Grito

Foto de JGMOREIRA

DA GRANDE DECEPÇÃO DO HOMEM AO VER-SE SÓ, CONTEMPLANDO O ABISMO

DA GRANDE DECEPÇÃO DO HOMEM AO VER-SE SÓ, CONTEMPLANDO O ABISMO

Estou só no mundo com todas as alegrias resguardadas
De contaminações humanas. Estou só e porto uma espada
Para desafiar os perigos que encontro na jornada
das adagas insanas.

Estou só. Tenho nas mãos as cartas que me envias
Não as respondi com medo de revelar
Quem em mim não mais residia.

Todos os laços estão rompidos
Todas as flechas lançadas
Todos os corações partidos
Mas ouço nas lembranças
Uma canção de amor evoluindo

Estou à beira do abismo
Enquanto as rochas resistem
À investida das águas insistentes
A distância entre mim e as pedras
É a desse amor dissente
Que em ti sobrevive

Tenho nas mãos a espada
As cartas e o vento no rosto
Enquanto olho estupefato
A violência das águas.

Queria o amor, sim
Como desejei amar
Mas queria que entendesses
Um amor sem carne dentro
Que tivesse palavra por alimento
Que se deixasse amar
Para que amasse o corpo
Como se linimento
Para todos os sofrimentos
Infligidos por esse tempo impiedoso
Que sorri ao desamarrar mãos de amantes
Como se sua maior obra fosse o desgosto.

Estou à beira dessa profundidade
Dessa altura estonteante
Completamente enlouquecido
Pela certeza da inutilidade
Desse amor por ti enaltecido

Defendes o grito do gozo
Enquanto aguardo o silencio do êxtase
Derramo-me em ti para escapar da morte
Enquanto te abres para esquecer do dia.

Passo os olhos nas tuas palavras
Que nada comovem em mim.
O homem a quem as dedicava
Há muito retirou-se de ti
Evadiu-se de mim
Esquecendo essa espada
Largando essas cartas
Que não servem para nada

Foto de Homem Martinho

Morrer de Solidão-II

Morrer de Solidão-2

Miguel vai penetrando em territórios da quinta das lágrimas, cabeça bem levantada como se quisesse ignorar o pó que teimava em lhe cobrir os sapatos e em sujar-lhe as calças, Miguel nunca vestia calções, via tal facto como um sinónimo de inferioridade e ele, apesar da tenra idade, não pretendia ser inferior a quem quer que fosse, gostava de olhar sempre por cima.
Ia tão absorto nos seus pensamentos, ou melhor nos seus sonhos, que nem reparou no pequeno grupo de homens que trabalhavam na margem direita da estrada, e só quando um deles o interpelou é que caiu na realidade:
- Bom dia rapaz. Procuras alguma coisa?
Nem se preocupou em dar os bons dias, limitando-se a responder:
- Procuro o Sr. Engenheiro Campos. Sabe onde ele está?
-Posso saber quem tu és?
- Eu sou o Miguel, venho trabalhar para aqui. Onde posso encontrar o Sr. Eng.
- Continua por este caminho até chegares àquela casa encarnada ali em diante, vês logo uma janela bem grande, é lá que está o patrão.
Miguel voltou costas ao homem e continuou a sua marcha, sem sequer agradecer.
- António quem é o garoto? E o que é que ele quer?
- Deixa, nada de importância, é algum desses meninos que se julgam mais importantes que todos, nem os bons dias me deu.
- Sim, mas o que é que ele queria?
- Vinha à procura do Patrão, diz que vem para cá trabalhar.
- Vem para cá trabalhar, então é o filho do Martinho, eu ouvi o patrão comentar com a menina Júlia.
-Oh raios!
-O que é que foi agora?
- Eu fiquei danado com a falta de educação dele e mandei-o ir ter com o patrão sem o avisar para ter cuidado com o Faísca, espero bem que ele não se aproxime demasiado.
- Oh António, porque fizeste isso? O Martinho é uma jóia de homem, um exemplo de educação e de bondade.
-Pois e como podia eu adivinhar que aquele miúdo mal-educado era filho do Martinho.
-Bem deixa lá, talvez o garoto vá com atenção e se desvie do cão.
Enquanto os dois trabalhadores mantinham esta conversa, Miguel avançava quinta dentro, avançava na quinta e avançava nos seus sonhos, já se via a mandar naquele homem grosseiro que acabava de encontrar, tinha de ter cuidado com a forma como falava com o Engenheiro Campos.
Foi precisamente quando pensou no engenheiro que ouviu um grito:
-Cuidado, desvia-te daí.
Assustou-se, olhou em frente e viu um homem alto, vestido à moda dos agricultores, calças de sarja azuis escuras repuxadas para cima pelos suspensórios que sobressaíam sobre a camisa aos quadrados azuis e brancos e justas sobre as botas de cano, era o engenheiro, seu pai descrevera-lhe bem o seu futuro patrão. Deu um salto para o lado, indo cair sobre na valeta que acompanhava o caminho, ficou algo dorido, mas não o suficiente para que não se pudesse levantar, no entanto resolveu virar os acontecimentos em seu favor, deixou-se ficar a contorcer de dores.
- Então rapaz, magoaste-te?
- Foi só um pouquito, nada de grave. O sr. deve ser o Sr. Eng. Campos, não é verdade?
O garoto fez questão de repetir e reforçar a palavra senhor, ao mesmo tempo que aceitava a mão que o lavrador lhe estendia para o ajudar a levantar.
- Sim, sou o Eng. Campos e tu? Não me digas que és o filho do Martinho!
- Sou sim senhor, sou o Miguel. Obrigado pelo aviso e obrigado por me ajudar a levantar.
Não tens nada que agradecer, o Faísca não te conhece e podia morder-te.
- Eu vinha distraído, vinha a observar a sua quinta. Desculpe.
- Deixa-te de desculpas, és tal e qual o teu pai, um exemplo de educação e humildade. Anda daí, a minha filha vai tratar-te desses arranhões.
Miguel sorriu interiormente, começava a conquistar a simpatia do patrão, aquele homem não o avisara de propósito mas ainda se ia arrepender, agora tinha de conquistar as boas graças da filha do patrão, quantos anos teria?
Acompanhou...

Foto de JGMOREIRA

CALVÁRIO

CALVÁRIO

O OLHAR DE MARIA
PARA O FILHO NA TRILHA
É O OLHAR DO AMOR
QUE MAIS AMOU

OUTRA MARIA OLHA O AMADO
COM OS OLHOS TURVADOS
OS OLHARES DAS DUAS SE TROCAM
SEM QUE NADA POSSAM

SÃO DUAS MULHERES AMANDO
O MESMO HOMEM, ANDANDO
SOB A CHIBATA E ESPINHO
OLHANDO AS DUAS COM CARINHO

-PAI, MEU CORAÇÃO ESTÁ PRONTO!
MARIA CONTÉM O PRANTO
ENQUANTO A OUTRA LEVANTA O VÉU
ESPERANDO O MILAGRE DO CÉU

O OLHAR DE MADALENA NO OLHAR DE JESUS
ALIVIA-O DO PESO DA CRUZ
POR INSTANTES SUA DÔR FICA VAZIA
PARA QUE VÁ AOS VALES ONDE PASTOREARIA

SOBE A COLINA COM O SOL NAS COSTAS
MADALENA, LINDA, O ESPERA À PORTA
OS FILHOS BRINCAM NA SOLEIRA
UM SORRISO AFLORA SOB A CABELEREIRA

AS PALAVRAS QUE LEVARÁ NAQUELE DIA
SERÃO OUVIDAS PELAS DUAS MARIAS
QUE O OLHAM COMOVIDAS PELO AMOR
TEMEROSAS DA SUA CORAGEM DE PASTOR

A CHIBATA IMPIEDOSA O TRÁZ DE VOLTA
PARA O CENTRO DO PALCO DA HISTÓRIA
O SANGUE DE SEU ROSTO COROADO PELO ESPINHO
PUXA DE MARIA UM GRITO PELO SEU MENINO

MADALENA, QUE AGUARDAVA O MILAGRE
SOLUÇA AO VER O CENTURIÃO COM VINAGRE
A FÉ DA MULHER NESSE INSTANTE FRAQUEJA
PEDE A DEUS QUE NÃO MAIS LHE PEÇA QUE CREIA

QUANDO, POR FIM, ERGUE-SE O MADEIRO
AS DUAS MARIAS DE ABRAÇAM EM DESESPERO
DUAS MULHERES PERDEM O HOMEM AMADO
QUE GRITA AO PAI PORQUE FOI ABANDONADO

DURANTE TODA SUA AGONIA,
JESUS ESTÁ COM MARIA
SOBRE A MORTE SEU CORAÇÃO VOA APAVORADO
ANINHANDO-SE EM MADALENA: DOIS DESACRETIDADOS

DUAS MARIAS OLHAM FIXAMENTE JESUS
ALHEIAS À REALIDADE DA CRUZ
OLHANDO AS DUAS, DO ALTO, O NAZARENO
PASTOREIA NAS COLINAS COM SEU CAJADO.

Foto de Edson Milton Ribeiro Paes

INTIMIDADES.

INTIMIDADES

OLHARES CARREGADOS DE CUMPLICIDADES...
POLARIZAÇÃO DE ODORES...
EXACERBAÇÃO DA VAIDADE...
EXPOSIÇÃO DE DESEJOS!!!

BEIJO, CARICIAS E GEMIDOS...
SUOR ,PREGUIÇA E SUSSURROS...
CANSAÇO ,AFLIÇÃO E EXTASE...
CALMARIA, RECOMEÇO, EXPLOSÃO!!!

INVESTIDAS, BUSCAS, E SATISFAÇÃO...
CONFIÇÃO, ELOQUENCIA, E ENTREGA...
PROMESSA, COBRANÇA E DOAÇÃO...
SEM TEMPO, SEM LOCAL, SEM REGRAS!!!

EU QUERO, TU QUERES, NÓS QUEREMOS...
EU GRITO, VOCE OUVE E ME IMITA...
EU VOU, VOCE VEM, NOS VENCEMOS...
CONSEGUIMOS...
EU TE ABRAÇO, VOCE ME ENVOLVE...
ISTO É VIDA!!!

Foto de Marta Peres

Voz Profunda

Do fundo do vale
a tua voz eleva-se e nada
abafa este ardor...
Ouço teu grito em desespero
temendo solidão e dor.
Nem as proféticas palavras
foram ouvidas e tu daí não sai,
cá estou eu, só, também triste
seu teu amor, vivendo sem
maldições, nem o teu repúdio,
nem a luxúria me impeçam de cumprir
o mandamento primeiro, te amar...

Marta Peres

Foto de Marta Peres

Caminhos de Mim

São meus caminhos
meu corpo todo dolorido
parecem farpas finas do espinho
do cascalho.

Queima minha alma
como queimam pedras nos pastos,
nos campos
parece incendiar
como incendeiam cidades
caminhos, os sonhos.

Neste meu caminho,
no chão
desenho meu mapa de liberdade
de grito de independência
de vida.

Já passou,
passado, presente não existe mais
todos se foram
todos virão
nesta encruzilhada onde muitos
passaram fico eu,
triste, só,
deixo marcas profundas
sigo o canto do pássaro
trancado na gaiola
meu verso é livre, voa
num vôo inconformado da paixão.

Marta Peres

Foto de Fernanda Queiroz

Antes que o ano termine...

Conto Literário

Falta um dia para que o ano termine. Um dia intenso que pode mudar toda minha existência. Só preciso ter coragem e ir até onde você está... Antes, 450 km, agora 50 km. Por que veio para cá? Queria me confundir ainda mais? Estaria esperando que a proximidade me fizesse ser mais mulher... mais corajosa? Sabe que meu destino está traçado. Não me deixaram editá-lo. Sabe que não posso voltar, então porque não vem... Rouba-me, Toma-me, Leva-me para nosso mundo de sonhos; onde tua ausência presente foi marco de nossa história.
O sol está se pondo, o alaranjado de céu é o contraste perfeito com a relva que se estende verde e úmida pelas chuvas de dezembro. Tanta calmaria vem de contraste a minha alma conturbada e sofrida. Posso sentir meu coração batendo forte, tão forte quando o podia ver por aquela janelinha mágica do computador, cenário de nossa história, testemunha de nosso amor, cúmplice de nossos segredos, arquivo de momentos que perpetuarão dentro de mim. A brisa suave sopra. Parece querer brincar com meus cabelos, alheia a tempestade que envolve meu coração. Deixo a mente explorar o passado... Tão presente... Teus olhos, tua mania constante e única de apoiar teu rosto nas mãos. O sorriso espontâneo, a cara emburrada, os olhos se fechando de sono, e a vontade de ficar um tempo mais...e mais ...até o galo cantar...a madrugada... o sol nos encontrar ...felizes ou tristes...juntos.
A noite traz a transparência de minha alma, negra, sem luzes, sem amanhecer. Preciso me movimentar, sair deste marasmo de recordações. Thobias, meu companheiro de peripécias, que um dia correu tanto quanto no dia em que estouramos uma colméia; está selado, entende o que me vai à alma, conhece meu estado de espírito, sabe quando é preciso deixar as paisagens para trás, mais rápido, mais rápido, até se tornarem uma massa cinzenta, sem cor, ou forma retratando o mais profundo que existe em mim. Agora, no embalo do cavalgar, meus sonhos se afloram. Estou indo ao teu encontro, nossas mãos se tocarão, nossos corpos se unirão, nossos corações baterão em um só ritmo. A brisa tornou-se um vento tão gélido quantos minhas mãos que seguram as rédeas de um futuro-presente. Gotas de chuva descem sobre minha face, misturam-se as minhas lágrimas. Tenho a sensação de não estar chorando e sim caminhando para você. Na volta para casa nem o aconchego da lareira, o crepitar constante elevando as chamas transmite liberdade, as sombras sobrepõe à realidade que trará o amanhecer, elevo ás mãos solitárias tentando voltar ao tempo de criança onde elas davam vidas retratadas na parede imagens de bichinhos animados, mas não se movimentam, parecem presas ao aro de ouro reluzente que por poucas horas trocarão de mão fecundando o abismo que se posta diante de nós. O cansaço e as emoções imperam. Entre sombras e sonhos, meu pensamento repousa em você, na ilusão, nos sonhos, na saudade pulsante de momentos mágicos vividos, onde nossas almas se encontravam, onde nossos corpos não podiam estar. De desejos loucos e incontidos de poder realizar, antes que o ano se finde, antes que as horas levem tudo que posso te dar.
O amanhecer desponta, caminho a esmo, no escritório, ao lado direito da janela que desponta para colina verdejante (cenário de nossa história). O computador me atrai.. Você está off, está há apenas 50 km, mas em meus arquivos de vídeo teu rosto se faz presente, tua boca elabora a mímica de três palavras mágicas “EU TE AMO”.A musica no fundo é a mesma que partilhamos tantas vezes juntos COM TI RAMIRO, gravada em meu studio amador ao som de flauta. As notas enchem o ar, a melancolia prevalece, meu coração se enternece, “POR FAVOR, VENHA ME BUSCAR”, não vou conseguir sozinha, você sabe disso, é exigir demais de quem só soube amar, sem nunca saber lutar, sem nunca poder gritar, com um destino a cumprir, um dever de tempos idos e protocolados nos princípios de toda uma existência. O dia se arrasta imortalizando o passado. Estou diante do espelho, o rosto moreno não consegue esconder a palidez, o vestido branco de seda cai placidamente sobre meu corpo inerte. Vestido que outrora minha mãe usara com os olhos brilhantes de felicidade. Os meus não têm brilho, este fora reservado às perolas que adornam meus cabelos negros, sempre me achei parecida com ela, mas a imagem reflete somente uma semelhança física onde a mortalidade de meu semblante contradiz a vida de tempos passados.
Pedi que me deixassem ir só, queria ficar com meus pensamentos, onde você é soberano. Que bom que ninguém pode me tirar isto: tua imagem, teu sorriso, tua forma única de existir para mim, mesmo que em sonhos, mesmo que em lembranças, mesmo que em minha morte para a vida que se inicia. A escada imperial e central se desponta com teu corrimão de prata por onde desci tantas vezes lustrando-o com minhas vestes. Minhas mãos se apóiam nele, trêmulas, frias, para que eu não quede diante da realidade... Apenas trinta degraus? Deveria ser trezentos, três mil, ou trinta milhões? Eu os percorreria com gosto, antes de pisar na relva verde coberta por um tapete de pétalas de rosas que conduziam à capela. Porque desfolhá-las? Porque enfeitar a vida com a morte? Rosas brancas, pálidas como minha alma, desfolhadas e mortas como minha vida. Ao lado o lago que outrora me fazia sorrir, brincar e acreditar....queria parar...descalçar o pequeno sapatinho branco e sentir a frescura das águas elemento mais forte e presente da natureza em minha vida...mas agora não posso parar a poucos metros está minha rendição, meu destino onde o oculto será sempre meu presente, onde o passado será minha lembrança futura, onde você viverá eternamente, onde ninguém poderá jamais alcançar. A capela parecia lotada, não guardei rostos, somente sombras. No altar uma face, feliz, despreocupada, livre, sentado em uma cadeira de rodas estava papai, tuas pernas não mais suportavam me conduzir, teus braços que muito me embalaram, já não mais me apoiavam...segui em frente. Pensei em me voltar ..olhar para trás, mas não iria te encontrar. Palavras ditas e não ouvidas... trocas de alianças...abraços de felicitações....buquê lançado ao ar, festividades...todo ar de felicidade.
Faltavam dez minutos para findar o ano...minha existência já tinha terminado, o celular em cima do piano da sala...8 minutos...mãos tremulam ao aperta a tecla da re-discagem...minutos eternos...do outro lado a apenas 50 km, tua voz ...doce...amada...terna, parecia querer ouvir o que eu queria falar e não podia...engolindo as lágrimas. Apenas um pedido: seja feliz, seja feliz por nós dois...uma resposta que mais parecia um lamento, que por mais suave, parecia um grito...Seja feliz também.....um tum tum era o sinal de desligado....zero hora. Fogos explodindo no ar...

Fernanda Queiroz
Direitos Autorais Reservados

Foto de Ednaschneider

Um Poema

Um poema são as lágrimas da alma que pingam
Cada palavra é uma gotícula de amor
Sentimentos que no coração se abrigam.
Sentimentos de alegria, tristeza e às vezes dor.

Um poema é o orgasmo da leitura
É o êxtase dos sentimentos escritos
É para os apaixonados a sagrada escritura
E o desabafo no coração dos aflitos.

Um poema é o grito de liberdade
Daqueles que não conseguem se expressar;
É o meio que o tímido não encontra dificuldade
Para com suas palavras “desabafar”.

Um poema é um filho gerado
Onde cada vocábulo foi feito com muito amor.
É onde fica eternizado
As palavras de um sonhador.

Um poema é também uma oração
Pois é ali que o espírito passa a se elevar.
É onde poetas sentem de Deus o perdão
De tanto ao amor idolatrar.

2007 Joana Darc Brasil *
Direitos Reservados.

Foto de Lorenzo Petillo

Noite de Outono

Assim com tal demora e zêlo
Apresentei-me perante ti com tanto anseio
Que chegara a quase sufocar minha alma
Queria apenas o teu beijo
Aquele meu/teu tão sonhado beijo
O único remédio que me acalma

Mas me beijaste com paixão
Com o fogo fervente da tua emoção
E me puxaste para entre tuas coxas
Cheguei a pensar que morreria no início
Professando mil juras aos teu ouvidos
Ao te ver tão linda e louca

Te comprimi forte contra meu peito
Mordi teus lábios daquele jeito
Que te fez ir de gemidos à grito de prazer
Mas de repente a noite chegou ao fim
E juntando minhas roupas eu parti
Para onde nunca mais voltaria a te ver

E essa noite não passa de uma lembrança
A recordação de uma incandecente chama
Que um dia ardeu em brasas sobre nossas peles
E ao deitarmos junto a outro corpo
Lamentamos por não ser o do outro
Que nos aquecera naquela fria noite de outono.

Foto de Marta Peres

Desejos

Fugias e vinhas e me deste o teu carinho
E o teu cuidado, mas como ondas do mar
Brincavas, ias e vinhas...
Querias que me acolhesse como pássaro,
Segura ao peito...

Quando vinhas, eu risonha a te esperar
Na febre do sonho, feliz te ver chegar...
Fugias e vinhas, nem um beijo ao partir
Pois era escuridão quando ias, fugias...

Há tempos vivo assim, aflita, cheia de desejos
E com o coração grave, cheia de mágoas, medos
E decepções...ando feito noite sombria e cheia de dor
Meus olhos rasos d’água, ofendida, retendo grito...

Como amei e como amo!
Um simples abraço, tudo dissipava e me via feliz,
Queria tanto que voltasse, sonho, não me cansei
E numa saudade sem par, espero ainda te encontrar...

Marta Peres

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