Horas

Não sei porque encontro grande dificuldade
De discorrer sobre este tema espinhoso!
Já tentei em outra horas, que complexidade!
Talvez, seja por seu passado horroroso.

Peço a Deus, que me ajude falar verdade.
Lembro-me outra vez do amigo maravilhoso,
Que a poucos dias passou para a eternidade.
De José Ailton Ribeiro, Homem fabuloso,

Ah! Como é boa e bela a sinceridade!
Ela tras a luz e de modo consciencioso,
Retira do inconsciente e com espontaneidade

As marcas de um preconceito vergonhoso
Lá introduzida aos poucos desde a antigüidade:
_”Chego a conclusão: Não tenho”! E você... ?

Estava escrito que um dia seria assim:
- Viria de tempos remotos,
de tempos passados,
de terra distante...
Te encontraria nas esquinas da vida.
Nos olharíamos e o universo conspiraria
a nosso favor...

Um roçar de pele,
um olho no olho,
um sorriso,
uma lágrima,
a saudade,

E o amor nasceria...

Seriam desencontros,
encontros,
sorrisos,
promessas,
Palavras soltas ao vento...
Um querer e não poder,
presente, ausente...
O sol que energiza
a terra
A lua que embeleza
a noite...

Entraria em erupção
como um vulcão.
Sereno como as
águas do lago...
Noites repletas de amor.
Noites de longa ausência, solidão...
Seria no raio de sol,
na tempestade.

No delírio das horas mortas,
nos encantos e nas essências,
que nos encontraríamos.
Seriam breves momentos
de pura felicidade,
longas horas de tortura.

Mas estava escrito.
É assim que espero.
É assim que quero amar,
e ser amada,
Sempre mais...

Senti no corpo abraço lânguido,
Beijo doce e suave, porém frio
Como o de uma raiz que enraíza
Na terra enroscando-se na planta.
Ela que veio em minha busca!
Fechei meus olhos para não ver
Que ali aos pés da cama estava ela,
Olhos duros, dedos aveludados
Tocando meu corpo, desatando nós,
Soltando amarras e me prendendo
A novo destino, encantando com
Magia, esperando o certo das horas.
Num momento, amarra-me
Em asas brancas e flutuantes,
Encantada vou seguindo, subindo,
Triste volto os olhos para baixo,
Vejo apena um corpo inerte, acabado!

Marta Peres

Tudo já é silêncio, nada se ouve
E as horas mortas se anunciam,
Só eu ali, jogada naquela cadeira.

Nem mais o rumor da música
Se pode ouvir e minha dor
E a face disforme, são as mesmas.
Angústia, desassossego,
aflição que inquieta.

Alma ferida, coração sangrando
Meu corpo não suporta,
Tudo em volta desmoronou,
Virou pó, acabou!

Marta Peres