Permitam-me ficar só no meu canto,
Deixem-me chorar todo o meu pranto.
Preciso do espaço para gastar toda a dor.
Talvez ninguém entenda este amor.
Não importa!
Não necessito de compreensão, só quero respeito.
Somente necessito de espaço e solidão.
Palavras de conforto não me confortam. Não agora.
Acentuam apenas o que se parte em meu peito.
Qualquer ato de solidariedade é sem efeito.
Deixem-me ficar só, na presença de mim mesma,
Olhando no meu espelho.
Preciso encontrar o eixo, meu centro de gravidade.
Deixem-me valorizar cada lágrima salgada,
Destilar a magoa e o veneno,
Beber o vinho desperdiçado do meu amor.
Depois, quando o tempo passar,
Quando a dor finalmente for passada,
Fraqueza latente, mas, na vida presente ausente,
Experimentarei gritar teu nome aos quatro cantos.
Ao vento, como um lamento contido e maduro.
Depois, quando a distancia esfriar meu coração,
Espalharei os teus retratos pelo chão da sala,
E friamente remontarei as cenas de cada cenário,
Racionalmente enlouquecida representarei,
Como sempre desempenharei o meu papel.
Direi simplesmente que está tudo bem.
Rosamares da Maia