefinido
que é objeto de um erro
gramatical.
Entre modos e tempos,
triste verbo
que ecoa na forma nominal.
Orações que são subordinadas
aos meus vícios de linguagem.
Um início em letras ordenadas
e um fim
numa expressão oral.

AFLORA UM POETA
(Cabaz)

Assim se fez um poeta.
Como talhe na madeira
esculpi minha poesia.
De uma maneira fria
infundi minha alma no papel.
Nas costas de um corcel
cavalguei por entre versos;
muitas vezes sem regresso,
o poema, me tornei.
De um sono despertei
enquanto escrevia,
da caneta então fluía
as idéias que sonhei.
Quem sabe se eu errei?
Foram mais de trinta anos,
foram tantos desenganos
que poeta, me tornei.

INGÊNITO
(Cabaz)

Seguir os passos
a um lugar perdido na distância;
entrar na dança
de um ritual de acasalamento;
sentir nas mãos
o instintivo dom
que vem de dentro;
ouvir o som
de vozes ecoadas;
e nas entonações
das poesias declamadas,
revelar-se poeta.

LIAME
(Cabaz)

Sou livro
intitulado.
Um desabafo.
Sou todo
em parte.
Um lacre violado.
Sou tudo
num nada
dissipado.
És flor
dissecada
na mão aberta
em palma.
És colo e calma
na casa onde cresci;
moeda encontrada
que perdi;
o berço
em que nasceu
minh'alma.

Foto de Evandro Machado Luciano

A Primeira e a Última Carona

Como todos os dias de sua vida, Gilberto acordou cedo, vestiu sua roupa leve e colorida, e rumou para sua caminhada matinal. Desde que iniciou essa rotina há setenta e cinco anos atrás, nunca parou. Nenhum dia sequer. Era algo que lhe fazia muito bem. Saia de casa, passava pelo colégio da esquina; dava um olá para as moças da farmácia; e na volta comprava alguns pães na padaria.

Setenta e cinco anos... Setenta e cinco anos...

Não posso dizer que durante todos esses anos de caminhadas matutinas, Gilberto não tenha tido algumas “tentações” no caminho. Algumas que tentavam convencê-lo a parar de caminhar; outras que tentavam desvia-lo de sua rota. Mas nem por um segundo seu pensamento mudou. Desde o tempo em que era apenas o pequeno “Betinho”, até o dia de hoje, em que se tornara o Sr. Gilberto, sua ideia sempre fora a mesma: seguir apenas caminhando, sem olhar pra trás ou muito adiante. Mas naquele dia, Gilberto sabia que a caminhada teria um outro desfecho. Depois de Setenta e Cinco anos caminhando, cativando pessoas, chorando por algumas, se sacrificando por outras, o velho homem encontrou na estrada um carro estonteantemente belo. Um Cadilac vermelho, com um brilho divinal. De dentro dele, surgiu um homem que aparentava mais idade do que o próprio “Beto”.

- Belo carro – disse nosso caminhante.
- Temos gostos parecidos meu amigo – respondeu o velho – gostaria de dar uma volta?
Gilberto parou e pensou um pouco...

Setenta e cinco anos e nunca tinha aceitado uma única carona, porque iria aceitar naquele dia? Ainda mais de um completo desconhecido?

Mas algo naquele velho lhe dizia que devia entrar no carro. Foram tantos anos de caminhada, já estava na hora de voltar pra casa de uma forma mais confortável. Então, Gilberto fez sua escolha.

Depois de Setenta e Cinco anos de caminhada, ele aceitou a carona, e rumou para a sua verdadeira casa, de uma forma tranquila e confortável, para que pudesse finalmente repousar...

Foto de Arnault L. D.

Nunca Peter Pan ( Homenagem a Michael Jackson )

Um homem quis para sempre ser criança
e muitas vezes eu achei que era louco
muitas vezes eu tive desconfiança
e duvidei, duvidei de tudo um pouco

Um homem quis para sempre ser criança
viver ao reverso, resgatar a idade,
a todo mundo viu apenas na dança
e todo mundo creu só na maldade

Um homem quis para sempre ser criança
e agora ele se foi..., partiu.
Mas dele me veio uma lembrança
de uma criança que nunca existiu...

P.S. Eu nunca fui fã, mas ele merece respeito, pela historia triste
de um menino que nunca pode ser criança, e por seu talento.
Arnault.

Foto de carlos loures

Flores

Deus com amor e sabedoria nos deu as flores como companhia
Estão presentes nos quartos da maternidade
Onde as mães com amor alimentam quem ainda não tem idade
Ainda durante a infância Brotam com exuberância
Nos jardins por onde as crianças estâo a explorar

Nos acompanham pelo caminho
Quando alguém nos desperta o interesse
E queremos demonstrar nosso carinho

O único momento que a beleza da flor parecia não ser nada
Era quando eu via o sorriso de minha amada
Feliz com o gesto de amor

Elas enfeitam com perfeição
O momento em que o amor se transforma em união

Com o tempo a vida passa
E olhando o jardim não mais para brincar
sim para admirar
E de todas as flores da vida lembrar
A maioria com amor
Mas tem também aquela flor
Que esteve junto nos momentos de dor
Dor da despedida
De alguém que nos acompanhou, por parte da vida

E quando chegar minha hora
De em minha ultima morada deitar
Ao invés de uma pedra gelada
Prefiro as flores a me acompanhar

carlos loures
26/06/10

Foto de fabricio da silva dias

"Um Velho sábio me disse..."

Um velho sábio me disse!

E andava pelas ruas de uma pequena vila em um lugar esquecido por deus!

Dei-me de cara com uma pessoa que sussurrava “A verdade será dita”.

Era uma pessoa velha já de idade, ainda lhe restava pouco tempo de vida.

Mais no fundo de seus olhos pude enxergar uma um brilho profundo que nunca havia visto antes, aquilo me chamou atenção, então resolvi parar para conversar um pouco com ele e saber um pouco mais da verdade que ele havia dito.

Perguntei lhe o nome, e ele me respondeu.

“Sou o inicio e sou o fim, sou a verdade e sou a mentira, sou o bem e sou o mau, sou a vida e sou a morte, sou a realidade, sou apenas um velho conversando com um jovem iniciante”.

Naquele momento eu não havia entendido o que acabara de ouvir, e respondi na inocência.

“Eu apenas lhe perguntei o nome senhor.”

Ele deu risada e respondeu bem baixinho para ninguém ouvir.

“Meu caro jovem! Não a por que se preocupar com um velho no fim da vida, irei te dizer palavras não fará sentido algum a você,Porem mesmo com a idade avançada Irei dar lhe uma dica de um grande conhecimento a você meu jovem iniciante.Um planeta e iluminado por uma luz que não é dele próprio”.

Eu já estava muito confuso sem entender o que o velho queria me dizer. Eu sem noção do que estava acontecendo fiz uma pergunta a o velho senhor.

“Você acha a realidade cruel?”.

Naquele momento ele deu risada de me afirmou.

“vivemos em um mundo onde não há igualdades! Mas a chances e probabilidades!”.

A partir daquele momento percebi que o velho não era alguém com conhecimentos baixos, então fiquei interessado em ouvir algo que me chamaste muito a atenção, então fiz outra pergunta ao velho senhor.

“O senhor aparenta ter muito conhecimento e experiência vivida! Porque não fala algo que me chame bastante à atenção.

O velho deu risada e me respondeu. ”Caro jovem você não imagina o quão feliz eu fico em saber que ainda a pessoas jovens, com grandes capacidades, e objetivas!”

Ele ficou serio do nada mais estava feliz, e completou

“Meu jovem! Você realmente tem o interesse em saber coisas alem do que você imagina?

Eu achando o velho muito interessante respondi.

“Acredito que minha capacidade vai alem de meus desejos por riqueza ou algo ainda não revelado. mais acredito mais ainda em seus conhecimentos que se forem herdados pela pessoa capacitada de usar poderá ir alem do que eu sempre imaginei ser capaz de conquistar.”

O velho caiu na risada e disse “Garoto acredito que você seja capaz de herdar os conhecimentos de um velho simples que viveu esperando um sucessor.”

Naquele momento consegui entender que o velho só descansaria em paz quando sucedesse eu enorme conhecimento.

Eu imaginava que o velho ia ficar Horas e horas me explicando coisas que eu ainda não sabia mais o velho apenas me disse “Acredite em você, faca de seu sonho um campo de batalha que certamente será vitorioso, faça de seus desejos a sua inspiração, faça de sua força a sua riqueza, faça de suas lagrimas a sua tristeza, faça de seu sorriso a sua felicidade ACREDITE!

VOCE CONSEGUIRA!

Naquele momento havia despertado uma luz em mim uma visão da realidade, logo a seguir ele afirmou, “Você e capaz de conquistar seus sonhos! Apenas faça acontecer.”

Então percebi que o velho me falava a verdade. Olhei bem em seus olhos e agradeci-o com um grande aperto de Mao, eu não tinha palavras de agradecimentos.

Logo da despedida me retirei do local. Alguns dias depois voltei La para revê-lo, mas tive noticia que o velho havia morrido. Então dali em diante eu havia descoberto que tinha herdado o grande conhecimento do velho, e que finalmente ele poderia estar descansando em paz!

Por isso eu te digo, “UM VELHO SABIO ME DISSE”.

Contos e historias

Fabrício da silva dias.

Foto de Dennel

O que faz você feliz

Felicidade, uma busca incessante. Desde o berço até a morte a buscamos, porém parece que nunca a encontramos. A indústria e comércio já perceberam que para vender seus produtos é necessário apresentar pessoas felizes, sorridentes e triunfantes para que o que está sendo vendido tenha boa aceitação. Claro, nada pode ser associado a coisas negativas.

Agora uma pesquisa do instituto Gallup realizada com mais de 340 mil pessoas em todo o mundo, com questões sobre idade e sexo, eventos atuais, finanças pessoais, saúde e outros tópicos, o resultado da apuração é que sob praticamente todos os aspectos, as pessoas ficam mais felizes à medida que envelhecem, sendo que o motivo não ficou esclarecido na pesquisa.

Felicidade é um conceito subjetivo, o admirável Mahatma Gandhi afirmou apropriadamente que “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Creio que a felicidade é mais um “estado de espírito” do que uma condição. Note que no estudo não foram determinadas as razões e circunstâncias que trazem felicidade para as pessoas.

Na velhice os anseios já estão acomodados, a pessoa tem uma grande experiência de vida, já passaram por situações que lhes trouxeram vivência e consequentemente felicidade. Por outro lado os arroubos da juventude ficaram para trás juntamente com as frustrações. As limitações são aceitas com mais facilidade, não questionando o presente muito menos sem grandes expectativas sobre o futuro.

Outro dia em conversa com um amigo afirmei que conforme os anos passam o “chamado direito de errar” vai diminuindo, pois quando jovem, erra-se muito, mas se tem muito tempo para corrigir a “besteira”. Não estou afirmando com segurança que a velhice deixa a pessoa isenta de erros, o que afianço é que a pessoa vai pensar analisar e chegar a soluções que antes não possuía por não ter uma bagagem de vida, o que a levará a não incorrer em situações desagradáveis e consequentemente infelizes. É como diz a canção Essa tal liberdade do Só Pra Contrariar “eu andei errado, eu pisei na bola”.

Foto de dudu182

Uma vida resumida a um amor

Era apenas uma tarde de domingo e mais uma vez ele apresentaria seu show. Como de rotina, vestiu suas roupas típicas e com seu violão foi ao palco apresentar-se. Não era muito famoso, mas tinha certo prestígio. As pessoas do bar paravam o que estavam fazendo para ouvi-lo tocar.
O show começou e como sempre ele toca as mesmas músicas românticas, mesmo que não tivesse sentido algum para ele, pois jamais havia amado alguma mulher. Com a forte iluminação em seu rosto devido aos holofotes, ele se aliena de todos à sua volta e toca como se estivesse sozinho. Ao final de sua primeira música, os holofotes abaixam e então ele consegue enxergar as pessoas do recinto aplaudindo-o. A comum tarde de domingo não seria mais tão comum.
Na platéia ele avista uma mulher que muito se assemelhava a um anjo. O anjo de sua vida, com cabelos dourados e olhos azuis como o oceano, um jeito meigo acompanhado de uma sensação de leveza ao olhá-la. Era como se tivesse perdido o chão sob seus pés. Encontrava-se perdido em um sentimento incondicional e avassalador que jamais havia sentido antes. Havia se apaixonado instantaneamente por aquele anjo de beleza estonteante.
Ao final de seu intervalo, começaria sua próxima música. Novamente os holofotes aumentam, impedindo-o de continuar apreciando sua amada. Ele torna a tocar. Toca de coração, com uma emoção e inspiração jamais vista. Parecia que seria sua última vez naquele palco, ou até última vez em sua vida. O melhor show já antes feito por ele.
Com uma performance dessas, o publico do bar aplaude-o de pé, porém seu rosto estava descontente. Sua amada não estava mais lá. Inquieto, ele deixa o palco rapidamente e procura-a por toda parte. Nada. Desapontado, volta à sua casa sem sequer receber o cachê.
O dia mais feliz de sua vida tinha se tornado um pesadelo. Aquela mulher a partir daquele momento não sairia nunca mais de sua cabeça. Onde ela estaria? Como acha-la? Não sabia nem por onde começar. Não sabia seu nome, seu endereço, sua idade, sabia apenas que era o amor de sua vida.
Dias e noites passaram-se e a todo o momento a imagem daquele rosto angelical vinha a sua cabeça. Estava atormentado por nunca mais poder vê-la. Sabia que sua vida não seria mais a mesma.
A partir daí passou a isolar-se. Sua vida parecia não ter mais sentido. Nada mais parecia ter graça. Sua vida resumia-se a escrever músicas de amor e sonhar acordado com sua amada.
Dias se passaram que mais pareciam meses. Resolveu deixar sua vida e procura-la em todo lugar. Viajou para centenas de cidades, mudou-se diversas vezes, tocou em infinitos bares diferentes para sustentar-se. Tudo em vão.
Já havia perdido as esperanças de encontrá-la e por diversas vezes pensou e tentou suicidar-se. Parecia que estava sentenciado a viver na agonia de estar longe de sua alma gêmea, e assim passaria a eternidade. Agora, a sua única lembrança era do sorriso cativante e o olhar penetrante de sua princesa.
Então aprendeu a conviver com isso. Aprendeu a aceitar que a sua vida, mesmo que dolorosa, deveria continuar. Apesar de, a todo o momento ter aquela imagem em sua cabeça, ele seguiu em frente com uma força que até ele mesmo desconhecia. Retomou seu apartamento, seu emprego, sua vida. Voltou a tocar nos bares da cidade com a mesma emoção de quando estava sendo prestigiado por seu amor. Passou a ser muito conhecido pelas pessoas do bairro e até da cidade. Seus shows estavam cada vez mais freqüentados, mas sem dúvidas sua vida não estava completa. Ele queria ao menos vê-la mais uma vez, nem que fosse por foto, nem que fosse por um segundo. Por muitas vezes fez orações e promessas para que Deus cruzasse seu caminho ao dela. Uma dessas promessas seria de que ele daria sua vida para ouvir sua voz por uma vez que fosse.
A fé move montanhas! Naquele domingo tão comum ele tocara como se sentisse o que estaria por vir. Ao apagar as luzes e ouvir os aplausos, seus ouvidos ficaram surdos e seu olhar se estreitou a uma só imagem.
Era ela! A sua tão amada e angelical princesa estava lá, e aplaudindo-o! Seus olhos brilhavam como jamais haviam brilhado. Sua vida finalmente voltou a fazer sentido. As cores voltaram a ter força e seu sorriso não era mais forçado, dessa vez era sincero. Ao término dos aplausos ele se apressou e foi em direção a ela.
Era a hora. Finalmente saberia seu nome que por tanto tempo quis saber.
Meio desajeitado e sem graça ele se aproxima dela e gaguejando pergunta-a seu nome. Ela, com um simpático sorriso e uma voz doce como uma melodia, responde:
- Giuliana.
Com um sorriso singelo, ele se retira aliviado, e caminha em direção a saída, sem pronunciar mais nenhuma palavra. Toma seu caminho pra casa, aonde chega, toma seu remédio e deita em sua cama. Ao lado escreve em um bloquinho meia dúzia de palavras e fecha seus olhos.
No dia seguinte as pessoas da cidade estavam comentando sobre a morte do músico do bar. Aparentemente um suicídio, mas nada que possa ser explicado. Suas ultimas palavras estavam em um bilhete que dizia:
“Giuliana. O anjo de minha vida finalmente trouxe de volta a minha felicidade, e agora que a recuperei, já posso passar a eternidade feliz. Aonde for, no céu ou no inferno, a lembrança de seu lindo rosto e sua doce voz me guiará, e então posso afirmar que minha vida fez sentido.”
Esse foi o último desabafo de uma vida resumida a um amor.
Giuliana, já sabia seu nome, já podia descansar em paz.

Orkut do autor: Dudu Julianelli

Foto de Paulo Master

O Poder do Amor!

Talvez uma força invisível, um chamado ou uma voz que emerge de dentro de nós, bem do interior, no mais profundo, um comportamento em que até o próprio intelecto desconhece, é difícil imaginar um poder assim, mas ele existe, ele surpreende até a alma e quebra absolutamente todas as leis interiores de cada ser.
Não existe idade para ele e nunca haverá geração se quer que o desconheça, como todos sabem que um dia morreremos, também sabemos que um dia amaremos, seja um amor de verão ou uma paixão desenfreada, não existe escola para isso nem conselho algum que venha funcionar, a sensação de liberdade e prisão se choca com o desejo de ir cada vez mais longe e não temos a noção de onde vai parar, pois o coração apenas se acalma e relaxa quando sente bem juntinho o pulsar de outro coração, formando a química que acalma e entorpece, criando um perfume imaginário que apenas o amor reconhece.

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